O Plano J

By xxliswa

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[CONCLUÍDA] A relação de ódio entre Lisa e Jennie era conhecida por todos - e alimentada pelas próprias - des... More

"Uma breve introdução ao ódio" por Park Rosé.
Não é tão fácil assim ser um cupido
Divagações sobre pedidos de desculpas, segredos e quedas acidentais
Tudo certo pra errado
Traição é traição, romance é romance, amor é amor e o lance é o lance
Tópico: Colegas de quarto
Amarula e circo
Tudo é uma questão de ódio
Tava ruim, mas agora parece que piorou
Pausa para o café
Ultrapassando todos os limites
Quase um final feliz
A culpa é minha e eu ponho ela em quem eu quiser
Uma longa conclusão sobre o amor e suas consequências nem tão devastadoras
Informações adicionais
Se eu morrer, Momo me mata
"Uma breve introdução ao caos", por Lalisa Manoban
Outro ponto de vista
Um cogumelo muito louco
A tão esperada trégua
Histórias cruzadas
Onde está Park Rosé?

Esclarecimentos não esclarecidos

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By xxliswa

Um ano antes
— Jennie Kim
━━━


"[...] Na loucura de toda essa situação, que não durou tanto tempo assim, Jennie começou a correr com seus saltos afundando na grama e Lisa se virou para ir atrás dela. Jisoo continuava sentada e eu me inclinei para frente no momento que Lisa agarrou o ombro de Jennie, que continuou correndo. As mãos de Lisa escorregaram e puxaram a alça do vestido dela, que soltou.

O resultado? Jennie se desequilibrou e caiu na piscina, salto, vestido, alcinha arrebentada indo por água abaixo, literalmente."





Os postes de luz passavam rápidos, refletidos na janela do carro. O tempo começava a esfriar, trazendo uma brisa noturna que tornaria as noites quentes suportáveis, mas, por causa do banho de piscina de mais cedo, meu queixo batia levemente.

Afundei no assento, apertando o casaco em meu corpo úmido. Tudo aconteceu tão rápido que era difícil processar. Em um segundo eu estava naquela festa, irritada por Lisa fingir que nada estava acontecendo entre nós ao passo que agia como a Lisa ignorante de sempre, e então, minutos depois, eu estava debaixo d'água, naquela piscina lotada de urina e fluidos corporais, com metade da festa apontando o celular na minha cara.

— Sehun? — chamei.

Ele não tirava os olhos da estrada, segurando o volante com força e mantendo o maxilar trincado, mas soltou um murmúrio que eu acreditei ser um "sim?"

— Se você quiser, eu posso... — Funguei, passando o dorso da mão nas bochechas molhadas pelas lágrimas. — Posso esclarecer as coisas com o seu namorado sobre... sobre o beijo.

Eu fiquei chateada e agi sem pensar, beijei Sehun na frente do namorado dele. Na verdade, eu estava mais que chateada, eu estava puta com Lisa. Ela transformou o meu dia já péssimo em um verdadeiro inferno ao me empurrar na piscina, porém, foi mancada eu ter feito aquilo com Sehun.

— Não precisa esclarecer nada. — Sehun me olhou com as sobrancelhas castanhas juntas. — Eu me resolvo com Luhan.

Abracei os joelhos, querendo me enterrar ainda mais no banco.

— Eu vacilei, não é? — sussurrei chorosa.

Ele me olhou de relance.

— Você ainda pergunta?

Desviei os olhos, enrolando uma mecha de cabelo no dedo. Os fios estavam duros por causa do cloro da piscina, o que contribuiu para a expressão de derrota no meu reflexo, no espelho retrovisor. O pior era que, desde o começo, eu sabia que as coisas acabariam mal. Desde que as fotos de Sehun beijando outro garoto se espalharam por todo o campus. A outra variável da equação: Lisa, estava me deixando maluca. Depois do que fizemos na cama dela, da proposta de trégua, do beijo... Toquei os meus lábios, imersa naquela memória, a coisa toda parecia surreal.

