AVISO DE CONTEÚDO: bullying
Jimin acordou com um respirar diferente em seu pescoço. Ele conhecia como todos os namorados agiam, então seu corpo logo ficou arrepiado. Virando-se de uma vez, estava pronto uma briga quando viu Yoongi acordando confuso pela movimentação repentina.
— Mas... que merda?
Jimin olhou para o outro lado da cama e Taehyung estava ali, ainda dormindo. Mas, onde estava Jungkook?
— Onde eu 'tô? — A voz de Yoongi era arrastada e ele piscou várias vezes, tentando focalizar sua visão. — Jimin...?
— Hm... oi — disse Jimin, ainda em confusão com o que o amigo estava fazendo na cama. — Por que você está na minha cama?
Yoongi se sentou devagar, levando a mão à cabeça. Que dor de cabeça dos infernos!
— Nós transamos? — Yoongi perguntou, direto.
Jimin arregalou os olhos.
— É quê?! Claro que não!
— Não? — Yoongi esfregou a ponte do nariz e suspirou. — Tem certeza?
— Você 'tá maluco?! — Jimin perguntou, frustrado, logo apontando para Taehyung. — Eu não iria trair meus namorados e nem você trairia os seus, senão eu mesmo corto seu pau!
Duque revirou os olhos.
— Ai, que dor de cabeça. Para de gritar! — Yoongi resmungou, sentido que uma banda de marcha em sua cabeça dolorida. — Eu vou vomitar...
— Merda!
O mais rápido que conseguiu, Jimin levou Yoongi para o banheiro e segurou seu cabelo para que o outro vomitasse — por mais que não tal coisa fosse completamente necessário.
— Isso que dá ficar bebendo tanto! — disparou Jimin. — Parece adolescente bobão.
— Vai se foder! — Yoongi se apoiou na parede do banheiro quando acabou, sentindo-se fraco. — Que dia é hoje?
— Segunda.
— Merda, tenho reunião no castelo.
— Você não vai a lugar nenhum assim, só passará vergonha. Melhor remarcar.
Yoongi negou com a cabeça.
— É com o sogrão, não posso remarcar — afirmou Yoongi. — Hoje é o seu dia no castelo? Me dá uma carona?
Foi a vez de Jimin revirar os olhos.
— Você é um abusado, Min Yoongi. Vai tomar banho. Vou arrumar algo para você vestir.
— Obrigado, Minnie. Mesmo que a gente não tenha transado, você ainda é ótimo, hn?
— Vai se foder!
Yoongi riu baixinho, mas assim que Jimin deixou o banheiro, sentiu-se triste outra vez. Estava escondendo os sentimentos para não precisar encarar tudo o que estava passando no momento, a briga com Seokjin o afetava mais do que podia imaginar. Porém, parecia tão errado aceitar o perdão do outro duque tão facilmente. Era uma pessoa ruim por pensar tal coisa?
— Você não presta, Min Yoongi — murmurou o duque para si, entrando no box. — Ai, que dor de cabeça desgraçada.
Reclamando, foi como Yoongi permaneceu no banheiro.
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Jungkook preparou o café-da-manhã para todos. Taekwoon foi o primeiro a sentar para comer, como sempre um dos que acordava mais cedo. Jimin e Taehyung se uniram aos outros em poucos minutos, porém Yoongi demorou para aparecer na sala de jantar e quando assim fez, mal falou "Bom dia".
O café da manhã foi estranho e bem silencioso, o que pareceu extremamente estranho para o trisal de namorados que costumavam tomar café em ritmo animado.
— Obrigado pelo café da manhã — disse Yoongi quando terminou de comer. — Vou lavar os pratos e deixar tudo perfeito.
— Não liga para isso, hyung. Tem máquina de lavar louças — disse Jungkook, terminando o seu suco de laranja em seguida.
— Oh... — Yoongi mordiscou o lábio inferior. — Então, eu vou... embora?
Jimin se pôs de pé, suspirando pesado.
— Vamos, vou te levar para o castelo — disse. — Tae, você também vem?
— Sim, sim, eu vou. Tenho algumas coisinhas para fazer de manhã — afirmou o príncipe. — Kookie?
