Uma semana inteira. Esse era o máximo de tempo que clary havia ficado sem a filha desde que a garotinha nasceu e nesse momento, parecia estar prestes a enlouquecer. Clary havia concordado em jace levar ally para nova york sem ela, para que a garotinha ficasse com o pai. Era isso o que clary repetia para si mesma a maior parte do tempo, "ally está com o pai", com o pai e com june... graças aos relatórios completos que jace enviava a clary ela sabia que o primeiro dia havia sido difícil. Ally chorou durante a noite querendo a mãe, acordou o colega de quarto de jace e só se acalmou após uma chamada de vídeo com a mãe e a promessa de que jace veria com ela todos os filmes da barbie, as duas da manhã. Após o estranhamento inicial, clary sentia que ally e jace estavam se adaptando a presença um do outro. June foi um tabu quebrado, após um dia em um salão de beleza de princesas. Clary gostaria de sentir raiva por sua garotinha estar se deixando bajular facilmente mas mesmo assim...
-Ei,ei,ei! O que as flores fizeram para você??
Clary escutou a voz alarmada de Tea ao longe e lentamente se deu conta de que estava amassando não gentilmente as flores de um buquê que preparava.
-Desculpe...eu só estou tão distraída.
Suspirou se afastando para limpar as mãos e pensando como poderia enfrentar mais um dia de trabalho. Tea e Calvin a olharam com compaixão.
-Notícias de ally?
Calvin perguntou-lhe com gentileza.
-Jace está a levando para uma apresentação de cats na Broadway...june conseguiu os ingressos.
Ela esperava que sua voz não parecesse tão amarga quanto ela estava.
-Isso é legal...
-Sou idiota por achar que ela vai gostar tanto da vida de nova york que ao voltar para roselie ville não vai querer mais estar aqui?
-Não seja boba! Ela é uma criança!
Tea reclamou alto, pegando o buquê amassado e o jogando fora.
-Eu duvido que ela goste mais de nova york do que da mãe, clary...
Calvin a repreendeu com seu jeito taciturno de sempre. Clary escondeu o rosto entre as mãos envergonhada pelo comportamento. Seria minimamente mais fácil se o beijo com jace não a atormentasse tanto também.
Ao levantar o rosto, observou Tea e Calvin se movendo, notou tardiamente como tea parecia estar soltando raios lasers na direção de Calvin e ele parecia mais taciturno que o normal.
Clary limpou a garganta olhando para o relógio e querendo fugir da possível discussão de relação que seus dois funcionários queridos enfrentavam. Eles não tinham uma política de trabalho rigorosa, mas se eles começassem a discutir e pedisse que clary tomasse algum partido.....
-Vou levar para Stephen a torta que assei ontem, vocês se importam de cuidar da loja?
Clary se levantou preparando uma cesta com flores e a torta assada, fugindo do casal de namorados antes de ouvir suas afirmativas.
Stephen estava sentado no banco em frente ao lago. O mesmo banco em que ela e jace haviam passado por tantos momentos juntos.
-Por que eu sou tão obsessiva?
Clary disse para si mesma antes de sair do carro e ir em direção a Stephen.
-Clary, querida! Que bom que veio.
Stephen a cumprimentou ao perceber sua presença. Ele tinha um livro aberto no colo mas parecia perdido em pensamentos ao olhar para o lago.
-Assei uma torta ontem, espero que você goste.
Ela apontou para a cesta enfeitada com um sorriso gentil e viu seus olhos brilharem por um momento.
-Você é sempre tão atenciosa comigo, filha. Esse velho homem não merece tanta atenção.
-Não seja bobo.
Clary se sentou ao seu lado e olhou para o lago brilhando e refletindo a luz do sol e lutando contra os próprios sentimentos.
-Como está sem a nossa garotinha?
A gentileza das palavras dele quase a fizeram chorar.
-Difícil...nunca imaginei...ficar sem ally....mas ela está com o pai.
Stephen concordou levemente.
