O filho perfeito

By RobertaDragneel

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Dinesh Yamir é o filho de um grande empresário, por isso as expectativas sobre o seu futuro são altas. Então... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Especial [+18]
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27 (Parte I)
Capítulo 27 (Parte II)
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 34
Capítulo 35 (Parte I)
Capítulo 35 (Parte II)
Bônus: "A Carta"
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38 (Parte I)
Capítulo 38 (Parte II)
Capítulo 39
Capítulo 40
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 33

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By RobertaDragneel

"Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos. -" Albert Einstein


Dinesh contornava a sua mão pela nuca de Miyuki, puxando os fios de seu cabelo de forma possessiva a fazendo arfar. A sua língua explorava a boca dela em um ritmo lento e prazeroso. A outra mão livre apoiava-se na cintura da jovem, apertando a região enquanto a trazia mais ainda contra si. Os seios dela estavam pressionados contra o peitoral do maior e, em contrapartida, Miyuki podia sentir o volume roçando em sua barriga. Mesmo com os olhos fechados, podia ter noção de como o corpo dele se sobrepõe ao seu, como possuíam uma sintonia única e incontestável.

Ele a colocou contra a porta bruscamente, rendendo outro arfo surpreso. Sem interromper o beijo, Dinesh retirava o cinto e Miyuki o ajudava, desabotoando apressadamente a camisa social dele. Ela também possuía essa necessidade imediata de sentir diretamente a pele do indiano, sentir que pertencia à ele novamente como no passado. Ao afastarem os lábios, nenhuma palavra foi dita, apenas a respiração pesada de ambos ecoava pelo curto espaço que os separava. Em seguida, voltaram a se beijar com a mesma intensidade de antes e, nesse momento, o Yamir já se encontrava com a calça abaixada e a camisa branca totalmente aberta.

As suas mãos passeiam pelo corpo de Miyuki como se o mapeasse, antes de poder explorar por completo. A sua língua entrelaçava-se à dela em movimentos circulares; ora a chupando, ora a dominando. Logo, ele erguia a saia da jovem até os seus quadris e repousava seus dedos entre as pernas da mulher, acariciando a região no mesmo ritmo em que roçava seu corpo no dela.

— Apressado como sempre, senhor Yamir. — murmura ao se desvencilhar do beijo para recuperar um pouco de ar, abrindo os olhos.

— Gostaria que eu fosse mais calmo? — questiona ironicamente com um sorriso malicioso. — Não acho que você consiga ou queira esperar, Miyuki.

A forma como seu nome saía dos lábios dele a deixou arrepiada. Ela só pôde acenar a cabeça em concordância com suas palavras, abaixando o olhar para o corpo exposto do seu chefe e mordendo o lábio inferior, o que não passou despercebido pelo indiano. Dinesh retirava a camisa da jovem em um rápido movimento, colando mais ainda ambos os corpos enquanto sua mão livre segurava o queixo dela. Miyuki o encarava com puro desejo transparecendo em seu olhar e ele amava ver isso. Amava ver toda essa submissão e entrega.

Um suspiro de prazer escapa dos lábios dela quando sentia os beijos molhados sendo distribuídos em seu pescoço. O seu corpo reagia com calafrios constantes e, logo, fechava os olhos tombando a cabeça para trás quando esses beijos desciam para seus seios. Ela apoiava a mão sobre a nuca de Dinesh, arregalando os olhos surpresa quando sentia a língua dele entre suas pernas. Miyuki mordia forte o lábio, puxando os fios longos do cabelo do seu chefe enquanto tentava controlar os gemidos. O movimento dele foi tão rápido e nem havia percebido que sua calcinha se encontrava do outro lado do escritório. Involuntariamente, movia o seu quadril pedindo por mais daquele contato íntimo.

Porém, a mulher deixou de sentir a língua dele de forma brusca e resmungou em frustação. O indiano a pegou em seus braços a pressionando mais ainda contra a porta enquanto segurava fortemente suas coxas.

— Dinesh, por que voc-...

A sua fala é substituída por um gemido alto quando o sentia invadir seu interior. Miyuki apoiava ambas as mãos nos ombros de Dinesh, apertando a região enquanto sentia as investidas profundas. Ele tomava os lábios dela para si novamente, abafando seus gemidos ao mesmo tempo que arrancava alguns pela forma como se movia. Ela o contraía em um pedido silencioso por mais e, com muito prazer, iria atender a sua vontade.

