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By copymsuga_

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[CONCLUÍDA] Depois de um trauma quando mais jovem, a vida de Roger Taylor nunca mais foi a mesma. Mas um i... More

Avisos
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4 - Brian May
Capítulo 5 - Brian May
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Extra - Roger Taylor
Capítulo 12 - Brian May
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16 - Freddie Mercury
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 22

279 35 30
By copymsuga_

Foram longos minutos de espera, segundo Brian que já estava quase careca depois arrancar tantos tufos do cabelo cacheado. Quem poderia julgar? Estava nervoso, todos estavam.

Freddie e Brian decidiram se afastar um pouco do local onde os dois brutamontes estavam. Eles iriam esperar a tal Sharon en uma rua próxima, para não chamarem nenhum tipo de atenção; Deaky havia ficado no mesmo lugar do esconderijo para vigiar os homens e contatar os outros dois rapazes caso algo acontecesse.

Brian realmente não entendia quem era a mulher, como ela poderia ajudar, e o porquê de Freddie ter a chamado. Mas todas as vezes em que Brian buscava respostas com o amigo, este desconversava e falava de outras coisas.

- Veja! Acho que finalmente ele chegou e trouxe reforço. - Freddie disse depois que esperaram 10 minutos após a ligação, saltou da calçada alta em que estavam sentados e foi para a rua acenando os braços para o carro que vinha lento e com os faróis baixos para não chamar atenção.

- Ele? - Brian perguntou confuso.

Depois de estacionar, três homens saíram de dentro do carro. O que dirigia usava uma calça justa junto à uma camisa estampada que caía perfeitamente ao seu corpo. Preso na cintura um distintivo prateado brilhava, e Brian entendeu que ele era algum tipo de policial. Os outros dois homens que também deixaram o carro exibiam sorrisos pequenos e pareciam estar numa conversa entre si. Um deles tinha o cabelo ruivo, os olhos pareciam ser de duas cores diferentes, como se tivesse heterocromia, mas Brian não saberia confirmar já que a luz no ambiente era escassa; o outro homem era muito bonito, tinha traços ângulos e o maxilar marcado, seu cabelo era liso e o sorriso era do tipo conquistador. Juntos formavam um trio diferente.

- Melina, que bom te ver! - o primeiro homem disse antes de abraçar Freddie, ele tinha bochechas cheinhas e avermelhadas, além de usar um óculos com armação única, cheio de pedrinhas brilhosas. Excêntrico como Freddie. - Trouxe o David e Mick pra me ajudar hoje, não sabemos o que vamos encontrar, então quanto mais gente melhor.

Freddie concordou com a cabeça antes de cumprimentar os outros dois homens que ele já conhecia.

- Brian esse é Elton, Elton John, ele vai nos ajudar a resgatar o Roger. Aqueles são David Bowie e Mick Jagger - apontou para os homens enquanto os apresentava.

Freddie contou que já havia repassado todas as informações importantes via mensagem para o seu amigo, e que ele veio preparado com tudo que precisavam e também já havia informado tudo aos seus companheiros.
Elton - ou Sharon, como Freddie se referia -, era um ex-combatente. Havia servido nas Forças Especiais e participara de diversas missões secretas, fora o melhor dentre todos, mas agora tinha decidido se tornar apenas delegado para poder dar mais atenção ao marido e filhos. Bowie e Jagger eram amigos de longa data e conheceram Elton em algum tipo de missão que foram designados. Brian se sentiu estranhamente mais seguro com os homens por perto, ainda mais pelo fato de eles nem exitarem em ajudar o seu Roger.

Aguardaram enquanto Elton tirava de dentro do porta-malas algumas armas e as prendia em partes do seu corpo, distribuiu outras aos rapazes que já eram familiarizados com aquele tipo de armamentos, Mick também se equipou com facas que foram escondidas dentro da coturno militar que ele usava. Bowie entregou um tipo de arma para Freddie, que contou rapidamente ao cacheado que quando eram mais jovens Sharon o ensinou a atirar. O moreno nunca precisou de fato utilizar os ensinamentos, mas agora, por segurança, ele carregava consigo uma pistola equipada com silenciador.
Brian se recusou a aceitar uma arma também, não fazia nem ideia como atirar e poderia ferir alguém por acidente, mas acabou aceitando as duas facas que Elton lhe deu. Todos vestiram coletes a prova de balas. Por segurança, foi o que ele pensou.

