-Interrompo?- Essa voz eu reconheço.
Me solto às pressas e desajeitadamente dos braços firme de Caleb, ao contrário de mim ele permanecia a calma em pessoa. Em nossa frente segurando uma mala de rodinhas pretas e vestindo roupas sociais e cabelo bagunçado, o pai do Caleb nos observa curioso, sério e um pouco curioso. Eu gostaria de sair correndo e enfiar meu rosto em qualquer lugar, que constrangimento meu pai, ser pega dando uns amassos no filho dele, em sua cozinha.
-Ao menos não foi no meu quarto.- Falou. Me sobressaltei, ele parecia ter lido minha mente. -Estou surpreso com esse acontecimento, alguém pode me explicar? Não, primeiro irei tomar um banho e comer algo. Quero estar muito descansado quando me contarem. - Disse com um leve sarcasmo na voz e novamente pegou sua mala.
-Muito discreto o senhor, não poderia ter passado direto? E respondendo sua primeira pergunta, sim, interrompeu demais .-Caleb riu cínico.
Bati em seu braço, para ele não falar demais. Como eu não sabia o que falar, ou se sairia algo da minha boca então a conservo fechada. Caleb para um pouco a minha frente como se estivesse me escondendo para eu ficar mais tranquila e o gesto ajuda.
-Vou levar Lianna para casa, voltarei só a noite. Quando eu chegar conversamos, pai. -Caleb diz, e espera sua resposta.
-Claro, estou cansado mesmo. Até mais, Lianna . Foi bom ver você, mesmo nessas circunstâncias. -O pai dele rir maliciosamente. E eu falto escorrer pelo chão de vergonha
-F...fo..foi bom ver o senhor também. E desculpe qualquer coisa. -Digo, constrangida.
Ele assenti e sai carregando sua mala.
-Vamos, raio de sol. -Fala, pegando na minha mão.
Ele para e pega a chave do carro no aparador de vidro perto da porta e saímos para a entrada onde seu carro está estacionado. Sento no banco e coloco meu sinto. Quando ele sai indo para minha casa, enfim lembro de respirar.
-Meus deus, o que foi aquilo ? Você sabia que ele chegaria cedo e mesmo assim fez aquela cena .-Digo, nervosa.
-Espera, tá achando que falei assim "Vou ficar de amassados aqui com a Lianna para meu pai chegar e ver". -Ele me olha como se eu fosse maluca. -Claro que não né, raio de sol. Ele me disse que chegaria só depois do almoço ou até a noite, não tive culpa.
-Desculpe, é que fiquei bastante envergonhada. E o que ele pensará de mim? Como vou olhá-lo sem sentir vergonha .
Caleb apenas me olhava rindo do meu desespero.
-Meu pai não é assim, ele é curioso mas não vai a constranger de modo algum. Até porque ele é adulto né. -Fala, passando a mão pela minha coxa de modo carinhoso. O toque fez com que eu me acalmasse por fora, mas por dentro aquele simples toque despertava outros lugares, lugares inimagináveis.
-Presta atenção no trânsito, Caleb. -Brigo.
-Eu estou. -E mesmo assim ele não tirou sua mão da minha coxa. E não briguei novamente.
-Fiquei pensando o que Star inventou para nossos pais.-Falei, depois de um tempo calada.
-Pior que não perguntei, ontem quando liguei para ela só avisei que você estava comigo, bem e que dormiria aqui . -Diz rindo sem graça.-Estava tão preocupado com você, que nem pensei no seus pais.
-Estou ferrada, e ainda tenho que falar com eles sobre a festa. Decidi que vou denunciar Scott, já é alguma coisa se a polícia ficar de olho nele, ficarei mais aliviada.
-Você está fazendo o certo, raio de sol. E vou apoiá-la no que for. -Ele aperta um pouco minha coxa e eu lhe dou um sorriso carinhoso e significativo.
*****
Entro dentro de casa com Caleb atrás de mim, ela parecia silenciosa mas quando ando um pouco mais, ouço o barulho da TV e risos vindo da sala. Eu andava pelo corredor apreensiva e receosa. Quando paro na sala, minha mãe, meu pai e Star assistiam concentrados e risonhos um filme de comédia antigo. Nenhum deles notam minha presença ou a de Caleb.
-Oi gente. -Digo, em voz baixa.
Os olhares não foram direcionados a mim, mas ao corpo bronzeado e musculoso atrás de mim.
