o AMOR de um CEO

De Sabrin_axz

1.8M 95.8K 40.6K

A vida da Victoria nem sempre foi fácil, ela teve que lutar bastante para conquistar o pouco que tem. O amor... Mais

•1•
•2•
•3•
•4•
•5•
•6•
•7•
•8•
•10•
•11•
•12•
•13•
•14•
•15•
•16•
•17•
•18•
•19•
•20•
•21•
•22•
•23•
•24•
•25•
•26•
•27•
•28•
•29•
•30•
•31•
•32•
•33•
•34•
•35•
•36•
•37•
•38•
•39•
•40•
•41•
•42•
•43•
•44•
•45•
•46•
•47•
•48•
•49•
•50•
•51•
•52•
•53•
•54•
•55•
•56•
•57•
•58•
•59•
•60•
•61•
•62•
•63•
•64 Penúltimo capítulo•
•65 último capítulo•
•Epílogo•

•9•

34.6K 1.9K 1K
De Sabrin_axz

Victoria

Vários dias se passaram, meu trabalho na empresa tem dado tudo certo, só tirando o fato que o Miguel continua sendo o mesmo ignorante, chato, grosso e bom... Posso fazer uma lista.

Aquele momento de dias atrás digamos que o caso foi abafado, nem eu e nem ele tocamos no assunto.

Mas se tem uma coisa que ele não foi, é esquecido.

Daqui a dois dias é a primeira audição de dança e eu estou muito nervosa, parece até que é eu que vou me apresentar de tanto nervosismo.

Nesse momento eu estou na empresa, estou organizando a agenda do Miguel e hoje o dia está bastante cheio.

Continuei usando minhas roupas normalmente, todos os dias ele reclama, mas nunca bate o martelo e me manda parar oficialmente de vesti-las, ele fica dando rodeios e rodeios, mas nunca bate o martelo.

Vou até o escritório dele e bato na sua porta esperando a permissão para eu entrar. Assim que ele me permite, eu entro.

-Hoje o sr tem três reuniões, uma agora de manhã e duas a tarde!- Digo para ele que levanta os olhos passando eles pelo meu corpo.

Vejo ele engolir seco ao passar seus olhos pelos meus seios e depois subir o olhar para o meu rosto.

Pô, se ele falar que eu pareço uma criança, eu irei surtar.

Look da Victoria:

Ele está me secando?-Me pergunto enquanto vejo ele todo confuso como se estivesse tentando se controlar... Não sei!

-Você nunca me ouve, né?-Ele diz pela primeira vez ao me ver.

-Está se referindo a eu não vir com as roupas formais?

-Isso, algumas pessoas ficariam desconfortáveis vendo você vestida assim...

-Igual o senhor ficou agora?-Pergunto olhando para o rosto dele e seus lábios se curvaram em um pequeno sorriso.

-Ruivinha...

-Estamos na empresa, chefe!

Uma risada rouca sai dos seus lábios e ela causa um efeito estranho no meu corpo.

-Está debochando de mim?-Ele pergunta parecendo divertido.

-Não, senhor!- Digo batendo continência.

Ele parece de bom humor, não foi rude comigo ainda...

-Qual a minha agenda de hoje, cenourinha?

-Vejo que está de bom humor hoje!-Digo sorrindo - Além das três reuniões, precisa ligar para aquele homem bonitão que o sr ficou de ligar e precisa assinar os papéis e mandar para a empresa do seu pai.

-Bonitão?-Ele pergunta fazendo careta.

-Eu falei uma porrada de coisas e a única coisa que o senhor prestou atenção foi nisso?

-Você chamando o cara de bonitão, eu lembro do dia em que a Bruna falou que você me chamou de gato.

-Ah... Mas o senhor é bonito!-Digo e minhas bochechas queimam.- Mas não é para se achar, apenas estou sendo sincera.

-Posso ser sincero também?- Ele pergunta e eu concordo.