Tudo não demorou mais que 4 minutos e logo já estavam chegando devidamente equipados na outra rua onde Deacon permanecia observando os outros dois homens que ainda estavam na frente do prédio abandonado. Entregaram a ele um colete e ele decidiu aceitar uma arma semi-automática, sendo apresentado aos homens que vieram ao socorro de Roger.

Sharon explicou a Brian, Freddie e Deaky que nenhum deles podia chamar atenção de quem quer que estivesse lá dentro. Não sabiam se haveriam mais homens armados, então não podiam, de forma alguma, arriscar a vida de Roger. Repassou o plano que tinha traçado rapidamente, e o primeiro passo seria deixar aqueles homens desacordados.

Além do fuzil que Sharon carregava, Mick tirou do seu ombro uma outra arma preta com mira 4x, Brian achou que tinha visto uma dessas em um vídeo terrível onde um homem caçava um veado na floresta.

Sharon pediu silêncio aos outros deu um aceno para Jagger. Ele se posicionou mirando no homem que estava de costas para o local onde eles estavam escondidos. O cacheado ficou com medo, o amigo de Elton iria mesmo matar aqueles homens?

- Um... - sussurrou e em seguida apertou o gatilho de onde um minúsculo dardo com um tranquilizante fortíssimo acertou diretamente o pescoço do homem.

Daquela distância não poderiam escutar se ele havia dito algo, mas viram quando ele levou a mão até o local que foi atingido e tentava retirar o objeto que ainda estava grudado ao seu pescoço.

- ...Dois. - segundos depois o outro homem também fora atingido, esse arregalou os olhos buscando ao redor do onde o ataque viera mas não encontrou.

- Bum - Bowie soltou e ambos caíram desacordados ao mesmo tempo no chão. Ele deu um pequeno high five com Jagger.

- Vamos! - Sharon disse afobado e os outros se puseram a segui-lo.

Brian e Deaky se olharam chocados e Freddie sorriu grande antes de seguir saltitante o seu amigo, parecia até que estava dando um passeio no bosque.

Assim que atravessaram a rua deserta e chegaram na lateral do prédio abandonado, Elton fez um sinal para Mick e David que confirmaram com a cabeça e se direcionaram lentamente até os corpos desacordados dos homens.
Eles observavam tudo ao redor ainda agachados, temendo que houvessem mais deles por ali, por sorte, eram apenas aqueles dois. Com um só movimento levantaram o primeiro homem e o carregaram até onde os outros estavam esperando, fazendo o mesmo com o outro. Se não fosse pelas suas respirações lentas, Brian con certeza diria que estavam mortos.

Sharon se apressou em prender as mãos e tornozelos dos homens apenas por precaução e colou fita adesiva em suas bocas. Ele disse que os homens não acordariam tão cedo, o sedatativo era forte o suficiente para derrubar dois cavalos.

- Certo, vamos entrar no prédio agora. - Ele sussurrou e encarou o seu relógio de pulso -, eu vou primeiro, depois o Freddie atrás de mim, no meio vão Deaky e Brian junto com o Mick e na retaguarda o David nos dá cobertura. Entenderam?

Todos concordam com as cabeças.

- Fiquem atentos e alertas.

Assim como planejado, eles seguem calmamente para dentro do prédio abandonado. Todos empunhavam suas armas (Brian segurava a faca extremamente afiada como se sua vida dependesse disso). As luzes no térreo estavam quase todas apagadas, senão por umas duas ou três que piscavam precariamente. O silêncio era absoluto, mas a partir de um certo momento eles começaram a ouvir vozes distantes, baixas.

Sharon virou-se e fez um sinal de silêncio, apontando pro lado direito em um pedido mudo que Bowie havia compreendido. Se separariam.

Junto a Mick foi Deaky, com David foi Freddie e consequentemente Brian junto a Elton, cada dupla se escondeu atrás de alguns pilares que sustentavam a estrutura do prédio. Uma enorme porta com trancas de ferro estava aberta dando a visão de um Roger acorrentado e num estado miserável, uma mulher loira e elegante, e de costas porém próximo a Roger, estava quem Freddie e Brian reconheceram na mesma hora. Paul Prenter.