— Não posso, vou trabalhar. Estou com um novo caso, já que o último... bem... não têm muitas provas.
Jungkook tinha de fato provas, porém, não as podia apresentar para o chefe, pois, envolviam Taehyung de uma maneira ruim, então após colocar a sua matéria no ar — sem muitas informações necessárias —, agora estava cuidando de outro caso, esse aparentemente mais simples que o anterior, mas ainda assim, intrigante.
Taehyung deu um sorriso, sabendo que o namorado ainda investigava o caso antigo, mas que dissera que chegara ao fim da linha para o chefe por ele. A cada dia que passava, o seu amor por Jungkook e Jimin somente aumentava. O príncipe então se aproximou dos namorados e os beijou, primeiro o jornalista, depois o segurança.
Yoongi não os olhos nas despedidas. Se visse o trisal apaixonado, sentir-se-ia ainda mais solitário e com saudades da sua família.
— Hoje você voltará para casa? — Taekwoon perguntou, de braços cruzados.
— Não sei — disse Min. — Talvez eu vá para um hotel.
— E por que disso? Olha, Yoongi, eu te conheço há muito tempo e uma coisa que você não consegue é ficar muito tempo longe de Hoseok.
O duque sacudiu os ombros.
— Darei o meu jeito.
O segurança bufou. Yoongi somente estava lhe dando dor de cabeça.
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O caminho para o castelo foi outra vez silencioso. Taekwoon dirigiu, então o casal de namorados pode ficar juntos no banco de trás. Jimin e Taehyung, ficaram toda a viagem rindo baixinho de piadas internas e por vezes perdiam longos minutos se beijando, mas assim que o carro entrou no castelo, eles se afastaram e até acertaram suas roupas; não se importavam de fato de serem vistos, porém, escândalos eram sempre bons de serem evitados.
Cada um se separou indo para uma parte do castelo de acordo com suas atividades. Foi assim que Jimin se viu sozinho, seguindo para a área de treinamento dos seguranças. Ele sabia que provavelmente voltaria a ser o segurança de tempo integral de Taehyung e não queria se deixar relaxar. Estaria com namorado na maior parte do tempo, mas primeiro, Taehyung era o príncipe da nação e precisava ser defendido de qualquer ameaça.
— Ora, ora, ora... Quem é vivo sempre aparece, certo, Park Jimin?
Jimin parou antes de alcançar a área dos seguranças. Ele se virou e viu o príncipe Woobin carregando uma bolsa de ginástica no ombro enquanto tinha um sorriso — que ele nunca havia gostado —, em seus lábios.
— Olá, vossa alteza — Jimin disse educado, realizando uma reverência.
— Sempre tão servente — murmurou o homem, largando a bolsa de academia no chão. Jimin fingiu não ouvir o que o outro proferiu. — Quer treinar comigo, garoto?
— Seria uma honra, senhor, porém acredito que existam seguranças mais experientes e melhor treinados para isso, Alteza.
Woobin deixou o seu sorriso de lado crescer no rosto, analisando Jimin dos pés à cabeça com um olhar prepotente.
— Pois saiba que você é quem exatamente quero — garantiu Woobin. — Por que você não treina comigo, Jimin-boy?
Jimin respirou fundo, sabendo que se negasse outra vez, estaria adentrando um campo perigoso de desobediência a um membro da coroa. Assim, por mais que não quisesse ficar perto daquele homem, concordou com a cabeça, em um sinal de respeito ao príncipe.
— Ótimo! — Woobin disse. — Então, deseja lutar aqui ou em algum lugar que seja mais fácil para você?
Jimin ignorou a provocação e apontou para o chão. O treinamento que cada vez mais ganhava uma cara de competição.
Os dois se analisaram por um momento e Jimin foi quem fez o primeiro movimento, ele não gostava daquilo, porém conhecia um pouco a personalidade de Woobin para entender que a jogada dele era sempre esperar o competidor agir primeiro, porém depois de algum tempo, atacar. Assim, o segurança acreditou ser o melhor agir de imediato, pelo menos para alguma vantagem daquela maneira.
