O filho perfeito

By RobertaDragneel

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Dinesh Yamir é o filho de um grande empresário, por isso as expectativas sobre o seu futuro são altas. Então... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Especial [+18]
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27 (Parte I)
Capítulo 27 (Parte II)
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35 (Parte I)
Capítulo 35 (Parte II)
Bônus: "A Carta"
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38 (Parte II)
Capítulo 39
Capítulo 40
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 38 (Parte I)

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By RobertaDragneel

"Romeu, me salve, estão tentando me dizer o que devo sentir
Esse amor é difícil, mas é real
Não tenha medo, nós vamos sair dessa bagunça
É uma história de amor, querido, apenas diga sim." - Love Story, Taylor Swift


Yakito Homura deixava um longo suspiro de alívio escapar de seus lábios. Ao receber a ligação de seu cliente, Dinesh Yamir, pedindo para continuar a sua defesa, o seu peito se encheu de esperança. Afinal, como um advogado renomado, sua consciência não ficaria limpa sem garantir o direito de defesa do indiano. Atualmente, os dois se encontravam numa pequena sala particular em uma das penitenciárias do Japão.

— Nós temos menos de duas semanas para elaborar a sua defesa, Dinesh. Isso vai ser complicado, mas farei o possível para te inocentar.

— Confio nas suas habilidades, senhor Homura.

— Mas eu gostaria de perguntar algo antes. O que te fez mudar de ideia tão repentinamente?

Dinesh ajeitava-se na cadeira metálica, lançando um olhar calmo em direção ao advogado. A sua barba estava perfeitamente feita, dando um aspecto mais maduro e sério em seu semblante.

— Não ligo que aqueles miseráveis tenham morrido. Eles mereceram, mas eu decidi aceitar a punição pelo o que houve com a Sakura. Mesmo com o juiz tendo me inocentado, uma parte de mim relutava em acreditar nisso.

— Por que? Claramente, não havia provas contra o senhor. — comenta Homura, indignado. — Nem mesmo o depoimento da vítima tinha força para incriminá-lo.

— Eu passei a minha infância ouvindo o meu avô falar que eu era uma pessoa ruim. Os meus amigos, naquela época, falavam a mesma coisa. Quando cresci, esse mesmo tipo de pensamento retornou ao adentrar no mundo dos negócios. Durante toda a minha vida, as pessoas me tratavam como um monstro, alguém à beira do colapso — dizia descendo o olhar para as próprias mãos, soltando um breve suspiro. O seu olhar era distante, preso em memórias do passado onde era consumido pela palavra "decepção". — Então, se uma crueldade fosse cometida, provavelmente eu seria o culpado. Por que eu iria acreditar na minha inocência se ninguém tinha fé em mim? Nem eu mesmo tinha, por sinal.

O semblante de Homura, apesar de sério, expressava a sua singela tristeza diante do comentário do indiano. Naquele momento, compreendeu uma parte da personalidade agressiva de Dinesh. O homem diante de seus olhos havia sido afetado pelos comentários perversos que ouviu durante sua vida até que acabou sendo consumido por eles.

"Uma mentira contada várias vezes acaba se tornando verdade", pensa Homura.

Em um gesto de solidariedade, abriu o seu melhor sorriso e inclinou o corpo para frente a fim de encarar diretamente os olhos escuros de seu cliente.

— Eu vou te tirar daí, custe o que custar.

— Gosto dessa determinação, o senhor seria um ótimo funcionário da empresa da minha família.

— Eu quero distância desse lugar, isso sim! Até parece que é amaldiçoado.

A risada rouca de Dinesh ecoa pela pequena sala.

— Não posso discordar. Bem, quanto as provas para me inocentar, eu posso te dar uma dica. — comenta apoiando os cotovelos na mesa, repousando o queixo em ambas as mãos juntas. — Entre em contato com o Takeo, o líder da máfia local.

— O que?!

— Calado e me escute. — repreende-o, sério. — Ele sabe o endereço dos antigos capangas do Thomas e poderá usar a sua influência para fazer alguns desses homens depor contra o miserável. Eu quero que use as pessoas mais afetadas por aquele lixo humano, assim você conseguirá influenciar o júri.

