Reaprendendo a Caminhar

By SabrinaCastro335

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Bárbara é tirada da prisão por uma pessoa que a surpreende muito. A mesma passa ajudar para que mulher possa... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48

Capítulo 38

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By SabrinaCastro335

Assim que Bárbara se acalmou, Eduardo a deitou na cama e sentou ao lado dela que o encarava com os olhos brilhando.

- Vou pegar o seu remédio e você fica quietinha aqui, ok?

- Tá...

Eduardo levantou e foi até o banheiro, abriu a gaveta de remédios e tirou o vidrinho de conta gotas, voltou ao quarto e Bárbara sentou esperando ele.

- Abre a boca. - pediu e a mesma abriu - Ergue a língua. Isso. - pingou as gotinhas do remédio embaixo da língua dela e fechou o vidro pondo no criado mudo - Daqui a pouco o coração desacelera, te dá sono e você relaxa. - secou o rosto dela.

- Amor, você se sente sozinho?

- O que?

- Hoje você ficou o tempo todo longe, bom, tava perto, mas longe. Você não tem mais... amigos.

- Bárbara, não tem como me sentir sozinho nessa casa. Esqueceu que a gente tem uma filha pequena que é ligada na tomada? E você se deixar fica 24 horas por dia colada em mim, sem contar a Luna que só não fica atrás de mim o tempo todo porque eu vou trabalhar.

- Mas... você não tem mais amigos, amor.

- Bárbara, eu tenho a nossa família, Edite, Fernanda, Santiago.

- Mas e Jacinto, Steve, Margarida, Gardê... Não, a Gardênia não porque ela ainda deve ter o sonho de fadas em que você é o príncipe encantado e eu não gosto dela. - cruzou os braços e ele riu.

- Linda, deixa eu te explicar uma coisa, certo? - segurou as mãos dela - Steve está cheio de trabalho, Jacinto e Margarida se afastaram por conta própria e isso é um problema deles, não meu.

- Se afastaram por minha causa.

- Amigos de verdade não se afastam só porque não gostam de alguém ou da escolha dos outros amigos. Amigos de verdade estão para todas as horas e eles escolheram virar as costas pra mim pelas minhas escolhas, porque eu escolhi dar uma chance a alguém que me amava mais do que a própria vida, eu escolhi amar e cuidar a pessoa mais problemática e carinhosa do mundo. Eles discordaram e se afastaram, mas é problema deles.

- Eu sou problemática?

- Problemática, chata, mandona, chorona, dramática. - observou ela fazer bico para chorar.

- Então por que você tá comigo se eu sou tão ruim assim?

- Porque você é a MINHA problemática, chata, mandona, chorona e dramática. - beijou as mãos de Bárbara e roçou em seu rosto - Só minha.

- Sabe... eu não gosto de ser assim, não gosto de ter essa cabeça cheia de coisa ruim, machuca todo mundo em volta. Você, a Luna, a Fany...

- Você não faz isso de propósito é porque você também tá machucada, suas cicatrizes estão fechando de pouquinho. E você tá cada dia melhor, eu tô tão orgulhoso, sabia? - sorriu carinhoso e acariciou a bochecha dela - Eu tenho orgulho da empresária que você é, conseguiu dar conta de duas empresas e fazer as duas lucrarem. Eu tenho orgulho da mulher que você é, dedicada, insistente, batalhadora, poderosa. Linda, você não faz ideia de como eu adoro o jeito que você esbanja poder, a maneira que você se veste me deixa tão besta, porque eu sei que quando você veste coisas que te valorizam, sua autoestima sobe e não há quem desça ela. - foi falando para tentar fazer o sorriso dela aparecer - Óbvio que às vezes eu sinto um ciuminho da sua roupa, mas eu lembro que as outras pessoas só olham, já eu... - beijou-a - Eu toco e beijo cada pedacinho do seu corpo. - observou um leve sorriso sair dela - Também sinto orgulho da namorada, noiva, esposa que você é. - deu risada - Estamos praticamente casados já, só que sem papel. Eu gosto da sua comida, mesmo você sempre se cortando, se queimando, queimando a comida, eu amo os seus cuidados, seus cheirinhos, dá vontade de ficar doente todo dia só pra ganhar o seu cheirinho, a sua fungadinha de raposa. - ficou encarando os olhos dela e naquele momento ele se sentiu preso - Mas eu tenho orgulho sobre tudo, da mãe que você é, sou apaixonado pela maneira que você está pendente da Aurora mesmo ela já sendo adulta, pela maneira que você ainda põe a Luna pra dormir quando ela não tá bem, pela maneira que você acolhe a Fany quando ela tá tristinha, quando ela faz um machucado e você nina ela como se ainda fosse uma bebê de meses. É a melhor mãe do mundo.