-Você é linda!- Ele diz sério e as lagartas da minha barriga viraram borboletas.

-Se você estiver mentindo, está de parabéns você mente bem!-Digo com dificuldade em aceitar o elogio.

-É sério, ruivinha... Seu cabelo é lindo, seu rosto, seu corpo, seu... Esquece, estamos extrapolando...

Ele diz arrumando sua pose e eu faço o mesmo passando a mão por meu vestido.

-Isso. Afinal somos chefe e secretária!-Digo e coço a garganta.

-Sim e hoje você participará da reunião comigo!

-O quê??- Porra, eu não estava preparada pra ouvir isso não.

-Sim, faltam quinze minutos... Pegue o caderno de anotações e escreva tudo de importante!

-O-ok.-Saio da sala dele indo para a minha mesa.

Puta merda, eu nunca cheguei tão longe e eu já estou até participando de reuniões... Ok, Vic para de ser emocionada, você só vai acompanhar seu chefe, você não tem relevância nenhuma para essa reunião.

Espero dar o horário da reunião e enquanto isso, as portas do elevador se abrem revelando o Matheus e o Paulo.

Reviro os olhos e respiro fundo para manter a calma.

O Matheus ao me ver, veio em minha direção e me cumprimentou com um abraço e um beijo no rosto.

Eu estranhei, afinal ele por ser um dos donos dessa empresa o torna meu chefe também.

A realidade é que a diferença de personalidade entre ele e o Miguel é gritante.

-Como vai, Vic?- Ele pergunta.

-Estou ótima e o senhor?

-Não me chama de senhor, tenho só vinte e dois anos!- Ele diz e eu dou um sorriso de lado.-Esse é o Paulo!-Ele apresenta.

-Eu já o conheço!-Digo fingindo que ele não está ali.

-Ah, sério?

No mesmo instante a porta da sala do Miguel é aberta e ele sai dela fechando a porta em seguida e vindo em nossa direção.

O Miguel intercala seu olhar entre o Paulo e eu, acredito que ele percebeu meu descontentamento ao olhar para o meu rosto.

-Paulo te contou, irmão? A Victoria é a ex dele!- Miguel se aproxima contando.

Os olhos do Matheus se arregalam e seu olhar é intercalado entre o Paulo e eu, igual o Miguel fez a segundos atrás. -O quê???- Ele Pergunta incrédulo.- Mas...

Percebo que o Miguel e o Matheus trocam olhares, eles estão escondendo algo...

-Vamos para a reunião?-Paulo diz parecendo saber o que eles estão pensando.

-A Vic participará da reunião?-Matheus pergunta para o Miguel e ele concorda com a cabeça.

Nós seguimos para a sala de reuniões, onde algumas pessoas já esperavam por nós.

Havia um homem de uns trinta anos em pé em frente a uma pequena lousa. O mesmo vem até nós e nos cumprimenta com apertos de mão.

Quando foi a vez dele me cumprimentar, o mesmo segurou minha mão e a beijou em um gesto cavalheiresco.

O Miguel que estava atrás de mim, se intrometeu no nosso meio e cumprimentou ele com um sorriso forçado.

Todos nós sentamos em volta da grande mesa de reuniões. Eu sentei entre os irmãos Diniz e logo o homem de trinta anos que eu descobri se chamar Daniel começa a falar.

Eu começo a anotar tudo que eu acho importante no meu caderno de anotações. Se tem uma coisa que eu não imaginava é que reuniões fossem tão chatas.

O homem de trinta anos, apresentava uma idéia que segundo ele, iria ajudar no crescimento da MD3, mas até eu que não entendo nada, vi que a idéia dele era o sucesso para o fundo do poço.

Não anotei nada, afinal eu pude ver o desinteresse do Miguel quando o mesmo começou a mexer seu dedo indicador por cima da sua coxa que estava coberta por uma calça social preta. Ele parecia desenhar coisas abstratas, mas seus olhos estavam focados na apresentação do homem, mas sua cabeça estava nos desenhos invisíveis.