-Só fica pior a medida que eles crescem querida. Jace sempre foi um passarinho, mas Celine e eu nunca fomos exatamente bons pais como você.
-Senhor Stephen...
Clary o cortou gentilmente, ela não era a única lutando contra sentimentos ali.
-Mas ele é um bom pai, meu jace. Vejo os olhos de ally brilharem quando olha para ele e os dele brilharem quando olha para ela. Ele vai ser um bom pai clary.
Ela concordou com dificuldade.
-Só não quero que ela esqueça de mim...Ontem surtei porque jace a levou para conhecer a família de june...ele disse que ally foi encantadora...mas todos ficaram encantados...e se ela...
-Porque você a criou bem, filha. Você fez um ótimo trabalho com ela,não fique insegura.
Clary concordou se sentindo incapaz de falar, lutando contra as lágrimas.
-Você devia ir até lá.
A voz de Stephen a surpreendeu.
-Você deveria ir até nova york. Matar as saudades de ally...
-Jace não...jace não concordaria...é o momento dele com ally e eu...
-Você não está pedindo ally de volta, está pedindo para ver a sua filha. Acho que isso pode ser arranjado.
Ela o fitou por instantes considerando suas palavras.
-Mamãe!
Clary viu um mini vulto de cabelos dourados correndo em sua direção e sentiu suas pernas sendo abraçadas com força.
-Meu amor! Eu senti tanto a sua falta.
Clary se abaixou para retribuir o abraço com força não lutando contra as lágrimas dessa vez.
-Por que você demorou tanto, mãe?
Ela ouviu a voz de ally falar em seu ouvido sentindo o coração parecer uma ameixa de tão pequeno.
-Me desculpa por ter demorado. Queria que você se divertisse com jace. Você se divertiu?
Clary afastou o rostinho pequeno da filha para a fitar e checar qualquer tipo de anormalidade. Ela estava a mesma pequena ally de sempre.
-Sim! Foi tão divertido! Fomos até o parque, fomos em uma piscina e ver filmes no cinema. Jace comprou pipoca doce! Eu bebi rios de refrigerante. Então saímos para ver livros e vimos os cachorros no parque, eu posso ter um cachorro?
Ally agarrou os cachos ruivos de clary e virou o rosto da mãe para si garantindo toda sua atenção.
-Eu posso pensar sobre isso...
-Por favor! Por favor! Por favor! Podemos pedir ao tio harry para fazer uma casinha e então o titio Sam faria um milhão de comidas deliciosas para ele comer e um bolo em cada aniversário. O titio Alec já voltou de viagem, mamãe? Ele sabe tudo sobre cachorros e poderia me ajudar a conseguir um...
Clary riu ao observar o jeito que ally se lembrava de todos. Beijou seu rosto mais uma vez.
-Podemos conversar sobre isso querida, quem sabe no Natal? Uh....parece que você cresceu durante essa semana, está maior do que antes.
Ela se afastou da filha e notou que jace as observava de longe, com a mochila cor de rosa de ally em uma mão e um olhar terno e quente. Ele se parecia quando a beijou.
-Oi jace.
Clary o cumprimentou se levantando com ally nos braços sorridente.
-Oi clary...ally pode dormir aqui essa noite se quiser.Podemos deixar a noite da pizza para amanhã, certo ligeirinha?
Ele falou com a filha que concordou.
-Eu não quero atrapalhar vocês. Vamos entrar para ver a vovó e depois vocês vão para a noite da pizza.
-Mas a gente já viu a vovó!
Ally reclamou se agarrando mais a clary que olhou dela para jace confusa.
-Eu trago ally aqui as vezes, quando ela fica com saudade de casa.
Ele explicou dando de ombros e clary se sentiu grata a ele por isso.
-Eu quero ficar com a mamãe.
Ally agarrou clary quase a sufocando.
-Ok, você pode ficar aqui hoje e então amanhã te levo para jace. Combinamos que você ficaria com ele até o final do verão, certo?
A filha deu um pequeno aceno confuso ainda abraçando a mão.
