Ando de um lado para o outro roendo minhas unhas de tanta preocupação, enquanto encaro meu celular em cima da minha mesa de centro esperando ansiosamente pela ligação de Osten que não acontece á três dias.
- Você não pode ficar assim - Fala Clarisse amamentando Angelina me observando andar sem parar de um lado para o outro desde que chegou na minha casa
- Eu não aguento mais - Respiro fundo soltando todo meu ar de uma vez. Vou até meu notebook que se encontra no sofá e começo uma busca pelo endereço de sua empresa - Eu vou até lá
- Alice...- Tenta mais uma vez
- Não me impeça, eu não vou ficar aqui sem fazer nada - Falo nervosa - São três dias Clarisse e não três horas. Pode até não ter acontecido nada, mas minha preocupação está demais, só eu vi como ele saiu com o carro naquele dia, e esse comportamento não é normal. O que eu fiz para que ele não mande ao menos uma mensagem
- Tá bem - Suspira - Eu vou com você
- Não, eu vou sozinha - Determino - Fica tranquila, qualquer coisa eu mando uma mensagem.
Em menos de uma hora estou arrumada, pronta para sair. Nunca fui tão sucinta na minha arrumação como hoje, mal tive tempo de passar maquiagem, apenas um corretivo para esconder as marcas de noites mal dormidas. Visto meu sobretudo branco para não ir apenas de short jeans e uma blusinha preta, coloco minha bota de cano alto e salto fino, minha bolsa, passando na sala correndo para me despedir da minha irmã e meus sobrinhos
Entro em minha Range Rover branca, colocando o endereço da empresa de Osten dando trinta minutos de viagem e assim sigo sentindo meu coração batendo na garganta cada vez que os minutos diminuem
◇
Estaciono na rua em frente a enorme empresa com faixada de vidros, como a Empire. Olho para cima e vejo o fechado e me apresso á atravessar as duas pistas á tempo, subo alguns lances de escada até que finalmente atravesso as enormes portas de vidro giratória
Em passos apressados sigo para a recepção onde uma loira me encara de cima a baixo com ar de deboche ou é seu jeito arrogante mesmo, mas no momento pouco me importo estou aqui com um único objetivo
- Bom dia, sou Alice Zumach e estou aqui para ver Osten Cavendish - Me apresento para a morena que me aparenta ser mais simpática
- Ele não está disponível - Se intromete a loira, que faço questão de ignorar
- Bom dia senhorita Zumach, no momento o Senhor Cavendish está em uma reunião com o setor de T.I - Explica a Zaíra o nome que está em seu crachá
- Sou uma amiga dele, estou tentando contato tem uns dias e não obtive retorno, como ele está aqui tenho ciência que está bem - Me tranquilizo
- Ele está bem sim, se quiser posso enviá-la para a recepção da presidência - Fala - Assim a senhora pode ver com a secretária dele se consegue ao menos uma brecha entre as reuniões para vê-lo
- Nossa, muito obrigada querida - Agradeço imensamente satisfeita de conseguir vê-lo
Quinze minutos depois estou em sua sala, aparentemente as pessoas me reconheceram pois tive muita facilidade para entrar na empresa e agora sua sala. Sei como funciona o sistema de segurança de uma empresa como essa, cresci praticamente dentro de uma
Ando de um lado para o outro enquanto aguardo Osten retornar da reunião, me viro para a vidraça onde exibe a linda paisagem de Manhattan. Até que uma pintura chama a minha atenção em frente a sua mesa, um rosto feminino enorme que contém traços exatamente como os meus
- O que? - Murmuro ao cair a ficha de que a mulher no quadro sou eu. Nunca posei para esse tipo de trabalho, ou ao menos sabia da existência desse quadro
Me aproximo tocando levemente completamente admirada pela pintura, a mistura das cores, a suavidade que está minha expressão no quadro
- O que você está fazendo aqui? - Me assusto com a voz estrondosa e aparentemente raivosa de Osten que logo fecha a porta com força fazendo o estrondo ecoar por toda a sala
Observo seu corpo tenso enquanto caminha até o bar se servido com alguma coisa alcoólica, chutaria ser uísque já que não consigo ver por ele estar de costas para mim
Ao se virar dando um gole generoso na bebida vejo suas duas mãos enfaixadas e uma pequena mancha de sangue
- O que aconteceu? - Pergunto me aproximando dele - Você está machucado? - Tento pegar sua mão mais sou impedida por ele bruscamente se afastando de mim - Osten?...
