Estou de frente para meu amigo que, me encarada como se eu fosse uma bomba relógio, prestes a explodir.
— Salim, agora que resolvemos esse problema, preciso resolver aquele problema. — Aponto para Sarah que não desgruda do desgraçado do Cam.
O sorriso dele é de idiota e extremamente exagerado.
— Aquela ali, é uma verdadeira PSC! — Fala Salim olhando para a nojenta oferecida.
— O que é isso?
— Piranha de segunda categoria! — Nós rimos.
— Você e seus bordões.
Cam se aproxima com sua jararaca, a mulher parece ter algum problema de coluna, pois, se contorce a cada passo que dá. Noto que Cam, parece irritado.
— Onde você estava? A Sarah queria café.
“Ah, não ele só se aproximou só para isso! ”
— Sério isso?
— Sim. — Ele me responde seriamente e Sarah, tem um sorrisinho de vagaba vitoriosa na cara.
— Você estava do lado por que não pegou? — Falo e não tô nem aí, Cam está torrando o pouco que me resta de paciência. Ele vive me dizendo para agir como se estivesse apaixonada por ele, que estamos noivos e agora me trata igual um nada!
— É.… — Ele fica sem palavras.
— Tudo bem, eu pego. — Falo com uma vontade imensa de enforcar Cam e sua ariranha.
Vou até à mesinha e pego um café. Caminho de volta xingando mentalmente. Quando estou quase chegando até a nojenta, finjo tropeçar, e derrubo café na roupa dela.
— Inferno! — Ela estica a roupa para não se queimar, mas o café nem estava muito quente.
— Por Alláh, me desculpe! — Cam pega alguns papéis e da para Sarah para que, se limpe.
— Me desculpe, Sarah. Samira é muito distraída, ela não fez por mal.
— Distraída? — Repito observando sua preocupação com a modelo
A nojenta me olha com ódio. Ela sacou que foi de propósito, até que ela não é tão burra quanto parece.
— Cam, e agora? Estou com a roupa totalmente detonada! — Resmunga a vaca.
Cam faz sinal para a equipe pedindo para que a ajudem-na. Assim que ela se vai, ele me olha visivelmente chateado. Fecho a cara em resposta às suas palavras silenciosas. Não dizemos nenhuma palavra, apenas, ficamos nos olhando e assim como entendi o que quis me dizer com seu olhar, creio que ele entendeu o meu.
Cansada do olhar de reprovação de Cam, me afasto. Após um tempo a modelo volta e novamente me vejo espumando de raiva! Ela vem com um vestido curtíssimo na frente, e um decote em v enorme. Atrás o vestido é longo. Seu sorriso e modo de andar, só mostra que ela sabe muito bem o que está fazendo, e com certeza é de propósito!
Os homens da agência ficam babando, mas ela quer chamar atenção apenas de um. Ela caminha jogando os cabelos de um lado para o outro, a desgraçada é ardilosa. Ela passa por mim, jogando os cabelos e realizando uma careta ao ver minha cara, que com certeza, era de poucos amigos. Vadia!
— Ah, não! Eu não aguento! — Quando estou a ponto de arrastar a vaca pelos cabelos, Salim me puxa.
— Ficou doida!
— Salim, eu não posso ficar vendo isso parada, ela está me provocando.
— Calma, fofa, você vai se vingar, mas não de qualquer jeito.
— Como assim?
— Essa piranha vai ter o que merece, mexeu com amiga minha, mexeu comigo! — Salim fala, mas sei que ele está estressado com os mandos e desmandos dela.
Ele tira um vidrinho do bolso, parece um remédio conta-gotas.
— O que é isso?
— Você vai ver, quando ela pedir mais um cafezinho coloque dentro, você verá em pouco tempo à diversão! — Salim fala com um olhar diabólico.
Olho para Salim, ele sempre tão alegre e divertido que faz o estilo paz e amor, não imaginava esse lado dele, mas gostei.
— Esse idiota desse boy estripador, ele tem que pagar por te fazer de trouxa e deixar você de lado por causa dessa Vaca! — Fala com raiva.
— Você tem razão! Isso só é um susto né?
— Digamos que está mais para uma trolagem! — Salim deixa transparecer um sorriso no canto dos lábios.
Me pergunto que remédio é esse e o porque de Salim, tê-lo em mãos.
— O que foi amiga, está com medo?
— Salim, por que tem esse remédio, assim dentro da bolsa?
— Mona, se acalme, não sou nenhuma purpurina assassina não! — Salim gargalha. — Esse remédio é para soltar o intestino. Eu tenho ele, porque sofro de constipação.
— Ah tá! — Salim gargalha mais e acabo rindo.
Não passa muito tempo para nojenta pedir um café, ela me trata igual sua empregada, só que, pior que isso. Me trata com um desprezo a mais, e Cam finge não ver nada. Pego o café, Salim disse para colocar dez gotas, colocarei quinze só de raiva!
Coloco cada gota, xingando a mulherzinha mentalmente. Levo o café para ela, Cam está olhando as fotos com a equipe e escolhendo as melhores.
— As fotos ficaram excelentes! — Ele exclama olhando para a nojenta.
— Você está sendo tão amável e participativo, né querido! — Falo com um sorriso forçado.
— Sim, é preciso! — Ele nem percebeu a ironia, do quão centrado que está mexendo nas fotos.
Ela toma tudo, maravilha!