— Ela me chamou de Jennie — disse baixinho, como se estivesse sonâmbula.

Sehun franziu o cenho.

— O quê?

— Antes de eu cair na piscina, Lalisa me chamou de Jennie — repeti. — Ela não costuma me chamar de Jennie.

— Ela não costuma te chamar pelo nome? — Sehun soltou uma risada confusa. — Do que ela te chama?

Descansei a cabeça no encosto do banco, exausta.

— Digamos que Lalisa tem uma criatividade excepcional para criar apelidos... — respondi. — Mas, na festa, ela me chamou pelo nome e depois insistiu que não tinha chamado.

— Ela pode ter se esquecido — sugeriu Sehun.

Meus lábios se protuberaram em um biquinho.

— É... pode ser. — Suspirei, cabisbaixa. Pensar nessa possibilidade me entristecia. — Estávamos falando de você, aliás.

— Sobre mim? — perguntou Sehun, incrédulo.

Maneei a cabeça em afirmação, o ar condicionado do carro estava ligado, o que com certeza contribuiria para o resfriado que eu teria pela manhã, mas eu precisava de ar, precisava de algo para me incomodar, nem que minimamente, nem que fosse o vento sacolejando o meu cabelo.

— Lalisa disse que você era legal pra um ex — falei. — Mas que era estranho conviver com uma pessoa que você já transou.

Sehun deu de ombros.

— Não transamos muitas vezes.

— Transamos no seu aniversário — retruquei.

— Foi há oito meses atrás, Jennie — lembrou Sehun.

Nos entreolhamos, segurando a risada, até que ele perdeu a batalha. As gargalhadas estrondaram no carro, acompanhadas das minhas.

— Mas quando Lalisa disse isso, pareceu pessoal. — Voltei a conversa. Era reconfortante o barulho dos carros na rodovia, as luzes dos prédios ao longe se assemelhavam a vagalumes. — Aí eu respondi: "eu consigo conviver com o fato de já ter transado com alguém sem ter que precisar fingir que não, Lisa!"

Sehun maneou a cabeça, confuso.

— Repete?

Rolei os olhos.

— Eu juro que na hora deu pra entender.

Sehun riu.

— Você se irrita tão fácil... — Ele estalou a língua no céu da boca. — E eu sei porque ficou tão puta.

— Não, não sabe — respondi emburrada.

— É claro que sei, você transou com Lisa, mas ela continua fingindo que não, certo?

— Nós não transamos! — retruquei, ofendida. — Ela se aproveitou de mim uma noite e... e depois... — Engoli o seco. — E depois propôs aquela trégua idiota e me beijou a força!

Sehun me olhou com as sobrancelhas arqueadas em descrença.

— Ela te beijou à força?

Minha voz saiu esganiçada, afinando no fim.

— Foi o que eu acabei de dizer!

— Jennie, você não precisa mentir para mim. — Sehun bufou. — Além do mais, todo mundo com dois olhos funcionais vê que você gosta de Lisa... na verdade, até um cego veria.

— Eu não gosto de Lalisa — falei, mas a afirmação soou patética até para mim. — Eu não quero gostar de Lalisa — corrigi. — Lalisa não se apega, ela usa as garotas para passar o tempo e depois as descarta com a mesma facilidade.  Ela curte sexo casual e nunca dorme com uma garota duas vezes. Lalisa está acostumada a ver todas gostando dela, por isso que eu a deixo irritada, porque não sou como as outras.

Pisquei algumas vezes, controlando as lágrimas, mas a risada de Sehun me tirou da bolha de tristeza

— Por que está rindo? — perguntei.

— Porque isso é tão 2014! Não posso acreditar que você falou algo assim! — Ele respondeu entre as risadas. — Pelo menos as "outras garotas" tiveram uma noite com Lisa, já você, bem, você fica só na vontade...

Me remexi, irritada.

— Quem disse que eu fico "na vontade"? Lalisa me quer como um troféu, por isso propôs a trégua! Ela vai me jogar fora no dia seguinte!

