Capítulo 21- Confissões

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Eu mal podia acreditar que aquele dia estava acontecendo. Era simplesmente muita informação para assimilar. Minha cabeça doía enquanto eu voltava para casa. Eu só queria tudo de volta ao normal. Mas qual seria o normal, afinal? Seria antes de minha esposa me abandonar, ou antes de ela voltar como se nada tivesse acontecido?

Minha cabeça estava ainda mais confusa. Era um misto de emoções, que iam entre raiva, tristeza, compreensão, dúvida... Tentei esfriar a as ideias, até que cheguei a minha casa, onde descobri pelo porteiro que Ellen esteve ali e não fazia muito tempo.

Fiquei confuso, pois não fazia sentido ela estar ali naquele horário, onde o aniversário ainda deveria estar acontecendo.

Desci do carro e fui para meu quarto, querendo deitar um pouco antes de procurar falar com Ellen. Só que, ao passar na frente de seu quarto, resolvi abrir a porta, mesmo sabendo que ela não estava ali.

Assim que observei o cômodo mal iluminado já senti falta de algo. Percebi que a pequena bagunça que ela sempre deixava em sua mesa e sua cama não estavam ali. Em vez disso, a cama estava perfeitamente arrumada, com lençóis trocados, e sua mesa estava vazia. Acendi a luz do quarto antes de entrar. Andei até o meio do quarto e olhei ao redor. Sem conseguir me conter, fui até seu closet, mas realmente não esperava encontrá-lo completamente vazio.

Voltei a olhar para mesa e notei um pequeno bilhete. Com o coração na mão, como se soubesse o que me esperava, fui até lá e o li.

Meu estomago deu um salto, o desespero cresceu em meu peito, e eu busquei meu celular no bolso e digitei seu número decorado. Liguei uma, duas... Seis vezes e ela não atendia. Eu me perguntava o que estava acontecendo, por que ela saiu dali sem me avisar, por que havia pedido demissão? Um desespero parecido... Eu ri sem achar graça. Lembro quando não achei Paloma em casa... E agora, no mesmo dia em que ela resolve voltar, Ellen simplesmente some.

Liguei para Emily. E mais algumas vezes, até que ouvi sua voz.

—Alô — disse, parecendo aborrecida.

—Emily, onde está sua irmã? Por que ela levou as coisas delas daqui? Por que ela pediu demissão?

—Tem certeza que não sabe? —ouvi uma porta bater, também podia ouvir seus passos.

—O quê?

—Olha Henry, acho melhor parar de ligar e nos deixar em paz.

—Como assim? O que aconteceu?

Ela bufou do outro lado.

—Ela viu você hoje. Com uma mulher no restaurante. Sinceramente, não acredito que fez isso. Eu realmente achei que você fosse diferente.

Meus olhos estavam arregalados, em completa surpresa. Não podia ser!

—Calma, Emily... Não é bem isso. Não é o que ela está pensando.

—Ah, não? Então não era você beijando uma mulher naquele restaurante?

Eu hesitei por um segundo.

—Imaginei — continuou ela. —Veja bem, não procure ela, evite mais complicação.

—Eu juro que existe uma explicação plausível pra isso, Emily!

Ela riu irônica.

—Por favor, eu preciso falar com ela. Juro que tem explicação! —falei desesperado.

—Eu duvido muito, mas... Vou te dar uma chance de aborrecer minha irmã mais um pouco, só porque ainda acho que você deve ouvir umas poucas e boas. Mas venha amanhã, ela realmente não pode conversar hoje.

A Governanta (Concluído)Where stories live. Discover now