- Verdade?

- Verdade. - deitou ela novamente, com calma e se deitou ao lado, alisando a barriga, braço e rosto da loira - Eu te amo muito.

- Eu também te amo muito, Eduardo. - sentiu os olhos pesar e foi se entregando ao sono enquanto ele lhe fazia carinho.

Ele respirou fundo quando ela dormiu e saiu da cama indo para a varanda, passava pouco da meia noite, sentou-se em um dos sofás que ali havia e ficou olhando a noite, pensativo. A convivência com Bárbara era complicada por conta dos problemas dela, mas ela tinha uma magia tão gostosa que fazia ele se sentir único e feliz ao lado dela.

- É difícil, não é, filho? - aquela voz conhecida soou em seu ouvido, ele começou a procurar e não encontrava.

- Mãe?

- Eu mesma, mas você não pode me ver. - soltou uma leve risada - A Bárbara me surpreendeu muito, daqui eu vejo toda a mudança dela, ela está sempre preocupada em te fazer feliz.

- Ela é uma mulher maravilhosa, quisera tivesse sido assim antes de fazer todas aquelas loucuras.

- Aqui nós não guardamos mágoa no coração, não. Acompanhei ela desde que vim embora, ela sofreu muito, ela sempre te amou, sonhava em silêncio com o dia que vocês dois ficassem juntos.

- Quando ela começou a gostar de mim?

- Quando vocês se encontraram na empresa, foi a primeira vez que o coração dela acelerou por um homem. Quando descobriu que você estava apaixonado por Fernanda, ela se isolava tentando entender o que Fernanda tinha que ela não tivesse também, até que chegou a conclusão que o que lhe faltava era deixar que a verdadeira ela viesse tomar conta de si, mas aí já era tarde demais.

- Você acha que eu fiz certo em me envolver com ela, mamãe?

- Filho, quem tem que saber isso é você. Você está feliz ao lado dela?

- Muito.

- Então por que pergunta?

- Porque eu acho que eu não sou o suficiente pra ela, tenho medo de errar, machucar...

- Não, filho, você é mais do que suficiente. E ela sente que você completa ela inteira, você faz ideia de como ela ficou feliz quando você lhe roubou o primeiro beijo?

- Eu... não. - respondeu.

- Pois é. Bárbara fez muitas maldades, mas hoje em dia, não, ela só faria alguma coisa para proteger vocês e faria da maneira mais honesta possível. Eu a perdoei pelo o que me fez, cuidei para que minha netinha fosse para vocês com muita saúde, para unir mais ainda vocês.

- Você enviou a Fany?

- Sim e como ela é linda, filho. Vocês a criam tão bem, sabia que você seria um ótimo pai.

- Eu sempre quis ter filhos. - sorriu de lado - E consegui ter a filha mais preciosa do mundo, com a mulher mais amorosa do mundo.

- Isso é lindo de ouvir, filho. Sabia que a Bárbara já fez músicas pra você?

- Músicas?

- Sim, ela tem um diário, no closet, na gaveta de jóias, lá tem músicas, frases, poemas, sobre você.

- Por que ela nunca me contou?

- Medo de você achar muito brega.

- Mas eu ia adorar ver essas coisas...

- Pois vá atrás. Eu preciso voltar agora, até mais, filho.

- Mãe? Mãe? - chamou e não obteve mais resposta.

Eduardo se esticou no sofá e pegou uma almofada abraçando, voltando a ficar pensativo, acabou por dormir ali. Bárbara foi se virar na cama na intenção de abraçar o homem e percebeu que ele não estava ali, ela então sentou sonolenta e o viu no sofá, pegou o edredom e foi até a varanda, deitou ao lado dele na beirada do sofá e os cobriu.

