Bárbara despertou e Eduardo estava ao seu lado, percebeu que estava em sua cama, em seu quarto. Esticou a mão e segurou o braço do homem, ele se virou vendo-a e então a loira voltou a chorar.
— Tá tudo bem... calma... — deitou abraçando ela.
— Nosso bebê...
— Tá tudo bem com nosso filho, amor. — sorriu beijando a testa dela.
— Santiaguinho...
— Ele tá na sala com Luna e Lulu.
— Eu acabei com o aniversário dele. — continuava chorando sentida e Eduardo alisou o rosto dela.
— Já tá tudo bem, passou.
— Não tá tudo bem, Eduardo. Aurora planejou a festa dele por meses, pra terminar assim... — passou as mãos no rosto.
— Vem, ele quer te ver... — ajudou ela levantar da cama.
— Quero tomar um banho primeiro...
— Deixei a banheira preparada. — tirou a peruca dela e soltou seu cabelo com cuidado, em seguida levou-a para o banheiro.
Bárbara se despiu e tirou a maquiagem antes de entrar na banheira. Eduardo saiu do banheiro e foi para a sala. Luna, Lulu e Santiaguinho comiam pipoca juntos assistindo desenho. Aurora conversava com o marido e com Edite na copa, Matias estava com Angélica na cozinha.
— Ela acordou... está no banho. — falou e todos o encararam — Mas... — coçou o cabelo — ela tá um pouco grogue ainda e chateada se culpando pelo fiasco que foi a festa de aniversário de Santiaguinho.
— A vovó não teve culpa... — Santiaguinho falou.
— Eu nunca pensei que diria isso, mas realmente, Bárbara não tem culpa. — Santiago falou.
— Difícil é fazer isso entrar na cabeça dela. Bárbara se acostumou tanto a ser a culpada de tudo, que tudo de ruim que acontece ao redor dela, ela pensa que é a causante. — respirou fundo se encostando na mesa de jantar — É complicado. Essa Bárbara é mais... difícil de lidar do que a outra...
— Mas você já tá aprendendo, Edu... — Luna encarou ele.
— Acho que sim, mas às vezes tenho medo de fazer algo errado.
— Desde que você reapareceu na vida da minha mãe, ela se entregou por inteira, você é como... como um escape pra ela. Minha mãe vê em você toda a proteção que ela não teve durante a vida dela.
— É disso que tenho medo... — Eduardo balançou a cabeça — De ela se apoiar demais em mim e eu não suprir as expectativas dela...
— Você ama ela? — Edite perguntou.
— Acho que mais do que eu mesmo possa imaginar.
— É... nem por minha irmã você se dobrava e desdobrava assim. — Santiago comentou.
— É porque... Bárbara cuida muito de mim. Muito mais do que qualquer mulher já fez.
— Edu! — a mulher chamou e lá foi Eduardo atrás dela.
— Oi, minha linda. — entrou no quarto — Já?
— Toma banho comigo... — pediu e ele entrou no banheiro olhando ela.
— Não sei se é uma boa ideia...
— Por favor...
— Você sabe que nós nunca ficamos só no banho e... você tá muito fraca... — se encostou na pia.
— Mas... só um pouquinho... fazer amor me acalma...
— Bárbara... melhor não, ok? — ele conversava de uma maneira tranquila para não afobar ela — Deixa pra outro dia, agora não é uma boa hora, sua filha está lá fora, Santiaguinho, Luna, Lulu, Edite, Santiago, Matias e Angélica.
— Então você não vai tomar banho comigo...? — perguntou.
— Não, minha linda, não hoje.
— Tá bom, amor... — concordou e ele se aproximou, se abaixou perto da banheira e afastou o cabelo dela para trás da orelha acariciando e ela o encarava de um jeito puro apesar de tudo.
— Eu vou lá arrumar a sua comida, ok? Bem reforçada. — sorriu.
— Ok. — também sorriu e ele lhe beijou demoradamente a testa.
— Eu te amo, Bárbara. — mirou os olhos dela — Nunca esqueça disso nunca, entendeu? — observou ela assentir.
— Eu também te amo, Eduardo. — deu um selinho nele que sorriu e então saiu do banheiro.
Eduardo voltou para a cozinha e preparou um prato de comida para Bárbara, todos já haviam comido, menos ela. A loira saiu da banheira, se enrolou no roupão e foi para o quarto, colocou uma roupa confortável, escovou o cabelo para então ir para a sala. Chegou devagar, sem fazer passos bruscos, Santiaguinho quando a viu saiu pulando por cima de Luna e Lulu, abraçou as pernas da avó que se abaixou devagar perto dele.
— Você tá tristinha, vovó... — colocou a mãozinha miúda no rosto dela.
— É porque a vovó estragou o seu aniversário... — segurava no corpinho dele. Aurora negou com a cabeça e Santiago abraçou a esposa, Edite observava em silêncio.
— Não, vovó. Eu fiz birra até que o papai e a mamãe deixassem você ir, mesmo eles dizendo que tudo podia dar errado por conta dos meus tios e do meu vovô e que amanhã você daria o meu aniversário. — ele falava inocente — O vovô não tinha nada que ir te encher o saco. Agora você tá triste e dodói. — abraçou a mulher.