Ele foi com um simples soco, algo que o outro desviou sem problemas. Assim, Jimin partiu para uma luta mais dura, combinando uma série de golpes com pés, mãos e até saltos. Alguns pegaram, outros, o príncipe desviou, mas igualmente ocorreu ao seu lado, que após vários minutos de treinamento, o segurança sentia o seu maxilar dolorido e um dos seus dedos da mão, torcido em algum momento, parecia doer cada vez mais.
Esses não são os golpes de alguém que ficou sequestrado tanto tempo, pensou Jimin, puxando o ar com força algumas vezes. Ele, de alguma maneira, andou treinando.
— Ei, 'tô morto! — disparou Woobin, também puxando o ar algumas vezes. — Vamos fazer uma pausa e tomar uma água geladinha na cozinha?
Jimin concordou com um simples aceno, seguindo o príncipe até se refrescarem da luta. O segurança não pode deixar de analisar aquele homem mais algumas vezes, procurando por algo escondido por trás de toda sua fachada, mas era óbvio que Woobin sabia se esconder muito bem quando desejava.
— Você é muito bom nisso, garoto — disse Woobin, apoiando o seu corpo na meia grade que havia na varanda de baixo enquanto fechava os olhos para aproveitar o sol em sua face. — Quando fui sequestrado, você só era um garotinho aprendendo a mexer na cozinha.
— Eu também me tornei bom nisso — afirmou Jimin, um pouco orgulhoso. Era verdade no final das contas e amava que chegara tão longe com algo que começou quase como uma brincadeira.
— Um cara de vários talentos — brincou Woobin, voltando a abrir os olhos e encarar Jimin. — Mas... é só isso, não é?
Jimin franziu a testa, sentindo que o homem não lhe falaria nada de bom, mas ainda assim perguntou:
— Como assim?
— Bem, você chegou aqui como um garoto de prisão, começou a trabalhar na cozinha como parte da sua pena, conquistou a todo mundo aqui dentro e se tornou um segurança? Você poderia ter tudo que quisesse que minha mãe lhe daria, mas ainda assim jogou as oportunidades fora por ter uma visão limitada do mundo.
Jimin se sentiu pequeno outra vez. Suas lembranças com Woobin eram muitas, sempre envolviam o príncipe o diminuindo de alguma maneira, por mais que nunca tivesse dito a ninguém. Como poderia? Sua estadia no castelo era um favor e deveria sempre abaixar a cabeça quando necessário. Agora, quando adulto, mais seguro de si, pensou que palavras como aquelas coisas não o afetavam mais, porém pelo visto, estava completamente enganado.
— Gosto de ser segurança — Jimin murmurou, em tom baixo.
— Imagino que goste, mas outra vez: isso só mostra como você não soube usar as armas que tem. — Woobin riu. — Pelo amor, você é namorado do meu irmão! Se um dia vocês casarem, será um nobre! Até lá continuará sendo um segurança? Pelo menos o outro tem uma profissão de verdade, né?
Jimin negou com a cabeça, pegando o casaco que deixou pendurado enquanto lutava com o outro e o jogando por cima do próprio braço.
— Sabe qual o seu problema, príncipe Woobin? — Jimin perguntou, observando o outro levantar a sobrancelha, como se o desafiasse a falar qualquer coisa que quisesse. — Você sempre foi a maçã podre da família. Passar bem, babaca!
Jimin não esperou nenhuma reação antes de se virar e seguir para o lado de dentro do castelo. Poderia ir para a prisão por aquilo, mas céus, sentia ter retirado um peso do seu peito preso há vários anos.
— Oi, oi, Minnie!
Jimin piscou e se virou, percebendo que passou por Jackson sem ao menos o notar ali.
— Oi, Jackie...
— Príncipe Taehyung está o procurando no estúdio de arte. Hoje tem aquela visita de crianças ao castelo e ele irá mostrar alguns quadros para elas.
Jimin sorriu.
— Ele adora ver as crianças — comentou Jimin. — Obrigado por me avisar, vou atrás dele.
Wang levantou o dedo polegar antes de voltar às suas tarefas.
Não demorou para Jimin chegar ao estúdio de artes. Era um local praticamente particular para Taehyung e foi construído enquanto o príncipe estava na Europa estudando. A rainha quis fazer uma surpresa. Taehyung havia adorado, ainda mais pelo local ficar um pouco longe do castelo — mesmo que ainda no terreno da realeza —, e assim evitar que todo o barulho do movimento constante do castelo o atrapalhasse.
