A Governanta (Concluído)

By ccastrop

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Quando Ellen resolveu trazer sua irmã para morar com ela, não imaginava que as coisas ficariam tão apertadas... More

Capítulo 1- Novos hábitos
Capítulo 2- O trabalho
Capítulo 3- O mal entendido
Capítulo 4- Encontro inesperado
Capítulo 5- A queda
Capítulo 6 - Aproximação
Capítulo 7- Mudança temporária
Capítulo 8 - Quando tudo saiu do controle
Capítulo 9- Tempestade
Capítulo 10- A noite da festa
Capítulo 11- Desacordo
Capítulo13-Esclarecimentos
Capítulo14-Dia da mudança
Capítulo 15 -Pedido
Capítulo 16 - Viagem
Capítulo17- Passeio
Capítulo 18-Conhecendo a família
Capítulo 19 -Desconfiança
Capítulo 20- Do outro lado
Capítulo 21- Confissões
Capítulo 22 - seguindo
Capítulo 23 - Inauguração
Capítulo 24 - Novo acordo
Capítulo 25 - Descoberta
Capítulo 26 - Reencontro
Capítulo 27 - Novo começo
Agradecimentos

Capítulo 12 - A volta

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By ccastrop

No dia seguinte, foi bastante conveniente Victoria me informar que uma amiga de sua irmã estava procurando um apartamento e também queria dividi-lo. Fiquei quase eufórica. Eu precisava sair daquela casa o quanto antes, ou prejudicaria meu trabalho ainda mais. Não quis perder mais tempo e marquei de encontrar a garota, que se chamava Amanda. Achei que seria uma boa ideia conhecer pessoalmente a pessoa com quem faria isso. Não podia entrar em outra furada. Torcia muito para dar certo.

—Ellen, o apê de frente ao meu está desocupado. Vocês podem alugar. —Sugeriu André, quando me dava uma carona até o encontro.

—E pelo que me disse, não é caro. Mas tenho que conversar com ela antes de resolver isso. —Respondi, me sentindo animada com as possibilidades de mudanças.

—Avisa quando acabar que acho que dá tempo terminar até eu voltar com Pietro. —Disse ele, que estava indo buscar o menino na escola.

—Certo.

Cheguei menos de dez minutos ao shopping. Desci do carro e fui andando até a livraria onde ela trabalhava. Resolvi me sentar em um sofá e avisei por mensagem que havia chegado. Poucos minutos depois, uma moça de cabelos loiros em um corte tipo pixie se aproximou e chamou meu nome.

—Sim, sou eu. —Sorri para ela.

Ela se juntou a mim no sofá.

—Então —Fui dizendo — Eu queria conversar com você, conhecer um pouco antes de decidir isso. É melhor combinar as coisas antes para não dar problemas mais na frente.

—Entendo. —Falou, sorrindo um pouco. —Eu morava com meu namorado, mas nós terminamos, então estou procurando um novo lugar porque estudo aqui e não tinha mais para onde ir. E você?

—Foi mais por economia. Eu pago um apartamento mais ou menos, mas não estava muito legal. É difícil achar um melhor por um bom preço. Dividir fica mais fácil. —Respondi. —Seria eu e minha irmã em um quarto, e você no outro, já que um lugar de dois quartos é bem mais barato.

—Entendi. Por mim, tudo bem. Sobre regras, não tenho nenhuma. Quer dizer, basta ter noção, é claro. Não incomodo vocês e vocês não me incomodam, não mexo nas coisas de vocês e nem vocês nas minhas. Não sei cozinhar, mas sou boa em limpeza. Não irão ter problemas com bagunça pelo apartamento. Com exceção do meu quarto, deixo tudo sempre organizado.

—De acordo com tudo isso. —Eu disse, muito satisfeita. —Tem lugares em mente?

—Sim. —Ela buscou o celular e me mostrou fotos.

Olhei os dois apartamentos. Não ligava muito para a aparência do lugar, mas o preço. Depois de me dizer os valores, eu refleti um pouco.

—Olha, esse segundo está muito bom, mas é meio contra mão. —Expliquei.