— Nossa! O senhor pensou em tudo isso tão rápido?!

Dinesh abria um sorriso convencido, erguendo o canto da boca e fechando brevemente os olhos.

— Quando se trata de estratégias, eu sou o melhor. De qualquer forma, não podemos perder tempo. O senhor tem menos de duas semanas para provar que eu sou uma boa pessoa, o que é um pouco difícil, e provar que o Thomas...

— ... Era um desgraçado. O senhor quer desvalorizar a vida da vítima, assim o seu crime não irá parecer cruel e muito menos errado. — conclui o advogado com os olhos arregalados. — É errado...

— Mas?

— Mas é o certo a ser feito. Como o errado pode ser, ao mesmo tempo, certo?

— Eu venho me questionando o mesmo por anos, senhor Homura. — o Yamir dizia jogando o corpo para trás, apoiando as costas na cadeira gélida. — Quando o bhai foi sequestrado pelo próprio avô, eu recorri à pessoas perigosas para salvá-lo. Depois de tudo ter acabado bem, comecei a refletir sobre minhas atitudes. Será que há mesmo o limite entre certo ou errado quando lutamos por algo que amamos? Para mim, apenas há o necessário.

— Eu gosto da sua filosofia, senhor Yamir. — admite o advogado, arrancando uma expressão surpresa do indiano. — No Direito, nós nos encontramos frequentemente com esse dilema, somos julgados por defender pessoas "ruins", mas o que há de errado nisso? Não é como se compactuássemos com suas ações, apenas queremos garantir que a voz dessas pessoas não seja silenciada.

— Eu creio que seremos grandes amigos quando eu sair daqui.

O sorriso de Homura tornava-se evidente, expondo os dentes brancos e levemente desalinhados.

— Estou contando com isso, temos muito o que conversar. Então, senhor Yamir, há outra dica importante que eu deva saber?

(...)

Na Índia, Kiran ouvia atentamente cada parte do plano para inocentar o seu irmão. Ele andava de um lado para o outro no escritório, segurando firmemente o celular enquanto Homura explicava os detalhes. O seu semblante indicava a evidente preocupação com o caso, pois sabia que Dinesh tinha menos de uma semana para provar a sua inocência em dois homicídios.

— Acha que temos uma chance, senhor Homura?

Ele podia escutar o suspiro longo do mais velho do outro lado da linha.

Sim, mas temos apenas uma chance. Então, todo movimento deve ser feito com sabedoria. O Ministério Público tentou desarquivar os inquéritos das mortes de Dylan Hall e Ryan Mitchell mas não obtiveram sucesso. Como ambos são estrangeiros, a polícia deixou essa decisão à encargo do país de origem deles. Pelo visto, nenhum dos dois era querido porque o inquérito continuou arquivado.

Não fico surpreso. Para mim, tudo isso é um reflexo de forma como eles tratavam as pessoas. A lei do carma, como o bhaya sempre dizia. — comenta Kiran, sentando-se na mesa e balançando as pernas. — Mas e a morte do Tomio? O que pode ser feito?

É uma situação complicada. A morte do Tomio está diretamente relacionada ao Dinesh, já que há material genético dele por toda a cena do crime.

Podemos usar a desculpa de que ele entrou acidentalmente no quarto.

— Mas as provas estão até mesmo no cadáver, senhor Yamir. Será preciso algo muito concreto e relevante para encobrir esse fato.

Kiran apertava o celular, mordendo o interior das bochechas. Ele se sentia cada vez mais angustiado com a aproximação do júri do Dinesh.

— E sobre o Thomas?

— Estou seguindo as instruções do seu irmão, por mais maluca que sejam. — Homura dizia massageando as têmporas, sentado confortavelmente na cadeira do seu escritório. — Eu entrei em contato com o tal Takeo, ele disse que o Dinesh pediu para ocultar os corpos dos seguranças do Tomio na noite do baile. Quanto ao Thomas, Takeo conseguiu manipular as testemunhas, até mesma aquelas do Ministério Público.

