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Boa leitura 📖
(2/2)
Maratona Shelby: 5/5
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1920
O tão desejado regresso a casa não fora tão doce como John imaginava que seria, mesmo em casa sentia-se na guerra, todas as coisas horríveis a que assistiu continuavam presentes na sua mente, martelando de forma dolorosa e fazendo-o relembrar todos os dias que ele viveu no Inferno.
Contudo, John levantava-se todos os dias tentando ser o melhor pai e marido que podia ser, ele sabia que as coisas não eram como antes, ele não conseguia ser como antes, mas John esforça-se por Martha e pelos seus filhos. E quando ele menos esperava Martha adoeceu e acabou por falecer, e John viu-se completamente perdido.
O ex-soldado estava sozinho com quatro filhos pequenos para educar, amar e cuidar. Se antes as coisas já não estavam fáceis devido a todas as mágoas da guerra que vieram agarradas a ele, tudo ficou ainda pior quando ele perdeu a sua esposa.
Antes eram apenas os fantasmas do passado hostil que ele foi obrigado a viver na guerra, porém ele tinha Martha ao seu lado que o tentava ajudar da melhor forma possível, mas com a morte dela o Shelby passou a carregar a grande responsabilidade de criar os quatro filhos sozinho. É claro que ele tinha a ajuda de Polly e dos seus irmãos e irmã, mas não era a mesma coisa. Ele precisava de uma mulher e os seus filhos de uma mãe.
John ainda ponderou casar com Lizzie Stark, uma prostituta que Shelby julgava ter deixado a profissão, o casamento não fora aprovado pela sua família e quando John descobriu que Lizzie ainda continuava a prostituir-se e então foi ele quem desistiu do casamento. Depois dela teve alguns encontros com algumas mulheres, mas John sentiu que nunca era a tal. Então o Shelby simplesmente desistiu de encontrar alguém, iria ser apenas ele e os seus filhos, e ele iria fazer o melhor que podia por eles, da melhor forma que conseguia.
O ex-soldado anda lentamente pelas ruas de Small Heath com o destino traçado até ao pub, onde os irmãos estarão à espera dele. Quando chega ao local, John vê Thomas a conversar com um homem desconhecido perto do balcão, o Shelby aproxima-se com cautela batendo suavemente nas costas do irmão chamando à sua atenção.
- John.. – Thomas cumprimenta-o com um breve sorriso, voltando a sua atenção para o outro homem à sua frente. – Deixa-me apresentar-te o meu irmão, John. John, este é o Harry, um antigo companheiro de guerra. – John estica a mão na direção de Harry que a aperta sem hesitar.
- Também serviste?
- Sim, Regimento Warwickshire Yeomanry.
- Vamos sentar-nos... - Thomas diz apontando para uma das mesas.
Os três homens sentam-se ao redor da mesa conversando entre si, Arthur aproxima-se sentando-se ao pé deles pousando uma garrafa de whiskey e quatro copos na mesa para que os homens possam beber enquanto conversam.
A conversa durou durante vários minutos, os homens perderam completamente a noção do tempo, contando histórias vividas na guerra e também como tinha sido o regresso a casa. É uma conversa dolorosa que remexe em feridas ainda abertas, mas é um tema comum entre ex-soldados.
- Inacreditável! – Uma voz feminina soa pelo pub. – Eu não posso deixar-te sozinho durante dois minutos que tu descobres logo um pub?
John jura reconhecer a voz de algum lugar, a sua mente começa a dar voltas sem parar, mas não consegue associar aquela voz a ninguém, mas ele tem a certeza que a conhece. Então John vira-se na direção da porta e cada pedaço do seu corpo estremece.
Daisy, a enfermeira Daisy. A paz de John no meio da guerra.