—A gente pode procurar outro lugar mais perto.

Antão descrevi o apartamento que André morava, dizendo sua localidade e fácil acesso para ambas trabalharem e estudarem. Ela ficou interessada, também achou o valor razoável. Combinamos de marcamos um dia um dia ainda na semana para olhar e provavelmente alugar o apartamento, para mudarmos o quanto antes.

Saí do shopping com um sorriso que não cabia no rosto. Como não tive essa ideia antes? Em vez de sair do meu antigo apartamento, deveria ter alugado o quarto de Emily e a feito dormir comigo, pois assim nunca teríamos nos mudado. Nunca teríamos conhecido João... E muito provavelmente não estaria tão vulnerável com relação a meu chefe e meu trabalho.

André parou o carro preto enorme perto da saída do local e eu corri para lá, entrando rapidamente no veículo. Encontrei um feliz Pietro e o abracei. Estava no banco detrás para ficar ao seu lado.

—E aí, deu tudo certo? —André quis saber.

—Sim! Deu sim. Ela parece legal. A gente vai dar uma olhada no seu prédio, tá parecendo a melhor opção. Você pode marcar com o dono do apê pra mim?

—Claro que sim. Faço isso ainda hoje quando chegar. 

—Você vai sair de casa? —Perguntou Pietro.

—Sim, amor. Eu tenho que me mudar.

—Por quê?

Enquanto íamos de volta para o trabalho, tentei explicar para o menino porque tinha que ter minha própria casa e não podia morar com eles. Ele acabou entendendo.

Pietro, Emily e eu estávamos no meu quarto. A gente brincava com o menino depois do jantar. Assim como pela manhã, não havia conversado com Henry, que não conseguia uma oportunidade de falar comigo, já que eu sempre estava com outras pessoas.

Só que, mais tarde, quando todos haviam se retirado para dormir, não esperava que ele fosse bater em minha porta. Estava daquele jeito informal, que parecia deixá-lo ainda mais bonito, mas tentei não focar em nada disso.

—Oi. —Disse ele, as mãos no bolso da calça. —Posso falar com você?

Hesitei por um segundo, mas assenti. Saí do quarto e fechei a porta. Era mais seguro conversarmos do lado de fora.

—Então... Eu queria pedir desculpa por ontem. Devíamos ter conversado como foi combinado. Mas eu realmente não pensei que poderia ficar ofendida com isso. Não foi minha intenção. —Foi dizendo, parecendo um pouco nervoso.

—Tudo bem. Eu sei.

Não havia ficado com raiva dele, só não gostei de como me senti. Mas ainda assim, com relação a ele, eu não sabia mais o que fazer.

—Quando eu percebi... Quando vi que ficou magoada, eu... —Ele hesitou.

Tocou meu cotovelo, e, vendo que não me afastei, levou sua mão até meu rosto.

—Quase não dormi quando vi que a fiz se afastar de novo.

Eu encarei sua camisa, pensando no que dizer. Não podia negar que fiquei mexida ao ouvi-lo dizer o que disse.

Sem conseguir falar nada, apenas vi quando ele se aproximou para me abraçar. Apoiei o rosto em seu peito, inspirando seu perfume, e isso me trouxe conforto imediato. Depois de um tempo, ele passou os braços ao redor de minhas costas e tirou meus pés do chão, me deixando pendurada em seu corpo.

Ele saiu andando calmamente pelo corredor, na direção de seu quarto.

—Onde está me levando?—Inclinei a cabeça para encará-lo.

—Só queria ficar um pouco com você.

—E então simplesmente me leva aonde quer? —Perguntei, achando graça.

—Sim. —Mas parou no caminho. —Pode fugir, se quiser.

Olhei em seus olhos um instante. Estava tão lindo, preocupado se eu iria embora. Definitivamente não queria.

—Talvez depois.

Ele sorriu para mim, então me levou até seu quarto.

Henry nos deitou em sua cama, mas apenas abraçou meu corpo. Só que, depois de alguns minutos, eu o beijei, sem conseguir conter a vontade que tinha de senti-lo de todas as formas possíveis.