- Não quero te machucar Roger, mas você não está colaborando - Prenter diz e Brian prende a respiração levemente, com medo de algum acontecer ao loiro.

Elton troca um olhar significativo com Bowie e Jagger, enquanto Deaky e Freddie também se encaram, ambos tensos.

- Não se faça de sonso, coloque logo as cartas na mesa, Prenter. - Roger esbraveja - Por sua causa minha irmã morreu naquele maldito acidente de carro, ela era só uma criança, porra!

Brian conseguia sentir toda a angústia ensopando cada palavra que Roger dizia, a expressão de dor, dor na alma que era tão mais forte do que uma dor física. Um movimento mínimo ocorre perto de Mick, mas Brian não se dá o luxo de desviar o olhar do seu amor para checar o que acontecia.
Ele queria correr até lá, segurar o menor em seus braços e dizer em seus ouvidos que tudo ficaria bem, que agora ele estava seguro e ninguém o iria lhe fazer mal.

Mas não podia.

Não quando a mulher loira começou a falar e apontar uma arma na direção de Roger. A respiração de Brian entalou no meio do caminho, como se estivesse a beira de um ataque de asma ou coisa parecida.

- ...você devia ter morrido naquele dia. - ela disparou com raiva.

O choque foi grande não só para Roger, que estava cara a cara com a pessoa que fora responsável pelo acidente que ceifou a vida de sua irmã, mas para todos que estavam naquele local.
Elton apertava forte o cabo da arma que empunhava, o fuzil pendurado em seu ombro balançava. Seu olhar estava escuro e o maxilar travado.

- Eu não queria matar a pirralha, foi uma fatalidade ela estar no carro - a mulher falava e parecia estar num estado de pura psicopatia. Freddie contou sua boca em puro horror. -, meu problema era o Roger. Ele estava atrapalhando nossa relação bemzinho, você não vê? Você só tinha olhos para ele, tudo era o Roger. Roger isso, Roger aquilo. Foi sempre ele!

Brian sentiu uma pontada estranha no coração, ciúmes. Teria sido Prenter apaixonado pelo seu Roger?

- Você é louca! - Prenter diz e tenta se aproximar de Roger, mas a mulher grita para ele sair de perto do loiro.

Deaky assistia aquilo tudo de olhos arregalados, ainda não havia conseguido entender porque Elton não havia agido, encontraram Roger, tinham que tirá-lo dali logo, ela poderia matá-lo.

- Talvez o problema seja ele, Paullie. Quando ele morrer tudo voltará ao normal e ficaremos juntos, yeah?

Tudo ficou em câmera lenta quando a mulher engatilhou a arma pronta para acertar Roger.
Brian olhou para Freddie com desespero mas logo teve de tapar seus ouvidos porque Elton que estava ao seu lado disparara na direção da mulher loira, o impacto não impediu que ela também apertasse o gatilho, mas a bala havia encontrado um novo alvo. Prenter havia se colocado na frente de Roger e levado a bala em seu lugar.

Deaky mal conseguiu assimilar quando Jagger correu até a caótica cena e chutou a arma da mulher para longe. Bowie foi logo atrás seguido por Freddie que segurou firmemente na mão de Deaky.
Brian só teve reação quando escutou o gemido de dor de Roger, correndo até o mesmo. Elton já havia alcançado seus parceiros e agora apontava a arma para Mary.

- Você está presa por dupla tentativa de homicídio e tem o direito de ficar calada. - sua voz imperou, tão diferente da alegre de outrora.

- Ora seu... - Mary tentou falar mas grunhiu de dor quando a ferida de bala no seu ombro derramou mais um punhado de sangue - você não pode me prender, não tem provas, eu exijo meus advogados!

- Tem certeza que não temos como provar? - Jagger disse e acenou para Deaky que tirou o seu celular do bolso e clicou na tela.

A mulher e todos ali podiam ver claramente o vídeo onde ela apontava a arma para Roger e Prenter, e assumia que ela provocara o acidente que matou Sophie Taylor.

Deaky havia filmado tudo!

Já algemada, ela berrava e guinchava para soltarem-na.

- Pode levar. - Elton ordenou e os homens que já haviam pedido reforços levaram Mary (que ainda esperneava) para fora.