— Nossa! O bhaya não deixa de jogar mesmo preso!

— Sim, o seu irmão é um estrategista nato.

Essa deve ser a primeira vez em que ele usa suas habilidades pensando na própria felicidade, pensava Kiran com um sorriso orgulhoso.

— Vai dar tudo certo, eu sei que vai!

— Claro, eu tenho fé de que a verdadeira justiça seja feita. Depois de investigar mais à fundo, eu me surpreendo como ninguém nunca tentou matar aquele tal Thomas Adams. Se ele não fez estágio com Lúcifer, não sei como consegue ser tão cretino.

Kiran ria diante do comentário do advogado, jogando a cabeça para trás.

— Sim! Pelo o que o bhaya contava dele, há mais crueldade em sua vida do que imaginamos

— Mas já está na hora de toda a máscara cair e o Dinesh está fazendo a sua última jogada como manipulador: usar a sua verdade para salvar sua vida.

— Só nos resta torcer para que todos entendam isso.

(...)

Dinesh lançava um olhar confuso em direção ao guarda que apenas o conduzia para a sala de visitas. Mesmo sem entender o porquê de sua mãe aparecer naquele momento, decidiu ser levado sem fazer nenhum questionamento. Porém, a sua expressão muda para completa surpresa ao ver a mulher à sua frente.

Miyuki acenava sorrindo timidamente. Ela usava uma calça xadrez vermelha e preta, uma camisa branca e um casaco jeans, além de um par de tênis brancos. O seu longo cabelo estava solto e a franja perfeitamente alinhada em sua testa. Os seus olhos negros, demarcados por um delineado, fitavam o indiano de forma intensa.

Ele apreciava a sua beleza até se aproximar em passos lentos, após o guarda se apoiar na porta da sala de visitas, um pouco longe de ambos.

— O que faz aqui, Miyuki?

— Eu vim visitar o meu salvador. — comenta com as bochechas levemente ruborizadas. — Eu sempre soube que você não tinha feito aquela atrocidade.

— Obrigado por manter a fé em mim. — sorria com sinceridade. — Mas esse não é ambiente adequado para você, Miyuki. Há pessoas ruins aqui.

— Eu estou acostumada a lidar com pessoas ruins. Esqueceu da boate onde eu trabalhava? — questiona indo até uma mesa, acomodando-se em uma das duras cadeiras. — De longe, foi o pior lugar que já trabalhei.

— Você está certa. Por falar em trabalho, como estão as coisas na empresa? — pergunta sentando-se à sua frente, apoiando os cotovelos na mesa. — Eu soube que a Youko e a mamadi estão lidando temporariamente com as questões da presidência.

— As duas são incríveis juntas! A sua mãe sabe lidar bem com a empresa.

Ele ria fraco e balança a cabeça em concordância.

— Ela fez Administração no passado, infelizmente não seguiu o seu sonho mas essa é a oportunidade perfeita para isso.

— Tenho certeza que a empresa está em boas mãos. — comenta analisando o seu ex-chefe de acima à baixo. — Você combina com cabelo curto e barba.

— É difícil encontrar algo que eu não combine, Miyuki — brincava com um sorriso convencido, segurando a risada ao vê-la o fuzilar com o olhar. — Eu... Eu senti a sua falta.

Ela arregala os olhos surpresa, sentindo o rosto esquentar novamente.

— Sentiu?

— Eu gosto da sua companhia.

Deve ser apenas carência, ela pensa com um sorriso triste.

— Que bom... Eu também gosto da sua.

Os dois permaneceram em silêncio por longos segundos, encarando a face um do outro. Dinesh sequer desviou o olhar, analisando cada traço delicado do rosto dela e, principalmente, os seus olhos que carregavam o brilho de uma vida repleta de machucados. Por outro lado, Miyuki buscava palavras para se expressar e tornar aquela possível despedida significativa. Contudo, tudo o que conseguiu fazer foi chorar. Chorar por não ter sido capaz de salvar aquela alma quebrada diante dos seus olhos. O Yamir percebeu a fragilidade da jovem e esticou a mão, tocando delicadamente o seu rosto secando as lágrimas com o polegar.