Ao se afastarem para retomar o ar, mantiveram uma curta distância onde um podia ouvir a respiração pesada do outro. A conexão entre ambos parecia mais forte do que da última vez, envolvendo algo mais intenso do que o próprio prazer. Dinesh a devorava com os olhos, penetrando-a além de seu físico e a encarando como se pudesse visualizar sua alma. Miyuki retribuía a troca de olhares com a mesma intensidade, perdendo-se nas íris negras e a vastidão de sentimentos contidas nelas. De forma inconsciente, movia o quadril pedindo por mais e, em consequência, fazendo-o ir mais fundo. O indiano soltava um breve gemido antes de dar alguns passos para trás, ainda dentro dela, dirigindo-se para a mesa onde a deixava deitada após jogar os papéis longe.

Institivamente, Miyuki prendia as pernas ao redor da cintura o puxando contra seu corpo. Ele abria um sorriso malicioso diante da cena que tinha da jovem, subindo a sua mão até o pescoço dela onde o segurava com força. Os músculos de sua mão se contraíam ao exercer um pouco de força. Miyuki podia sentir o toque gélido dos anéis nos dedos de seu chefe e a forma como ele a dominava com aquele apertava mais agressivo. Ao notar a contração dela como uma resposta ao estímulo, Dinesh arqueia a sobrancelha movendo o quadril mais forte.

— Então, você gosta assim, Miyuki?

— S-Sim...

Uma risada rouca escapava de seus lábios, fazendo o corpo da jovem ter calafrios. O ritmo das estocadas aumentava gradativamente ao mesmo tempo que Miyuki gemia cada vez mais alto. O seu corpo fervia e a sua mente só conseguia pensar no prazer do momento. Dinesh umedecia os lábios antes de se abaixar, pressionando o peitoral musculoso contra os seios dela e sussurrando em seu ouvido:

— Como você foi uma boa garota, tem a permissão para gemer. Diga bem alto o nome de quem você pertence, Miyuki.

E com um sorriso de canto, ela permitiu-se gemer pelo Yamir enquanto o puxava para outro beijo intenso.

(...)

Miyuki recuperava o fôlego, ajeitando-se no sofá cinza localizado no canto do escritório. As roupas de ambos estavam espalhadas pelo chão e só pôde cobrir a nudez com as próprias mãos. Dinesh se encontrava do outro lado, também ofegante com algumas mechas do cabelo grudadas na testa pelo suor. A sua boca estava entreaberta tentando regulamentar a respiração até virar o rosto em direção à jovem.

— Olha, eu...

— Não vamos falar sobre isso. — Miyuki o cortava desviando o olhar levemente corada. — Eu sei que não quer compromisso.

— Na verdade, eu...

— Poderia pegar as minhas roupas?

Ele suspirava em desistência pois não queria deixá-la mais nervosa do que já estava. O indiano se levantava pegando a sua cueca e a vestindo apressadamente, antes de seguir até a mesa. Porém, ficava inerte por longos segundos ao ler uma mensagem no celular.

— A empresa do Thomas recebeu um pedido de evacuação. — murmura para si mesmo. — Que estranho.

— O que houve?

A voz de Miyuki estava próxima ao homem fazendo-o virar o rosto em sua direção. Ela tocava o seu ombro, expressando preocupação em sua face. Dinesh aproveitou a curta distância para analisar o corpo da sua ex-secretária, abrindo um sorriso malicioso e se aproximando. Porém, ela o cortava dando um fraco tapa em seu peito.

— F-Foco na conversa, Dinesh.

— Oh, sim. A empresa do Thomas Adams está misteriosamente vazia desde a manhã. — comenta entregando as roupas para ela e se afastando. — Os funcionários receberam a ordem para não comparecer hoje.

— O senhor Adams não me parece o tipo de pessoa benevolente para dar um dia de folga à todos os funcionários.

— Ele é o diabo em pessoa, óbvio que não tem nenhuma intenção boa vinda dele.

— O que acha que ele está planejando?

— Eu não faço ideia, mas me manterei informado. — comenta discando o número de um dos capangas da máfia que tinha contato. — Alô, Jiro? Sim, preciso de um pequeno serviço seu.