...

Estava um pouco frio quando acordei de manhã. Ainda era cedo, então não fiquei preocupada em alguma das meninas aparecerem ali. Passamos a noite juntos mais uma vez, e dessa vez eu não pensava tanto, estando um pouco mais confortável com nossa relação.

Havia acabado de vestir o roupão para me secar, Henry tinha saído instantes antes, quando fiquei em alerta ao ouvir uma voz que não quis acreditar estar ouvindo. Eu já estava na porta do banheiro, mas parei abruptamente antes de surgir no outro cômodo.

Henry parecia surpreso, mas não tão surpreso quanto eu fiquei ao ver Gisele em seu quarto. A mulher andou até ele e beijou seus lábios, segurando seu rosto. Meu estomago revirou com isso.

Vi quando seus olhos arregalados foram até onde sabia que eu estava, e me encontrou parada vendo a cena. Tentei mostrar toda minha confusão com o olhar, mas suspeitei que até ele estivesse confuso.

Ele a afastou com as mãos.

—O que está fazendo aqui? —Perguntou.

—Eu sei que a gente se desentendeu aquele dia. —Dizia ela, tocando-o com os dedos de unhas perfeitamente pintadas. —Fiquei a viagem toda pensando em nossa briga. Acabei de chegar e não aguentei, eu tive que vir aqui te ver. Sabia que já estaria acordado. Não quis esperar.

—Gisele, você terminou comigo. —Lembrou a ela.

—Não terminei, a gente apenas se desentendeu. —Ela disse, sorrindo doce para ele. —Nada como a reconciliação.

Ela tentou se aproximar mais uma vez. Ele a conteve.

—Não, você terminou. Como entrou aqui?

—Eu tenho acesso a essa casa quando quero. —Respondeu simplesmente. —Por que parece bravo?

Percebi quando observou ao redor, desconfiada. Olhou a cama de lençóis em completa bagunça, franzindo o cenho. 

—Não estamos mais juntos. Não pode vir aqui como se nada tivesse acontecido. —Ele falou, o rosto muito sério. 

Ela pareceu indignada, mas, antes de voltar a falar, seu olhar varreu o lugar mais uma vez, como se procurasse algo errado. E claro, me encontrou. Vi quando seus olhos, antes doces, pareceram imediatamente furiosos.

Tentei me esconder, mas já era tarde.

—O que significa isso? —A ouvi quase gritar. —Está me traindo? Eu estava viajando a trabalho e você...

—Não estou, porque não estamos mais juntos. —Disse ele, impaciente.

—Como ousa? E com essa...

—Não é da sua conta. É melhor ir embora, Gisele.

Ela riu irônica, então ouvi seus passos. Logo ela invadia o banheiro onde eu estava escondida.

—Eu sabia que não estava enganada. —Ela disse, me olhando de cima a baixo. —Você era uma cobra, sempre a espreita. Eu via a forma que olhava para ele. Mas, veja bem, isso não vai durar. Logo ele vai se cansar de você.

Henry surgiu entre nós duas, tentando tirar a mulher dali.

—Por favor, Gisele...

—Me solte! —Gritou ela, buscando escapar de suas mãos.

Voltei para porta, vendo-o tentar levar ela para longe. Ela se debatia, querendo voltar até mim. 

—Não notou que ele só se envolveu com mulheres do nível dele? —Dizia ela, se esforçando para ultrapassar a muralha que era Henry. —Você é uma interesseira!

—Gisele, por favor... —Tentava Henry, mas era difícil tirá-la de perto sem machucá-la.

—Se não vai ser eu, vai ser alguma outra! —Continuava. —Rica como ele. Ela ama outra, pensa em outra. Torça para ela não voltar. Espero que não consiga tirar nenhum proveito disso. —Cuspiu as palavras em mim, claramente tentando me machucar diretamente com elas. 

Ela empurrou Henry violentamente, mas ele mal se moveu.

—Parece que resolveu se divertir com as empregadas, Henry! Deve ser mais barato!

