Amor em risco

By DRuh19

26.2K 2.8K 2.1K

Caitlyn nunca duvidou de seu amor por Vi, mas uma conversa com Jinx em meio a um combate acaba abalando seus... More

|Universo|
Ilusões em azul
Passado presente
Insânia noturna
Visita inesperada
Água e óleo
Percepções distorcidas
Verdades entre nós
Escombros
Fuga de Piltover
Sequestro ou Date

Insegurança não dita

2.2K 282 113
By DRuh19

A sala da xerife estava silenciosa e Jayce conseguia sentir a aura negativa de Caitlyn com facilidade, mas não entendia o motivo. Não era comum vê-la mal humorada por causa de um fugitivo, principalmente quando se tratava de Jinx; não era fácil pegar ninguém que abusava da cintila como a azulada.

— Vai ficar olhando ou vai ajudar? — Caitlyn resmungou com o kit de primeiro socorro nas mãos.

— Sabe que não sou paramédico — ele respondeu. — Sou um ferreiro nem um pouco delicado — concluiu com um pedaço de gaze nas mãos.

— A Mel não concorda — ela retrucou e riu dele. — O conselheiro é muito carinhoso segundo ela — falou entre os dentes e percebeu a inquietação dele. — Só para de me encarar desse jeito, Jayce.

— Então me fala, por que foi atrás da Jinx sozinha? Você sabe que nunca bateu de frente com ela sem ter a Vi. — Apertou o ferimento e a ouviu resmungar. — Devia ter me chamado.

— Eu só estava cansada de ficar sentada sem fazer nada — suspirou. — Sem sermão, por favor.

Caitlyn franziu o cenho pelo contato de Jayce com seu ferimento, detestava ter que ser costurada, ainda mais pelas mãos nada habilidosas dele. Poderia ir até a ala médica, mas preferia algo mais rápido, tinha um trabalho inacabado.

— Já 'tá acabando. — Ele cortou a linha. — Aconteceu mais alguma coisa durante a perseguição por Zaun? — perguntou, mas foi ignorado.

— Cuidado comigo, Jayce! — falou ao sentir o curativo arder. — Delicadeza realmente não é seu forte — reclamou e arrumou a postura ao ouvir o baque da porta de seu escritório.

Vi bateu a porta assim que entrou e meneou os olhos entre os dois dentro da sala, deixando as manoplas em cima da primeira mesa ao lado esquerdo. Encarou o ferimento de Caitlyn e notou que os lábios dela estavam limpos por completo sem nenhum resquício de azul.

— Por que voltou!? — Caitlyn perguntou curiosa e ignorou o olhar reprovador da rosada.

— A Jinx só foi uma distração para algo maior. — Jayce quis esclarecer a pergunta da xerife. — Todos os defensores já estão no centro.

— Eu não consegui alcançar ela, então preferi voltar e ver como você está — Vi disse, com os olhos sobre os pontos no braço da xerife.

— Foi só um corte profundo — Caitlyn explicou e desviou os olhos — Vá para o centro, precisam de você — pediu.

Jayce arrumou o kit de primeiro socorros e pairou o olhar entre as duas, notando a tensão. Respirou fundo e deixou a caixa mais ao lado, pegando seu martelo e esperando que alguém dissesse algo, mas não aconteceu.

— Eu vou indo, vão precisar de mim também — ele comentou com a cabeça inclinada para Caitlyn.

— Seria bom — ela respondeu. — Preciso de tempo para pensar — Encarou a mulher à sua frente enquanto Jayce fechava a porta.

— O que aconteceu no galpão? — Vi não esperou que ela continuasse a falar.

— Vi, por favor, não temos tempo para isso — sussurrou impaciente. — Vá para o centro!

— Todos do pelotão policial já devem estar lá, não vão precisar de mim tão cedo.

— Sim, eles precisam, vá logo. — Caitlyn tentou enxergar seu ferimento e depois resmungou pela dor.

Os olhos cansados da atiradora eram nítidos e nervosos, mas Vi não queria se afastar, não agora. Precisava de respostas, seu interior estava em constante ansiedade por causa das falas de Jinx, queria ter essa conversa agora.

— Eles podem esperar! — Violet disse alto e um pouco impaciente.

— Não, não podem. — Tentou controlar a raiva pela insistência da zaunita. — Você, eu e o Jayce somos os únicos que têm acesso às armas hextec no momento. — Cruzou os braços. — Vou em seguida, só preciso de tempo.

— Eu não quero ir — Vi respondeu baixo. — A Jinx brincou com você da mesma forma que brinca comigo, quero saber o que houve.

— Dezenas de vidas estão sendo colocadas em risco. — Alcançou seu rifle. — Não me faça ser grossa e explicar o óbvio.

— É só me contar! — gritou e viu a xerife arregalar os olhos.

