Capítulo 24 - Novo acordo

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Eu havia passado quase a manhã toda andando na feira da pequena cidade, buscando bons preços para as frutas e verduras que tinha que levar para o hostel.

A cozinha já estava praticamente vazia mais uma vez. Eu acabava indo ali pelo menos duas vezes na semana, levado bastante coisa.

Era mês de férias, mas mesmo antes disso estávamos sempre lotados — principalmente em fins de semana, dias que mais trabalhávamos.

Eu estava bem animada, apesar de estar ganhando bem menos que antes. Ao mesmo tempo, não pagava mais aluguel, e Emily conseguiu um emprego na própria faculdade, ou seja, ganhava enquanto aprendia mais sobre sua área, e isso sim eu achei vantajoso.

Minha irmã caçula havia decidido que iria morar com Vitor quando tive que vir morar no hostel, e isso gerou muita discussão com meus pais, mas isso já fazia dois meses, e ela estava muito bem. Nós nos falávamos quase todos os dias, e às vezes ela vinha me visitar com o agora noivo. Claro que houve pressão dos nossos pais para esse noivado, mas eles queriam isso também, apenas fingiam que não.

Depois de pagar a mercadoria, desci a rua de calçamento carregando o carrinho de feira cheio de coisas. Andei algumas ruas, cumprimentando os moradores já conhecidos no caminho.

Continuei descendo até o portão aberto do hostel e fui entrando. O céu estava incrivelmente limpo, num azul vivo, e o mar era pura perfeição. O vento forte aliviava o calor depois de tanta andança. A vista dali era perfeita, eu amava cada vez mais aquele lugar.

Continuei andando e entrei pelos fundos, deixando as coisas na cozinha. Estava pronta para me sentar, quando algumas vozes que vinham da varanda na frente me chamaram atenção.

Saí da cozinha e andei até o lado de fora. Ana parecia discutir sobre o serviço que queria fazer em breve: a piscina. Nós ainda nem tínhamos o dinheiro, mas Ana não conseguia esperar. Era uma correria para que eu conseguisse acompanhar todas suas idéias.

Ela já andava conversado com um engenheiro fazia um tempo, e aquele dia devia estar sendo feito o orçamento.

—Olha, eu estou achando o preço meio salgado. —Ouvia sua voz dizer.

—Então tiramos o deck do orçamento, podemos...

Arqueei as sobrancelhas, eu conhecia aquela voz...

—Mas a ideia do deck foi sua. Já tem um tempão que está encarecendo a coisa toda. —disse ela, impaciente.

—Não é isso, só imaginei que ficaria...

Então eu surgi na varanda, chamando a atenção dos dois.

—Que bom que chegou, acho que preciso de ajuda aqui — falou ela para mim.

Mas eu não a encarava.

O homem me olhou de cima a baixo, parecendo surpreso, a boca entreaberta por um segundo.

Nesse instante, eu percebi que não deveria ter deixado que me visse. Ainda nem tinha me acostumado com meu novo... estado.

—Ellen... —disse David, impressionado.

Sorri meio sem jeito para ele e me aproximei, lhe dando um abraço.

—Então vocês se conhecem? —perguntou Ana, nos analisando com curiosidade.

—Sim — respondi, meio sem jeito.

Eu e David nos encaramos. Podia ver as dúvidas em seu rosto.

Estranhando o clima, ela então disse:

—Está bem, eu vou deixá-los a sós e depois finalizo com você — apontou para o homem, que sorriu do seu jeito ameaçador.

A Governanta (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora