Celeste
Rhysand falava alguma coisa para Azriel que não estava nem aí, apenas pensando em formas de o matar.
Eu estava tentando entender o que Rhysand falava.
Eu só entendia cacarejos.
— Somos amigos! Somos irmãos! Irmãos pra vida toda! Irmãos não se matam! -Rhysand exclamou, fugindo de Azriel.
— Estou pouco me fudendo para isso. -grunhiu Azriel.
Bufei.
Machos.
— Bestas feéricas, territoriais e superprotetoras. -resmunguei.
Bibi coçou os olhos com as patinhas, encarando os machos que brigavam.
Ela deu de ombros e voltou a dormir.
— Olha, sou maior de idade, além de que você não tem direito algum de bater no Rhysand só porque estávamos... Na maior pegação se é que vocês entendem o que é isso aqui. -cocei a cabeça em confusão.
— Vou matar você! Rhysand. -As sombras de Azriel correram atrás do grão-senhor.
Eu bufei.
Vou dormir que é melhor.
— Rhys, eu vou dormir, quando terminar, seja lá o que diabos isso for, passe no meu qua...
Eu parei, sentindo um embrulho em meu estômago, como se uma corda o laçasse na direção do grão-senhor.
Então, ouvi um estalo alto, alto demais em minha mente, minha mente escura, vazia e quebrada sendo iluminada por um fino fio dourado que piscou, e então sumiu, mas ainda continuava ali, estendido para Rhys.
Eu pisquei, puro choque em minhas feições, puro choque. Minhas pupilas dilatadas em um olhar quase que selvagem, eu sabia o que era isso, já havia lido tantas vezes.
Mas não sabia que algum dia poderia acontecer comigo.
Um laço.
Um laço de parceria.
Eu encarei Rhysand que parou de imediato, me encarando ofegante.
Ele é o meu parceiro.
— Merda, por sua culpa os escudos caíram. -Rhysand praguejou baixinho, encarando Azriel que parou.
Então... Então ele sabia?
— Você sabia? -questionei baixinho.
Dor me atingindo, ele já sabia.
— Eu posso explicar...
— Por quanto tempo? -questionei.
— Celeste...
— Por quanto tempo?? Rhysand! -exclamei.
— Desde que te vi pela primeira vez. -ele disse.
Eu o encarei chocada, dando um passo para trás.
— Eu juro que...
— Por quanto tempo mais ficaria zombando de mim? Por quanto tempo mais ficaria assim? Acha que sou ignorante ao ponto de não entender o que é a porra de um laço?? -exclamei alto.
— Eu nunca disse isso. -ele me encarou.
— Mas pensou, para esconder isso, você chegou a conclusão de que me deixaria ignorante a essa informação, meus parabéns! grão-senhor! -uma lágrima caiu.
— Celeste, por favor...
— Por favor o que? AM? Você realmente iria esconder isso até que a idiota algum dia morresse?? Ou iria ficar fingindo um conto de fadas? Está achando que sou um brinquedo?? -gritei.
Não sabia quando havia começado a chorar.
O rosto de Rhys ficou pálido, dor e nervosismo estavam em suas feições, medo.
O meu medo. Ele estava sentindo tudo.
— Eu não queria que se assustasse.
— Alguma coisa em você algum dia me assustou? —o encarei magoada— você entrou em minha casa, eu bati em você e te fiz refém, você mostrou suas asas e eu não recuei um passo sequer, não tive medo da sua raça ou da sua magia, eu não tive medo de me pôr de frente da porra de uma bala para salvar você! Me diz se eu tenho medo de algo relacionado a você, Rhysand, me diga!
Ele deixou uma lágrima caiu do grão-senhor.
Bibi levantou de imediato ao ouvir o meu choro.
— Você não teve confiança em mim para dizer isso, dizer sobre algo que as duas pessoas devem saber e não só uma, me escondeu o laço com escudos! E nunca me disse nada! -eu solucei.
— Meu amor.. -ele deu passos até mim.
Eu recuei, o encarando como se visse um estranho diante de mim.
— Eu não te conheço mais. -balancei a cabeça.
Bibi ficou de pé nas duas patas, choramingando, eu a peguei no colo.
— Celeste, por favor. -ele disse vindo até mim.
— Perdi parte do meu amor por você depois disso. -virei o rosto, caminhando rapidamente para fora.
Ele parou como se tivesse sido atingido por uma espada.
— Você... Você me ama?
— Depois disso, eu não sei mais. -saí para fora.
— Filha. -Azriel tentou vir até mim.
— Saiam de perto de mim, você também sabia, além de tudo o que fez também é um mentiroso e traidor, também estava adorando ver o meu papel de idiota. -falei.