— Eu não mereço as suas lágrimas.

— E mesmo assim, cada gota pertence à você. Cada parte de mim, sempre pertencerá à você mesmo que eu lute contra isso. — dizia Miyuki fechando os olhos, soluçando baixinho. — Você não somente me livrou daquele inferno, como também mostrou o quão belo o paraíso poderia ser. Eu estou sendo egoísta agora, Dinesh, e pedindo para lutar para viver com todas as suas forças. Eu nem me importo em carregar esse sentimento unilateral, só quero que tenha a chance de ser feliz. Você merece mais do que qualquer um. Chega de fugir da felicidade, por favor...

Dinesh a encarava com um misto de surpresa e admiração. A sua carícia suave tinha fim quando secava a última lágrima da bochecha de Miyuki, repousando novamente a mão na mesa.

— Sentimento unilateral? — questiona arqueando a sobrancelha. — É isso que você pensa?

— Ora, claro. Você sempre deixou claro que...

A sua fala é interrompida por uma risada arrastada do Yamir, fazendo-a franzir o cenho irritada.

— Ei! Não precisa rir dos meus sentimentos!

O indiano apoiava a sua mão sobre a dela, entrelaçando os dedos com ternura no olhar. Miyuki expressava confusão e surpresa com sua atitude, sentindo o coração bater rápido ao mesmo tempo que as bochechas esquentavam.

— O amor não é um refúgio temporário onde podemos usá-lo apenas nos bons momentos. É um sentimento que serve para nos dar forças nas situações difíceis, por isso é o pilar de qualquer relacionamento. Eu encontrei essa força estando com você, Miyuki. — dizia olhando no fundo de seus olhos, adotando uma postura mais séria sem afastar o brilho único em suas íris escuras. — Quando ninguém tinha fé em mim, nem eu mesmo, você continuava lutando e tentando me mostrar que havia mais do que dor em meu coração. Eu nem faço ideia do quanto você sofreu por estar ao meu lado e, mesmo assim, não desistiu de mim. Quando eu contei aquela atrocidade, eu senti que uma parte sua ainda relutava em acreditar nesses fatos. Sabe por quê? Porque o seu amor foi capaz de encontrar a verdade antes mesmo de mim.

Miyuki fungava baixinho enquanto algumas lágrimas escorriam por suas bochechas coradas. Dinesh apertava mais ainda a sua mão, continuando a falar:

— E eu percebi que essa sua insistência começou a me afetar. Eu não queria machucar ninguém na sua frente, não queria que visse a minha essência ruim... Porque eu queria continuar te tendo ao meu lado. Algo dentro de mim sabia o quanto eu precisava desse amor, era a minha última chance de voltar a ser uma boa pessoa. Quando eu te vi com aquele estagiário de merda...

— Olha a língua, Dinesh.

— Foda-se. Eu senti meu sangue ferver e percebi que, pela primeira vez em muito tempo, queria ser egoísta. Eu te queria só para mim, Miyuki. Não como a minha secretária, não como uma mera conselheira em momentos difíceis. Eu te queria como a minha mulher. A minha iadala.

Dinesh abria um sorriso triste, abaixando o olhar por breves segundos ao lembrar do apelido carinhoso que o seu pai usava com Mahara. Mesmo se passando meses depois de sua morte, ele podia recordar facilmente do tom terno o qual Raj dizia o nome da mulher amada.

— Iadala...? O que significa? — questiona Miyuki.

— Querida. O meu baldi usava com a mamadi.

— E v-você está usando comigo?

— Por Ganesha, Miyuki. Por você, eu aprenderia todos os apelidos carinhosos do mundo. — ele deixava uma risada anasalada, erguendo a mão para beijá-la com ternura sem quebrar o contato visual com a jovem. — Mi amor, darling, dio amore, strimani.

— E-Eu não entendi nada, mas por que estou tão feliz? — ela questiona escondendo o rosto com a mão livre soluçando baixinho. — Como eu sou tola.