Por um momento, eu me distraí olhando para os seus movimentos. Vi ele passar o dedo fazendo a forma de um "D" logo depois um "i" um "S" um "F" um "A" um "R" um "Ç" e por fim outro "A".

"Disfarça"

Automaticamente olho para a apresentação do homem fingindo interesse.

Percebo os olhos do Paulo voltados para mim, mas eu ignoro, finjo que ele não está ali.

Ao meio dia e meia a reunião acabou e eu estava quase gritando na janela: "Socorro Deeeeus."

O Miguel me liberou para o almoço, eu só tenho uma hora já que essa bosta de reunião acabou só agora.

•Miguel•

Assim que a reunião acabou, liberei a ruivinha para ir almoçar. O Matheus, o Paulo e eu pedimos nosso almoço por aplicativo que não demorou nem vinte minutos pra chegar.

Enquanto nós almoçamos, o Matheus voltou ao assunto da ruivinha ser ex do Paulo.

-Cara, você falou, falou, tão mal da Vic... Mas ela não é nem metade das coisas que você falou!- Matheus diz.

-Ela está se escondendo atrás da máscara, te garanto que ela não é assim e daqui a um tempo ela mostrará o seu verdadeiro eu.

Nego com a cabeça colocando uma colherada de comida na boca.- Tem certeza que foi você que terminou com ela? Ela tem uma raiva tão grande de você...

-Eu terminei, ela insistiu igual uma louca para voltar comigo, se ajoelhou, chorou, agarrou minhas pernas...

Tem alguma coisa errada...

Ela realmente está escondendo quem ela é de verdade e se ela faz isso ela esconde muito bem. Ou então ela não fez nada disso do que o Paulo falou, afinal pelo pouco tempo, quase um mês que eu conheço ela... Não imagino ela se humilhando dessa forma.

Decido não falar nada.

-Cara, ela parece ser tão legal e você foi lá e pintou o sete com ela, vacilou legal hein, Paulo!-Matheus diz.

-Pô, vai ficar do lado dela? Eu passei vários meses com ela, eu a conheço como a palma da minha mão, ela não é confiável.

-E você é?-Pergunto com um pouco de humor, mas essa pergunta foi pra valer, afinal ele traiu ela com quase São Paulo inteiro e traição não é nenhuma besteirinha de criança não.

-Vocês dois vão ficar mesmo do lado dela? A mina é maluca, doida, surtada, tóxica, controladora, ciumenta...

-Se você diz!-Digo dando de ombros e olhando para o Matheus dizendo: "Não prolonga o assunto" com o olhar.

[...]

Tive mais uma reunião depois do almoço, esse a ruivinha não me acompanhou, mas terá mais outro e ela irá me acompanhar novamente.

Ela está com um vestido que acabou com a minha sanidade ao lhe ver. Eu sempre reclamo com ela sobre as roupas que ela veste para vir trabalhar na empresa, mas é em vão.

Não que as roupas dela sejam feias, muito pelo contrário, caem perfeitamente nela, e quando eu digo perfeitamente é PERFEITAMENTE... Mas aqui eu conheço o jeito de algumas pessoas e sei o dom que elas tem em julgar os outros, além do mais, a empresa pede roupas formais, seja quais for, mas tem que estar vestida formalmente e isso as vezes pode até a prejudicar por conta da roupa usada, a sorte dela é que eu em particular não ligo, mas se fosse o meu pai ele já teria a demitido só por não está vestida de acordo com as normas da empresa.

Sempre que eu tenho oportunidade eu a chamo de criança, na intenção de provocar mesmo, até porque aquela ali não tem nada de criança.

Ela só é muito novinha, se ela fosse mais velha...