Num canto mais afastado do tumulto Brian já segurava Roger em seus braços. O menor estava de olhos fechados, a pele estava tão pálida e os lábios ressecados e rachados. Uma poça de sangue começava a se formar ao redor deles e Brian se lembrou de Prenter, que estava jogado há poucos centímetros.

Brian não podia acreditar que aquele homem que era tão cruel com ele decidiu levar uma bala no lugar de Roger, mas apesar de tudo ele era grato por tal feito.

- Freddie, precisamos de uma ambulância! - Gritou alto para seu amigo.

- Daqui a poucos minutos estarão aqui - ele se aproxima para checar Roger, seus olhos estão úmidos e a ponta do nariz está avermelhada, denunciando que chorara.

Brian observa o momento em que ele se aproxima de Paul, suspirando quando vê que ele ainda respirava, porém estava fraco. Muito sangue jorrava da ferida do seu abdômen, tomando sua camisa com o líquido carmesim e viscoso.

- Bri...

O rosto de Brian virou rapidamente na direção do voz rouca de Roger. Sentiu seu coração bater forte só por escutar o seu pequeno, por vê-lo ter algum tipo de reação.

- Hey doce, eu estou aqui - sussurrou baixo enquanto retirava alguma mechas do cabelo loiro que teimava em cair pela testa de Roger, os olhos ardendo e marejando -, tá tudo bem agora... eu estou aqui.

- M-me desculpa - lágrimas brotaram do canto dos seus olhos cor de céu.

- Shhh, não fala nada Rog, tudo vai ficar bem meu amor, eu prometo.

Mesmo contrariado, Roger fechou seus olhos. Suas pálpebras estavam tão pesadas que ele não conseguiu mais lutar para que continuassem abertas.

×××

O cheiro de éter incomodava o nariz de Brian.

Já faziam sete dias que Roger permanecia internado desde que foi resgatado de Hollingbury. As máquinas que monitoravam seus sinais vitais faziam barulhos irritantes, e apesar de todos os hematomas em seu rosto, sua expressão era serena. Haviam diversos machucados e cortes pelos seus braços que estavam descobertos e repousados sobre a cama do hospital, alguns deles haviam sido tão profundos que necessitaram pontos, manchas roxas, meio esverdeadas e amareladas também pintavam a pele alva.

- Uma libra pelos seus pensamentos...

Brian sorri e aponta seus olhos para o rapaz loiro que acabara de acordar.

- Meus pensamentos não valem tão pouco assim, babe. Que bom que acordou... de novo. - se inclina levemente e sela os lábios do menor leve e demoradamente.

- A culpa não é minha, essas enfermeiras têm me entupido de analgésicos que dão sono e mais sono. - Roger diz emburrado - Queria já estar em casa. Mas hey, quem trouxe essas flores?

- Aquelas são de Deaky e Freddie, eles tiveram que voltar para Londres ontem, você estava dormindo - Roger revira os olhos e murmura um "claro que estava" -, aquelas ali são de Elton, David e Mick, o delegado e seus companheiros que ajudaram em seu resgate. Aquela ali, bem... é de sua mãe e de uma senhora gentil chamada Marie.

Roger parece surpreso pela última, mas não diz nada. Brian sabia que o loiro não falava com sua mãe desde que descobriu a verdade sobre sua irmã, não tinha certeza se fez o certo ao buscar o telefone de Winifred Taylor e avisá-la que seu filho havia sofrido um... acidente, mas estava feito.

- Ela vem visitá-lo todos os dias Rog, mas sempre quando sabe que você está dormindo. Talvez... talvez ela tenha vergonha de você, mas também parece estar sofrendo muito. - Brian sussurra baixo enquanto acaricia com o polegar a mão do loiro.

Roger fecha seus olhos por alguns segundos e suspira. Brian talvez tivesse razão, mas ainda assim ele não se sentia preparado para estar cara a cara com sua mãe.

- E Prenter? - tentou mudar de assunto, Brian rolou seus olhos disfarçadamente o que fez Roger rir.

- Também está nesse hospital, na verdade, foi pedido dele que você também ficasse aqui em Brighton, eu quis negar obviamente - Brian bufou -, o estado dele é... delicado. A bala atingiu alguns órgãos e ele teve que fazer uma cirurgia de emergência. Perdeu muito sangue.

Roger balançou a cabeça em afirmação.

- Entretanto, ele está estável agora.