- O que tá fazendo aqui? - ela perguntou baixinho se encolhendo no corpo dele.

- Vim ver as estrelas... - abraçou-a para não cair do sofá.

- Você tá é sonhando com as estrelas. - riu carinhosa pondo a mão no peito de Eduardo que segurou a mesma.

- A mais bonita delas tá do meu lado. - bocejou.

- Você é o amor da minha vida toda.

- E você da minha.

Os dois voltaram a dormir ali e mais tarde, Bárbara começou a ficar inquieta, ela olhou no relógio de parede e era quase cinco da manhã.

- O que foi, minha vida?

- Essa calça tá me apertando, esse elástico tá ruim.

- É porque ela é nova, tira ela e vem deitar.

Bárbara levantou e tirou a calça e em seguida olhou a marca do elástico na cintura e alisou com a mão. Eduardo sentou e ficou observando-a.

- Deixa eu ver. - puxou-a pela mão.

- Tá cheio de marquinha. - mostrou - Faz carinho.

- Faço. - começou a esfregar o local com paciência e depois beijou.

- Só você pra acordar de madrugada pra esfregar minha cintura e me dar carinho. - acariciou o cabelo dele.

- Eu já acostumei. - ajeitou a calcinha da mulher e se encostou pra trás no sofá - Vem. - chamou-a.

- Amor... - sentou na perna dele e pegou o edredom cobrindo eles de novo, porém sentados.

- Hum?

- Você ainda tá com sono?

- Mais ou menos.

- Eu tô.

- Deita. - segurou-a e virou ela para o canto do sofá, em seguida deitou junto.

- Não queria ir trabalhar, vou ficar em casa, fica comigo? - pediu segurando nele.

- Não podemos os dois faltar.

- A gente trabalha daqui, por favorzinho com mil beijinhos e cheirinhos. - fez biquinho.

- Tá, eu não resisto. - cobriu ela de volta e ficaram em silêncio por alguns segundos.

- Faz tempo que não acordamos de madrugada pra fazer amor, não é?

- Bárbara, Bárbara. - a repreendeu.

- Estou apenas comentando que faz tempo que eu não dou pra você de madrugada, na verdade, faz tempo que eu não dou pra você em horário nenhum, a gente tá tão corrido que nem transa direito.

- Normal, minha linda. Essa é a vida de pais e empresários.

- Hum, logo eu que gosto tanto de ser ativa. - se virou de costas pra ele, encostando a bunda sobre o membro do homem que prendeu a respiração por alguns segundos.

- Por que você me provoca tanto? - apertou ela contra o sofá.

- Gosto de testar seus limites. - sorriu - Dá a mãozinha pra sua mulherzinha, dá. - pegou a mão dele e levou em sua intimidade - Brinca um pouquinho, por favor.

- Como você consegue ser tão safada? - sussurrou no ouvido dela alisando toda a sua extensão sobre a calcinha.

- Eu não sei, mas eu adoro tirar sua paciência. - encostou a cabeça nele - Você me pega com mais vontade, só de pensar, me deixa sem ar. - começou a se esfregar contra a mão dele.

- Então é assim? - puxou o tecido de lado - Tá molhadinha.

- Tudo culpa sua. - virou o rosto para se beijarem e enquanto isso ele a penetrou com um dedo - Edu... - murmurou o nome dele com manha.

- Pede. O que você quer?

- Eu quero isso aqui dentro de mim. - se esfregou contra o corpo dele - Isso que tá na sua calça.

- Bárbara. - mordeu o lábio inferior dela e puxou lentamente.

- Promete que não vai me machucar? - sussurrou e ele apoiou a cabeça dela com calma em seu braço.

- É claro que eu não vou te machucar, minha linda. - beijou sua testa - Você é a coisa mais frágil que eu tenho em mãos.

Os dois seguiam se beijando e se agarrando, Eduardo tirou a blusa dela e em seguida a própria calça. Bárbara se virou de frente e abraçou o corpo de Eduardo enquanto ele se ajeitava para começar a penetrá-la.

- Ah! Você tá mais apertada! - fechou os olhos.

- Hummm! Isso tá tão gostoso, acho que é a posição. - arranhou o corpo dele.

- Você e a sua mania de me arranhar. - começou a se movimentar abraçado ao corpo dela.

