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Boa leitura 📖
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A sensação incomoda do sangue a escorrer pelo golpe continua presente, e isso faz-me ficar preocupada, mas mais que isso faz-me ficar irritada. Tivera sido um simples raspão, mas foi o suficiente para ficar a sangrar por horas.
Saio do meu posto de trabalho, novamente, e ando até à minha tenda para tentar estancar o sangue, mais uma vez. Já fiz isto pelo menos três vezes, mas o sangue continua sem parar de fluir. Retiro a minha t-shirt vendo o vermelho no pano que está enrolado à volta da minha cintura para tentar estancar o sangue.
- Mas que merda... - Murmuro desenrolando o pano que já está demasiado ensanguentado, o terceiro que coloco hoje.
- Podes – - A voz de Bellamy soa pela minha tenda quando ele entra, mas rapidamente se cessa.
- Nunca ouviste falar em privacidade, Blake? – Pergunto irritada encarando-o.
Bellamy coloca a sua arma no chão encostada à minha cama e aproxima-se com o seu olhar fixo no meu ferimento. Tento afastar-me, mas ele agarra no meu braço impedindo-me, o seu olhar vacila entre o meu rosto e a minha ferida até que se foca apenas na minha cara.
- Quem é que te fez isto? – Ele pergunta rude fazendo-me suspirar.
- Fui eu, foi sem querer. Raspei em algum lado e fiquei assim.
- Ninguém sangra assim por um simples raspão. – Bellamy diz desconfiado fazendo-me suspirar.
Agarro no pequeno cantil que tenho na minha tenda com água, e deito um pouco do líquido em cima do golpe fazendo o sangue desaparecer durante alguns segundos, dando a oportunidade para Bellamy ver o pequeno golpe, que em poucos segundos já estava a sangrar novamente.
- Vês? Não é nada grave, foi só um corte.
- Como é que estás a sangrar tanto de um golpe pequeno?
- Tenho hemofilia.
- E isso é? – Bellamy pergunta franzindo uma sobrancelha.
- É um distúrbio de coagulação, basicamente o meu sangue não coagula adequadamente. E por isso pequenos golpes podem levar a um sangramento sem controle, tal como está a acontecer agora.
- Isso parece-me ser bastante grave! – Ele diz com firmeza e puxa a sua t-shirt pela cabeça aproximando-se.
Bellamy rasga a sua t-shirt e envolve-a à volta da minha cintura apertando com mais força do que eu costumo fazer, mas eu não protesto pois pode ser que assim a sangue estanque de vez, depois de envolver a t-shirt na minha cintura as mãos dele continuam no meu corpo fazendo-me levantar a cabeça para encontrar as suas íris castanhas a olhar para mim.
- Tu não vais trabalhar mais hoje.
- Que exagero, Blake. – Dou um passo atrás cortando o contacto entre nós. – Eu consigo trabalhar perfeitamente.
- Das quatro vezes que saíste do teu posto para vir à tua tenda foi para tentar estancar o sangue? – Bellamy pergunta cruzando os braços, mas eu mantenho-me calada. – Responde-me!
- Apenas porque é incômodo, o golpe não me doí! Às vezes nem sinto.
- Como assim?
- Eu posso cortar-me e sangrar, mas nem saber porque não sinto dores.
- Isso não melhora a tua situação! Meu Deus.... – Bellamy murmura passando as mãos pelo cabelo. – Estás a dizer-me que podes cortar-te e sangrar em demasia sem sequer dares por isso?
- Mais ou menos isso, sim...
- Tu não podes trabalhar mais.
- O quê? – Pergunto rindo e cruzo os braços.
- Tu não podes andar por aí a arriscar a tua vida.
- Não é isso que todos estão a fazer? – Pergunto sem paciência. – Vivo há anos com esta doença, Bellamy. Eu sei tomar conta de mim.
- Pelo menos até o sangue parar... - Bellamy diz baixo, mas ao mesmo tempo com firmeza.
- Bellamy –
- Pelo menos hoje. – Ele diz interrompendo-me. - E vai falar com a Clarke, é uma ordem.
- We do whatever the hell we want... - Digo sorrindo de lado.
- Não uses o meu próprio lema contra mim.
- Foi exatamente o que eu acabei de fazer.
- Por favor... - Bellamy murmura encarando-me com uma intensidade a qual não estou habituada.