-Filha, é bom ver que está bem acompanhada, dessa vez. -Mamãe diz, com um sorriso gentil, mas seu olhar diz várias outras coisas.
-Posso conversar com vocês dois. - Digo, referindo-me aos meus pais.
Caleb e Star entendem a deixa e nos deixa a sós, antes dele ir para e me da um beijo na testa. Meus pais viram, com certeza. Quando os olhos, eles viram para olhar coisas em direções opostas. Caminho até a poltrona onde minha irmã sentava anteriormente já que eles estão ocupando o sofá.
-Você não dormiu em casa, Star nos contou praticamente nada.- Papai diz e esperou uma resposta do porquê.
-Bem, é sobre isso que quero falar. Espero que possam apenas ouvir no início. Peço que não me julguem ou critiquem, por favor. -Pedi, com os olhos baixos.
-Você transou com Caleb?- Mamãe exclamou.
-Maisa!!!!-Papai gritou.
-Não, não foi nada disso.
E então começo a contar tudo, cada detalhe a eles. Uma coisa que sempre agradeci foi por ter essa família, por ter meus pais, nunca senti a mínima vontade de esconder nada a eles e mesmo nessa situação ainda confio neles para abordar esse assunto. Eu gostaria que outras pessoas tivessem isso, o conforto de poder contar com os pais. Falo tudo da festa e explico o porquê não dormi em casa e cheguei com Caleb.
Como pedi eles não dizem nada até que eu pare de falar e tenha meus olhos cobertos por lágrimas, esses dois dias estou assim. Chorona.
-Sempre fomos claros com você e sua irmã para confiarem em nós dois, para que contassem tudo porque além de pais somos como amigos, sabendo até onde vai o limite. Temos o dever de brigar com você por ter bebido sabendo que pode só depois dos 21 mas também é nosso dever de pais a abraçar e dar nossos ombros para nossas filhas chorarem. -Mamãe diz, com o semblante triste.-Vem aqui. -E me puxa para um abraço. -Como mulher sinto muito pelo que passou, qualquer um pode dizer que foi só uma tentativa dele, mas que deu errado. Só que o que nunca vão entender é que pode parecer insignificante, mas para quem passou não é. -Ela dizia e passava a mão por meus cachos. -Sou contra violência, mas nesses casos sou a favor da punição severa, e ainda mais por ter sido com uma filha minha.
-Estamos aqui, minha cenourinha.-Papai afirmou, me chamando pelo apelido carinhoso que ele me batizou quando criança. As lágrimas caiam mais pesadas e sem controle. -Se por acaso, eu torço que não, meu caminho cruzar com o dele, eu acabarei com ele.
-Caleb fez quase isso já, pai. -Falo, fungando.
-Bom, por isso gosto dele. E não querendo dizer que o que passou foi bom, mas fico feliz por vocês finalmente estarem juntos.
Outra pessoa, parecia também notar os sentimentos escondidos que Caleb nutria por mim.
-Só eu não sabia?-Perguntei ironicamente e ainda fungando.
-Como não perceberiamos alguém apaixonado pela nossa filha?. Só nunca me intrometi como Star. -Papai ri.
-Star é Star né, pai.
-Isso mesmo, eu sou eu, queridos. - A mesma diz, entrando na sala. Caleb aparece uns minutos depois e encosta seu ombro no batente da porta.
Quando nos olhamos ele abriu um sorriso carinhoso e eu me derreto mais um pouco. Como se já não fosse suficiente as outras vezes. Ele me olhava e eu sentia a proteção e o seu amor, brilhando em seus lindos olhos verdes. Eu retribuo dando um pequeno sorriso discreto e tímido.
-Ok, podem jogar na minha cara que só eu não sabia da paixão do Caleb por mim. -Zombo, olhando para todos os rosto no cômodo e parando em um Caleb, que mantinha seu sorriso cínico.
-Eu deveria mesmo, juro que achei que nunca fosse perceber. Eu estava pra surtar, você sonsa e Caleb com medo de levar um fora. -Minha irmã diz meio alterada. - Se demorassem mais a admitir o óbvio eu pretendia fazer como nos filmes e trancá-los juntos até se acertarem. Na verdade, se ainda quiserem eu topo. -Minha irmã abriu um sorriso maquiavélico e piscou para nós.