Inverteram as posições e Bárbara ficou por cima dele cavalgando com toda a vontade que tinha em seu corpo, Eduardo admirava toda a beleza dela sentando em cima de si e gemia baixo segurando na bunda dela, subiu as mãos pela coluna e deslizou para frente, chegando nos seios dela apalpando.

- Você é uma delícia.

- Eu sei. - riu com malícia arranhando o peito dele se deitando logo em seguida - Ai, Eduardo! - gemeu um pouco mais alto quando ele agarrou seu quadril e começou a estocar dentro dela com rapidez - Isso, amor! Ai, meu Deus!

- Levanta! - parou de se movimentar e ela sentou sobre ele para poder se levantar - Vira. - se levantou também e apontou para o sofá onde ela se apoiou ficando de costas para ele.

- Eu tô suando tanto que devo ter emagrecido só transando com você, amor. - jogou o cabelo para o lado sentindo ele se posicionar atrás.

- Cada um pratica o exercício que gosta. - voltou a entrar e sair nela, apertando o quadril da mesma.

- Mais forte! - segurou no encosto do sofá - Mais forte, Edu! Assim, amor. - sorriu satisfeita e sentiu que a mão dele deslizou de sua coluna até seu cabelo onde ele segurou embolando os fios e puxou para trás. Ah, quando ele a segurava daquele jeito era uma maravilha.

O tempo estava um pouco frio e não demorou para a chover, o som das gotas de água abafava os gemidos dois, a mulher se deixou levar mais ainda, podendo gemer com mais gosto e vontade. Quando estava quase amanhecendo, haviam invertido mais uma vez a posição, com os dois sentados, ela sobre ele, de frente, subindo e descendo.

- Ahhhh, eu não aguento mais! - Eduardo fechou os olhos e franziu a testa.

- Para de segurar, solta isso de uma vez! - rebolou e beijou-o.

- Você mandou. - ajudou-a com movimentos mais lentos, porém mais gostosos - Oh, Bárbara! - atingiu seu orgasmo dentro dela e a mesma ficou anestesiada - Tudo bem? - acariciou o rosto da mulher que assentiu - Mesmo?

- Unhun. - sorriu e o abraçou - Foi uma delícia. -beijou o pescoço dele - Acho que é bom a gente tomar banho, estamos melados de suor.

- Tem razão. - fez ela colocar as pernas ao redor de sei quadril - Segura, eu vou levantar. - sorriu e ela se agarrou ao seu corpo, assim, Eduardo se colocou de pé com ela no colo e levou-a para o banheiro.

...

Duas horas mais tarde...

Eduardo foi até a cozinha fazer o café e deu de cara com Fernanda ali colocando as coisas na mesa, o homem cruzou os braços e parou olhando ela.

- Fernanda? O que você tá fazendo?

- Vim tomar café, oras. Aproveitei e comprei umas coisas na padaria. - sorriu e ele a encarava confuso.

- Como você entrou na minha casa??? Nosso portão é digital e nossa porta precisa de tag pra entrar.

- Pergunta interessante.

- Fernanda???

- Eu cadastrei a digital dela e dei uma tag. - Bárbara entrou na cozinha vestida de pijama ainda e abriu a geladeira pegando o leite.

- Você o que? Por que não me avisou?

- E precisa avisar que eu cadastrei a Fernanda e dei uma tag pra ela? Ela já não sai daqui mesmo, nem parece que essa menina tem uma fazenda, uma casa na cidade e um apartamento. - pegou a mamadeira de Fany e colocou o leite.

- Menina eu já não sou tem uns dez anos, mas obrigada. - deu risada - E você é chato. - deu a língua para Eduardo que fez careta.

- Qualquer dias desses eu acordo no sofá e a Fernanda na nossa cama com você.

- Não me dê ideias, amor. - colocou algumas colheres de mistura láctea de morango no leite e chacoalhou - Fany levantou e foi direto pra nossa cama, tá cochilando lá agarrada no seu travesseiro.

- Vou lá dar um cheiro na minha neném. - ele falou - Tô de olho em vocês duas, se a minha cabeça doer, eu sei que é chifre.

As mulheres se encararam e riram, Bárbara terminou a mamadeira, pediu licença à Fernanda e foi ao quarto, Eduardo estava deitado ao lado de Fany beijando o rosto da filha e fazendo carinho em suas costas.