- Não vem bancar a preocupada para cima de mim Alice - Cospe sua raiva - Isso tudo foi longe demais, eu te dei abertura demais e já era de se esperar
- Eu... eu não estou entendendo - Franzo o cenho confusa, tento mais uma vez me aproximar, mais ele me impede novamente apenas com um olhar de pura raiva
- Isso tem que parar, eu não vou compactuar com isso pois eu sei como é ruim - Fala - E não sou babaca de cair nisso duas vezes, burra foi você de achar que podia fazer comigo a mesma coisa que aquela piranha
- Osten? - Me assusto com suas palavras agressivas - Como assim parar?, do que você está falando?
- Foi bom ficar com você, mas não serei seu amante - Fala dando o último gole no uísque, e imediatamente enche novamente o copo
Dou dois passos para trás assustada com o que acabei de escutar. Como assim amante?. Como ele pode pensar que eu faria algo desse tipo, que faria alguém sofrer dessa forma. Engulo seco, ao sentir minha boca seca
- Para de fingir e fazer cena garota - Fala travando a mandíbula com toda a força devido a raiva que está sentindo - Eu vi você cheia de intimidade com o cara na sua empresa, achou o que?.
Que seriamos um quarteto, um casal de troca - Fala debochadamente e logo sinto minha vista embaçar devido minhas lágrimas - Sinto lhe informar, mais não vai rolar, minha cota de piranhas esgotou
Nunca me senti tão humilhada na vida, nunca esperava isso dele, logo de alguém que eu, muito idiota, permitir entrar no meu coração depois de tudo que eu sofri. Gatilhos começam a voltar, as lembranças das humilhações que passei com Arsen, os xingamentos, os foras na frente de toda minha família. Não meço meus atos, quando vejo estou praticamente colada com Osten, com a palma da mão ardendo e seu rosto virado para o lado começando a ficar vermelho. Eu tinha lhe dando um tapa na cara.
- Nunca mais, você nunca mais vai me humilhar dessa forma - Falo enquanto lágrimas escorrem pelo meu rosto, nos encarando como se estivéssemos numa guerra - Aquele cara que você viu, era o meu ex...
- A intimidade é visível - Fala rindo
- Aquele cara é meu ex e meu melhor amigo - Continuo - Aquela mulher é sua atual noiva e minha melhor amiga - Falo e logo seu sorriso some aos poucos - Eles estavam me dando a notícia do casamento e me chamando para ser madrinha
- E você acha que vou acreditar nessa conversa fiada? - Pergunta colocando a mão na cintura
Caminho até minha bolsa e pego meu celular, coloco na galeria onde contém fotos minhas, da Clarisse e de Cindy em algumas festas familiares e também na empresa, e viagens. Jogo o celular no Osten que o pega com facilidade e vê as fotos
- Eu não tenho pra que mentir - Falo pegando minhas coisas - Sinto muito que seu passado tenha estragado sua confiança nas pessoas, mais eu era a única que você podia confiar. A única!
- Ponho pra fora tudo o que está no meu peito - Não sou como sua ex, ou qualquer vagabunda que você já se envolveu, eu te apresentei ao meus pais, seu idiota
- Alice... - Agora é ele quem tenta se aproximar e me segurar
- Não - Grito me afastando dele - Nunca mais ouse me tocar ou se aproximar de mim. Esqueça que eu existo porque pode ter certeza que assim que eu sair daqui farei o mesmo com você - Dou as costas saindo da sala correndo
- Anjo... Alice... Alice... - Insiste me seguindo, mais assim que aparece no corredor a porta do elevador se fecha
◇
Não sinto nada além de um estranho vazio que não estou acostumada. O som no último volume, sozinha em minha sala de dança, a mesma que não entro desde a minha última briga com Arsen, uns três anos para ser exata. A sala onde é conhecida por todos meu lugar onde não quero ser atrapalhada e deixo que com a dança e as músicas expressem tudo o que sinto
E é exatamente o que estou fazendo nesses três dias seguidos, estou dançando sem me importa se vou me machucar ou levar algum músculo a fadiga.
Ouço meus irmãos e meus pais falarem enquanto me observam, preocupados pela forma agressiva que estou dançando algumas vezes, mais eles sabem que não podem me interromper
- Ela vai machucar o joelho - Ouço minha mãe no intervalo de uma música e outra
- Deixa ela, ela está colocando pra fora o que está engasgado na garganta e preso em seu coração - Diz meu pai
- Lice... - Ouço Clarisse me chamar
Não dou atenção pois logo começa a música 1+1 da Beyoncé, e danço sentindo a cada nota musical as lágrimas escorrendo dos meus olhos com a lembrança de que cantei essa música feliz da vida no carro no dia anterior de ter beijado Osten, jurando para mim mesma que tinha encontrado o homem da minha vida
Inspiração para imaginarem a dança de Alice...