A mulher anda na direção da mesa onde os homens estão sentados e John segue cada movimento com o máximo de atenção. O cabelo solto balança um pouco a cada passada que ela dá, o vestido apela ao olhar do homem que o analisa com cuidado, o vestido parece ter sido costurado apenas para o corpo dela contornando cada curva de forma perfeita. O sorriso dela está mais bonito em comparação aquele que o John tem na sua memória, o olhar brilhante e vívido, muito diferente daquele que o ex-soldado conheceu na guerra.
John tinha a certeza de que Daisy era uma mulher bonita, mesmo com as olheiras e a expressão cansada por trabalhar dia e noite na tenda a ajudar os soldados feridos, mas agora fora de todo aquele pesadelo, Dasiy está ainda mais bonita e o desejo por ela torna-se incontrolável.
- Pela quantidade de whiskey que já bebi, te garanto que foram mais de dois minutos. – Harry solta uma risada e levanta-se quando Daisy para ao pé da mesa. – Deixa-me fazer as apresentações. É o Thomas, foi meu companheiro de guerra, e os seus irmãos –
- John? – Daisy pergunta focando o seu olhar no loiro e um grande sorriso brota no seu rosto. – John!!
O coração de John parece saltar para fora do peito pelo simples facto de ela se lembrar dele, o Shelby é rápido a levantar-se e a aproximar-se de Daisy envolvendo-a num abraço apertado que foi retribuído sem qualquer sinal de hesitação. Os restantes homens entreolham-se bastante confusos pela súbita demonstração de afeto de dois, supostos, desconhecidos.
- Vocês conhecem-se? – Harry pergunta quando John e Daisy quebram o abraço, mas os dois não se afastam e mantem o olhar um no outro.
- Tu estás vivo! – Daisy diz sorrindo ignorando a pergunta do homem. – Eu nunca soube se tinhas conseguido sobreviver até ao fim.
- Desculpa? Tu duvidavas das minhas capacidades? – Ele pergunta com humor sorrindo de lado.
- Eu tirei-te uma bala do corpo, é claro que duvidava! – Daisy responde rindo e dá um leve murro no ombro onde John tivera levado o tiro.
- Ahh, faz sentido... – Harry diz olhando para Arthur e Thomas que ainda estão com uma expressão confusa. – A Daisy foi enfermeira em uma das tendas médicas das artilharias.
- Fico feliz que esteja bem, soldado. – Daisy diz sorrindo.
- Vá, Daisy, senta-te aqui connosco. – Harry diz puxando uma cadeira para a mesa onde eles estão. – Ainda tenho um copo de whiskey para acabar.
Daisy concorda com a cabeça e senta-se na cadeira que Harry tivera puxado para a mesa, e John volta para o seu lugar ficando de frente para ela, e os dois sorriem um para o outro visivelmente contentes pelo reencontro inesperado.
- Arthur Shelby. – O mais velho diz estendendo a mão para Daisy já que a sua apresentação não tivera sido feita.
- Daisy Jonas. – A enfermeira responde apertando a mão de Arthur.
- Casados? – Thomas pergunta olhando para Harry que solta uma risada devido à pergunta.
- Credo! – Daisy responde com rapidez. – Deus que me livre! Irmãos. – Harry e Daisy entreolham-se e soltam uma leve risada.
- Ao menos eu estou noivo.
- Eu sei, e acredita que eu tenho imensa pena dela. – Daisy diz com ironia e o irmão apenas revira os olhos.
A conversa centrou-se em Daisy, mais especificamente no que ela fazia antes e depois da guerra, e John não ficou surpreendido quando ela disse que fazia voluntariado em orfanatos para tratar das crianças doentes, é como se a conhecesse desde sempre. Eles continuaram a conversa durante mais alguns minutos, talvez até horas. Contudo Harry e Daisy acabaram por se ir embora pois ainda tinham compromissos marcados, mas prometeram que voltariam ao pub quando conseguissem.
- Aquela é uma mulher, que com toda a certeza, seria uma ótima esposa para ti.
- Sem chances, Thomas... - John murmura desviando o olhar do irmão. – Olhaste bem para ela?