- Fico aliviado. Eu... devo minha vida à ele - Roger diz timidamente brincando com a ponta do lençol hospitalar que cobria metade do seu corpo.

- Eu também devo, afinal, minha vida é você e se você está vivo é por causa dele.

Eles se encaram brevemente e em silêncio. Roger sentia seu coração batendo forte, aquela sensação quentinha de que era amado abraçando cada fodida célula do seu corpo. Um sorriso pintou os lábios de Brian que foi retribuído pelo menor.
Não precisam dizer nada, mas sabiam, eles se amavam.

Um toque na porta tirou a atenção dos dois e Brian murmurou um "entre".

- Veja que já está acordado Roger, não tivemos tempo para conversarmos ainda, mas eu sou o médico responsável por você - o homem com sorriso gentil disse -, me chamo Dr González.

- É um prazer conhecê-lo, doutor - Roger acenou com a cabeça -, quando vou poder sair daqui?

Brian arregalou os olhinhos esverdeados e o doutor riu com bom humor.

- Só preciso dos resultados de seus últimos exames, se tudo estiver certo você terá alta hoje mesmo e poderá ir para casa - Roger fez algum tipo de comemoração com os braços, mas logo parou fazendo uma careta de dor -, mas é pra ficar em repouso, rapaz!

O médico apontou a ponta da caneta para Roger que engoliu em seco mas assentiu com um sorriso amarelo.

- Ótimo! - o médico também sorriu e disse que iria buscar os resultados do loiro.

- Doutor, antes que o senhor saia - Roger chamou -, uh... eu gostaria de saber se posso visitar o Senhor Prenter.

Brian encarou seu namorado, sabia que Roger tinha seus motivos para conversar com Prenter, e mesmo que o bichinho do ciúme estivesse mordendo suas entranhas ele permaneceu em silêncio agora olhando para seus sapatos.

- Bem, ele havia me feito o mesmo pedido, mas não poderia sair de seu quarto pelo estado em que se encontra... - Doutor González disse enquanto empurrava o óculos que já estava escorregando na ponta de seu nariz -, porém, não vejo razões para que você não possa ir até lá. Só não deixe-o nervoso, ainda está se recuperando da cirurgia.

Roger acenou e agradeceu antes que o doutor saísse da sala.

O silêncio reinou por alguns minutos.

- Eu só quero agradecê-lo. - a voz do menor soou baixinha.

Brian suspirou e se aproximou, sentando-se na beira da cama.

- Eu sei, yeah? - morreu os lábios e procurou a mão direita de Roger -, é bobo eu sei, mas tenho ciúmes. Uma pessoa que se põe na frente de uma bala por você certamente gosta de você.

Roger tombou a cabeça pro lado achando adorável a maneira como Brian estava admitindo suas inseguranças.

- Olhe para mim, Bri... Eu me colocaria na frente de uma bala por você, e não tenho dúvidas de que você faria o mesmo por mim. - sorriu pequeno e acariciou a bochecha vermelha do maior com a mão livre -, você não precisa ter ciúmes e nem se sentir inseguro porque ele tomou esse tiro no meu lugar. A única coisa que eu sinto por isso é gratidão.

Brian concordou com a cabeça.

- Desculpe-me loirinha, eu só-

- Está tudo bem, babe. - ofereceu um sorriso para Brian - Você pode ir comigo até lá? Algo me diz que você sabe em qual quarto ele está.

O cacheado rola os olhos levemente fazendo Roger rir.

- Não é muito comum ver dois seguranças guardando a porta de um quarto, uh?

×××

- Eu... vim falar com Paul Prenter. - Roger diz. Sua voz treme um pouco, a verdade é que aqueles homens o lembravam dos outros que haviam o torturado.

- E você quem é? - um deles grunhiu.

- Roger Taylor - respondeu firme.

Os homens se olharam mas abriram a porta para o menor que estava sentado em uma cadeira de rodas conduzida por Brian.

- Mas somente você pode entrar, o grandão aqui tem que ficar do lado de fora. - o outro homem barrou a entrada de Brian.

- Órion, está tudo bem, deixe que entrem os dois. - a voz fraca de Prenter soou do quarto e no mesmo instante o homem cedeu a passagem para o cacheado, que voltou a empurrar a cadeira de Roger para dentro.
Prenter estava deitado, seu torso enfaixado, haviam profundas bolsas debaixo de seus olhos, e seus lábios pareciam meio sem cor.