- Isso assim torna-se um pedido e não uma ordem. – Digo em desafio, mas dou um passo atrás devido à intensidade do seu olhar.
- Chama-lhe o que quiseres desde que fiques sem trabalhar e vás falar com a Clarke.
- Tudo bem... - Murmuro concordando. – Eu faço isso.
- Obrigado.
O olhar de Bellamy vai até à minha cintura e eu faço o mesmo trajeto vendo que a t-shirt já está manchada de sangue, isso faz-me suspirar e ele aproxima-se novamente de mim desenrolando a t-shirt apenas para a virar e voltar a envolvê-la com mais força à minha volta.
Olho para Bellamy fazendo um pequeno aceno com a cabeça como agradecimento, agarro na minha t-shirt vestindo-a e ando para a saída da tenda, mas Bellamy coloca-se à minha frente impedindo-me, foco-me no seu rosto tentando ignorar que ele está de tronco nu apenas a meros centímetros de distância.
- Espera por mim aqui, eu vou contigo.
- Não preciso de guarda-costas para ir falar com a Clarke.
- Esperas aqui ou eu vou ter de te arrastar comigo para ter a certeza de que fazes o que te peço?
Reviro os olhos e levanto os braços em sinal de rendição sentando-me na cama, Bellamy encara-me por breves segundos até que agarra na arma e sai da minha tenda, pondero seriamente em sair e ignorar o que ele me tivera dito, mas eu já vi o Bellamy zangado e não quero esse sentimento direcionado a mim.
Pouco minutos depois Bellamy entra na tenda, agora com outra t-shirt vestida e sem a sua arma, ele apenas faz sinal com a cabeça para eu sair e eu assim faço. Ando pelo acampamento procurando pela Clarke, sempre com Bellamy atrás de mim.
- Clarke! – Grito assim que a vejo e aproximo-me dela. - Posso falar contigo?
- Claro. O que se passa? – Ela pergunta sorrindo encarando-me, depois o olhar dela move-se para Bellamy que está ao meu lado, voltando depois a olhar para mim.
- Então... Eu aleijei-me e o sangue não está a estancar.
- É profundo? Deixa-me ver!
- Ela é hemofílica. – Bellamy diz antes que eu tenha tempo de fazer ou dizer alguma coisa.
Os olhos de Clarke arregalam-se e eu puxo a minha t-shirt para cima exibindo a t-shirt de Bellamy enrolada à volta da minha cintura, já com algum sangue a aparecer. Clarke aproxima-se desamarrando a t-shirt e passando uma parte limpa pela ferida de forma a conseguir analisá-la.
- Pensava que as mulheres eram apenas portadoras da doença. – Ela diz encarando-me com uma expressão preocupada.
- Na sua maioria sim, mas o meu pai era hemofílico e a minha mãe era portadora da doença, então saiu-me a sorte grande. – Digo irónica.
- Eu vou desinfetar a ferida e tentar estancá-la o melhor que consigo, mas tu vais ter de ficar o resto do dia sem fazer nada. A prioridade agora é estancar a hemorragia.
Sinto o olhar do Bellamy a queimar a minha pele, mas nem ouso olhar na sua direção pois eu tenho a certeza de que apenas com um olhar ele vai dizer-me "eu tinha razão". Apenas aceno afirmativamente com a cabeça na direção de Clarke e ela puxa-me pelo braço para dentro da nave, e ouço os passos pesados de Bellamy atrás de nós.
Clarke manda-me deitar numa maca improvisada, e antes de o fazer eu retiro a minha t-shirt atirando-a contra Bellamy que está de braços cruzados ao lado da maca, ele apenas revira os olhos e agacha-se apanhando a minha t-shirt que tivera caído no chão.
Enquanto trata de mim a Clarke vai fazendo algumas perguntas sobre medicação que eu pudesse tomar ou tratamentos que eu fizesse na Arca e Bellamy apenas se mantém em silêncio e de braços cruzados analisando tudo. Eu sinto-me intimidade por ele estar aqui, não há como negá-lo, o olhar dele parece perfurar o meu corpo e o silêncio absoluto em que ele se encontra parece tornar toda esta situação ainda mais tensa.
- Feito.. – Clarke diz depois de fazer o curativo e imediatamente eu sento-me na maca. – Por favor, tem cuidado. É importante que a hemorragia pare.