— Para mim, o amor tinha que trazer paz para o meu coração. Era para ser um sentimento pacífico. Mas desde que te conheci, percebi que não é tão simples assim. Eu nunca trataria o amor como uma luta mas, por você, eu sinto que vale à pena lutar. Para ter o seu amor, eu lutaria contra todo esse fodido mundo sem pensar duas vezes.

Miyuki afastava a mão do rosto, ainda chorando mas se via presa ao olhar apaixonado do seu ex-chefe.

— Eu peço para todos os deuses me ouvirem nesse exato momento! — exclama colocando a mão delicada da jovem entre suas duas mãos fortes, apertando-as carinhosamente enquanto abaixava a cabeça em sinal de oração. — Se eu não conseguir a minha inocência, permitam-me reencarnar ao lado dessa mulher incrível. Eu quero que mantenham o coração dela aberto para mim na outra vida. Ela é a minha felicidade. Ao seu lado, eu me sentia perfeito... Não precisava viver essa cobrança excessiva, pois estava com alguém que aceitava todos os meus defeitos.

Quando Dinesh erguia a cabeça, Miyuki sentia um calafrio percorrer o seu corpo. O indiano estava mais determinado do que nunca, como se pudesse lutar com todas as suas forças por esse amor. Ela sentiu que todo o seu esforço e sofrimento não havia sido em vão. Ao sentir o toque caloroso das mãos do maior, tinha a plena certeza de que não se tratava de um sentimento unilateral. Não mais. O calor de ambas as mãos juntas mantinha a chama do amor acessa, queimando nos corações dos dois.

— Eu amo você, Miyuki.

O coração da jovem se aquecia de uma maneira inexplicável. Ela colocava a mão livre sobre a dele, abrindo um sorriso entre as lágrimas. Naquele momento, nada mais importava do que estar ao lado do homem que a ensinou a amar de uma forma diferente. Ele havia perdido a esperança no amor e, sem perceber, acendia essa mesma esperança no peito de Miyuki. Desde então, ela se sentia na necessidade de mostra-lo que ele era digno do amar e ser amado. Depois de tanta insistência, percebeu que havia conseguido completar a sua "missão".

— Eu também amo você, Dinesh. Eu posso ouvir de novo? — questiona receosa, desviando brevemente o olhar. — É que... É muito bom para ser verdade. Eu posso estar sonhando.

Ele ria fraco inclinando o corpo por cima da mesa, depositando um beijo demorado nas costas da mão de Miyuki. O rosto dela tornava-se corado novamente enquanto sentia o coração bater tão rápido que jurava que iria sair pela boca à qualquer momento.

— Eu amo você. Eu amo muito, Miyuki. Eu amo cada parte do seu corpo, do seu jeito de ser e do seu sorriso. — dizia subindo os beijos pelo braços dela, fechando brevemente os olhos. — Amo como fica fofa quando está envergonhada e também amo o bico que você faz quando me dá uma bronca.

— E-Espera, você percebeu isso?

— Por que não perceberia os detalhes da mulher que eu amo? — questiona sorrindo de canto, voltando a se ajeitar na cadeira. — Eu sou um bom observador, Miyuki.

— E-Eu notei. — sorria sem jeito, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha. — Mas por que estamos no pátio mesmo? Eu pensei que havia salas reservadas para casais aqui.

— Se eu estivesse sozinho com você em uma dessas salas, eu iria te foder até todo o presídio escutar os seus gemidos, Miyuki.

A jovem e o guarda na porta lançam um olhar incrédulo para o Yamir que apenas dava nos ombros, sem dar muita importância para as próprias palavras. Miyuki escondia o rosto mais vermelha do que antes, o que rendia uma alta risada do indiano antes de se levantar caminhando até a mulher e sentando-se ao seu lado. Ele passava o braço pelo ombro dela e a puxava contra seu corpo.

— Eu posso te beijar?

— Você nunca pediu permissão antes. — ela dizia com um bico, erguendo o olhar. — Foi picado pelo bichinho do amor?

