Depois dos beijos, os dois estavam tímidos o bastante para apenas concordarem em ir embora, pois já estava ficando tarde.
No carro, o silêncio foi maior do que na vinda, pois nem o rádio tocava. Zayn mal continha o seu sorriso e Liam, que também sorria, preferia encarar a janela; parecia mais seguro. Assim que pararam em frente á casa do esquisito (que agora, não era mais esquisito para Zayn), o constrangimento aumentou, e ninguém dizia uma sequer palavra. Liam se controlava ao máximo, pois sua vontade era de sair daquele quarto correndo para poder corar á vontade sem que o moreno ao seu lado percebesse isso.
- Então… até amanhã. — Zayn disse, rompendo o silêncio.
- Amanhã é sábado. — Payne respondeu com a voz baixa.
- Sim, eu sei. É a festa do Niall também, e você vai comigo, certo? — O moreno lembrou à Liam, que apenas concordou com a cabeça. O silêncio reinou mais uma vez, e quando o esquisito estava a ponto de descer do carro, Malik se pronunciou de novo. — Liam, e-eu posso…?
Liam sabia o que Zayn queria, e ele também queria. Talvez até mesmo o destino quisesse, e fazia de tudo para que isso acontecesse, então ele apenas assentiu com a cabeça, aguardando enquanto o moreno se aproximava e o beijava pela terceira vez no dia. Depois de ficarem alguns segundos se beijando, enfim se afastaram, e Zayn sorriu como as duas outras vezes anteriores.
- Desculpe, eu juro que foi a ultima vez.
- Tudo bem. — Liam respondeu um tanto decepcionado, abrindo a porta do carro. — Até amanhã, então.
- Até, te busco às 19:00hrs.
O esquisito concordou e fechou a porta, indo para a calçada. Ficou ali até que Zayn saísse de sua vista. Subiu os degraus até sua porta, pulando de dois em dois degraus. Quando tentou girar a maçaneta, viu que a mesma estava trancada. Bateu as mãos nos bolsos a procura das chaves mas não encontrou. Tocou a campainha uma, duas… Oito vezes.
Sem resposta. Ótimo.
Liam encostou a testa na porta, seu corpo e sua mente cansados demais para pegar o celular e ligar para Harry, que provavelmente tinha ido buscar Louis. Suspirou e quando estava a ponto de tentar entrar pela janela, ouviu uma voz o chamando.
- Liam? Você está bem querido? — Sra. Cibella, sua vizinha italiana e, antigamente, sua unica amiga, o chamou.
- Sim, só esqueci as minhas chaves e Harry não está em casa. Tenho que esperar por ele.
- E vai esperar aqui fora, com esse frio? De jeito nenhum, mocinho. Entre aqui, eu acabei de fazer um chá! — A senhora ofereceu e Liam não poder negar, assentido com um sorriso.
Entrou na casa da idosa, a seguindo até sua cozinha. Sra. Cibella, era baixa, com os cabelos grisalhos e a pele com marcas de idade. A única coisa que o esquisito sabia dela era que se mudou com seu marido para Bradford quando tinha cerca de 26 anos. Nunca teve filhos, por isso considerava tanto Liam. Ele se lembrou da primeira vez que conheceu a velinha: chutou a bola em sua janela, enquanto jogava futebol com Louis. Os tutores pagaram o concerto e Liam fez uma amiga. Bem comum, diríamos.
Assim que chegaram na cozinha, o esquisito se sentou à mesa enquanto a senhora pegava o bule com chá. Serviu duas canecas e começou a puxar assunto.
- Nunca mais veio me ver, tesoro. Pensei que tinha se esquecido de mim. — Cibella disse, usando o apelido que havia dado á Liam. — Açúcar?
- Sim, por favor. Me desculpe, Cibella, eu ando muito ocupado. — Disse, pegando a xícara que a mulher oferecia. — Obrigado.
- Você parece diferente. Aconteceu algo? — Disse e sentou à mesa, junto com Liam.
O esquisito bebeu o chá, pensando no que falaria. Sra. Cibella sabia de tudo o que acontecia na vida dele, mas ele não sabia exatamente como contar tudo. Não poderia dizer apenas “hey, eu conheci um garoto, ele foi um idiota mas se redimiu, e hoje quando nos beijamos eu achei que iria explodir de felicidade”, a senhora poderia infartar ali mesmo. Liam olhou ao redor, vendo uma foto de Sra. Cibella e seu falecido marido, aquilo seria perfeito.
- Sra. Cibella, se você não se importar, pode me dizer como conheceu seu marido?
- Pietro? — A mulher suspirou. — Claro, tesoro. Tudo começou numa pequena vinícola, no sul da Itália.
(flashback)
Alessa acompanhava sua mãe até a vinícola. Não que ela realmente se interessasse pelos negócios da família, tinha apenas 17 anos e nem sequer era a primogênita. Estava ali para ver Pietro, o garoto que ela definia como seu grande amor.
Ele era dois anos mais velho, e trabalhava todas as tardes junto com seu irmão. Pietro achava Alessa linda, mas não poderia dizer isso à ela. A jovem era filha de seus chefes, mas também era a musa de seus sonhos. Todas ás tardes, quando sua mãe passava para ver o andamento, Alessa estava lá, provando cada uva que ofereciam á ela, sempre sorrindo.
Naquele dia, não havia muitas mudanças. O céu estava aberto, os trabalhadores faziam seu dever e lá vinha Alessa e sua mãe. Porém, quando passaram por Pietro, o garoto se atrapalhou derrubando uvas na roupa de sua amada.
- Pietro! O que pensa que está fazendo, bischero*? — Gritou a mãe de Alessa.
- Scusi, signora*. Não foi por querer. Eu posso ajudar a limpar.