- É bonita. – Thomas diz confuso. – E pareceu-me ser bastante amável, de certeza que lidaria bem com as crianças... Qual é o problema?
- Bonita? É deslumbrante, ainda está mais bonita agora do que quando a conheci. – John olha para a porta por onde Daisy saiu e suspira. – E cuidou de mim durante aqueles dois dias como se eu fosse digno de todos os cuidados do mundo. Foi amável, cuidadosa, preocupada e havia momentos que ela me fazia esquecer que estevámos na guerra.
- Então eu vou repetir a pergunta: qual é o problema?
- Sou eu, Tommy.
- John, --
- Não quero falar sobre isto. – John diz sério interrompendo o irmão. – Vou para casa, as crianças estão à minha espera.
John anda para a saída do pub sem sequer dar tempo de resposta ao irmão, ele coloca a sua boina assim que chega à rua e olha à sua volta procurando por ela, porém já não havia sinal de Daisy em lado nenhum e isso entristece o coração de John.
O Shelby caminha até casa com passos pesados e uma expressão infeliz, contudo assim que chega a casa é recebido por quatro crianças amáveis e inquietas que aquecem o seu coração de forma ternurenta.
****
Ao cair da noite, a casa de John foi consumida pelo silêncio. As quatro crianças estão a dormir e não está mais ninguém em casa à exceção de John que se encontra sentado no sofá da sala a olhar pela janela, mas sem ver realmente alguma coisa.
Um pequeno toque na porta foi o suficiente para retirar John dos seus pensamentos, ele levanta-se preocupado e anda apressado até à porta abrindo-a de rompante e ficando sem ar assim que encara a pessoa à sua frente.
- Daisy? – O Peaky Blinder pergunta admirado. – O que fazes aqui?
- Queria ver-te. – A mulher responde sorrindo.
John retribui o sorriso e afasta-se um pouco dando espaço para que Daisy possa entrar em casa, assim que fecha a porta ele aproxima-se de Daisy agarrando no casaco que ela já tinha retirado, John pendura-o no cabide e faz sinal para que ela o siga.
Os dois entram na sala onde está um ambiente agradável e aconchegante devido à lareira acesa que aquece toda a divisão, Daisy senta-se no sofá enquanto John vai até uma pequena mesa onde serve dois copos com whiskey, o homem aproxima-se de Daisy sentando-se ao lado dela no sofá e entregando-lhe o copo que a enfermeira aceita sem hesitar.
Os dois bebem um pouco da bebida ao mesmo tempo tentando acalmar o nervosismo que cresce em ambos os corações, eles encaram-se por breves momentos até que desviam o olhar envergonhados, como se fossem dois adolescentes num primeiro encontro.
- Desculpa ter aparecido aqui sem sequer avisar.. – Daisy diz rompendo o silêncio e as suas bochechas ficam rosadas. – O Thomas disse-me onde moravas, e sinceramente quando dei por mim já estava a vir para cá.
- Sem problema, Daisy. – John sorri colocando a sua mão por cima da dela apertando-a suavemente.
- A tua esposa não se vai chatear?
- Ela morreu.. – John murmura bebendo um pouco mais de whiskey. – Sou só eu e as crianças.
- John, eu lamento imenso.. Eu não sabia, desculpa.
O Peaky Blinder dá um sorriso rápido para Daisy e bebe um pouco mais do seu whiskey, ele pousa o copo na pequena mesa de centro e em seguida agarra no maço de tabaco acendendo um cigarro com rapidez, ele dá um forte trago e depois move a mão na direção de Daisy que abana a cabeça negativamente.
- Não fumo.
- Incomoda-te? Posso apagar se quiseres. – Ele diz expulsando o fumo com cuidado para não ir para cima de Daisy.
- Não. Está à vontade.
- Até porque a casa é minha.. – John diz de forma divertida fazendo Daisy rir.
- Exato, eu é que estou aqui a mais...
- Não foi isso que eu quis dizer! – Ele fala com rapidez. – Eu estou feliz por estares aqui.