— Vi — Caitlyn apontou a porta. — Vá agora!

— Eu quero saber o que a Powder te falou sobre a Fiora! — Bateu as mãos na mesa.

— Você já sabe sobre metade da história, pelo visto — suspirou e arrumou os cabelos escuros. — Mas agora eu e você precisamos trabalhar! Então, por favor, vá logo — disse calma.

— Não!

— É uma ordem, Vi! — respondeu nervosa. Odiava ter que gritar com ela, mas as circunstâncias pediam; não dava pra arriscar a vida das pessoas por uma besteira.

Caitlyn pegou seu distintivo e arrumou sua roupa enquanto encarava o semblante irritado de Vi, que bufou e revirou os olhos em resposta, não devia ser tão difícil conversar com ela.

— Não vou a lugar nenhuma enquanto você não contar — respondeu e endireitou a postura.

— Sabe o que aconteceu se não cumprir ordens, meu dia já está difícil o suficiente! — Caitlyn resmungou. A ansiedade de Vi sempre foi um impasse contra sua paciência.

— Eu sei o que acontece, xerife. — Cruzou os braços. — Posso perder meu posto, e sinceramente? Não ligo — cuspiu as palavras.

— Então está no serviço errado — respondeu. — Não me faça pedir de novo.

— Não precisa, eu não vou obedecer. — Vi respirou fundo.

Caitlyn se espantou pela última fala e a encarou, não gostava de dar tratamento especial para ninguém, tiraria o distintivo dela. Muitos sabiam das duas, e por esse motivo a atiradora tentava ser o mais regrada possível com Vi, não queria dar privilégios a ninguém.

— Por favor. — Tentou menear. — Não faça isso — suspirou, arrumando o rifle em suas costas.

— Apenas me diga — Vi pediu de novo.

— Conversamos depois. — Esticou a mão. — Prometo — falou e esperou que a zaunita desse o distintivo.

Violet olhou a mão esticada e não conseguiu esconder seu semblante de raiva, sabia que ficaria suspensa, já tinha passado por isso no início da parceria entre as duas. Pensava que poderia fazer o que quisesse, mas descobriu com o tempo que quem mandava era a xerife, não podia fazer nenhuma missão ou ir atrás de ninguém sem antes comunicar ou ter permissão dela.

— Devolvo suas coisas daqui uma semana — Caitlyn respondeu com o distintivo em mãos. — Não quer ir ao centro? Bom, não precisa mais. — Fechou a gaveta com os documentos de Vi. — Nos vemos à noite. — Balançou a cabeça e arrumou o rifle mais uma vez em suas costas. Teria que ajudar Jayce, e pensar em uma estratégia, tudo ao mesmo tempo. Vi não deveria dar trabalho em uma hora dessas.

Caitlyn suspirou pela agitação que sua mente estava começando a ter, não precisava lembrar das provocações de Jinx, pelo menos não agora, sabia que alguém estaria à sua espera pela noite, e teriam que conversar.

[...]

Piltover parecia uma zona de guerra, porém, o pior já tinha passado, precisavam apenas reconstruir algumas áreas. Os feridos eram poucos entre todo o estrago causado no centro — principalmente no banco central — o que deixou Caitlyn feliz, os cidadãos eram mais importantes.

Despediu-se de Jayce e se colocou em direção à sua casa. Não queria conversar com Vi sobre o ocorrido no galpão, mas sabia que talvez ela estaria esperando na porta como uma sentinela, porém, estava errada dessa vez; ela não estava à sua espera.

Arrumou o rifle em suas costas e suspirou ao ver o vandalismo em rosa neon, Jinx tinha passado por ali durante o tumulto. Sua marca estava estampada no muro deixando bem claro que não importava o tempo, nunca iriam pegá-la.

Caitlyn olhou em direção a fumaça que saia dos elevadores de Zaun, teve a súbita vontade de voltar para lá, seria ruim conhecer o mundo de Vi? Ver as coisas do ponto de vista dela? entender o universo caótico de sua cabeça?

Suspirou, sabia que faria essa loucura.

Deu meia volta e viu as placas em verde em frente a entrada, era agora, desceria até Zaun.

— Eu devo estar ficando louca — pensou alto e apertou a barra da blusa.

Os olhares sobre si eram muitos. Ver a xerife descer pelos elevadores sem Vi era algo novo; os poucos que estavam na entrada olharam a atiradora com maus olhos, mas deram passagem. Havia bares, valas escuras, casas um pouco danificadas e alguns fanfarrões por onde passava.

— Não devia estar aqui — A voz familiar de Jinx se fez presente. — Todos os cantos de Zaun já devem saber que está aqui.

Caitlyn retirou o rifle e apontou para a mulher de cabelos azuis, que não demorou a rir pela cena de pânico nos olhos da morena.