Enquanto isso, Miyuki vestia a roupa calmamente e depois ajeitava o cabelo que possuía os fios bagunçados pela forma que seu chefe havia os puxado. Ao recordar da cena, mordeu fraco o lábio inferior sentindo o calor em seu corpo retornar. Para tentar amenizar um pouco a situação, aproximou-se da parede de vidro e se concentrou em apreciar a vista da cidade do último andar. A neve encontrava-se presente nas ruas e, provavelmente, mais flocos iriam cair naquela madrugada — segundo a previsão do tempo. Ela sentiu uma pontada no peito, imaginando que nunca teria um momento romântico com a pessoa amada. Queria poder dançar na neve ou na chuva, igual aos filmes de romance que gostava de maratonar. Afinal, era o único momento em que podia fugir da realidade.

Uma mão apoiada sobre o vidro a tirou de seus pensamentos. Ela olhou para a figurinha imponente atrás de si que a prendia entre seus braços fortes. O olhar de Dinesh estava focado no ambiente e, mesmo não tendo um contato direto, podia sentir o calor de seu corpo naquela curta distância. A respiração dele estava tão próxima que o ar quente a deixava arrepiada.

— É uma visão muito bonita, não é?

— Gosta dessa visão melancólica da cidade, Dinesh?

— Sim, o cinza e o branco caem bem.

Diante do silêncio prolongado, Miyuki sentiu a mão dele envolta da sua cintura a puxando para mais perto. Ela exclamou surpresa e o olhou por cima dos ombros, sendo recepcionada por um calmo beijo. Apesar de estar confusa, retribuiu se perdendo nos movimentos sensuais da língua de Dinesh em sua boca. A forma como ele a tinha em suas mãos a deixava extremamente vulnerável, mas não via como algo negativo. Pelo contrário, gostava de depender de alguém que, no fundo, poderia confiar.

Ao afastar os lábios, virava-se totalmente em direção ao indiano e repousava a cabeça em seu peito. As longas mechas do seu cabelo escorregavam pelos ombros enquanto um longo suspiro saía de seus lábios. Dinesh apoiava ambas as mãos no ombro dela, confuso com sua reação.

— O que houve, Miyuki?

— Eu odeio como você consegue me deixar vulnerável. Eu odeio como minto para mim mesma dizendo que quero te evitar, mas fico frustrada quando não te encontro no corredor. Eu odeio a forma como sua voz e o seu toque me deixam excitada. — comenta com a voz falha, sentindo as lágrimas se formarem em seus olhos. — Eu odeio parecer tão fraca perto de você mas, ao mesmo tempo, tão forte.

As palavras dela o surpreenderam e se encontrou sem resposta por longos segundos, apenas acariciando os ombros da mulher em suaves movimentos circulares.

— É tão ruim assim se sentir vulnerável?

— Pensei que odiasse a vulnerabilidade, Dinesh. — murmura erguendo o rosto para fitá-lo. — Você sempre foi forte e inquebrável.

A risada que escapou dos lábios do indiano foi seca e fria, não contendo nenhuma emoção nela.

— É uma casca, Miyuki. Quando eu era criança, as minhas emoções sempre foram intensas e um tanto explosivas. Eu me irritava com facilidade e as pessoas ao meu redor cobravam a perfeição vinda de mim. Afinal, eu era o possível sucessor da grande empresa dos Yamir's. — dizia secando as lágrimas dela com os polegares. — Para não decepcioná-los, eu comecei a conter as minhas emoções. Assim, não iria demonstrar como posso ser frágil e facilmente manipulado.

— Mas o senhor é tão intenso em tudo o que faz... Em tudo o que diz...

— De fato. Eu gosto de extravasar o que penso e o que sinto quando pode me sufocar, mas sentimentos bons se tornaram cada vez mais abafados em tudo o que faço.

Miyuki repensou sobre os momentos com seu chefe, percebendo que não o via sorrir ou rir de forma despojada. Os poucos momentos em que viu um lado mais sincero do Dinesh foi ao seu lado.

— Eu te deixo vulnerável. — ela conclui, surpresa. — Como isso é possível?

Ele dá nos ombros.

— Quem sabe. Bem, é melhor a gente ir. Está tarde e eu preciso de uma boa noite de sono.

Miyuki balança a cabeça em concordância, caminhando em direção à bolsa em busca do seu celular para conferir o horário. Enquanto isso, Dinesh terminava de vestir a sua roupa deixando o terno dobrado sobre o seu braço. Ele se posiciona ao lado da mulher, ajeitando o seu cabelo até avistar uma caixa dourada em sua bolsa.