O segurança entrou no local com cuidado, dando umas batidinhas para não assustar Taehyung.
O príncipe olhou por cima dos ombros e deu um belo sorriso quando viu Jimin, porém Taehyung logo notou ter algo de errado com o namorado.
— O que aconteceu? — Taehyung questionou, preocupado.
— Hn? — Jimin negou com a cabeça, dando um sorriso. — Eu só estou cansado depois do treinamento.
— Oh, claro. — Taehyung então se virou, apontando para os quadros espalhados pelo local. — O que você achou? As crianças irão gostar?
Jimin se pôs a acalmar internamente, respirando fundo e realmente olhando para os quadros. Claro, que ele apreciava as peças do namorado e uma delas não saía do seu punho de nenhuma maneira, porém antes quando as olhava, não conseguia compreender nada mais além de suas belezas. Porém, naquele instante, olhando em volta as cores vibrantes, com todas as peças tendo tons de vermelho e azul, ele entendeu.
Os quadros de Taehyung representavam o sentimento que o príncipe tinha por Jungkook e ele. Os quadros representavam o Amor.
Sem perceber, Jimin sentiu seus olhos se encherem de lágrimas, que secou rapidamente com uma das mãos. Era tudo tão bonito, não queria que Taehyung pensasse que ele não gostava das peças. Enquanto procurava palavras para expressar a genialidade do príncipe, não as encontrou. Seu coração se apertou quando notou que talvez Woobin tivesse razão no final das contas: deveria ter tentado ser mais para os namorados.
— Jimin? — Taehyung segurou no braço do segurança, chamando sua atenção. — Está tudo bem?
O segurança concordou com a cabeça rapidamente.
— Está tudo tão bonito — garantiu Jimin, mordiscando o lábio inferior, procurando algo em sua mente para proferir além daquelas palavras, contudo não sabia como elogiar o próprio namorado. — Seus quadros são lindos, e t-têm tanta vida... E-eu preciso ir.
— Jimin...?
— Eu preciso ir.
Taehyung viu o namorado sair do seu estúdio com rapidez, sem entender nada do que acabara de acontecer.
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Jimin esbarrou na rainha no corredor. Ele arfou e fez uma reverência muito malfeita, porém antes que pudesse sumir da frente da mulher, ela o segurou pelo braço.
— Ei, ei... O que aconteceu, meu filho?
Jimin riu sem graça, tentando disfarçar sua expressão.
— Tae p-pediu para eu pegar algo no quarto dele. D-desculpe ter esbarrado na senhora...
Ahri franziu a testa, fitando-o Jimin por longos segundos antes de negar com a cabeça.
— Você está mentindo. — Ela continuou a fitar Jimin com intensidade. — Você sabe que pode falar qualquer coisa comigo, não é, filho?
Jimin conseguiu dar um fraco sorriso, concordando com a cabeça.
— Eu sei, mas... não vale a pena — disse Jimin, desviando o olhar da mais velha. — Acho que cometi um erro.
— Fala comigo que mamãe resolve.
— A senhora não é a minha mãe — disse Jimin. — Eu não tenho mãe.
— Minnie... — Ahri tentou não parecer ferida pelas palavras de Jimin, porém mesmo percebendo isso, ele não as retirou. — Claro que eu não sou a sua mãe, eu só... estou preocupada com você.
Jimin pigarreou, afastando-se da mulher e fazendo outra reverência.
— Estou bem, majestade. Voltarei para o meu trabalho agora, desculpa outra vez por esbarrar na senhora.
Ahri concordou com a cabeça e nada disse. Jimin aproveitou para sumir no corredor, tomando cuidado para não esbarrar em mais ninguém no processo.
O seu quarto foi o único lugar que Jimin conseguiu pensar para se esconder e foi exatamente ali que entrou, porém, antes que pudesse se jogar na cama, ouviu uma batida na porta. Grunhindo, foi até lá, ficando surpreso quando encontrou Yoongi ali parado.
— Yoon?
— A reunião já acabou — informou Yoongi, dando um fraco sorriso. — Eu queria saber se você teria um tempinho para conversar comigo.