— Qualé, meu turno já acabou. — Levantou as mãos. — Estou aqui por uma simples coincidência. — Notou o medo no rosto dela. — minhas palavras realmente te afetaram.

— Não vim para conversar — Caitlyn respondeu, arrumando a arma em seu lugar e suspirando.

— Não vai me prender? — Jinx perguntou com os pulsos amostra.

A xerife revirou os olhos e olhou as placas com o desejo de entender como funcionava aquele lugar. Mordeu os próprios lábios por não conseguir pensar onde Vi poderia estar. Deveria saber mais sobre Zaun, afinal, também tinha o dever de manter esse lugar em ordem como Piltover.

— Perdida? — Jinx tentou falar de novo.

— Não — respondeu seca e começou a andar em direção aos bares.

— Quer achar a Vi?

— Você não tem nada para explodir? — perguntou irritada.

— Ela está no Última Gota — falou com uma risada e ignorou a pergunta da xerife. — Você tem a chance de me prender e não vai? Acho que eu realmente fiz um bom trabalho lá no galpão.

— Cala a droga da boca — bufou irritada e bateu seu ombro com o de Jinx, assim passando por ela.

— É, eu consegui sim! — a azulada riu alto.

Caitlyn, com rapidez, levou a mão até sua perna e alcançou a pistola. Virou em direção a arruaceira e atirou, mas não havia mais nada ali além do silêncio após o tiro. Travou o maxilar com força e soltou um grito, não podia cair na lábia de Jinx, não podia ceder as brincadeiras de sua mente por causa de hoje mais cedo.

Esfregou o rosto e guardou a arma, precisava se controlar e não parecer uma louca na frente de tanta gente. Olhou as placas de novo e tentou descobrir o local indicado por Jinx, isso se fosse verdade. Passou pela rua principal e ouviu a voz estridente e nervosa de Vi, mas não parecia realmente ela, estava mais bêbada do que o normal.

Caitlyn notou os olhares curiosos por sua presença e então parou de andar, cruzando os braços e esperando que Vi percebesse sua presença; precisa pensar em como começar aquela conversa. Abriu a boca com algo em mente, mas parou com o rosto nada amigável da companheira em sua direção.

A Kiramman nunca tinha sentido aquilo. Era uma sensação nova e extremamente pesada. Fechou a boca e esqueceu o que ia dizer assim que Vi a reconheceu e ameaçou a dar alguns passos em sua direção.

— Desde quando você vem até Zaun sozinha? — Vi perguntou com o cenho franzido.

— Eu te prometi uma conversa, mas pensei que... você não estaria assim. — Sentiu o cheiro forte de bebida e cigarro.

— E eu não quero mais conversar sobre isso, Cait. Deveria voltar, o pessoal não gosta de ver você por aqui — falou com os olhos no bar.

— Ok — Caitlyn concordou sem falar nada, sabia como Vi funcionava e não iria cair em seus jogos. Deu meia volta e começou a andar.

— Espera! — Violet pediu nervosa. — Não vai questionar ou nem tentar?

— Não, não vou massagear seu ego e pedir de joelhos como você sempre espera — respondeu e virou o rosto para ela com um sorriso curto. — Não é assim que funciona, vou para casa.

— Eu quero conversar, cupcake... — falou em um suspiro, entregando sua chateação.

— Eu sei, mas não vou mais dizer nada aqui. Você está mais bêbada do que eu esperava — respondeu com os olhos no pessoal que se esquivava dos seus olhares. — Por isso pedi para me esperar na minha casa.

— Odeio esperar — Vi balbuciou baixo.

— Para com a birra. — Viu a cara emburrada. — Você não é uma criança. — Esteja amanhã às oito horas na central, por favor. Não quero ter que conversar com você bêbada — falou de novo e sorriu para ela.

— 'Tá bem, eu vou estar — Vi suspirou irritada e a viu sair, nunca conseguia ganhar um jogo de palavras com Caitlyn.

Continue Reading

You'll Also Like

822K 24.7K 30
Você e sua mãe tinham acabado de se mudar para a casa do seu padrasto e foi então que você descobriu que teria um meio-irmão, você só não esperava sa...
65.5K 8.6K 31
A vida de Harry muda depois que sua tia se viu obrigada a o escrever em uma atividade extra curricular aos 6 anos de idade. Olhando as opções ela esc...
635K 47.4K 101
Min Yoongi é um mafioso possessivo, arrogante e convencido Lia é uma jovem de 19 anos pobre e mestiça, metade coreana e metade brasileira, com uma pe...
105K 10.2K 43
❌ Esta obra é um Dark Romance. ❌ "Em meio ao caos da minha nova vida, descobri que o diabo não se resume ao estereótipo clássico de um homenzinho ver...