- Se soubesse que era aqui que te reencontraria, teria vindo mais cedo.
- Sério? – John pergunta sem conseguir segurar o sorriso, mas tenta esconder dando um trago no cigarro.
- Eu pensei muito em ti, John.
- E agora que me reencontraste, o que estás a pensar fazer? – Ele pergunta depois de expulsar o fumo, mais uma vez com cuidado para não ir para perto de Daisy.
As bochechas dela ganham um tom vermelho e John percebe que ela fica sem saber por dizer e que opta por apenas beber uma grande quantidade de whiskey o que fez com que John solta-se uma pequena risada.
- Eu pensei muito em ti durante a guerra. - John murmura olhando para a chama da lareira. – Ia sempre procurar alguma paz e conforto à memória do teu beijo. Os tiros, os gritos, o medo... Tudo parecia diminuir quando pensava em ti.
- E tens estado bem? – Ela pergunta preocupada. – Eu sei que não é fácil para vocês, o Harry às vezes ainda tem pesadelos.
- As memórias vão estar aqui para sempre.. – John toca na lateral da testa voltando o olhar para Daisy. – Temos de aprender a viver com elas.
- Não respondeste à minha pergunta.
John apenas encolhe os ombros levando o cigarro à sua boca uma vez mais, ele solta o fumo devagar e depois encara Daisy, encontrando um olhar acolhedor e compreensivo e isso quebra um pouco as barreiras e as forças do homem que solta um suspiro pesado.
- Estou aqui, John, para o que precisares. – Daisy fala com calma. – Podemos já não estar na guerra, mas quem sabe se eu não posso continuar a ser a tua paz?
Aquelas palavras doces e amáveis aquecem o coração do Peaky Blinder que apaga o cigarro no cinzeiro, que está em cima da pequena mesa, ele retira o copo da mão de Daisy pousando-o ao lado do seu, e em seguida inclina-se para perto da enfermeira abraçando-a e tentando encontrar algum conforto e carinho. A Daisy envolve os braços à volta do ex-soldado e deposita um leve beijo na sua cabeça, e John encontra aquilo que procurava.
Todas as barreiras de John desmoronaram-se e ele permitiu-se chorar contra o pescoço de Daisy por tudo aquilo que nunca tinha chorado. A morte de Martha, o medo e a insegurança de ter de cuidar dos quatro filhos sozinho, as memórias amargas da guerra que se mantêm presas na mente do ex-soldado. Todas as angústias, medos e inseguranças que John guardou ao longo dos últimos anos transformaram-se em lágrimas naquele momento.
Ambos perderam a noção do tempo, mas ao poucos John foi ficando mais calmo, os soluços e as lágrimas terminaram, mas John mantem-se abraçado a Daisy, e ela também não tem qualquer intenção de o afastar. John não se sente envergonhado ou desconfortável por ter chorado à frente de alguém, na verdade ele até se sente aliviado como se o peso que carregava nos ombros tivesse desaparecido, e o Peaky Blinder sabe que isso se deve a Daisy, se fosse qualquer outra pessoa John nunca permitiria que algo assim acontecesse.
- Obrigado... - John murmura contra o pescoço dela.
- Não tens de agradecer, John.
O Shelby afasta-se ligeiramente para conseguir encarar Daisy que sorri amavelmente e limpa as lágrimas que ainda estão presentes no rosto dele e em seguida deposita um leve beijo em cada bochecha do homem, e John sorri com o simples gesto que preenche o seu coração.
John agarra na mão de Daisy com delicadeza deixando vários beijos na mesma e em seguida encosta a sua bochecha contra a mão delicada da enfermeira, e Daisy acaricia-o suavemente. A mão dela move-se da bochecha até ao queixo com doçura e o polegar traça o linear do lábio inferior de John, ele percebe que o olhar da enfermeira está focado nos lábios dele e isso fá-lo sorrir.
- Posso beijá-lo, soldado? – Daisy pergunta baixo subindo o olhar até aos olhos de John.