Fechei a boca, ouvindo o leve bufar indignado de Sehun.

— Você é tão burra, às vezes...

Meu queixo caiu.

— Do que você me chamou?

Sehun suspirou, desistente. Já estávamos chegando ao campus, o montante de árvores que delimitava a universidade do centro da cidade se projetava à minha esquerda.

— Continue dizendo que não gosta dela ou não quer gostar dela, mas eu vi a cara de Lisa quando você me beijou e não me pareceu ódio, Jennie — ele retrucou, impaciente. — Porém, se quiser continuar com esse joguinho, tire proveito de algumas coisas, por céus... Se você sabe que ela gosta de sexo casual e que vai te jogar fora no dia seguinte, tenha certeza que terá uma foda fenomenal ou algo assim. — Sehun rolou os olhos. — Parece que eu tenho que te ensinar tudo.

Ficamos em silêncio, o que foi pior do que ouvi-lo falar por mais cinco minutos ininterruptos. O silêncio me fazia conjecturar sobre o que ele disse.

— Está me dizendo para... para transar com Lalisa? — perguntei, chocada.

Até a ideia parecia absurda, quer dizer, um pouco absurda.

Sehun deu de ombros.

— O que você tem a perder?

Dei um empurrão nele.

— Lalisa quer me usar!

— Então use ela também! — Sehun respondeu, como se fosse óbvio.

Com as pálpebras inquietas, revi todas as provocações de Lisa, todas as desavenças, as brigas, as desculpas esfarrapadas e a recente conversa com Sehun... Então, tive uma síncope. Estava óbvio que, além de me usar como troféu, Lisa também queria me usar para causar ciúmes em Rosé.

Era tão óbvio! Lisa percebeu que Rosé saiu do bar com outra garota, no caso Jisoo, e por isso deixou a janela do quarto aberta, para molhar a minha cama e não me dar outra alternativa que não fosse me deitar com ela. Lisa queria que eu contasse isso para Rosé no dia seguinte, é claro que queria! E, quando viu Rosé com Jisoo, me propôs aquela trégua maldita. Na festa de hoje, quando ela falou que: "Era estranho conviver com uma pessoa que você já transou" era claramente uma indireta para Rosé, já que elas transaram uma vez.

Sehun estava certo o tempo todo, se Lisa queria me usar para alcançar esses objetivos, não seria de todo ruim usá-la para alcançar os meus próprios objetivos. Submersa em pensamentos, mal notei quando o carro parou. Levantei o olhar, confusa, e vi o prédio do meu antigo alojamento à minha espera.

— Acho que deve pedir desculpas a ela — Sehun disse.

— A Lalisa? — perguntei, sem entender. — É ela que me deve desculpas!

Sehun tamborilou os dedos longos no volante.

— Tente ver através da sua arrogância, ok?

Fiz uma careta, abrindo a porta do carro em um chute.

Eu o agradeceria pela carona no dia seguinte.

. . .

Agora que eu sabia dos reais intuitos de Lisa, mudaria esse jogo. Marchei com a cabeça erguida e o nariz em pé até o quarto dela, meu antigo quarto, nosso quarto, eu ainda não sabia como chamá-lo. Os corredores estavam abarrotados de gente e o leve zumbido através das portas fechadas o fazia parecer ainda mais cheio. Me esgueirei entre grupinhos, cerveja, risadas e maconha, garrafas quentes balançando em mãos suadas e uma alegria genuína nos semblantes não-sóbrios. Alguns jogavam cartas, sentados em rodinhas no chão de concreto queimado, enquanto apostavam shots de uma garrafa suspeita.

Uma sexta-feira, uma sexta-feira comum nos alojamentos.

Bati na porta do quarto de Lisa e limpei o suor da testa. Os sons dos passos dela surgiram. Lisa andava arrastando os pés, causando um chiado característico com o seu chinelo Havaianas. Se ela tivesse olhado pelo olho mágico, não teria ficado surpresa ao me ver do outro lado do batente. O quarto estava escuro, seu rosto inchado e vermelho expressavam um semblante boquiaberto.