— Chocolate? Poderia ter dividido, Miyuki. — dizia pegando a caixa de sua bolsa sob os protestos dela, comendo um dos bombons. — Não dividir doces com seu chefe é uma falta grave, será demitida.

Ela ria com seu comentário e tentava pegar a caixa, mas o indiano a afastava rapidamente do alcance de suas mãos.

— Ei! O chocolate é meu.

Era.

— Dinesh Yamir!

Ele arqueia a sobrancelha diante do grito de Miyuki.

— Está parecendo a mamadi quando eu quebrava algo em casa.

— Não sei como ela te aguenta.

— Eu também não, mas quem sabe assim eu não me torne o filho perfeito. — brincava. — A esperança é a última que morre.

Na minha opinião, você já é o filho perfeito, ela pensava.

Dinesh dava uma mordida na metade do bombom, inclinando o corpo em direção à Miyuki. Logo, ela entendia o recado ficando muito corada mas mordia a outra metade exposta, compartilhando o doce. As suas bochechas adquiriram uma tonalidade levemente rosada enquanto desviava o olhar para o lado. O indiano a entregava a caixa de bombons, dando uma breve piscada e seguia para fora da sala. Ela revirava os olhos diante de sua ousadia e o acompanha em passos calmos, conferindo se não havia nenhum funcionário por perto. Ao chegaram no estacionamento sem serem percebidos, Miyuki entrava no carro do seu chefe, uma BMW branca. O cheiro dos bancos de couro invade suas narinas, misturando-se com o aroma agradável do indiano. Dinesh acomodava-se em seu banco antes de dar partida em direção à casa dela.

Miyuki estava com a atenção focada nas luzes da cidade, revivendo os momentos com Dinesh em sua mente e, involuntariamente, sorrindo apaixonada. Então, percebendo que logo estaria sozinha em sua casa, decidiu puxar conversa:

— Como foi a viagem à negócios?

Dinesh mantinha o olhar focado na pista enquanto uma mão estava apoiada sobre a coxa e a outra no volante.

— As relações entre os sócios estão mais firmes, consegui dois novos apoiadores e um patrocinador importante. Eu também permiti a implementação do sistema híbrido na comercialização.

— Sistema híbrido?

— Além dos diamantes naturais, venderemos os sintéticos.

— É um grande avanço.

— De fato. Depois eu fui resolver um acordo na Índia e voltei para o Japão.

A garganta de Miyuki fica seca ao lembrar da ex-noiva de Dinesh e o romance intenso que ambos viveram.

— Entendo... A viagem à Índia foi produtiva? — questiona receosa.

— Sim, o deputado Salithe pagou a sua parte no acordo e eu encontrei a Shanti.

— Oh... E vocês...

— Nós conversamos. Ela te mandou um abraço. — dizia a encarando de canto, vendo o seu semblante triste. — Não há mais nada entre nós e, desta vez, não é porque não podemos. A verdade é que o amor acabou.

Miyuki contém o suspiro de alívio e fita as próprias mãos entrelaçadas sobre o colo. Em seguida, desvia o olhar para a mão livre do indiano sobre a coxa dele. Lentamente, esticava o seu braço mas recuava com medo de alguma reação negativa.

— Mas era amor verdadeiro entre vocês. Então, por que acabou?

— Desde quando o amor é sinônimo de "eternidade"? — Dinesh a questiona, segurando a mão de Miyuki e entrelaçando os seus dedos aos dela, escutando a exclamação surpresa ao seu lado. — Para mim, o amor é sinônimo de "intensidade". Não importa se dura dez anos, um ano ou apenas um dia. Se for intenso e capaz de preencher o seu coração com uma inimaginável felicidade, já terá valido à pena.

Ela o encarava incrédula, ouvindo as próprias batidas descompassadas do seu coração.

— Você entende mais do amor do que eu imaginava.

Diante de sua descrença, ele ria alto.

— Eu sou um bom observador. Além disso, estou vendo o meu bhai agir como um bobo apaixonado e, indiretamente, aprendo mais com isso.

— O Kiran está apaixonado?

— Você o conhece? — pergunta virando o rosto em sua direção, surpreso. — Como?

— Eu esbarrei com ele hoje pela manhã. Nós conversamos um pouco.

— Entendo.

— Ele é bem simpático.

— Sim, o Kiran tem um jeito bobo de agir. Isso acaba cativando as pessoas ao seu redor.