- Nem precisa perguntar, enfermeira.
John inclina-se para mais perto dela e os lábios deles juntam-se de forma calma e tranquila, e é tal e qual como John se lembrava: doce, carinhoso, ternurento. O beijo de Daisy é a salvação de John.
Daisy envolve os braços à volta do pescoço de John e passa a língua entre os lábios dele de forma suave e lenta, John dá-lhe a abertura que ela procura e quando as línguas deles se encontram o beijo torna-se mais intenso e vívido. Aos poucos John vai inclinando-se para a frente fazendo com que Daisy vá para trás acabando por ficar deitado por cima dela, com uma mão apoiada no braço do sofá para que consiga sustentar o seu corpo e a outra mão está na cintura dela apertando-a com firmeza.
- Seria muita audácia convidá-la para ir até o meu quarto, enfermeira? – John pergunta contra o ouvido dela deixando depois alguns beijos no seu pescoço.
- Por favor, soldado...
- Por favor o quê? – John pergunta sorrindo de lado e começando a sugar a pele do pescoço dela.
- Leva-me até ao teu quarto.. – Daisy murmura com uma voz rouca arrepiando cada milímetro de pele do corpo de John.
- Para quê?
- A sério, John? – Daisy pergunta frustrada fazendo John afastar-se para a poder encarar, e um sorriso atrevido surge no rosto dele ao ver a expressão ansiosa e desejosa no rosto dela.
- Eu quero ouvir-te dizer.. – Ele murmura roçando o seu nariz contra o dela delicadamente.
- Para ser tua, John.
- Minha... - John balbucia contra os lábios dela voltando a beijá-la.
Entre beijos, puxões e suspiros os dois conseguem chegar ao quarto de John, já sentindo uma urgência e o desejo a fluir por ambos os corpos. De forma mágica e envolvente, os dois foram um do outro com movimentos lentos e prazerosos, sentindo cada pedaço do corpo um do outro.
John não sabia que era exatamente aquilo que ele precisava até estar ali, com a cabeça contra o pescoço de Daisy sentindo o seu perfume e afundando-se nela de forma deliciosa e calorosa que fazia ambos os corpos e corações arder. Tocar em cada pedaço da pele dela, ouvi-la gemer contra o seu ouvido, sentir as suas costas serem arranhas, sentir o toque de Daisy pelo seu corpo, a forma como ela se movia contra ele, por causa de tudo isso John sentiu-se completo novamente porque aquele momento não foi apenas sexo, foi muito mais que isso. Foi compreensão, foi cuidado, foi ternura..
Foi amor.
Daisy adormeceu contra o peito de John e ele perdeu a noção de quanto tempo ficou ali a apreciá-la, a acariciar o rosto dela, a abraçá-la com mais força contra ele apenas para ter a certeza de que ela está ali, e John teve medo de adormecer porque tinha medo que ao acordar ela já não estivesse ali, mas eventualmente acabou por cair no sono e aquilo que mais desejava era que quando acordasse Daisy ainda estivesse ao seu lado.
****
John começa a acordar lentamente e o seu primeiro pensamento é sobre Daisy e isso fá-lo sorrir instantaneamente, o homem vira-se na cama e percebe que ninguém está ao lado dele, Daisy não está ao lado dele. O Peaky Blinder abre os olhos com urgência e senta-se na cama com rapidez.
- Não... - John murmura entristecido e suspira de forma pesada. – Merda...
John atira-se para trás na cama e agarra na almofada colocando-a por cima do seu rosto soltando um grito abafado, e logo em seguida sente o perfume de Daisy na almofada e por muito que não queira o homem acaba por sorrir, é um sentimento agridoce: feliz, por saber que ela esteve mesmo ali e que não foi apenas um sonho, mas triste, porque Daisy já não está ao pé dele.
