Blackbird

By cristurner

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Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Epílogo
Haunted Eyes

Capítulo Dois

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By cristurner

Duke Knight

O apartamento continuava exatamente igual o deixara há quatro anos. Nem uma partícula de poeira visível. Tudo impecavelmente limpo. Com certeza aquilo era obra do velho. Mandar uma empregada vir aqui e limpar a casa toda, esperando por gratidão. Não sei por que ainda me surpreendia com esse tipo de coisa, como o fato de ele não entender que detestava que invadissem minha privacidade. Preferia ter limpado tudo sozinho a ter um estranho dentro da minha casa. 

Pensando melhor, talvez ele soubesse. E exatamente por isso fez o que fez. 

É. Aquela era a opção mais provável. 

Não se dava por satisfeito em ganhar uma batalha, tinha que atacar cada ponto vulnerável. 
Inconscientemente senti minha mão se contraindo em volta da alça da mala. 

Ignorei o impulso de sair pela porta e não voltar. Não lhe daria aquele gostinho. Aquela sempre fora minha casa e nem mesmo ele iria estragar isso. Só precisava de trancas novas e quem sabe uma conversa que o lembrasse das condições para que eu assumisse aquela porcaria de emprego do qual ele tanto estufava o peito para falar. 

Caminhei para o quarto principal e joguei a mochila sobre a cama. Precisava ocupar a cabeça e a melhor forma para isso seria sair para tomar um porre com Hunter, mas aquela não era uma opção porque o infeliz não estava na cidade. Decidi, então, desfazer minha mala. Esse plano, contudo, também se evaporou assim que abri o guarda-roupa e me deparei com uma parte dele totalmente preenchida com diversos ternos pretos. Cresci vendo um desfile daquele tipo de vestimenta, por isso, só de bater os olhos sabia que eram feitos pelo mesmo alfaiate que a mais de duas décadas fazia os dele. 

Eram belas peças de roupas feitas pelo alfaiate mais caro da cidade. E eram também um lembrete silencioso de que ele estava lá, me esperando dali uma semana. 

Esfreguei a palma da mão sobre o rosto e apelei ao controle de aço que os anos em ação me ensinaram. Faltava muito pouco para eu jogar aquelas merdas exorbitantemente caras pela janela. 

Filho da mãe pretencioso. 

Bati a porta do armário com força e fui em direção à porta de saída pela qual passara há poucos minutos. 

Foda-se. Vou beber sozinho mesmo. 

Um whisky duplo com gelo. Talvez mais de um. 

Abri a porta de casa ao mesmo tempo em que as portas do elevador se abriam com um estalido característico. Imediatamente meus reflexos identificaram a possível ameaça em forma de um cachorro vindo em minha direção. Estava pronto para chutá-lo para longe quando notei que sua expressão canina não demonstrava nenhum tipo de perigo iminente, na verdade, parecia que ele estava... sorrindo. Quando chegou ao meu alcance, o sorridente canino apoiou suas patas dianteiras em minhas pernas e me olhou com expectativa. 

Fiquei sem reação. Eu gostava de cachorros. Eles são leais e muito úteis, mas o tipo de cachorro que estava acostumado era muito mais calmo do que aquele. 

O mais surpreendente, contudo, não foi cão amigável demais, mas sim a mulher que saiu do elevador pouco depois dele. Ela andava devagar, a cabeça abaixada enquanto seus dedos deslizavam pela tela de seu celular. Cabelos loiros na altura dos ombros, cintura fina e pernas deliciosas. Isso para não mencionar aquela bunda que ela rebolava em movimentos lentos, hipnotizantes e completamente inconscientes enquanto caminhava para a porta no outro extremo do corredor. Não podia ver o que ela fazia, mas presumi que a loira estava destrancando a fechadura da casa que costumava pertencer a adorável senhora Merthier. 

Pude perceber o momento exato em que ela deu por falta do cachorro. Suas costas ficaram rígidas e ela se virou em uma velocidade mais rápida do que eu esperaria para alguém tão pequeno. Seu rosto, que era outra coisa da qual ela devia ter muito orgulho, mostrou alívio ao avistar o cachorro e depois choque, confusão e alguma coisa que não consegui definir quando sua atenção pousou em mim. 