— Tem certeza que vocês são irmãos?

Dinesh a fuzila com o olhar.

— Eu sou simpático, porra!

— Tenho minhas dúvidas.

O indiano estacionava o carro na frente da casa de Miyuki e soltava da sua mão, puxando a bochecha dela.

— Quer ser demitida?

— Tá bom, tá bom. Você é o Yamir mais gentil de todos.

— Também não precisa dizer o óbvio.

Ele inclinava o corpo em sua direção, roubando um selinho demorado de seus lábios. Miyuki sorria ao imaginar que, assim, agiria como casais de verdade. Infelizmente, uma parte em seu interior duvidou se o Yamir seria capaz de amá-la de verdade, mas preferiu não pensar muito no assunto por hora.

— Tenha uma boa noite, senhorita Sato.

— Igualmente, senhor Yamir.

(...)

Maya saltou nos braços de Dinesh ao vê-lo na porta o obrigando a soltar as malas. Mahara aproximava-se fazendo um leve cafuné na cabeça dele, ficando na ponta dos pés por causa da diferença de altura. O olhar do indiano foca em sua família com um sorriso terno antes de se direcionar à Kiran que o observava no meio da escada, encarando-o de braços cruzados. Ele se surpreende quando não encontra hostilidade no olhar do seu irmão e, assim, seguia em direção à sala com maior alívio.

— Essas semanas pareceram anos. — ele resmunga sentando no sofá com a Maya no colo. — E o voo de volta para o Japão atrasou, foi horrível esperar duas horas no aeroporto.

— Como estão os negócios na Índia? — questiona Mahara.

Kiran mantém uma certa distância, apoiado na parede mas atento à conversa.

— A sede da empresa está ótima. Eu recebi vários comentários positivos dos funcionários e dos investidores, por sinal eles querem uma reunião daqui há três meses na Índia.

— No início da primavera, querido? Mas você irá perder o festival de fogos de artifício esse ano de novo.

— Não se preocupe, mamadi. A reunião será um dia depois do festival, então eu posso assistir ao festival com vocês.

— O bhaya vai assistir com a gente? — questiona Maya com brilho no olhar. — É um milagre de Ganesha!

— Eu só percebi como a minha família é importante. — responde apertando a Maya em seus braços, dando um beijo em sua bochecha. — Passar essas semanas longe daqui me fez perceber como vocês são mais importantes do que o ar o qual respiro. Sem o apoio da minha família, provavelmente teria seguido pelo pior caminho.

Kiran o fitava de forma profunda, lembrando dos poucos detalhes que sabia sobre a infância do seu irmão mais velho. Ele sabia como o Dinesh sempre quis ajudar a família desde cedo e isso acarretou alguns sacrifícios, por isso comentava:

— Você está melhorando, Dinesh. Continue assim.

Mahara surpreende-se ao presenciar um possível momento de união entre ambos. Dinesh abria um sorriso terno e balança a cabeça em concordância.

— Eu continuarei.

Em seguida, eles se dirigiam para a cozinha onde Dinesh ajudava a sua mãe com o jantar, preparando espaguete. Maya contava animada sobre a escola e como amou ver a neve, mas preferia observar de longe porque sempre ficava com o nariz vermelho por causa do frio. O mais velho estava atento ao diálogo e ria diante das caretas da pequena. Kiran comia em silêncio mas tinha um leve sorriso de satisfação em seus lábios.

Após o jantar, Dinesh foi para o seu quarto desfazer as malas e depois seguiu para o banheiro. O seu corpo relaxava quando a água morna entrava em contato com sua pele e seu cabelo. Ele passou longos minutos com a testa contra o azulejo, perdido em seus pensamentos. O seu peito apertava-se como se tivesse um péssimo pressentimento, mas não sabia definir do que se tratava. Por isso, deixou de lado sua preocupação momentânea e tratou de terminar o banho.

Ele saiu pelo corredor com uma toalha entorno da cintura até avistar Kiran se aproximar com o olhar focado no chão.

— Parece distraído. Vê se não tropeça no tapete e sai rolando até a Índia.

Kiran ri de forma forçada.

— Engraçadinho. Ei, Dinesh!

— Sim?

— Por que me manipulou daquela forma?

Ele suspira alto, apoiando-se na parede.