-Está tudo bem para você?
Clary perguntou a jace que se aproximou dando de ombros.
-Claro, vocês sentem falta uma da outra. Amanhã venho buscar você para irmos ver os dinossauros com june,ok pequena ally?
Ally se esticou para abraçar jace ainda no colo da mãe, fazendo a proximidade entre os dois ser inevitável. Clary engoliu em seco ao sentir o perfume de jace, o mesmo, sempre o mesmo.
O verão, que sempre passava como um piscar de olhos para clary, pareceu se arrastar até o fim. Talvez fosse a urgência de clary em estar de volta para casa com a filha ou talvez fosse pelo simples fato de ela não aguentar quando ally a arrastava para algum dos passeios com jace e june....e ter que ver eles como um casal, ver como a combinação funcionava com leveza e como june o tratava com carinho e atenção. Como eles pareciam ter piadas íntimas e como tudo isso parecia como um de seus piores pesadelos se tornando verdade.
-Estou feliz que ally tenha passado um tempo com jace.
June disse suavemente enquanto ajudava clary a arrumar as coisas de ally na casa de jace, enquanto a garotinha e o pai haviam ido dar um último passeio no parque para ver os cachorros. June parecia familiarizada com o lugar, apontando as direções certas e se movendo com destreza, porque ela pertencia ao lugar.
-Sim, eu estava preocupada que ally fizesse uma cena mas ela parece ter gostado disso.
Clary dobrava as pequenas roupas de ally na mala enquanto june recolhia os brinquedos em outra. Por mais que clary quisesse a odiar, ela não conseguia. Na verdade, ela entendia o porque de jace ter escolhido june. Ela era delicada e meiga, sempre atencio com tudo ao redor e parecia empenhada em fazer tudo por ele. Até mesmo tampar um buraco em seu coração preenchido por outra mulher que recusava ser sua.
-Jace já deve ter falado para você que está entrando no penúltimo ano do curso....esse é um ano decisivo e ele está diminuindo sua carga horária para passar mais tempo com ally.
A voz de june exalava cautela, olhando para clary de canto de olho. Clary congelou por um milésimo antes de continuar a dobrar as roupas.
-Ele sabe que não precisa disso, pode ver ally quando quiser e conseguir. Tenho conversado com ela sobre isso.
A voz de clary parecia pequena e sem fôlego. A sensação de dejá vù tomando conta dela.
-Eu não sei até que ponto ele entende isso na verdade, é um momento decisivo. Os meus pais são médicos, não sei se ele disse a você e...eles queriam que jace fizesse um estágio na parte administrativa do hospital onde trabalham para ficar por dentro...todos os eventos beneficentes que participamos não é o suficiente para ter contato e se ele realmente quiser uma residência na cardiologia ele precisa para de faltar nos estágios do curso e começar a pegar mais plantões.
Ela falou exasperada colocando o último brinquedo na caixa. Clary acenou silenciosamente terminando com as roupas, levando a mala enquanto june se ocupava com a caixa. Na cozinha elas toparam com Derek que havia acabado de chegar de seu trabalho de verão em uma empresa, ainda de terno e gravata e já abrindo uma cerveja.
-Eu ajudo você com isso.
Ele pegou a caixa de june que agradeceu e se despediu de clary dizendo que deveria se arrumar para seu plantão. Clary sentia que o apartamento começava a sufoca-la. No elevador, Derek olhou para ela com interesse.
-Sei que é um pouco esquisito mas...obrigado por deixar a ally vir no verão. Faz tempo que eu não via jace tão feliz. Vocês duas sempre dão uma injeção de felicidade nele.
Clary sorriu com o coração pesado, balançando a cabeça.
-Deve ter sido estranho na verdade, uma garotinha de 6 anos no apartamento de solteiros. São injeções de paternidade demais.
Ele riu dando de ombros.
-Não foi, sério! Não vai ser assim por muito tempo de qualquer jeito.
Clary se virou para ele confusa.
-O que você quer dizer?