— Às próximas fotos faremos amanhã, ao ar livre! — Cam começa a falar muito sorridente.
— Que bom, porque estou exausta e morta de fome! — Fala a nojenta.
— Então te levamos para jantar. — Cam fala prontamente.
— Levamos? — Indaga a entojada, fazendo a mesma pergunta que eu me fiz, mentalmente agora.
— Sim, Sam e eu. — O sorriso da piranha se vai.
— Então vou me trocar! — Ela passa do meu lado fechando a cara para mim.
Cam fica avaliando as fotos, ele parece bem profissional, mas hoje ele testou toda minha paciência. Ele me olha enquanto eu o encaro, então se aproxima.
— Tudo bem?
— O que você acha?
— Não entendo.
— Claro! Você passa o dia grudado nessa lambisgoia e ainda me pergunta se estou bem! — Acabo falando sem pensar.
— Quanto drama, Samira! Pare de ser criança, isso é só ossos do ofício, estou sendo estritamente profissional! — Fala seriamente.
— Ela passar o dia em cima de você, te tocando é muito profissional, não é mesmo? E você retribuindo com olhares nada puros: é profissional também, não é?
— Chega de ciúmes, Sam! — Seu tom é rude, mas controlado.
— Não é Ciúmes! — Falo nervosa. — E pode ir jantar com sua “amiga piranha!”
— Fala baixo, pare com isso!
— Você que abaixe sua voz para me dirigir a palavra. — Falo e ele arregala os olhos.
Sarah volta pronta para ir jantar. Sua feição é de desconforto.
— Então vamos? — Fala a nojenta.
De repente escutamos um barulho constrangedor vindo da barriga de Sarah. Ela leva as mãos ao local, aparentemente constrangida.
— Tudo bem fofa? — Salim questiona se aproximando.
— Ah, sim. — Ela murmura totalmente sem graça.
Enquanto outro barulho vem de sua barriga, parece um borbulhar. Olhamos para ela.
— Acho melhor não jantamos hoje. Estou sentindo um pequeno mal-estar repentino. — De repente ela solta um peido! Salim e eu trocamos olhares tentando segurar o riso.
— Oh, querida, não se envergonhe, todos podemos sofrer com gases! — Salim não perde uma.
Cam parece sem graça com toda situação, mas não tanto, quanto a entojada.
— Preciso ir.
Fala apressada comprimindo-se, soltando mais alguns puns.
Ela se vai muito envergonhada, mas muito mesmo! Eu não consigo mais segurar o riso, solto uma gargalhada enquanto Cam me olha intrigado.
— O que você aprontou?
O traidor do Salim sai de fininho, sem exitar e sem ao menos, se despedir. Me deixa sozinha com o B.O.
— Não fiz nada! — Minto.
— Sei que aí tem dedo seu, Samira. — Fala de cara feia.
— Qual é o seu problema? Você está nervoso, por que está preocupado com ela? Então vá atrás dela e não me procure mais! — Começo andar em direção a minha mesa improvisada.
— Espera! — Cam vem correndo atrás de mim. — Para com isso! Eu só quero que dê tudo certo nessa campanha! Nada pode sair errado! Ela é uma modelo conceituada no mercado. Isso será ótimo para agência.
— Então vá atrás dela! — Pego minhas coisas e saio rápido da agência.
— Espera Sam, eu te levo!
— Me deixe em paz! — Falo pegando o primeiro ônibus que passa na frente da agência.
Não olho para trás. Com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto sigo meu trajeto. Que ódio de Cam, que ódio dessa modelo nojenta convencida, que raiva de tudo!
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Ainda não acredito que Samira, saiu daquele jeito da agência. Que infantil da parte dela, agir daquela maneira, descabida, desnecessária. Sarah é nossa modelo, tem que ser bem tratada, além disso, não tenho e nunca tive nada com ela.
Amanhã Samira, vai me ouvir, se ela pensa que pode fazer o que quer aqui, está muito enganada. Não permitirei falta de profissionalismo aqui! Essa agência tem um nome a zelar.
— Cam? Está tudo bem?
— Sim, Eli.
— Só vim avisar, que terminaram a reforma da sala de Samira.
— Que bom.
— Está nervoso, o que aconteceu?
— Nada de mais, só a Samira, com ciúmes da modelo.
— Até eu ficaria. Você passou o dia com a mulher grudada no seu pescoço. — Eli deixa um sorriso transparecer em seu rosto.
— Ah, não enche o saco. Estava fazendo meu trabalho.
— Você virou acompanhante agora? — Pergunta e rir mais.
— Vai se foder, Elijah!
— Tá bom, não está mais aqui quem falou. — Levanta as mãos em rendição.
— Samira foi infantil demais. A atitude dela, foi boba.
— Então, ela gosta mesmo de você. Se ela teve essa atitude, é porque te ama. — Olho Eli e ele aperta meu ombro. — Vê se não machuca a moça.
Saio logo da agência, antes que meu irmão, resolva me dar sermões, igual meu pai. Já não aguento mais essa besteira toda! Até porque, ainda preciso conversar com meus pais sobre o jantar. Sei que a noite será longa, com as infinitas perguntas deles. Que Alláh me ajude!
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22/03/2021_ Segunda-feira. / Revisado: 25/10/2022_Terça-feira.
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Pobre Sam, nunca passou por essas coisas e agora tendo que, lidar com todos esses sentimentos e situações.