- Vou ter, prometo.
- Como se eu não te conhecesse... - Ela diz franzindo uma sobrancelha.
- Eu vou garantir que ela tem cuidado. – Bellamy, finalmente, fala e tanto eu e Clarke olhamos para ele.
- Certo... - Clarke diz vacilando o olhar entre mim e Bellamy. – Eu vou andando. – E dito isto Clarke vai-se embora deixando-nos sozinhos.
- T-shirt. – Digo estendo a mão na direção dele.
- Não precisas dela, não vais sair daqui.
- Ok, vou assim então.
- Não! – Bellamy diz aproximando-se da maca e coloca a mão no meu ombro impedindo-me de levantar.
- A Octavia é a tua responsabilidade, eu não. – Digo chateada e num movimento brusco puxa a minha t-shirt da mão dele vestindo-a. – Vai arranjar o que fazer, Blake.
- Eu já arranjei, vou garantir que não vais fazer qualquer tipo de esforço até que a hemorragia pare.
- Tu és um chato! – Digo desagradada. – Eu já tenho uma sombra, não preciso de outra.
- Para de refilar, eu não vou mudar de ideia. – Bellamy diz com um sorriso desafiador e cruza os braços.
- Tu não devias ter entrado na minha tenda. – Resmungo imitando o gesto dele. – Eu não entro na tua quando quero e bem me apetece.
- Eu entrei porque percebi que algo se passava, tu não aguentavas mais de trinta minutos no teu posto.
- Ohhhhhh Bellamy Blake estava preocupado comigo. – Digo de forma irónica revirando os olhos.
- Eu estava.. – Ele diz acenando com a cabeça em concordância. – Sempre estive, e agora ainda me vou preocupar mais.
- Quê? – Pergunto num misto de confusão e surpresa. Eu não estava à espera daquela resposta.
- Eu preocupo-me contigo, ainda não percebeste isso? – Bellamy pergunta aproximando-se e puxa as minhas pernas para fora da maca apenas para se posicionar entre elas de forma a ficar mais próximo de mim. – Ainda não percebeste que eu quero cuidar de ti? Que quero estar ao teu lado?
- E-Eu... Eu n-não... - Gaguejo sem saber o que dizer e o sorriso de Bellamy aumenta.
- E eu sei que tentas fugir de mim de todas as formas possíveis e imaginárias, mas no fim tu queres o mesmo, não é, babe? – Bellamy pergunta encarando-me com intensidade. – Porque eu quero poder ter-te nos meus braços sempre que quiser, poder beijar-te, poder amar-te.. e tu queres o mesmo, certo?
- Bellamy... - Murmuro engolindo em seco e sem saber o que dizer devido à sua declaração. - O facto de ter o coração acelerado vai bombear mais sangue para fora.
- Eu acelero o teu coração? – Ele pergunta roçando o nariz na minha bochecha e eu sinto o meu corpo estremecer com o seu toque. – Hum? – Bellamy murmura perto do meu ouvido depositando um beijo húmido e lento debaixo da minha orelha.
- S-Sim... - Murmuro fechando os olhos.
Aprecio o seu toque enquanto os lábios dele passeiam pela minha pele deixando beijos lentos e demorados, e um arrepio atravessa o meu corpo quando Bellamy suga lentamente a pele do meu pescoço.
- Tu também aceleras o meu coração.. Tu tens-me completamente à tua mercê e nunca te apercebeste. – Bellamy afasta-se o suficiente para me encarar, e as minhas bochechas parecem pegar fogo. – Eu nunca te tinha visto sem resposta, tenho de admitir que é engraçado.
- Idiota.. – Murmuro revirando os olhos e ele gargalha.
- Um idiota que apenas quer o teu bem.. Deixa-me cuidar de ti, sim? – Ele pergunta acariciando a minha bochecha.
- Eu consigo –
- Eu sei, babe, eu sei.. – Bellamy sorri e beija a minha testa suavemente. – Eu sei que tu consegues tomar conta de ti, mas eu quero garantir que tu sempre estarás em segurança, eu posso?
- Se eu puder fazer o mesmo por ti. – Respondo um pouco envergonhada vendo o sorriso no rosto de Bellamy aumentar.
- Tu queres cuidar de mim?