Não ia acontecer nada. Afinal ela é minha secretária e eu não me relaciono com meus funcionários.

É isso...

É

isso...

É isso...

A quem eu quero enganar? A mulher me atrai pra caralho, nosso clima no meu escritório dias atrás me deixou maluco.

Naquele dia só Deus sabe o quanto eu lutei com todas minhas forças pra não agarrá-la e a foder em cima da minha mesa.

Tenho tentado ao longo dos dias manter ela distante, tratar ela mal pra afastá-la, mas está difícil. Ela tem um jeitinho que puta merda...

E ainda por cima é ex do meu amigo, TUDO DANDO ERRADO!

E se... Eu demitir ela e desfazer minha amizade com o Paulo? Acho que dá certo...

Dou risada internamente, óbvio que não farei isso.

Victoria•

Mais tarde...

Enquanto a reunião rolava, eu pude ver gotículas de água na janela. Começou a chover.

Dessa vez a reunião estava ótima, nem se compara com a de mais cedo. Anotei bastante coisa e acho que o Miguel pode até querer fechar contrato com esse cara.

Antes de sairmos da sala de reuniões, escutamos um estrondo feito por um trovão e logo um enorme clarão é feito, vindo de um raio.

O céu que estava azul no início do dia, havia escurecido bruscamente e estava acinzentado.

Voltamos para o nosso andar e continuamos trabalhando. Outro estrondo acontece e só aí eu lembro de uma coisa...

A Bruna tem pavor de trovões.

Levanto da minha cadeira e corro para o elevador abandonando o último andar.

Assim que eu chego no primeiro andar, eu corro para a recepção e vejo o Matheus tentando acalmar a Bruna que estava surtando por conta dos trovões.

-Bru!!- Me aproximo e puxo ela para os meus braços, coloco a mão sobre o ouvido dela e a mesma me agarra nervosa.

O Matheus nos olha sem entender e sem emitir nenhum som pela boca eu digo: Ela tem pânico de trovoadas!

Ele parece entender e então se aproxima de nós e toca as costas da Bruna em um gesto compreensivo.

-Você está dispensada por hoje, vem, eu te levo pra casa!-Matheus diz dando um sorriso de lado.

-N-Não precisa...-Ela diz com a respiração pesada.

-Fique tranquila, eu sou o chefe e eu estou te liberando... Venha eu te levo!- Ele diz estendendo uma mão para ela. Beijo o topo da sua cabeça e ela caminha até o Matheus pegando sua mão.

Logo outro trovão é ouvido e com medo ela se atira nos braços dele. O mesmo envolveu ela com seus braços e confesso que eu fiquei confusa, não esperava que ele fosse tão fofo, carinhoso e atencioso a esse nível.

-Qualquer coisa me liga!- Digo e a Bruna concorda com a cabeça e manda um beijo no ar pra mim.

Volto para o último andar e assim que as portas do elevador se abrem, vejo o Miguel encostado na minha mesa, apenas esperando eu voltar e obviamente com uma boa explicação por ter saído sem avisá-lo.

-Você está adorando passar por cima das minhas ordens, não é?-Ele diz já não com o humor de antes.

-Desculpe, chefe... É que...

-Victoria, saiba que outras pessoas já foram demitidas por coisas bem menores!-Ele diz sem me olhar.

Não me demite não seu arrogante gostoso.

-Desculpe é que...

-Por que você saiu e ainda por cima sem me avisar?

-Eu estou tentando falar, mas aparentemente o senhor está amando me interromper!-Falo grosseira e ele vira a cabeça em minha direção.- É... Desculpe novamente... A Bruna tem pavor de trovões e eu tive que ir ver como ela estava e...

Novamente sou interrompida.- Quando o problema não é referente a empresa, você não pode abandonar seu posto!

Olho para ele indignada.- Vejo que você tem muito a aprender com seu irmão!- Digo sem me importar com a grosseria.

-Como é?

