Capítulo 21

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Paul ainda me encarava assombrado enquanto a mulher, que pelo que entendi se chamava Mary, batia o pé no chão com impaciência.

­- Você conhece esse cara, amorzinho?

Sinto vontade de vomitar com o tom meloso que a mulher usa com ele, mas em momento algum deixo transparecer o meu asco. Meus olhos ainda estão presos nos de Prenter e por um instante sinto como se eu voltasse aos tempos de escola. Os olhos são os mesmos, mas todo o resto havia mudado; ele estava com a postura diferente, exalava poder dentro do terno caro, e até o jeito de andar divergia do de anos atrás.

- É você mesmo, Rog?

- Não se atreva a me chamar assim, seu imundo! ­- cuspo com raiva.

Ele arqueia a sobrancelha levemente. Quase me arrependo por estar falando com ele nesse tom, levando em consideração que só bastava uma ordem sua e eu teria uma bala enfiada no meio da testa, mas num ímpeto de coragem resolvo tentar a minha sorte.

A mulher está chocada demais, não sei dizer se pela maneira com que falei com Paul, ou pelo apelido que ele usou comigo. Talvez os dois.

- Vai deixar mesmo ele falar com você assim? ­- ela finalmente diz - Quando foi que você ficou mole desse jeit-

- Mary, eu vou contar até três pra você calar a droga dessa sua boca, senão eu juro por Deus que vou fazer você calar. - Ele a olha de maneira tão fria que antes mesmo que ele chegue no dois ela já está calada. - Ótimo! Vocês - aponta para os dois brutamontes -, fiquem lá fora.

O homem se aproxima de mim aos poucos e vejo seu olhar percorrer por todo meu corpo, demorando alguns segundos nas grossas correntes que prendem meus pés enquanto os outros homens obedecem sua ordem.

- O que diabos você tá fazendo aqui, Roger?

­- É bem óbvio, não é? Vim dar um passeio, aqui é um ambiente muito agradável -, o sarcasmo escorre em cada palavra e sinto a raiva borbulhar dentro de mim quando o homem solta uma pequena risada. A sua surpresa de me ver ali já parecia ter evaporado. - Comeu carne de palhaço, seu otário? Tô contando alguma piada?!

Ele levanta as duas mãos em defesa.

- Calma aí, gatinho raivoso. Eu só fiz uma pergunta!

Mary bufa um pouco mais atrás de Prenter, mas se lembra que a ordem dele foi ela ficar em silêncio, então logo o único som que sai dela é o da respiração. Eu rolo os olhos.

- Okay, você não vai falar? Eu só vim até aqui pois soube há alguns dias que alguém estava de tocaia na frente empresa, mandei vigiaram afinal eu gostaria de saber quem era estúpido o suficiente para se arriscar assim, mas parece que você é teimoso demais para falar algo, mesmo com os métodos dos meus... funcionários - Paul balança as mãos enquanto fala e eu não me impeço de deixar um sorriso debochado pintar os meus lábios. Métodos? Era assim que se referiam à tortura hoje em dia? -, me disseram que você só falaria se fosse comigo, então veja só a minha surpresa ao chegar aqui e encontrar Roger Taylor. Mereço uma explicação, não? Por que você estava espionando minha empresa? Até achei que era algum dos concorrentes, então estou verdadeiramente surpreso.

Agora ele me encara com expressão séria, mas seus olhos ainda me analisam meticulosamente.

- Eu não estava espionando - rolo os olhos levemente mais uma vez -, só estava esperando uma oportunidade.

- Oportunidade para o quê exatamente?

Libero um pequeno sorriso de escárnio.

- Eu poderia dizer que estava esperando uma oportunidade pra te matar, mas já que isso não vai ser possível, eu vim atrás de respostas.

FIRST | maylorWhere stories live. Discover now