- Tá cheirosa, é. - passava o nariz pelo rostinho dela e Fany lhe segurou na bochecha com a pequena mãozinha - Mamãe trouxe o seu mamá. - sorriu e Fany virou na direção da porta sonolenta.

- Toma, meu amor. - entregou a mamadeira e deitou ao lado dela também, Fany se encolheu no corpo da mãe com a cabeça no peito dela enquanto tomava o leite, ela procurou pela mão do pai e colocou em sua cabeça, dando sinal de que queria carinho e ali Eduardo passou a fazer cafuné na pequena.

- Bom dia. - Celina entrou no quarto da avó com a mamadeira dela que já estava pronta na geladeira que a pequena não havia tomado na noite anterior.

- Bom dia, princesa. - Bárbara a chamou com as mãos e Celina subiu na cama deitando com Fany e ali as duas ficaram mamando juntas.

Depois que todos tomaram café, Aurora buscou os filhos para irem a casa do avô ver ele. Fernanda aproveitou que estava perto da Lactos e dali foi direto para a empresa. Bárbara e Eduardo ficaram trabalhando no quarto e Fany brincava no meio da cama quietinha. Luna entrou no quarto deles que a encararam e a mesma se jogou no meio da cama perto da irmãzinha que não demorou a subir em cima da mais velha.

- Mãe.

- Hum? - subiu o óculos e olhou-as por cima do notebook.

- Quero trabalhar, nossa empresa tá contratando?

- Sim, mas depende da área que você quer entrar.

- Qualquer uma. Mas me dou bem com comunicação, né?

- Tem na área de publicidade, a Lulu também trabalha com a gente, ela vai duas vezes por semana e fica os outros dias de casa, assim ela toma conta da revista da Edite.

- É, parece ser uma boa. - sentou - Falando na Lulu, ela tá vindo aí, disse que quer conversar comigo. Ela tava séria no telefone, aconteceu alguma coisa.

- Tadinha, ela é tão quietinha, deve guardar muita coisa só pra ela.

- Pois é. - Luna balançou a cabeça. A campainha tocou - Deve ser ela. - tirou Fany de cima e se levantou.

Luna foi até o portão e lá estava Lulu parada, ela estava com o uniforme dos bombeiros, pronta para ir ao curso, o cabelo estava preso em rabo de cavalo, carregava uma bolsa no ombro e na hora que o portão foi aberto, ela colocava os óculos no rosto.

- Entra. - deu espaço - O que a senhorita tem de tão importante pra me falar? Estava séria no telefone.

- É, porque realmente é um pouco sério. - sorriu de lado.

- Vamos ao escritório. - segurou na mão da amiga e a puxou para o cômodo da casa.

Luna se encostou na mesa e Lulu colocou a bolsa em cima da mesa, encarava a outra jovem a sua frente como se criasse coragem para falar algo, estava ofegante e em silêncio.

- Luna... Nós já somos amiga há um bom tempo, certo?

- Sim.

- E aí você foi embora, perdemos um pouco contato, depois voltou e nos aproximamos até mais do que antes.

- Anhan.

- Acontece que eu não quero mais ser sua amiga, Luna. - balançou a cabeça - Eu não posso mais.

- Como assim, Lulu? Eu fiz alguma coisa? Por que você quer se afastar de mim?

- Eu não quero me afastar... - pegou a mão dela - Eu quero ficar mais perto.

- Lucrécia, eu não estou entendendo. Eu tô confusa.

- Luna, eu tô apaixonada por você e não é de hoje. Antes de você ir embora eu já sentia isso, eu já te queria muito mais. Você sempre foi a minha pessoa preferida. - afastou o cabelo dela para trás - Quando você foi embora, senti parte de mim indo junto e depois quando você voltou, tão mulher, tão linda. Foi impossível não relembrar as mesma palpitações que eu tinha anos atrás. - respirou fundo.

- Por que você nunca me contou?

- Você sabe que eu sou fechada, eu sempre tive medo de sofrer. Mas você tá livre, sem ninguém e eu não podia deixar essa oportunidade passar de novo. Já cometi o erro de deixar você se envolver com um idiota uma vez, não posso fazer isso de novo.