— Porque eu era imaturo e pensava que nosso baldi tivesse chegado ao topo dessa forma. Eu sei que foi idiotice pensar assim do homem mais honesto de todos, mas era quase impossível compreender como a empresa subiu em tão pouco tempo.

— Ele nunca jogou sujo.

— Sim, eu descobri depois de assumir a presidência e começar a interagir melhor com o mundo dos negócios. Ele sempre mostrava as cartas em seu jogo mas, às vezes, escondia o "coringa" para a melhor parte. Não era nada ilegal, eu só não entendia na época. Então, acabei me tornando alguém que ele poderia sentir orgulho mas o efeito foi contrário. O baldi não gostou nenhum pouco das minhas estratégias e achou melhor um plano reserva...

— Ou seja, eu.

— Isso mesmo, você também é capaz de liderar a empresa.

— Algo que abri mão para entrar na faculdade de história.

— Sim, orgulho-me de você por isso. — sorria com sinceridade. — E peço desculpas por ter sugerido entregar a Sakura caso o plano desse errado.

— Eu fui idiota em acreditar que essa era a melhor opção.

— Naquela época, você só tinha a gente e não possuía outro objetivo a não ser nos proteger. Eu percebi o seu lado protetor aumentar depois da morte do baldi, sei que vive com medo constante de perder aqueles que ama.

— Você é um bom observador.

Ele dá nos ombros, abrindo um sorriso convencido.

— O que posso fazer? Eu sou o melhor.

— A Sakura descobriu sobre você.

Nesse momento, o sorriso dele some.

— E então?

— Ela me odeia agora. — Kiran comenta com lágrimas nos olhos. — É horrível.

— Realmente, desculpa... Eu causei tantos danos para você, a garota e a nossa família. Sinto-me um lixo.

— Suas desculpas não mudarão nada, Dinesh. — responde secando as lágrimas com amargura no olhar. — Nem mudará o fato de que ela irá atrás de você e do Thomas.

— Sei que vocês não mantêm contato, mas se puder diga à Sakura para dobrar o seu cuidado com o Adams.

— Hã? Por que?

— Porque eu sei muito bem que esse filho da puta pretende colocá-la em algum tipo de armadilha. Eu conheço o Adams o suficiente para saber que jogará sujo para obter o que deseja.

— Ele irá torturá-la?!

— O jogo dele é mais psicológico, como fazê-la reviver àqueles momentos.

— Dinesh...

— Sim, bobão apaixonado?

— Por favor, não me chame assim. Eu preciso saber de uma coisa...

— O que?

— A empresa do Thomas está aberta hoje, certo?

— Ela deveria estar, mas...

— Mas?!

— Ele dispensou os funcionários e encheu de capangas lá dentro, eu tenho meus contatos e... — Dinesh parava de falar quando associava os pontos. — Merda!

Rapidamente, o mais velho corria em direção ao quarto e Kiran o acompanha preocupado. Dinesh pegava o seu celular ligando para seu capanga de confiança, andando de um lado para o outro demonstrando inquietude. Após uma breve conversa, desligava a chamada e virava o rosto em direção ao seu irmão.

— Eu recebi a informação de que os melhores capangas do Thomas foram vistos indo em direção àquele galpão abandonado.

O sangue de Kiran gela e ele arregalava os olhos.

— O Thomas está com a Sakura!

Então, ele saía às pressas do quarto do Yamir e pegava a chave do seu carro, seguindo para fora da mansão sem ser percebido. Dinesh soltava um longo suspiro, sentando-se na cama e passando a mão pelo cabelo molhado. Ele ergueu o olhar para o terno pendurado em seu guarda roupa, imaginando como todas as responsabilidades causadas por essa roupa machucaram as pessoas ao seu redor.

— Eu machuquei a Sakura... E preciso fazer algo para compensar. — dizia secando o corpo e vestindo o terno, sentindo que aquela era a roupa perfeita para enfrentar de uma vez por todas Thomas Adams. — E consertar o que fiz.

Dinesh corria para o escritório, abrindo a gaveta e pegando a arma a colocando em sua cintura, escondendo-a graças ao terno. Antes de sair do cômodo, olhava o seu reflexo no espelho com um semblante pensativo e apoiava a mão sobre a sua "cópia" do outro lado. Em seguida, seguia para fora da mansão pegando a chave da sua BMW enquanto tinha o olhar focado no horizonte. As suas íris escuras queimavam em um misto de determinação e ódio.

— É hora de ser o herói.

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