O pequeno chiar da porta soa indicando que alguém está a entrar no quarto, mas John não se mexe ponderando que deve ser algum dos filhos a tentar escapar para a cama dele. O Peaky Blinder ouve alguns passos pelo quarto e em seguida sente alguém a engatinhar-se sobre ele, e as mãos quentes que percorrem o seu tronco e os beijos que se seguem fazem-no ter a certeza de que não é nenhum dos filhos.
John desvia a almofada do seu rosto suavemente, deparando-se com o rosto de Daisy a pairar sobre o seu, ela tem as mãos apoiadas no colchão em cada lado da cabeça do homem suportando o seu peso e John sente as pernas dela em cada lado da sua cintura.
- Bom dia, Senhor Shelby.
- Daisy..? – John murmura tocando na bochecha dela com a ponta dos dedos apenas para ter a certeza de que ela está mesmo ali.
- John..? – Daisy fala no mesmo tom franzindo uma sobrancelha. – Estás bem?
- Tu estás aqui. – John murmura abrindo um enorme sorriso.
Ele envolve a cintura de Daisy com os braços e é rápido a virá-los na cama fazendo com que a enfermeira fica por debaixo dele, e sem qualquer tipo de demora e com bastante urgência John une os lábios deles sorrindo assim que sente o beijo a ser correspondido por Daisy com a mesma intensidade.
- Isso são tudo saudades? – Ela pergunta divertida.
- Alívio... - John diz com sinceridade. – Acordei e tu não estavas ao meu lado, pensei que tivesses ido embora.
- Eu não quis ir, e pela forma como me agarravas calculei que também não quisesses que eu fosse.. Foi difícil sair dos teus braços.
- Isso porque não devias ter saído!
- Foi por uma boa causa! – Daisy responde fazendo beicinho e John solta uma pequena risada devido ao gesto infantil, mas adorável.
- E qual foi essa boa causa?
- Fui preparar o pequeno-almoço para nós e para as crianças.
- Tu és incrível, Daisy... - John murmura e vê as bochechas dela a ficarem rosadas. – Mas amanhã eu quero acordar e sentir-te nos meus braços, aliás, para o resto dos meus dias eu quero acordar e sentir-te nos meus braços, sentir-te ao meu lado, sentir o teu calor.
- John... - Ela murmura sorrindo e acaricia o rosto dele. – Eu nem sei o que dizer.
- Apenas diz que sim, Daisy.. Aceita ficar comigo. Tu és muito mais que a minha paz, tu és quem eu preciso ao meu lado, pode parecer uma loucura, mas eu amo-te.
- Não é uma loucura porque eu também te amo.. Amo-te desde o nosso primeiro beijo.
- Então fica... Fica comigo até ao fim dos meus dias.
- Só se ficares comigo até ao fim dos meus, John. – Daisy diz depositando em seguida um leve beijo nos lábios dele, depois passa a mão levemente pela marca do tiro no ombro do ex-soldado. – Obrigada.
- Por ter levado um tiro? – John pergunta rindo, e Daisy acena afirmativamente com a cabeça sorrindo. – Foi o melhor que me podia ter acontecido.
John volta a unir os lábios com os de Daisy, sentindo a felicidade a invadir cada pedaço do seu corpo, ele segura-a com firmeza apenas para garantir que ela não vai a lado nenhum, mas a forma como ela o beija e a forma como envolve as pernas à volta da sua cintura faz com que John tenha a certeza de que Daisy se sente exatamente da mesma forma.
- Eu amo-te, soldado. – Daisy murmura contra os lábios de John.
- Eu amo-te, enfermeira. – Ele responde sem conseguir segurar o sorriso que se forma nos seus lábios.
John está feliz, e isso é algo que ele pensou que nunca mais aconteceria.
Fim da maratona Shelby!!! Fiz tantos finais para este imagine que até perdi a conta! Caso tenham gostado não se esqueçam de votar ⭐⭐
Alguém sabe de alguma fanfinc de Peaky Blinders que seja deste género? Que o amor dos protagonista comece (ou aconteça) durante a guerra? Se souberem, digam-me!!
Até à próxima!
- 2SAOS3