- Eu... isso é novo pra mim, por mais que eu sempre me sentisse atraída por mulheres, nunca realmente fiquei com uma, sempre foram meninos, durante toda a minha estadia fora daqui.

- Luna, eu... não quero saber com quantas pessoas você ficou. - fechou os olhos tentando apagar a imagem dela com outra pessoa - Eu quero ser o seu futuro, o daqui pra frente. Tudo depende de você.

- E os nossos pais?

- Minha mãe sempre foi aberta comigo, logo que me descobri lésbica, eu contei à ela. Ela me encorajou de vir aqui, disse que você seria a nora perfeita. - sorriu e Luna também - Agora os seus pais... não sei o que pensam sobre.

- Ai, Lulu. - cruzou os braços - Eu tô confusa, perdida.

- Eu sei, imagino. - pegou a bolsa - Eu preciso ir pra escola... Tem treinamento hoje, pensa bem, tá?

- Tá. - assentiu e Lulu se aproximou.

As duas se encararam, um pouco ofegantes, foi impossível não olharem para os lábios da outra, mas Lulu se segurou e beijou o bochecha de Luna antes de sair. Assim que Lucrécia foi embora, Luna correu para o quarto dos pais, o sentimento era recíproco, mas estava confusa e precisava falar com eles.

- Eieiei! Pra que correr? - Bárbara chamou atenção da filha que subiu na cama encarando eles - O que aconteceu? Cadê a Lulu?

- Foi para a escola. - respirou fundo - O que vocês pensam sobre a comunidade LGBT?

- E a gente tem que pensar alguma coisa? - Eduardo franziu a testa - Todo mundo é livre pra viver e escolher o que quiser, eu escolhi amar a sua mãe, nós não temos o que julgar ou apontar.

- Isso é verdade, filha. Cada um tem o livre arbítrio pra amar quem quiser. - a loira concordou com o homem e Fany escutava sem entender - Pera aí, pera aí, pera aí. Esse assunto tem alguma coisa a ver com a Lulu?

- Tem...

- Nós já sabemos que ela é lésbica, filha...

- Mas e eu?

- Você o que, Luna? - Eduardo fechou o notebook - Pare de rodeios, diga logo.

- A Lulu me pediu em namoro, praticamente.

- Ela te pediu em namoro? - Bárbara abriu um sorriso bobo - Que fofo.

- Eu não sei qual a minha sexualidade, bom, acho que é bi. Eu gosto de homem e de mulher. - respirou fundo - Mas eu fico preocupada com o que vocês pensam, se vão me aceitar ou não, como vai ser?

- Luna, a gente não tem que aceitar nada, a não ser os pretendentes que aparecerem, aí nós temos que dar o veredito final. E é a Lulu, nós a conhecemos, uma nora maravilhosa. - Eduardo comentou - Isso não vai te fazer menos nossa filha. Não vai mudar o nosso amor por você.

- O que eu faço?

- Agora é com você, você tem que decidir se quer namorar com ela, eu aposto que vocês seriam muito felizes juntas. Já se dão bem.

- E se estragar a nossa amizade?

- Não vai, um casal, antes de ser casal, precisam ser amigos. Olha seu pai e eu, a gente foi de inimigos a amigos e agora somos quase marido e mulher e a gente ainda fez a sua irmã. - apontou para Fany.

- Faz o que o seu coração manda.

- A Lulu quer namorar com você, Luna? - Fany perguntou.

- É. - a irmã mais velha respondeu.

- Mas vocês são meninas. Isso pode? - perguntou inocente.

- Não tem nada de errado elas serem meninas, Fany. - Eduardo olhou a filha - O que importa é o amor, filha. É amar e ser amado.

- Exatamente, quando você ver dois homens juntos de mãos dadas, se beijando, são dois príncipes e quando você ver duas mulheres juntas e se beijando, são duas princesas, também. E assim vai, conforme você for crescendo, você vai aprendendo mais. Apenas entenda que não é errado, errado é você julgar.

- Ahhhh, então tá bom, mamãe. - continuou brincando - Namora com a Lulu, Luna. Ela é legal e me dá presente.

- Interesseira você, né, praga? - Luna riu e chamou a irmã para um abraço - Eu amo vocês. Amo muito.

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