Lisa estava chorando?

Ela precisou de alguns segundos para pensar no que fazer e, no fim, bateu a porta na minha cara.

— Saí daqui! — Ela gritou, com a voz abafada.

— Lalisa!? — Esmurrei a porta. — Lalisa, abre!

— Eu já falei pra ir embora!

Dei um passo para trás, irritada.

— Eu preciso do meu moletom, eu deixei ele aí!

— Amanhã eu deixo no seu quarto!

— Eu preciso dele agora!

— Vai continuar precisando!

— Lalisa! — Bati os pés no chão, impaciente. — Você não pode me impedir de entrar no meu próprio quarto!

— NÃO É MAIS A PORRA DO SEU QUARTO! — esbravejou ela.

O silêncio se estendeu por alguns segundos. Lisa não me deixaria entrar, eu não teria outra alternativa a não ser mentir.

Me aproximei, colando a boca na fenda da porta.

— Eu vim pedir desculpas — disse.

Lisa demorou tanto tempo para responder que pensei que tinha desistido.

— Desculpas? — Sua voz estava baixinha e abafada, parecendo uma criança. Nessas ocasiões, o choro acentuava o agudo da voz dela.

Praguejei silenciosamente antes de responder:

— Eu também trouxe uma coisa pra você. Por favor, abra a porta.

Um tempinho se passou até a chave girar no trinco. Lisa abriu a porta, os cabelos loiros estavam presos no topo da cabeça, a franja úmida colada na testa e o blusão molhado com gotinhas de água, provavelmente lágrimas. Ela piscou algumas vezes, os cílios molhados seguindo o movimento com mais lentidão.

— O que você trouxe pra mim? — Lisa levantou o pescoço, tentando ver o que eu escondia atrás do corpo. Minhas mãos estavam entrelaçadas, segurando o vento.

— Primeiro, me diga porque está chorando? — perguntei.

Lisa fungou com o nariz vermelhinho.

— Eu não estava chorando, é só uma reação alérgica.

Maneei a cabeça em negação.

— Você não tem alergias.

Ela me olhou ofendida.

— É claro que tenho!

— Não tem, Lalisa — insisti. — Você só não pode tomar café, então toma o descafeinado, fora isso, não tem alergias.

Ela recuou num grunhido.

— Como você sabe? — Sua voz estava embargada pelo choro, fazendo tudo soar com um "b" mudo. — Eu posso ter adquirido essa alergia agora!

Rolei os olhos.

— Alergia a quê?

Lisa precisou de um tempo para pensar.

— Camarão?

Cerrei os dentes, minha paciência estava a um fio.

— Você não adquiriu alergia nenhuma, anda logo! Por que está chorando?

Lalisa cruzou os braços e abriu a boca, depois a fechou. Ela parecia uma criancinha teimosa, com um biquinho permanente nos lábios e mentindo descaradamente para mim.

— O Derek morreu em Grey 's Anatomy — disse por fim, satisfeita.

Meus olhos perfuraram os dela.

— Você odeia Grey 's Anatomy, Lalisa.

— Pare de achar que sabe tudo sobre mim! — ela esbravejou, batendo os braços na lateral do corpo. — Eu não posso mais chorar em paz!?

Eu nunca vi Lisa chorar, nem quando éramos pequenas. Ela caía e se levantava sem deixar uma lágrima rolar e usava os punhos sempre que era ameaçada.

Coloquei o presente imaginário dentro do bolso do casaco e entrei no quarto. Lisa não acendeu a luz, só a TV no mudo iluminava as nossas faces. Ela não estava vendo Grey 's Anatomy e sim, um episódio de Irmãos à Obra. Ninguém chorava vendo Irmãos a Obra. Rodei os calcanhares, observando-a fechar a porta e se escorar nela. As pernas de Lisa pareciam mais longas, cobertas por nada além do blusão que, se subisse um pouquinho mais, mostraria a sua calcinha. Ela era adepta a praticidade, as calcinhas eram grandes, com as alças mais largas. Eu gostava disso, era um detalhe tão simples, mas eu gostava. O primeiro garoto com quem fiquei me disse que homens não aprovavam esse tipo de calcinha e, desde então, uso as rendadas, que entram em todas as partes incômodas.