O quarto em que Paul estava instalado era maior que o de Roger, mais luxuoso. Brian suspeitava que ele havia o modificado inteiro, mas guardou os pensamentos para si.

- Achei que estava alucinando quando eu o vi naquela noite, mas cá está você em carne, osso e cachos - Prenter disse, o mesmo sorriso zombeteiro nos lábios.

- Não devo explicações a você, Prenter - Brian cuspiu -, estamos aqui porque Roger queria falar contigo.

Brian dirigiu seus olhos ao namorado que o olhou de volta, e acenou.

- Sente-se May, por gentileza. - Paul ofereceu e Brian se sentiu no sofá de couro branco que estava disposto ali, a cadeira de Roger ficou alguns centímetros na sua frente. - Bom...

- Eu só vim até aqui para agradecer, Paul - Roger começou -, aquilo que você fez foi... puff. Eu só.. Por quê?

Prenter encarou os olhos azulados, sem desviar em momento algum.

- Você sabe o que estava no cofre, Rog? - ele disse baixo.

Roger franziu as sobrancelhas mas negou com a cabeça.

- Um contrato. Um contrato que valia milhões, e que me obrigava a casar.

Brian mateve-se calado, sua cabeça trabalhando a mil por hora, lembrando do que Mary falava no prédio há dias atrás.

- Os meus pais e os de Mary Austin eram ambiciosos, e fizeram um acordo para juntar as duas empresas, para isso deveríamos nos casar - Prenter prosseguiu com desgosto, dessa vez desviando o olhar e recostando sua cabeça na almofada grande -, Mary sabia desde o início e sempre desconfiei que a ideia absurda teria vindo dela. Ela tinha um estranho carinho por mim, já naquela época. Você talvez não vai lembrar-se dela, era tão diferente do que é hoje, mas na mente já haviam traços de loucura.

"Eu não podia aceitar aquilo, eles não podiam me obrigar. Quando questionei meu pai, ele disse que talvez o casamento me fizesse mais homem."

Paul deu um sorriso sem alegria.

"Me casar com uma mulher não me faria ter sentimentos por mulheres. Você me ouviu no prédio Roger, mas caso tenha esquecido, eu sou gay. Sempre fui. Mesmo depois de ter assinado aquele contrato eu não iria me permitir ser infeliz daquela maneira, não me casaria com Mary, ainda que isso implicasse a perda de milhões de libras para a empresa dos meus pais.
Tudo que importava para eles era o lucro, em momento algum perguntaram o que me faria feliz ou não, então eu decidi agir. Um dia eu escutei por detrás da porta do escritório o meu pai conversando ao telefone, e lá ele pedia para alguém o favor de guardar algo importante, até segunda ordem, na escola. Talvez ele tenha achado que escondendo isso debaixo do meu nariz, no lugar mais óbvio, eu não o encontraria, ou simplesmente foi uma cilada dele."

"Foi aí que pedi sua ajuda Rog - Paul retorna o olhar para o loiro -, eu não podia te contar o que era, mas você se negou e eu... eu agi por impulso com você, me perdoe, eu estava com medo. Quando você se negou, eu vi que estava só. Definitivamente. No dia que eu consegui entrar na escola pela madrugada, eu consegui roubar o contrato e o queimei. Já estavam a minha espera na saída, pois alguém havia me denunciado, e então fui preso. - suspirou - Sempre achei que tivesse sido você, mas não, não foi."

- O meu próprio pai havia feito a denúncia anônima, como uma punição pela minha rebeldia, minha desobediência, ele queria me dar um susto e me deixar um tempinho na cadeia só para eu aprender a lição, ser mais macho e pensar duas vezes na próxima vez que eu quiser desafiá-lo. Não me pergunte como eu descobri isso, isso não vem ao caso. - Paul disse com mágoa - A Mary pensou o mesmo que eu, pelo visto. Quis se vingar, achando que você havia me denunciado, afinal, você tinha destruído os sonhos de princesa dela. - ele deu uma risada curta e amarga - Aquilo que ela fez... eu sinto muito Roger, a sua irmã, eu sabia o quanto você a amava.

Roger que até o momento ouvia tudo em silêncio tinha seus olhos marejados.