Jimin não queria conversar com ninguém, porém sabia que Yoongi estava passando por um momento difícil, então somente concordou com a cabeça, mandando-o entrar no seu pequeno quarto.
— Não repara — pediu Jimin.
— Que bobagem, Minnie. E desde quando eu reparo nessas coisas? — Yoongi perguntou, sentando-se na beirada da cama, ao lado do outro. — E, aí?
Jimin franziu a testa.
— Aí o quê? — perguntou o segurança. — Foi você que veio conversar.
— Eu te vi passando e primeiro: você nem me viu e segundo, pareceu bastante chateado, então vim conversar com você.
O segurança revirou os olhos.
— Esquece — disse Jimin, colocando os pés para cima da cama e abraçando os joelhos. — Não importa.
— Claro que importa. Se fez um dos meus melhores amigos, triste, importa.
— Você deveria resolver seu namoro antes de tentar resolver a minha vida, Yoongi.
O duque fitou Jimin por vários segundos ao ponto do outro desviar o olhar e o esconder nos joelhos.
— Você está me atacando porque está com medo dos seus próprios sentimentos — afirmou Yoongi. — Sou seu amigo, Minnie. Você pode falar qualquer coisa comigo, boa ou ruim e eu tentarei te ajudar a resolver.
Sacudindo os ombros, Jimin respondeu:
— Eu não sou bom o suficiente para namorar Tae e nem Jungkook.
Yoongi colocou a boca em uma linha reta antes de falar:
— Jimin, eu não quero invalidar seus sentimentos, mas me escute com atenção, okay? — Yoongi pediu segurando o rosto do caçula entre as mãos. — Você está falando merda. De onde veio isso? Jungkook e Taehyung te adoram por tudo o que você é. Como você poderia não ser bom o suficiente, idiota?
— Eu só sou um segurança?
— Jimin, você cozinha, dança e luta! Sabe quantas pessoas morreriam para fazer tudo o que você faz?! — Yoongi franziu a testa quando percebeu Jimin desviando o olhar. — Quem te falou essa merda, Jimin?!
Jimin virou para lado oposto de Yoongi para não o encarar.
— Eu acho que eu deveria fazer alguma faculdade.
— Hm... okay. O que você quer fazer?
Jimin não sabia o que responder, pois, ir para a faculdade não havia passado na sua cabeça em todos aqueles anos, mas agora, talvez fosse necessário, deveria crescer na vida de alguma maneira.
— Talvez... Direito — disse Jimin, pigarreando. — Ou... Relações Internacionais.
Yoongi se encontrava ainda mais confuso naquele momento.
— Direito...? RI...? Quê? Desde quando você gosta dessas coisas, Jimin?
— É o que eu deveria fazer.
— Você deveria fazer o que te faz feliz. Minnie, você é perfeito! Eu arrebento a cara de quem te fez duvidar disso — Yoongi proferiu, abraçando o caçula e o beijando a bochecha com delicadeza. — Taehyung e Jungkook têm sorte de serem amados por você, não duvide disso.
— Você não entende, Yoon. Você é duque agora, tem um monte de coisa que seu nome te trouxe... eu ainda continuo no mesmo lugar.
— E daí? Se eu não fosse duque, iria continuar na mesma, talvez saísse da boate porque lá era uma merda, mas ainda estaria dançando por aí. É o que gosto de fazer, junto de ser rapper. Só estou seguindo o que gosto, sem porra de faculdade alguma. Você e eu não precisamos disso, Minnie.
— Eu não quero ser motivo de vergonha para eles...
O duque grunhiu, puxando Jimin para si. O segurança quase lutou, mas aceitou o abraço de Yoongi naquele momento.
— Alguém te falou isso, não é, Jimin? Saiba que essa pessoa é pobre de espírito e não sabe nada de você ou dos seus namorados! Minnie, você é incrível!
— Talvez... Mas eu ainda deveria dar um rumo na minha vida.
— Sua vida não está sem rumo! Você é bom no que faz é apenas se aperfeiçoa mais, Minnie! Se quiser fazer além faça porque você quer é não porque não acha que é o suficiente, porque é mentira!
Jimin suspirou pesado.