— Meu príncipe... — sussurrou acariciando o cabelo dele.
— É... Bárbara, me desculpa pelo o que aconteceu, tá? — o genro pediu e ela se levantou segurando na mesa.
— Já vivi coisas piores. — sorriu de lado e sentou na mesa e Santiaguinho foi para seu colo.
— Aqui a sua comida... — Eduardo colocou o prato na frente de Bárbara — E a sua também, porque te conhecendo, ia querer comer com a sua vó. — colocou um pratinho de tubarão para Santiaguinho e deu a colherzinha de silicone pra ele.
— Obrigada, Edu.
— Obrigado, titio.
— De nada. — sentou ao lado de Bárbara.
Santiaguinho começou a comer sozinho, Bárbara ia pegando o garfo quando Eduardo tomou primeiro, ele pegou um punhado de comida, assoprou e levou na direção do boca dela.
— Não acredito que vivi pra ver o Eduardo alimentando a Bárbara. — Santiago estava sem reação o que fez todos rirem — Eu tenho fortes indícios de que estamos em um universo paralelo.
— Ai, Santiago... — Aurora balançou a cabeça.
— O que foi?
— Tô tentando procurar em mim o que eu vi em você.
— Quer que eu responda? — perguntou com um ar malicioso.
— Eu não queria ter entendido isso. — Edite sentou na mesa rindo.
— Santiago nunca vai criar vergonha na cara. — Bárbara abriu a boca para receber mais comida e limpou a boca suja do neto.
— Nem você. — deu a língua para sogra.
— Tentei tomar vergonha na cara e não gostei. — também deu a língua pra ele.
— Vocês são adultos mesmo? — Luna perguntou — Porque não parece!
— Mas foi ele que começou. — a madrinha da menina falou apontando para o genro.
— Ela que me cutucou, Luna. — o homem também apontou para Bárbara.
— Só piora, haja decadência.
— Abre a boca. — Eduardo falou.
— A. — Bárbara abriu a boca outra vez e lá foi o homem dar comida à ela extremamente cuidadoso.
...
Na manhã seguinte...
Luna despertou com o telefone tocando, ela atendeu e logo arregalou os olhos.
— COMO ISSO ACONTECEU? — gritou no telefone saindo do quarto — EU PAGO VOCÊS PARA QUE CUIDEM DA SEGURANÇA DA MINHA EMPRESA E NÃO PARA DORMIREM, VOCÊS ME DEIXARAM ISSO ACONTECER, É INADMISSÍVEL!
— O que aconteceu? — Bárbara saiu na porta com cara de sono enrolando o roupão e ao seu lado Eduardo pingando de sono.
— Luna, são quatro da manhã. Por que a gritaria? — Matias saiu de seu quarto.
— Vem comigo. — chamou os três e correu para o escritório ligando o computador — CONSIDEREM-SE DEMITIDOS! — desligou o telefone.
— Pequena, o que aconteceu? — Eduardo sentou na cadeira de frente com ela.
— ROUBARAM TRÊS CAMINHÕES COM CARGA DE QUEIJO REFRIGERADO DA MINHA FÁBRICA! — abriu nas câmeras — IMBECIS!!! — gritou com fôlego, era a primeira vez que os adultos viam Luna tão brava — Babi, comunique a polícia. Eduardo, cheque as outras câmeras pelo tablet. Matias...
— Sim.
— Me faça um chá de camomila sem açúcar.
— Ok. — cada um se separou para fazer uma coisa, o telefone tocou de novo e Luna atendeu novamente.
— Eu já sei! ESCUTA AQUI, VOCÊ NÃO ME OFENDA! AINDA SOU SUA PATROA E NINGUÉM ME DIZ COMO ADMINISTRAR A MINHA EMPRESA! SE OUSAR ME DESAFIAR OUTRA VEZ, PROCURE EMPREGO EM OUTRO LUGAR! POSSO SER NOVA, MAS ESSA EMPRESA NUNCA ESTEVE EM BONS MOMENTOS DESDE QUE EU ASSUMI A PRESIDÊNCIA! NÃO SE ESQUEÇA QUE MEU PAI QUASE AFUNDOU ELA DE TANTO GASTAR COM BEBIDAS E MULHERES PARA TRANSAR! ELE NÃO FEZ METADE DO QUE EU FAÇO POR VOCÊS E VOCÊS ME DEVEM RESPEITO, OTÁVIO! — seguia gritando — Entendeu? — encerrou com voz calma e desligou o telefone.
— Amor, calma... Vamos resolver isso, não se exalte, pode te fazer mal. — a mulher foi até ela, ergueu-a da cadeira, sentou-se e a trouxe para seu colo, alisando seu cabelo — Os polícias já estão indo pra lá.
— As pessoas acham que por eu ser nova, tudo de ruim referente a empresa é culpa minha.
— Mas não é, você sabe disso. — Eduardo olhava as câmeras — Que bando de burro! Eles esqueceram que os seus caminhões tem rastreador. Vamos pegar eles rápido, ok?
— Unhun. — assentiu deitando em Bárbara.