— Eu sei porque você está chorando — falei.

Os olhos de Lisa se arregalaram, esperançosos.

— Sabe...?

Maneei a cabeça em concordância.

— Uhum — respondi, fingindo achar minhas unhas interessantes. — E eu vou te ajudar a conseguir o que quer.

Me aproximei de Lisa a passadas lentas, ela se encolheu.

— Eu sei que você gosta dela — sussurrei, sorrindo de lado.

Lisa estava em um misto de choque e confusão, era visível pelas expressões em seu rosto.

— Você... — Ela se engasgou. — Você sabe?

Parei a uma distância segura, sem tirar os olhos dos dela.

— É claro que eu sei — respondi, com o nariz arrebitado.

— Desde... — Seus olhos se estreitaram, estavam tão brilhantes e inocentes. Eu precisava me lembrar do que eram capazes, senão cairia naquela conquista barata. — Desde quando você sabe?

— Desde que éramos pequenas — respondi, dando de ombros.

Eu estava surpresa dela estar surpresa por eu saber. Qual é? Elas tiveram a primeira vez juntas!

Lisa empalideceu, cobrindo a boca com as mãos.

— Você sabia esse tempo todo?

— Lalisa, só um cego não veria. — Me aproximei, fitando-a intensamente. — Mas ela não liga muito pra você, não é?

O lábio inferior de Lisa tremeu, estava segurando para não chorar.

— Eu achei que você não soubesse — Sua voz saiu um fiapo.

Respirei fundo. Lisa finalmente admitiu que gostava de Rosé. Era difícil ser jogada de escanteio a todo momento, ser a avulsa nesse lance Chaelisa, mas agora que eu poderia usar essa informação contra Lisa, não consegui ir adiante. Eu sentia na pele como era gostar de alguém e não ser correspondida e, pela expressão de Lisa, doía Rosé não correspondê-la. Eu não podia usar isso contra ela, porém, foi tarde demais para dizer algo. Lisa terminou com a distância que nos separava, me fitando com uma intensidade avassaladora.

— Lalisa, eu n..

E pressionou os lábios nos meus.

Meus olhos se arregalaram e meu coração bateu rápido no peito, mas minha boca se abriu e deu passagem, mesmo que de forma automática, para a língua de Lisa. O gosto de menta dos lábios dela me relaxou, soltei um suspiro pesado. Descrever como era a sensação de beijá-la se tornava impossível a cada investida, aprofundando o beijo. Ela segurava a minha nuca, fodendo a minha boca com a língua.

Se eu pensei que poderia ter um mínimo controle sobre isso, estava enganada.

Lisa colou o corpo no meu, sem deixar de soltar as mãos da minha nuca, e seus dedos em contato com a minha pele quente aumentava o frio na barriga. Ela não me deu tempo para respirar e atacou os meus lábios aos tropeços, como alguém que encontrou água no meio do deserto. Desci com as mãos para os seios dela, apalpando-os, enquanto um sentimento difuso aparecia — raiva por tudo em Lisa ser tão deliciosamente gostoso e raiva por estar perdendo o controle. Minha mente se bifurcou, eu queria socar aquele rosto bonito e beijá-la ao mesmo tempo.

Lisa finalmente parou o selar, arfando como eu, e os nossos olhares se encontraram segundos antes de um sorriso sapeca nascer em seus lábios.

— Eu pensei que esse momento nunca fosse chegar — ela confessou.

Balancei a cabeça, confusa.

— Que momen...?

Lisa não esperou a resposta e voltou a me beijar. Ela queria Rosé tanto assim? Ao ponto de ficar genuinamente feliz em me beijar só para causar ciúmes nela? Eu precisava de minutos de paz para pensar melhor, mas nunca quis tanto foder com alguém antes. Não era apenas uma atração sexual, era um gostinho de ganhar algo que eu sempre quis, mesmo que sem saber o que queria.