-O próprio Matheus ajudou a Bru, ele fez questão de liberar ela do trabalho e de levar ela em casa, um exemplo de humanidade. Já você? Bom você basicamente falou que era pra eu deixar minha amiga sofrendo lá embaixo.

-Victoria, eu tenho uma equipe preparada lá embaixo para qualquer situação, tenho certeza que a Bruna estaria recebendo a devida atenção!

-Não vi nenhum lá embaixo!

-Você viu como estão as coisas lá fora? Está caindo o mundo, eles acabaram de me ligar informando que estão presos na avenida paulista.

-Ou seja, eles não teriam como ajudar a minha amiga e eu como amiga fiz certo em ajudar!

Ele passa a mão na testa e suspira sem paciência.- Espero que isso não se repita!- Ele volta para a sua sala sem olhar pra mim.

[...]

Mais tempo se passou e a tempestade piorou, o mundo parecia estar desabando lá fora, raios, trovões e rajadas de vento são vista das janelas da empresa.

O telefone toca e assim que eu atendo escuto a voz do Miguel.- Venha até a minha sala!

Novamente ele desliga na minha cara. Me levanto enquanto o xingo na minha mente e caminho até o seu escritório.

Entro assim que ele permite a minha entrada e fecho a porta atrás de mim.

Ele estava de pé com as mãos nos bolsos da calça olhando para o enorme janelão que tem ali no canto da sua sala.

-Já são cinco horas!- Ele diz sem me olhar. Caminho lentamente até ele e paro ao seu lado também encarando o tempo lá fora pela janela.-Sabe que não poderá ir para a escola de dança hoje, né?

-A Jaine me ligou, ela disse que devido a chuva forte não tem como haver ensaios hoje!-Digo segurando minhas mãos em frente ao meu corpo.

-Só posso te liberar quando a chuva diminuir, não posso te deixar ir com esse temporal acontecendo lá fora!

-Não pode ou o senhor não quer?-Pergunto no automático e de canto de olho vejo ele virar o rosto na minha direção.-Estou brincando!

-Não posso e não quero!- Ele responde mesmo assim ainda me olhando.

Retribuo o olhar e foco nos seus olhos castanhos.

-Já sofreu um acidente por minha causa, do jeito que as coisas estão lá fora, você pode se acidentar novamente e eu não quero ser o culpado por deixar isso acontecer!-Ele se explica.

-Entendi...-Desvio o olhar.-Não se preocupe, eu irei embora de ônibus e...

-Já arrumou a sua bicicleta?

-A Jully morreu!

-Tem como você não falar como se fosse uma pessoa?

-Respeite a minha Jully, afinal quem matou ela foi você!

-Senhor!- Ele me corrige.

-Eu ainda estou em horário de trabalho?- Pergunto.

-Não... Com uma chuva dessa lá fora não temos como trabalhar mesmo!-Ele diz dando de ombros.

-Então eu posso te chamar de Miguel? De você? Posso te xingar sem correr o risco de ser demitida?

-Você já xinga mesmo, qual vai ser a diferença agora?

-Eu não te xingo!

-Eu escuto você me xingar toda vez que eu desligo a chamada.

-O quê???

-Você fala mais alto do que imagina, cenourinha!

-Alá, já vai me encher o saco com essa de cenourinha!

-Mas seu cabelo é da cor de uma cenoura!

-Mas não precisa me chamar assim!

-Prefere ruivinha?

-Prefiro que me chame pelo nome!

-Vic!

-Vic é para os íntimos!

-Porra você é difícil, hein? Louca!

Dou uma risadinha baixa e me coloco em sua frente me encostando no vidro.

-Estou brincando, pode me chamar de Vic!

-Prefiro cenourinha!- Ele provoca.

-Eu e você podemos fazer um trato?- Pergunto.

-Que trato?