— Fui. Quer saber de outra coisa que podia te picar agora?

— Cala a boca e me beija.

Dinesh ria diante do comentário da jovem, retirando a mão do ombro de Miyuki e a repousando em sua nuca onde a guiava para mais perto. Ele atacava os lábios dela com calma, como se quisesse matar lentamente a saudade que sentia de sua boca. Miyuki fechava os olhos, envolvendo os braços entorno do pescoço do indiano e arfando baixinho quando sentia a fraca mordida em seu lábio inferior. Logo, o beijo lento mudava para algo mais intenso em que ambas as línguas lutavam por espaço.

Ao final do beijo, eles se separavam minimamente deixando um fio de saliva unindo ambas as bocas. Os dois ficaram em silêncio, apreciando a companhia um do outro até que Dinesh a puxava para um abraço apertado. Miyuki logo entendeu o quão assustado ele estava com a pena de morte e acariciava as suas costas, segurando as lágrimas.

— Você vai sair daqui e nós iremos-...

— O tempo de visita acabou. — comenta o guarda aproximando-se um pouco sem jeito. — Vamos, senhorita.

Ela suspira baixinho e ficava de pé, abrindo um sorriso fraco para o Yamir.

— Cuide-se, Dinesh.

A jovem fazia uma breve reverência antes de se virar, caminhando até a porta. Porém, era surpreendida por uma mão a puxando pela cintura fazendo-a ir contra uma parede de músculos. Inicialmente, piscava os olhos confusa mas deixava todas as dúvidas de lado ao sentir um caloroso beijo em sua testa.

— Isso representa uma ligação de duas almas. — murmura ao afastar os lábios, abaixando o olhar para o rosto rosado dela. — Eu quero que a minha alma sempre esteja conectada à sua.

Miyuki sorria boba, apoiando ambas as mãos no rosto do Yamir e ficando na ponta dos pés para depositar um beijo demorado em sua testa.

— E ela estará. Para sempre, Dinesh. Eu prometo.

Ele sorria com sinceridade, sendo atingido por uma súbita onda de alegria. Então, Dinesh se abaixava até o seu joelho tocar o chão enquanto repousava a outra mão em sua perna levemente erguida. Miyuki arregalava os olhos surpresa diante da cena, encontrando-se sem palavras ao ser alvo de um olhar tão penetrante.

— Eu juro que sairei daqui e, quando isso acontecer, quero lutar com todas as forças para recuperar os meus sonhos. Mas não posso negar como a ideia de morrer me assusta ao mesmo tempo que me motiva a seguir o meu coração. Eu preciso demonstrar tudo o que eu sinto, pois não sei se haverá um amanhã para mim. Então, você aceita ser a minha esposa, Miyuki Sato?

Ela se encontrava em lágrimas, balançando a cabeça enquanto murmurava "sim" diversas vezes. Miyuki pulava nos braços do amado fazendo ambos caírem no chão. Ele a segurava pela cintura e distribuía vários beijos nos lábios da jovem. Infelizmente, o tempo de visita tinha se esgotado e ela precisou sair da sala antes de levar alguma advertência. Dinesh a acompanhou com o olhar sem esconder o sorriso apaixonado.

— Você é uma boa pessoa. — murmura o guarda o conduzindo para a cela. — Espero que vocês dois fiquem juntos.

Own't! Todo fanfiqueiro. — debocha o indiano, recebendo um empurrão do guarda para andar mais rápido. — Tá bem, tá bem. — ele respirava fundo e sorria fraco. — Obrigado...

Apesar do semblante de reprovação, o guarda não tarda em suavizar as expressões faciais, dizendo:

— Uma moça tão gentil assim não tem preço.

— De fato. O coração dela não tem preço, mas digamos que o lance inicial foi dois milhões. — comenta Dinesh em um tom nostálgico. — É pouco comparado ao sentimento de alegria que ela me trouxe.

— Dois milhões? Isso é uma metáfora, certo?

— Claro que não. — respondia sorrindo de canto, entrando em sua cela e acenando o olhando por cima dos ombros. — Tenho uma boa noite, senhor. 

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