— Mas, eu não tenho um sonho, Yoongi. Todo mundo... parece que tem um e eu não tenho.
— Jimin, isso não significa nada. Isso só mostra que você já é feliz com o que tem e o que faz. Isso que importa! Essa coisa de ter um sonho é bobagem. Você não precisa disso de planejar todo um futuro, o viver agora é mais importante e você tem tudo o que precisa bem aqui. Okay? Chega desse assunto bobo! Você não é esse garoto chorão! Não deixe que te digam como viver e amar seus namorados!
Jimin se sentiu mais leve de alguma forma depois daquela conversa, mas ainda assim se agarrou a Yoongi, mantendo-o perto de si. Precisava dele ali por mais alguns minutos até se sentir totalmente bem.
— E sobre Jin, você quer conversar? — Jimin perguntou.
— Para ser sincero, não. Eu não entendo porque ninguém consegue ver o meu lado da história.
— Yoon... — Jimin mordeu o lábio inferior. — Quero entender. Assim, no geral, eu entendo, mas Jin te ama tanto, ele não fez em nenhum momento de maldade ou com más intenções.
Yoongi suspirou pesado.
— Eu sei, Jimin. Mas, isso não tira o peso do que ele fez comigo. Ele sabia e... não sei. Não consigo não pensar no tudo o que sofri enquanto ele e a família desfrutavam do meu dinheiro.
— Desculpa, mas isso parece um pouquinho egoísta. Você estar chateado por conta da mentira, eu entendo, mas por que ele estava desfrutando do dinheiro? Ele era uma criança, Yoon. Não tinha como saber de nada. Não culpe os filhos pelos pecados dos seus pais.
— Eu sei! Eu sei! — Yoongi proferiu frustrado. — Eu não queria ter esse sentimento, mas... minha família morreu, Jimin! Eles literalmente morreram pelo que aconteceu e eu... e é tão, tão injusto!
Jimin voltou a abraçar Yoongi, dessa vez sendo aquele que o confortava. Yoongi sorriu, fechando os olhos quando apoiou a bochecha na cabeça do amigo.
— Acho que estou com um pouco de medo — disse Jimin.
— Medo?
— É... Vocês me inspiram muito e eu tenho de que se até vocês passam por problemas, algum problemão ainda vá surgir para Kookie, Tae e eu. — Jimin estalou a língua. — E, também, essa coisa de família. Acho... perdi um pouco a minha empatia para esse tipo de coisa, entende? Eu nunca tive família, vocês são minha família, então quando você fala como a sua sofreu, me sinto péssimo por não conseguir realmente me colocar na sua pele e ser um bom amigo.
— Está tudo bem, Minnie. Sei que você quer o nosso bem e eventualmente nós ficaremos, só não posso garantir que estaremos os quatro juntos. Eu os amo, Jimin. Os amo tanto que é como se um pedaço meu estivesse faltando quando um deles não está comigo, mas essa mágoa... essa mágoa vai demorar a passar.
— O que posso fazer para te ajudar nisso, Yoon? Qualquer coisa...
Yoongi sorriu, estalando um beijo na bochecha do melhor amigo.
— Eu também queria saber, Minnie. Pode ser bem fodido da minha parte, mas eu queria não ter descoberto, ficar vivendo na mentira era melhor. — Yoongi fez uma careta. — Sei lá, eu vou continuar tentando viver com eles, talvez com o tempo, eu possa olhar para Jin e só ver o meu amor por ele e não a mágoa que eu sinto.
— E... se isso não acontecer?
Yoongi virou o rosto para o lado, pois de fato, aquele era um grande medo dele. O que faria se no final das contas nunca perdoasse Seokjin? Ainda sem uma resposta satisfatória, murmurou:
— Acho... que só decido isso depois que Hoseok melhor. Ele precisa da gente junto, se... as coisas não voltarem a ser como eram, acho... que posso ficar sozinho.
— Mas você não quer isso. Você... os ama — Jimin murmurou. — Você foi para a nossa cama ontem porque estava com saudades deles de Jin.
— Hn?
— Kookie falou quando você estava no banho... Você pensou que ele era Jin e me abraçou dizendo que a conversa iria acordar Hobi. Você sente falta deles, Yoon.