-Jace não te contou? Ele solicitou moradia familiar na Columbia. Ele deve ficar em uma casa mais espaçosa e perto do campus agora, com escola e tudo mais. Ainda não foi aceito, mas ele estava pensando sobre isso. Não quer que você pense nele como um mau pai.
-Mas ele não está no penúltimo ano? Deve ser difícil para o aceitarem e...
-Ele estava pensando em usar a herança da mãe para comprar uma casa de qualquer forma, não vai ser um problema....
Derek a fitou por um segundo a mais.
-Talvez eu não devesse ter falado sobre isso...
Clary permaneceu calada, chegando ao térreo sentindo uma dor de cabeça se instalar sobre ela. Derek a ajudou a carregar o carro e pediu desculpas pelo que havia dito, meio segundo depois ally e jace viravam a esquina de mãos dadas e sorrisos bobos. O coração de clary se apertou.
-Se despeça de jace querida, não se esqueça de agradecer por ele ter cuidado de você.
Ela disse a ally quando eles chegaram, ally abraçou jace com força.
-Amo você papai, obrigada por cuidar de mim.
Disse a ele antes de pular dentro do carro e ser afivelada ao banco.
-Amo você querida, te vejo no fim de semana.
Se despediu dela com um grande sorriso.
-No final de semana? Suas aulas não começam amanhã?
Clary fechou a porta do quarto com as entranhas sendo torcidas, ela sentia-se cega e com 17 anos novamente.
-Sim...mas meu pai está insistindo que eu faça uma entrevista para prestar residência no hospital de roselie ville,vou aproveitar e ficar o final de semana com ally.
Clary levou as mãos ao rosto o esfregando.
-O que você está pensando, jace? E residência familiar em columbia? Estágio com os pais de june? Agora entrevista no hospital de Roselie Ville...O que você acha que está fazendo? Você enlouqueceu?
Jace semicerrou os olhos para ela.
-Acho que você andou ouvindo algumas coisas...eu ia contar a você clary...
-Mas não contou! Você é parte da vida de ally agora, não acha que devemos saber em que pé você está? Ally precisa de estabilidade e é o que claramente você não tem agora.
Clary não se sentia muito estável no momento, sabia que ally os observava atentamente mas jace e todas as coisas não ditas que os cercavam a deixavam louca.
Jace encarou clary e ally por um segundo antes de puxar clary em direção ao prédio para que ally não os ouvisse.
-Eu estou tentando fazer isso dar certo clary, queria encontrar estabilidade depois de descobrir que tinha uma filha . Então sim, estou considerando todas as minhas possibilidades possíveis.
-Isso é loucura ok? Eu não acho que você tenha uma vida estável agora jace, não quero sentir que a minha filha está te atrapalhando em algum nível e que mais tarde, quando você decidir que nenhuma dessas opções são legais, você a deixar e....
-Nossa filha. Ela é nossa filha, clary. É a minha responsabilidade também. Você parece ser a única que não enxerga isso.
Jace a encarava como se ela tivesse o estapeado. Clary levou as mãos ao rosto.
-Eu estou tão confusa.
Ela abaixou as mãos levando o rosto ao céu como se pedisse por iluminação.
-Tudo está sendo rápido demais eu não...eu só quero que vamos com calma nisso e que você decida o que fazer com calma e tenha ally quando estiver estável para que não se arrependa e deixe a minha garotinha de coração partido. É isso que eu quero jace e é disso o que eu preciso.
Jace a encarou como se olhasse para um estranho.
-Você não quer que eu veja ally?
Clary não conseguia responder a essa pergunta, ela não sabia o que responder.
-Se você me impedir de ver a minha filha clary....acho que teríamos que resolver isso na justiça.
Sua voz dura fez clary sentir como se ele a estivesse estapeado.
Não é terça feira, mas teve atualização!!
Vou tentar postar novamente em breve!!
Me contem o que estão achando, o que acharam da june? Ela parece ser uma pessoa boa com más intenções?
Me deixem saber!
Beijinhos de luz ×