Bellamy tem razão, eu estou sem resposta por isso opto por envolver as minhas pernas à volta da cintura dele puxando-o mais para mim e junto os nossos lábios. O sorriso de Bellamy forma-se contra os meus lábios e rapidamente ele corresponde ao beijo, as mãos dele pousam nas minhas coxas apertando-as enquanto os meus braços se envolvem à volta do pescoço dele.
Quando os nossos lábios se afastam o Bellamy puxa-me para o seu colo com cuidado envolvendo os seus braços à volta da minha cintura e depositando um leve beijo na minha bochecha, ele anda para fora da nave levando-me pelo acampamento no seu colo.
- O quê que estás a fazer? – Pergunto confusa.
- Garantir que vais ficar sossegada o resto do dia.
- Bellamy, eu consigo andar! – Digo envergonha sentindo vários olhares em nós.
Ele apenas deposita um leve beijo nos meus lábios fazendo-me sorrir, Bellamy entra numa das tendas que eu reconheço como sendo a dele, ele deita-me com delicadeza na cama deitando-se logo em seguida ao meu lado.
Bellamy coloca o braço com cuidado por cima da minha cintura e depois esconde o rosto na curva do meu pescoço sem antes deixar um beijo na minha pele, movo uma mão para o cabelo dele fazendo alguns carinhos.
- Assim vou adormecer. – Bellamy murmura fazendo-me sorrir.
- É essa a ideia, assim vou conseguir fugir.
- Humhum... - Ele murmura soltando uma risada em seguida. - Como se tu quisesses isso.
Afasto-me ligeiramente para o conseguir encarar e sorrio juntando os nossos lábios em seguida, é um beijo calmo, mas ao mesmo tempo sentindo e desejado e quando separamos os nossos lábios voltamos para a posição anterior.
Sentir a respiração quente de Bellamy contra o meu pescoço dá-me uma tranquilidade e um conforto difícil de entender e explicar, mas é uma sensação agradável, talvez até a mais agradável desde que chegámos à Terra e por mim nós poderíamos ficar para sempre assim.
- Obrigada, Bellamy. – Murmuro ao fim de um tempo em silêncio.
- Pelo quê? – Ele pergunta com uma voz arrastada, e eu percebo que ele deveria estar quase a adormecer.
- Por te preocupares.
- Contigo, sempre.
- Porquê?
- Eu lembro-me. – Afasto-me ligeiramente para o conseguir encarar. – Tu abraçaste-me no dia em que a Octavia foi presa. Foste a única que se preocupou comigo naquele momento, todos olhavam para mim e cochichavam julgamentos, mas tu abraçaste-me. Tu preocupaste-te comigo.
As palavras evaporam-se, eu nunca pensei que ele se lembrasse disso. Bellamy estava tão desesperado e assustado que eu pensei que ele nunca se fosse lembrar daquele abraço, foi um impulso meu, eu não aguentei vê-lo naquele estado. Nós nunca tínhamos falado antes, e continuamos sem falar mesmo depois do que aconteceu, e sempre tive a certeza de que ele não se lembrava.. A minha certeza estava errada.
- E-Eu... - Gaguejo um pouco e suspiro. – Não sei o que dizer.
- Eu é que tenho de te agradecer.. – Bellamy sussurra aproximando o seu rosto do meu. – Aquele abraço teve imenso significado para mim, foi o porto-seguro que eu precisei naquele momento.
- Por que não me procuraste depois?
- Eu tentei, mas tu foste presa três dias depois. – Ele diz franzindo uma sobrancelha.
- Oh... Esqueci-me desse pormenor. - Sinto-me corar e Bellamy solta uma pequena gargalhada.
- Já agora, obrigado por isso.
- Quê? – Pergunto rindo.
- Não estaríamos aqui se não tivesses ido presa. – Solto uma gargalhada e abano a cabeça negativamente. – Tudo seria mais difícil sem ti aqui... - Apenas sorrio sem saber o que dizer.
Bellamy retribui o sorri e aproxima-se deixando um leve beijo nos meus lábios, e depois volta a esconder a cara na curva do meu pescoço, encosto a minha cabeça à dele e volto a fazer pequenos carinhos no cabelo dele.
- Por mim ficávamos assim para sempre. – Bellamy murmura e um sorriso nasce no meu rosto.
- Sou obrigada a concordar...
Mais um imagine com o nosso amado Bellamy!!! 🥰🥰🥰🥰
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Até à próxima!
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