- Eu fiquei tão surpreso quanto você pois também não sabia do que ela era capaz, ela sempre foi meio obcecada por mim e eu tentei manter a amizade com ela, mas depois que eu soube do que ela causou a sua família... Sei que pedidos de desculpas não vão mudar as coisas, e nem vão trazer sua irmã de volta. Mas vou me certificar de que Mary apodreça na cadeia.

Brian solidarizando-se com o estado do seu namorado, segurou sua mão com delicadeza. Isso atraiu o olhar de Prenter para as duas mãos unidas, dando um sorriso triste em seguida.

- Eu me escondia atrás de uma máscara, do meu próprio eu para provar ao meu pai que eu era capaz, que eu era suficiente. Fiz mal às pessoas - olha rapidamente para Brian -, talvez se eu tivesse te contado que gostava de você, tudo teria sido diferente, eu poderia ser alguém melhor, mas ele me mataria Roger... Eu deveria ter sido corajoso, e eu ainda preciso ser corajoso agora também. Talvez ser mais como você que finalmente se libertou, e sim Rog, eu sempre soube. Você era apenas uma lagarta que ainda se transformaria em uma linda borboleta.

Brian levanta os olhos para Prenter que o encara de volta intensamente, como se fizesse um pedido mudo para que o maior cuidasse do loiro que ainda estava sem reação depois de tudo que ouviu.
Roger aperta levemente sua mão.

- Desejo que sejas feliz Roger.

Espero que ele lhe compre flores, espero que ele segure sua mão
Que lhe dê todas as suas horas quando tiver a chance
Que leve você a todas as festas porque me lembro do quanto você amava dançar
Que faça todas as coisas que eu deveria ter feito.

(When I Was Your Man - Bruno Mars)

•••

* não revisado

Hey folks :)

hoje eu tive um surto de criatividade e aproveitei para escrever esse capítulo novo.

MAIS DE 4K DE PALAVRAS (ok, esse é um pedido de desculpas pq eu havia passado mais de um mês sem atualizar).

eu espero que vocês tenham gostado do cap, e das participações especiais dele. Eu imaginei o Elton John de 73, David Bowie de 72 e Mick Jagger de 78.

também escrevi o cap em terceira pessoa pq tô avaliando minha escrita assim =)


agora vamos para alguns pontos importantes:

• quem me conhece sabe que eu n suporto paul prenter e mary austin, mas eu n queria que o paul fosse literalmente o vilão responsável pela morte da sophie, estaria muito na cara.
vi muita gente que tinha plena certeza que era ele, mas errou.

• a mary sempre foi apaixonada pelo prenter, era daquelas que ficava a espreita, observando cada passo dele na escola, mas nunca se mostrando para outras pessoas notaram sua presença. ela foi esperta e usou o que estava ao alcance (seus pais) para conseguir seus objetivos de ter o paul pra ela (contrato de casamento em troca de parceria das empresas). quando o paul foi preso pela denúncia anônima (que na verdade foi o pai do paul que armou aquilo tudo pra dar uma lição no filho, pela desobediência), a mary achou que havia sido o roger e decidiu se vingar. ela não queria matar a Sophie de fato, foi uma fatalidade.

• mary sofre de diversos transtornos, como psicopatia, impulsividade, bipolaridade e borderline.

• paul amava o roger. mas toda a pressão psicológica dos pais dele fazia ele agir daquela maneira na escola, sendo homofóbico, preconceituoso, um verdadeiro babaca e afins. ele nunca iria poder assumir seus sentimentos, então manter o roger ao lado dele, como amigo, era o mais próximo que ele conseguiria de uma "relação". eu quis mostrar a situação dele como uma última forma de lutar pelo que ele queria, por quem ele era de verdade. a real é que o paul não teve muita escolha e isso me faz pensar, em quantas pessoas também estão do mesmo jeito...

tem algo que vocês não entenderam? se tiver, perguntem aqui nos comentários que eu vou explicar!
não sei se escrevi esse capítulo direitinho e bem claro para a compreensão de todes, mas as idéias foram essas que citei.

comentem o que vcs estão achando, e não esqueçam a estrelinha, isso me ajuda e me incentiva demais pra escrever 🥺

espero que estejam bem, se cuidem e usem máscara se precisarem sair de casa, até a prox

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