-Em horário de trabalho podemos manter todo esse profissionalismo, mas fora, eu posso te tratar como o Miguel que me atropelou e que bebeu comigo em um bar de esquina?

Ele fixa seu olhar no meu e quando eu penso que ele vai negar, o mesmo concorda com a cabeça e estica sua mão pra mim.- Feito!

Seguro sua mão e no mesmo instante um raio cai bem em nossa frente e com o estrondo que fez me assustei, quando eu menos percebi já estava nos braços do Miguel.

Meus braços estão em volta da cintura dele e minha cabeça encostada no seu peitoral, eu aperto meus olhos com força.

Não sei porque eu fiz isso, por acaso eu estava esperando o prédio se partir ao meio? Credo.

Abro um olho e vejo que estamos intactos e o prédio está inteiro. Me afasto um pouco só a ponto de conseguir ver o rosto do Miguel.

Ele olhava pra mim um pouco surpreso pela minha reação, seus braços tocavam minha cintura em um toque leve e seus olhos estavam grudados no meu.

Minha boca abre e fecha sem saber o que falar e então coço a garganta e me afasto.

-Desculpe, me assustei!-Digo sentindo minhas bochechas corarem.

Ele dá um passo em minha direção e meu ar some. Vejo ele encarar a janela atrás de mim ignorando o que aconteceu a minutos atrás, ele estava verificando se aconteceu algum acidente causado pelo raio. Mas por que ele teve que chegar tão perto de mim pra isso? Ele está quase colado comigo.

-Acho que vamos ficar presos por mais algumas horas aqui!-Ele diz. Então olha pra mim e enfia as mãos nos seus bolsos.

O seu olhar tinha algo diferente, ele está tentando me provocar? Ele está diante de mim com o olhar vidrado no meu rosto e com a porcaria de um sorrisinho de canto, porra...

-Não só nós, né? A empresa inteira!-Digo e tomo a liberdade de me colocar ao seu lado novamente.- Quer descer?

-Não, prefiro ficar na minha sala aguardando enquanto tomo um bom whisky!- Ele diz caminhando até a sua mesa e colocando em um copo um pouco do whisky que estava em cima.-Você quer? Ah, esqueci que crianças não podem beber!- Ele debocha.

Caminho em sua direção e pego o copo da sua mão, viro todo o conteúdo olhando em seus olhos.

-O que disse, chefinho?

Ele dá um sorriso de lado e coloca mais um pouco de whisky no copo em minha mão e pega outro copo colocando um pouco pra ele também.

-Posso ficar aqui com você enquanto a chuva não passa? Ficar lá embaixo no meio de pessoas que parecem não gostar de mim não é muito seguro, acho que eles me jogariam na rua.

Ele dá uma risada baixa.- Você está exagerando!

-Confie que não estou!- Digo dando um sorrisinho.- Vou juntar minhas coisas, já volto!- Coloco o copo em cima da mesa e saio.

Coloco minhas coisas na bolsa, desligo o computador e volto para a sala dele. O mesmo estava sentado no sofá preto da sua sala, pego meu copo e caminho na direção dele sentando ao seu lado.

-A chuva não esta fazendo nem menção em parar!- Digo bebericando o whisky.

-Está com pressa de algo?- Ele pergunta sem se importar com o mundo caindo lá fora.

-Não, mas eu bem que gostaria de estar ensaiando com as meninas agora!

-Entendi... E minha irmã? Tem se saído bem?

-Sim, ela evoluiu bastante nessas últimas semanas, antes ela teve um pouco de dificuldade, mas agora acho ela uma das melhores do grupo!

-Como vai funcionar essa competição? Não entendo nada sobre!

-Terão duas audições e a final, a primeira é daqui a dois dias. São quinze grupos, os quinze vão se apresentar e os jurados irão cortar os cinco "piores" grupos, ficando apenas dez. Na próxima audição, eles irão cortar mais cinco grupos restando apenas cinco e nisso será a final que será aberta ao público e apenas um grupo levará o prêmio.