Caminhamos aos tropeços até a cama desforrada de Lisa. Isso mesmo, eu transaria em uma cama desforrada. A constatação veio acompanhada de um certo julgamento, assim que minhas costas atingiram o colchão macio. Por que eu estava me submetendo aquilo? Logo eu, que me recusava a sentar em uma cama desforrada. Mas assim que Lisa abriu as minhas pernas com um tapa, a questão foi respondida:

Eu queria desesperadamente ser a porra de um trófeu.

Os cabelos de Lisa eram uma bagunça; ela não tiraria os apliques. Arfei, mais necessitada do que queria transparecer, e a boca dela se curvou num sorriso enquanto descia, empinando a bunda.

— Você sempre foi tão promíscua assim? — Lisa perguntou em um sussurro.

Como ela ousava me chamar de promíscua!?

— Sim — me ouvi respondendo. — Muito promíscua...

Lisa riu. Desgraçada.

Ela tirou o meu vestido úmido e o meu casaco, atenta as minhas reações. Eu me preocuparia com a confissão de Lisa em outra ocasião, mais tarde, no dia seguinte, depois de gozar, em outro momento, mas não naquele. Lisa envolveu minhas coxas com as mãos e arqueou as costas, a curva perfeita do seu corpo estava no meu campo de visão.

Prendi a respiração ao sentir a boca dela no tecido da minha calcinha, a língua molhada indo e vindo lentamente. Me remexi, apressada, mas ela segurou a minha cintura. Era difícil saber o que era saliva e o que era suor, já que Lisa lambia com avidez a minha calcinha e entre as minhas coxas. Quando ela puxou o pequeno tecido rendado, eu já me contorcia e gemia altivamente. Segurei as madeixas loiras para empurrar a cabeça de Lisa com mais força.

Eu estava amando aquilo; poderia dizer que não, mas seria mentira. O som dos meus gemidos misturados às sucções dela, aos arfares e a respiração pesada... Lisa usava os dedos e, enquanto as falanges iam e viam, ela lambia lentamente, lambuzando tudo com saliva.

Em um certo momento, Lisa levantou a cabeça e olhou para cima, com aboca melada e um fio que a conectava com a minha buceta. Passei o dedo sobre os seus lábios, chupando-os depois.

Nossos olhares se encontraram e pareciam ter tanto para dizer, mas Lisa veio para cima e me beijou. O meu gosto estava lá, impregnado em seus lábios. Aproveitei a oportunidade para tirar a blusa dela, prendendo seu corpo ao meu com as coxas. Finalmente, nos tocávamos sem nenhum pano para impedir. Éramos chamas. Seus lábios chupavam o meu lábio inferior e trilhavam um caminho tortuoso até o meu pescoço, ao mesmo tempo que pressionava os quadris no meu. Lisa era boa naquilo, era como uma dançarina experiente que conhecia de có os passos de uma música.

O som do que fazíamos era tão gostoso que fechei os olhos para aproveitar melhor. Ela chegou ao meu mamilo, raspando os dentes lentamente sobre eles e me fazendo soltar alguns palavrões contidos, que só resultaram em risadas anasaladas vindas dela.

— Você... —  Lisa passou com a língua entre os meus seios. — ...é perfeita.

Olhei para o teto, buscando ar.

— Achei que me odiasse... — lembrei, com os lábios entre os dentes.

Odeio. Odeio muito. — Ela riu, provocando calafrios graças à respiração quente. — Ser gostosa assim é ilegal...

Meu peito subia e descia com as respirações rápidas.

— Na verdade, não há nada no Código Penal que... ah... — Engoli o seco, desorientada. — Era figura de linguagem.

Lisa riu de novo.

— É por isso que eu te odeio tanto.

Franzi o cenho. Ela estava zoando com a minha cara?