— É... não tem muito como negar. Mas, não é mais o mesmo... Perdi o meu conto-de-fadas, Jimin.
— Contos de fadas são superestimados. A vida real é melhor. Os problemas têm solução. Espero que você consiga encontrar forças para perdoar o erro de Jin. Você é mais feliz com eles. — Jimin sorriu, abraçando o amigo outra vez. — Eu te amo, Yoon. Obrigado por ser meu amigo, mesmo quando 'tô inseguro e sendo grosseiro.
Yoongi sorriu.
— Sempre, Minnie. Só não seja mais grosseiro comigo que sou um duque e te jogo na prisão.
— Ui. Vai me prender na masmorra? Kinky.
— Vou te amarrar de ponta cabeça e dar tapinha no bumbum.
— Daddy!
— Ai, para com isso, garoto nojento! Você é tipo o meu irmão! — reclamou Yoongi, empurrando de leve Jimin.
— Ué, foi você que perguntou se transamos hoje mais cedo.
O duque sacudiu os ombros.
— Eu já sabia a resposta de qualquer maneira, só estava irritado por conta da bebida.
— Idiota. Vamos almoçar?
— Eu preciso ir para casa... Seokjin hoje vai até à prefeitura, então ficarei com Hoseok. — Yoongi fez uma expressão cansada. — Acho que levarei sermão.
— Se você quiser, posso conversar com ele por telefone, Yoon.
— Não... É melhor eu conversar com ele. — Yoongi sacudiu os ombros. — Não tenho sido o melhor namorado do mundo nos últimos dias e Hobi não merece isso.
— Você está magoado, Yoon. Nem Hobi, nem ninguém pode te dizer como se sentir e como reagir — garantiu Jimin. — Vai com calma que aos poucos tudo fará mais sentido, 'tá legal?
Yoongi concordou com a cabeça.
— E você também, né, mocinho? Você é incrível e não deixe ninguém dizer ao contrário.
Quando entrou no quarto minutos antes, Jimin não imaginava que iria se sentir melhor em algum momento daquele dia, porém Yoongi lhe mostrou que não deveria ter ouvido Woobin em nenhum momento. Do que adiantava tentar ser outra pessoa se não fosse feliz? Manter-se-ia do jeito que era porque se amava daquele maneira.
— Então, a gente se despede aqui — Jimin disse. — Mas, você me liga, né?
— Sempre.
Assim ficou combinado. Eles iriam ligar um para o outro mais tarde, porém enquanto isso iriam completar as suas tarefas: Yoongi cuidaria de um dos amores da vida dele e Jimin além de procurar a rainha para um abraço e um pedido de desculpas, iria atrás de Taehyung e o beijar.
Foi isso que o segurança fez logo após abraçar a rainha e pedir desculpas pelo comportamento, explicando que estava tendo um dia ruim.
— Está tudo bem, meu filho — ela disse, beijando o topo da cabeça de Jimin. — Todos temos dias desses, só não esqueça quem te quer bem e quem está ao seu lado, rapaz.
Jimin não esqueceria, ele tinha certeza daquilo, porém a conversa com a rainha ficou em segundo plano quando ele viu a Taehyung com uma criança no colo, mostrando um dos seus quadros. O segurança se sentiu instantaneamente mais calmo com a visão.
Aquele estúdio poderia estar repleto de quadros que representavam o amor, porém para além da arte, Jimin sentia isso em seu peito por Taehyung e Jungkook. Não era um artista que utilizava tintas, porém sabia ser um artista que representava com o seu corpo e com os namorados, cada fibra do seu ser reagia a eles de maneira vibrante.
Talvez não soubesse utilizar de palavras como Jungkook ou utilizar as mãos de maneira esplêndida como Taehyung, mas de um jeito singelo, sabia demonstrar o seu amor com o seu corpo. Para muitos talvez não fosse tão belo quanto das duas outras maneiras, porém, era como Jimin fazia e continuaria fazendo, afinal ele sabia o seu valor e acima de tudo, sabia se amar.
— Ei, Minnie! Você voltou! — Taehyung acenou para o namorado, com um belo sorriso no rosto. — Vem, cá, amor.
Jimin sorriu e foi.
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