—Chega! Vai embora daqui! —Dessa vez ele quem gritou. Até eu me encolhi com o seu tom de voz. Mas ela não se deixou abater.

—Você vai se arrepender! —E deu-lhe as costas, batendo a porta tão forte que as paredes vibraram.

O silencio tomou conta do quarto. Ele se virou para mim, mas não conseguiu dizer nada, a boca abrindo e fechando sem sair uma palavra.

—Parece que não foi tão sincero comigo. —Disse a ele.

—Eu fui. Para mim, nós tínhamos acabado. Não sabia que era mais um joguinho dela. —Ele me olhava preocupado.

—Eu não quero estar no meio disso. Não quero estar no meio de nenhuma relação sua. Não estou aqui para competir você com ninguém. —Disse a ele, a raiva querendo transbordar.

—E não está. Gisele e eu acabamos. E agora deve estar mais que claro para ela.

—Pois eu me sinto como uma verdadeira amante, e isso é a pior coisa que já senti, Henry.

Ele deve ter visto como eu estava, pois pareceu ainda mais preocupado.

—Sabe que não é isso...

—E o que eu estou fazendo, afinal? Nem ao menos tenho o direito de estar incomodada com isso.

—Eu não vejo problema algum você questionar. Eu não estou me aproveitando de você e esperava que soubesse disso. —Disse ele. Era como se tivesse conhecimento do que se passava em minha cabeça.

—E como vou saber? Não sou idiota de achar que coisas desse tipo dão certo. Ela mesma disse.

—Não tem que ligar para nada que ela fale. Ela está com raiva porque não conseguiu o que queria. Não ligue para isso. Pare de achar que nossa relação é um problema.

—Fácil falar. Você está numa ótima posição. Eu que tenho que lidar com suas namoradas, meus colegas de trabalho e toda essa confusão que nem deveria ter começado. Eu não tenho tempo para dificultar o que já não está fácil!

—E eu não pretendo dificultar nada. — Ele se aproximou, eu me afastei.

—Muito menos pode facilitar. —Minha voz falhou.—  Paramos por aqui. Peço que pare de me procurar. Isso termina agora.

Não consegui encará-lo por mais tempo, então me apressei em pegar minhas coisas e passei por ele antes de sair dali. Ainda pude ouvi-lo me chamar, mas ignorei e voltei para meu quarto.

Sentada no chão, as costas contra a porta, pensei no que ela havia falado. Nunca fui tão humilhada e me senti tão exposta. A sensação não era nada boa, realmente. Era fácil acreditar nela, porque o que ela disse era justamente o que eu pensava, e ela não seria a ultima a pensar dessa forma. Abracei meu corpo, tentando me controlar. Nunca tive tanta vontade de sumir. Suas palavras rondavam minha mente, várias e várias vezes.

Então prestei atenção em algo que ela disse no meio de tudo: que ele amava outra, que eu torcesse para ela não voltar. Fiquei confusa, não me lembrava de alguém que poderia ser essa pessoa. Tentei pensar com mais clareza, buscando alguém que pudesse ser essa mulher. Logo veio um pensamento a minha cabeça, mas não poderia ser, ou poderia? Desde que cheguei aquela casa, era fácil se perguntar onde estaria a mãe de Pietro, ou o que poderia ter acontecido com ela. Cheguei a achar que ela estaria morta, mas nunca vi ou ouvi nada relacionado a isso. Podia ser ela, mas o que teria acontecido para ela ir embora, sem nunca ao menos vir ver o filho? Talvez ele ainda a amasse, afinal.

Foi estranho sentir o buraco no meu peito parecer maior com esse pensamento. Eu nunca me colocaria no meio de algo assim. Daria tudo para Pietro ter uma família completa.

Levantei do chão após alguns minutos, indo me vestir sem pressa. Não o vi mais aquela manhã. 

**************************************************************************************

Nota: 

Gente, paciência com a Ellen. 

Ela só está tentando se proteger e vão ver que as coisas são sim mais complicadas do que parecem. 

Acredito que o final não está tão longe, e espero que eu consiga passar da melhor maneira todos os detalhes. 

Obrigada a quem leu até aqui. 

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