Lisa agarrou as minhas coxas, repousando uma sobre o ombro e a outra presa entre os dedos. Fiquei em posição de frango grelhado, todo aberto, pronto para ser assado. Nem sabia que tinha tanta elasticidade.

Lisa sussurrou no meu ouvido enquanto encaixava o quadril no meu.

— Espero que goste, morena.

Sorri, ganhando uns selinhos em troca. A matemática daquilo era fácil de entender, já vi em vídeos impróprios para menores de idade, mas sempre achei a reação das atrizes forçadas demais. Elas precisavam gritar tanto por causa de umas esfregadas? Lisa só encostaria a dela na minha e mexeria, pronto.

...Arregalei os olhos.

— Porra!? — Soltei um gemido surpreso.

Minhas unhas quase inexistentes afundaram no colchão, enquanto Lisa apertava as minhas coxas, tentando acertar o ritmo. Os cabelos dela caíam sobre os seios, grudados na pele suada, e o gemido era tão gostoso de ouvir que eu não aguentaria por muito tempo, e eu estava aguentando por muito tempo, quer dizer, era a minha primeira vez com uma garota e... meu deus, era a minha primeira vez com uma garota e eu só me lembrei agora! Qual o meu problema!? Nós faríamos de novo, certo? Hoje teria mais, tinha que ter mais, eu nem chupei a...

— Jennie? — Lisa me chamou num sussurro quase sôfrego. — Tá tudo bem aí?

Balancei a cabeça em afirmação.

— Tá gostoso — suspirei, agarrando a nuca dela para colar nossas faces. — Não pare até eu gozar.

Os movimentos ficaram mais rápidos, os gemidos em conjunto com a nossa respiração descompassada ecoaram contra aquelas paredes. Lisa agarrou o meu pescoço, num embate de línguas em um beijo bagunçado, e o ápice chegou para nós duas. O quarto pareceu pequeno para a onda de sensações que me atingiram. Fechei os olhos, sentindo o corpo de Lisa pesar sobre mim.

A calmaria chegou sorrateira, nos deixando sem saber como voltar a respirar normalmente, mas já queria de novo. Era maluquice querer de novo? Esperei um tempinho, talvez fosse como comer uma comida gostosa e repetir por gula.

O tempo passou, eu ainda queria de novo, mas precisava esclarecer algumas coisas.

— Acho que devíamos ser como éramos antes — falei.

Lisa levantou a cabeça, só o suficiente para me encarar.

— O quê?

— Acho que devíamos voltar a nos odiar, tipo... nos odiar como nos odiávamos antes. — Molhei os lábios de saliva.

Lisa ficou tensa.

— Por quê?

Agora eu estava tensa.

— De que outra maneira devemos agir?

Lisa me encarou como se eu fosse um livro escrito em uma língua que ela não era fluente. Foi como ser despida e eu tecnicamente já estava despida. Ela se sentou, tirando os cabelos grudados de suor do rosto.

— Eu achei que... — Lisa piscou algumas vezes, seus olhos estavam estranhamente brilhantes na escuridão. — Achei que você...

— Eu o que...? — perguntei, perdida.

A risada dela soou amarga.

— Ah... — Lisa cobriu o rosto com as mãos, envergonhada. — Eu sou tão burra! Eu pensei que...

— Pensou o quê, Lalisa? — Me sentei. — Fala logo!

Pensou que eu não a ajudaria a conquistar Rosé? Que eu ajudaria? Que eu estava mentindo? Eram tantas possibilidades. E Lisa tinha razão, ser próxima de alguém que você já transou era estranho demais. Era por isso que ela não repetia uma garota, já estava estranho agora e nem éramos amigas.

— O que você achou? — perguntei educadamente dessa vez.

Ela levantou a cabeça.

— Nada, eu só... — E desviou os olhos dos meus. — Vamos voltar a ser o que éramos antes.

Respirei fundo, estranhamente aliviada, mas eu sabia que não duraria tanto tempo, porque a época da Amarula estava próxima e eu tinha a sensação que, nada a partir dessa viagem, daria certo.

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