-Caraca... Você é professora de dança mesmo?

-Não!-Digo e dou uma risadinha.-Mas minha paixão é dançar, já estudei bastante sobre a dança, já participei de competições, mas nunca me profissionalizei.

-Por quê?- Ele pergunta interessado.

Abaixo o olhar para o copo e começo a passar a ponta do meu indicador na borda do copo.

-Tem muitas coisas por trás e uma delas é a falta de dinheiro!- Digo um pouco envergonhada, afinal eu estou falando com um milionário.- Eu desisti da dança!

Ele franziu o cenho.- Você desistiu por falta de dinheiro?

-Como eu falei, tem muitas coisas por trás, sendo a falta de dinheiro uma delas... Mas pra você crescer na dança não é tão simples assim, não é algo que é valorizado... Pra isso tem que ter determinação, dinheiro, contatos, oportunidades... Mas de tudo isso eu só tenho a determinação!

Eu falei de uma forma engraçada, então eu ouvi a risada rouca sair da sua garganta e navegar pelo meus ouvidos. O sorriso desse homem é bem Colgate, porra... Posso ficar horas observando seu sorriso.

-Você é nordestina, certo?- Ele diz e eu concordo com a cabeça bebendo o whisky. -Seu sotaque não engana ninguém. Por que veio pra são Paulo?

-Pela dança!

Ele frisou seu olhar em mim e esperou que eu contasse mais.

-Eu vim justamente atrás de oportunidades, abandonei tudo no meu nordeste pra vir tentar realizar o meu sonho, mas como pode ver... Não deu certo!

-Você mora sozinha aqui?- Ele perguntou interessado.

Viro-me de frente pra ele e cruzo as pernas estilo índio no sofá, coloco minha mão em cima do meu vestido para não mostrar demais.

-Moro sozinha!

-Você precisa tanto assim de dinheiro pra ter três empregos?-Pelo visto ele está bastante interessado na minha vida.

-Antes de começar na escola de dança, eu só trabalhava na sua casa... Mas não era o suficiente pra eu me sustentar, eu estava vivendo de economias por MUITO tempo, já trabalhei em posto de gasolina, trabalhei de garçonete, de balconista, recepcionista, já fui mecânica, ensinei pra criancinhas, já fui babá...

Ele me olhava com admiração e surpresa.-Só falta você dizer que já foi traficante!- Ele brinca.

-Se eu fosse traficante de duas uma, eu estaria rica ou morta!

-Você tem jeito de traficante!- Ele diz ainda brincando e então eu olho para ele me sentindo uma palhaça.

-Tenho mesmo? Eu sou sedentária, quer dizer, eu faço academia de vez em quando, mas vou te falar... Se fosse pra fugir da polícia eu estava ferrada. Não tenho papas na língua, sou expressiva, não consigo esconder minha cara de cú e odeio drogas. Ainda acha que eu pareço traficante?

-Verdade, me equivoquei, na verdade você parece uma criança!

-Criança? Você bem que gostou de pegar essa criança aqui!- Digo sem querer e arregalo os olhos.

Puta merda...

A Victoria depois de falar o que não devia:

S.S

Continue lendo

Você também vai gostar

15.7K 1K 26
Ian king era um homem frio e calculista, sem emoções e sem outro propósito de vida que não fosse o trabalho, até conhecer a doce, inocente e revigor...
3M 261K 169
Somos aliança, céu e fé.
A novata De Bia554

Ficção Adolescente

3.2K 180 6
A Samanta e uma adolescente que perdeu seu pai as seus 5 ano au passar dos anos sua mãe decide ir para outra cidade e daí pra frente que a vida da ad...
136K 8.1K 7
Uma casa. Um advogado. Uma artista plástica. Três crianças. Quando o destino une Carlos e Amora para cuidar dos filhos de um casal de amigos, dois m...