- Va bene*. Alessa, leve este servitor* lá para dentro, antes que eu o expulse daqui.
- Sim, madre. — Alessa concordou, fazendo gesto para que Pietro a seguisse.
- Grazie, signora*.
Enquanto andavam até a casa de Alessa, Pietro se desculpava sem parar, e a garota apenas sorria, dizendo que estava tudo bem. Quando seus olhares se cruzaram, tudo pareceu se encaixar e o garoto apenas pode dizer:
- Você tem um belo sorriso, Alessa.
(fim do flashback)
O olhos da Sra. Cibella encontravam-se marejados, e o sorriso não saiu de seu rosto em nenhum momento. Liam a olhava, encontrando ali, outro exemplo de amor verdadeiro. Assim como seus pais e como seus tutores, Sra. Cibella também encontrou o verdadeiro amor.
- Quando ele morreu, a dor foi tão grande. Então eu ponderei minhas duas opções: fazer com que a dor fosse diária, me acompanhado junto aos dias do calendário ou fazer com que as lembranças fossem maior que a dor. — A senhora sorriu, olhando para o retrato. — Eu escolhi a segunda opção, é claro. Mas eu me lembro bem, que no dia de seu enterro, assim que eu cheguei em casa, eu comi uma uva. E eu chorei tanto, apenas por comer aquela uva. Ali eu vi que a dor não passaria tão cedo. Só que ele me ensinou a ser tão forte, tesoro, que eu não achei certo ser uma pessoa triste. Ele quer me ver sorrindo, não importa o lugar onde Pietro está. E eu sorrio, todos os dias, por ele.
O silêncio se manteve por alguns minutos a mais e quando o esquisito sentiu seus olhos marejarem, resolveu mudar o clima instalado ali.
- Eu posso fazer mais uma pergunta, Alessa? Digo, sra. Cibella. — Liam perguntou cautelosamente, e quando a mulher limpou sua lágrimas e assentiu, o esquisito continuou — Como a senhora soube que estava apaixonada?
- Eu já disse, quando nos olhamos profundamente.
- Mas o que a senhora sentiu?
- Senti como se, quando eu estivesse ao lado dele, nada me atingira. Senti que, mesmo com todos os defeitos dele, eu o amaria. — Cibella pegou as xícaras, levando-as até a pia. — Por que tantas perguntas, Liam? Tem algo a ver com aquele moreno?
- O que?
- Eu vi vocês dois algumas vezes, e Harry comentou sobre ele também. Qual o nome desse garoto? Seu tutor nunca se lembra. — Deu risada ao ver o quão Liam estava corado.
Como aquilo era possível? Ele não tinha dito nada à mulher que agora estava a sua frente. Chegava a ser assustador, como se ela pudesse ler mentes e desvendar todos os segredos de qualquer pessoa. Liam se arrepiou com o pensamento.
- Zayn, ele é só um amigo. Nós não temos nada.
- Eu não disse que vocês tinham. — Sorriu mais uma vez. — Zayn, hun? É um rapaz bem bonito.
- Sim, ele é... Quero dizer, todos dizem isso. — O esquisito engoliu à seco.
- Você vai me contar logo, ou vai ficar de conversinha?
- Não há nada para falar. Somos só amigos e… Bom, talvez, nós tenhamos…. Nos beijado?
- Por Deus, tesoro! Isso é uma pergunta ou uma afirmação?
- Afirmação! Olha, eu estou muito confuso, ok? Não seja apressada. — Liam bufou. Gostar de Zayn não era uma boa escolha.
- Você pode até achar que gostar dele seja uma má ideia… — Cibella disse, fazendo o esquisito a olhar, incrédulo. — Mas aposto que já esta envolvido o bastante. Não adianta fugir. Quando as coisas querem acontecer, elas simplesmente acontecem, Liam.
- Eu não sei se gosto dele. Eu apenas fico feliz em vê-lo, e quando ele é gentil comigo meu coração acelera, e a aula que temos juntos virou minha favorita, e quando nos beijamos, tudo pareceu tão correto, com tanto sentido. — Liam disparou, fazendo a senhora rir. — Eu gosto dele, não é?
- Sim, querido. E ele gosta de você? — Perguntou e teve como responte apenas um levantar de ombros. — Bom, então, tome a iniciativa você.
- Eu?! A senhora está me zombando, não é?
- Qual o problema? Aposto que quem beijou primeiro foi ele. Agora, beije-o você.
- Você é bruxa, ou algo assim? Porque, sério, isso é assustador.
- Tesoro, tesoro… — Cibella riu. — Não sou experiente por ser velha, sou velha por ser experiente.
Liam sorriu e olhou pela janela. Harry e Louis acabavam de chegar. Se despediu da vizinha com um abraço e agradeceu pelo chá. Pegou sua coisas e encontrou-se com o seus tutores na porta de sua casa. Olhou uma ultima vez para Sra. Cibella, que piscou para o garoto, antes de entrar para sua casa. O esquisito encarou o nada, e pensou sobre a conversa que tiveram.
Está na hora de tomar uma iniciativa?
--x
[N/A]
Heyy, cap pequeno, eu sei. Mas é que o próximo, bom... vamos aguardar, heh.
Vocabulário:
Tesoro: Docinho, amorzinho, derivados.
Bischero: Bobão, babaca.
Scusi, signora: Desculpe, madame.
Va bene: Está bem.
Servitor: Serviçal.
Grazie, signora: Obrigada, madame.
Eu também fiz a playlist está disponivel no youtube. Cada cap, eu adc uma musica. (Link disponivel no link externo, caso não consigam, é so me procurar no inbox)
Musica do cap: The One That Got Away - Katy Perry.
Obrigada pelos votos e comentarios. Até quinta.
All the love. - Liny.