Se eu fiquei surpresa com essas palavras? Acho que nada que Star faria seria surpresa para nós, ela sempre foi individual , sempre pensa por si só. Se ela percebesse que nos colocar sozinhos em um lugar faria bem para nós ela faria, mesmo que fosse maluquice ela pensaria no bem que estaria nos fazendo e agora que acordei para a realidade de ter um garoto gostando de mim mesmo que eu ficasse zangada no início, agradeceria no final.
Claro, agradeço ela agora. Se não fosse por minha irmã, eu não teria cedido a razão e ao meu coração, eu não teria enfrentado o temporal de ontem para bater na casa do garoto apaixonado por mim e que tinha admitido tudo horas antes. Eu teria carregado toda aquela declaração em meu coração, mas ainda continuaria o rejeitando. Me pergunto até quando eu teria feito, em certo momento me perguntei até se Caleb teria aguentando mais rejeições da minha parte. Eu continuaria negando meus sentimentos?
Sem ninguém perceber sacudi a cabeça para tirar esses pensamentos da mente, eu agora preciso focar no presente e futuro, isso que é importante agora. Senti uma mão forte e quente pegar a minha, que está apoiada no joelho. Caleb.
-Uma pizza por seus pensamentos. -Ele diz, e abre um sorriso querido.
-Golpe baixo, não quero admitir tão cedo, mas você já sabe como me subornar né, espertinho. -Digo debochadamente. - Mas a pizza é uma boa ideia. -Estava pensando em muitas coisas, coisas vão e vem na minha cabeça. Quer sinceridade?-Pergunto a ele.
-Sempre, raio de sol.
-Entre todos os pensamentos, a pergunta "até quando ele aguentaria a minha frieza, rejeição e todas as outras coisas ruins." -Falei abaixando a cabeça sem graça.
-Ai, Lianna. Eu ficaria surpreso se você cedesse rápido, você não é esse tipo. Eu estava mais que certo que demoraria, mas eu não desisto tão fácil de algo ou alguém que amo. Amor é um sentimento forte, se você não tiver certeza que o sente ou se é recíproco tudo por ser arruinado. -Ele fez uma pausa e me olhou carinhoso. - É como aquela expressão "Se um não quer, dois não brigam" assim é o amor. Eu só insisti no que sinto por você, porque eu sinto que você é a garota certa para mim, que quando penso no que minha mãe me disse no seu último minuto, só vem você a minha cabeça. -Enquanto falava ele massageava delicadamente meu joelho. -Se isso não é amor, não sei o que pode ser. -Deposita um beijo em minha testa.
-Mau estão juntos e já estou para vomitar arco-íris vendo vocês dois juntos. -Star, diz fingindo vomitar. Mamãe que está perto dela lhe dá um tapa no ombro, a mesma faz cara de poucos amigos e depois começa a rir novamente. Parece meu humor na TPM.
-Vou falar a mesma coisa quando você e Bryan estiverem juntos, me aguarde. -Caleb diz. -Juntos parecem chicletes, não se desgrudam.
-Ah, desculpa aí. Achei que namoro fosse para isso mesmo, ficarem juntos-Frisa. -Se for pra mim namorar e eu ficar aqui e ele lá, prefiro ficar solteira mesmo. -Minha irmã diz, revirando os olhos revoltada.
-Concordo com você, Star. -Digo. E ela abre um sorriso agradecida por estar certa.
Sinto Caleb se aproximar sorrateiramente.
-Pode deixar, não sairei do seu lado. -Sussurra ao meu ouvido.
Todos os pelos do meu corpo respondem a sua aproximação entre meu ouvido e o pescoço.
-Não vejo a hora. -Digo, sincera mas meio tímida.
Com minha resposta, ele abre mais ainda seu sorriso cínico.
-Vamos subir para o quarto, Caleb vai me ajudar nas atividades de biologia que devo entregar amanhã. -Digo e meus pais me olham como se eu estivesse mentindo. - É, sério; não me olhem assim com essa cara, fazemos biologia juntos.
-Sei, podem subir. Só deixem a porta aberta, tudo bem? . -Papai fala e nos encara.
Instantaneamente minhas bochechas queimam de vergonha e vejo minha mãe dar um leve sorrisinho. Esses dois, não tem jeito.
-Pode deixar, William. -Caleb exclama, super tranquilo.
Meu pai assentiu com a cabeça e subimos para o quarto, eu com vergonha e Caleb rindo como sempre das minhas bochechas vermelhas como pimenta.
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