— Isso não é verdade! -ele disse vindo atrás de mim.
— Pare de me seguir! Se quer algo últil, mande o desgraçado mentiroso do seu amigo me deixar em paz. -soluçei.
Ele parou no corredor, e eu corri.
— Celeste! -ouvi o soluço de Rhysand..
— Gente, que bafafá é esse? —Raya bocejou, ela estava de pijama— dá pra ouvir do outro lado de Velaris, voei até aqui só pra saber. -coçou os olhos.
— Me tira daqui, por favor. -sussurrei atordoada.
— Celeste! -ouvi a voz vacilada de Rhysand pelo o choro se aproximar nos corredores.
— Por favor. -implorei.
Ela me encarou, então segurou minha mão, Rhysand cambaleando até nós em meio às lágrimas foi a única coisa que vi antes de atravessar.
Pelo último lampejo, vendo o grão-senhor cair de joelhos e rugir meu nome às estrelas.
Vento nos envolveu, vento e noite e estrelas, sou sacudida para todos os lados como uma boneca de pano. E então, tudo se dissipa.
Eu olho ao redor, tremendo ao sentir o frio intenso. Era o começo do inverno, e... Estávamos diante de uma cabana.
Eu a reconheci.
— Vem. -Raya abriu a porta.
Eu adentrei com ela, vendo tudo a minha volta, bonita, quente e aconchegante.
Bibi pulou de meu colo e soltou um assobio olhando em volta.
Bendita hora que Cassian ensinou minha cachorrinha a assobiar.
— Gosto de vir aqui algumas vezes. —Raya fechou a porta, se recostando em uma parede— é bom para xingar o Rhys quando estou irritada, e dar uma sumida de vez em quando. -deu de ombros.
— É muito bonita. -consegui dizer.
Mas o choro não havia parado, a diferença é que eu chorava em silêncio.
— É tão ruim assim? -ela questionou.
Eu a encarei.
— Ser parte da nossa família, é tão ruim? -ela sussurou.
— É ruim seu irmão ter escondido de mim, vocês são perfeitos, tirando um alguém, Rhysand me escondeu algo sério, e me fez fazer papel de trouxa. -murmurei baixinho.
Ela inspirou fundo.
— Vou chutar a bunda dele por toda a pythrian, aquele urubu violeta. -ela bufou.
Eu a encarei.
— Tem tudo o que precisa aqui. —disse Raya— a magia da cabana vai te dar tudo o que quer, basta pedir, eu virei nos fins de semana ver como você está. -avisou.
— Obrigada. -murmurei.
Ela me abraçou.
— Não se preocupe, cunhadinha, eu vou sim bater nele quando chegar em casa.
Um fantasma de um sorriso.
— Volto no fim de semana. -ela disse atravessando.
Eu tranquei a porta da cabana.
Se dependesse de mim, eles só saberiam de mim quando o odor do meu corpo morto depois de anos estar aqui em decomposição.
Mas antes eu jogo uma estante de livros na cabeça de Rhysand.
E então caí no choro, xingando até mesmo a mãe acima.
Rhysand
Eu recebia sermões e rosnados de Azriel, enquanto eu chorava no colo de Cassian.
— Você fez a minha filha chorar, Rhysand, espero que tenha aproveitado os vinte anos de sua vida. -Azriel grunhiu.
Havíamos brigado, e ele havia me dado alguns socos, socos merecidos.
— Calma, neném. -Cassian acariciou meus cabelos.
Ele estava morto de sono e veio até aqui segundo ele só para saber qual era o barraco.
— Eu quero a Celeste! -soluçei.
— Quem mandou ser trouxa e idiota? Agora neném tá sem Celeste, e com hematomas no rosto. -Cassian disse me dando cascudos.
Raya adentrou a sala.
— Você é um idiota! Nem acredito que viemos do mesmo útero! Sou muito mais sensata e inteligente. -ela rosnou caindo no sofá diante de nós.
— Cadê a Celeste?? -ergui minha cabeça.
— Em um lugar. -disse Raya.
— Que lugar?? -perguntei assustado.
— Não vou dizer, e nem ela quer que você saiba, ela está puta e trsite demais. -disse Raya.
Eu funguei, soluçando.
— Diz que eu amo ela.
— Digo não, pra deixar de ser otário. -ela me encarou irritada.
Não me importa o amanhã ou o futuro, ou Azriel que ainda quer partir a minha linda cara.
Eu vou atrás da minha parceira, custe o que custar, e vou lhe pedir perdão de joelhos e latir se ela me pedir.
Porque a amo.
*Até o próximo capítulo ☄️ deixem seu comentário e seu voto pfvr ☄️*.