Minha sobrancelha se arqueou enquanto esperava ela terminar a análise que fazia. Obviamente sutileza não era uma das qualidades presentes nela ou em seu amigo canino. Por falar no tal sorridente, ele aproveitou aquele momento para bater a pata em minha mim, buscando atenção. Abaixei a cabeça e o encontrei me encarando. 

Um momento depois pude ouvir o silencioso passo que a loira deu. Levantei a cabeça e percebi que agora ela olhava diretamente para o meu rosto. Hesitou por um momento antes de voltar a andar. Quando estava a um metro de distância, parou outra vez. 

Gostosa. Muito gostosa. 

Gostosa o suficiente para animar meu dia se na outra ponta não estivesse o velho, tentando de todos os modos estragá-lo. 

É. Valeu, pai. Seus esforços para me sacanear estão chegando à níveis extremos. Nem mesmo apreciar uma boa visão daquelas em paz eu conseguia. 

- Oi, eu... hmm... Vejo que conheceu meu cachorro! – falou, timidamente. 

Sua voz tinha até um timbre agradável, mas eu realmente não estava com paciência para conversa. A loira, contudo, não percebeu a minha indisposição e continuou balbuciando: 

- Não. Quero dizer. O cachorro é meu. Eu sou a Ravenna. Moro ali – apontou para a porta – Você acabou de se mudar? Para esse prédio? Esse andar? 

Ravenna. 

Repeti mentalmente. 

Nome bonito. Deslizava pela língua. Seu nome, todavia, não era o que eu gostaria de deslizar a língua sobre. Seus seios apertados naquela blusa simples de decote avantajado eram uma opção bem mais interessante. 

Mas não agora. Não enquanto ainda estava fulminando de raiva graças a minha querida figura paterna. 

Agora só queria ficar sozinho. E uma bebida. Uma forte o suficiente para me fazer esquecer o imbecil e o monumento que se mudara para a casa onde antes costumava viver a senhora mais gentil que já conheci. 

Assenti para sua pergunta, esperando que aquilo fosse o suficiente para fazê-los ir embora. 

- Ah. Certo, então. Somos vizinhos. Esse é o Cookie – apontou para seu cachorro que virou a cabeça, feliz por ouvir seu nome. 

Aparentemente a mulher não tinha um botão de desligar ou bom-senso o suficiente para perceber que eu não queria conversar. Abaixei a vista para o cachorro, que ainda se apoiava em mim, considerando as opções de como empurrá-lo para longe sem machucá-lo. Por sorte, Ravenna finalmente percebeu onde seu amigo estava e agarrou sua coleira. 

Tive que conter um sorriso ao vê-la, tão delicada e pequena, rebocando o tal Cookie para longe. 

- Cookie, seu mal educado! Ai que vergonha! 

E como se já não tivesse tido surpresas o suficiente por um dia, a loira de abaixou e começou a bater a mão em minha coxa. Por um segundo a raiva sumiu e tudo em que minha mente conseguia se concentrar era em conjurar imagens onde Ravenna estaria naquela posição, mas para outra atividade. Uma que envolvesse suas mãos, mas também sua boca e onde sua preocupação não era minha calça – já que ela nem mesmo estaria no caminho. 

Minha mão se fechou em um punho enquanto eu respirava fundo e me concentrava para desanuviar meus pensamentos e para não enfiar a mão em seus cabelos e a puxar para mais perto e um pouco mais para cima de onde sua atenção estava agora. 

Alguns segundos se passaram no mais absoluto silêncio – até mesmo o cão estava quieto, observando a dona de uma maneira crítica. 

Agora realmente tinha certeza de que estava enlouquecendo. O cachorro com um olhar crítico? 
Perda de lucidez por mistura volátil de desejo recém descoberto e raiva antiga. Um novo caso para medicina. Aposto que eles iriam colocar no livro bem ao lado da página sobre perda das bolas graças à frustração sexual. 

Ao parar de espanar minha perna, ela, contudo, não se endireitou, mas sim apoiou a mão sobre o lugar que espanava e levantou a cabeça para me olhar. E, quando me encontrou encarando-a de volta, suas bochechas alcançaram um tom vermelho delicioso que me fez imaginar como aquela cor ficaria em outras partes do seu corpo. Principalmente em sua bunda depois de umas palmadas deliciosas. 

Será que ela gostava desse tipo de coisa? 

Ravenna sacudiu a cabeça e finalmente se afastou. 

- Eu... eu... Eu sinto muito por... Eu realmente não sei... Quer que eu lave a sua calça? Quer dizer, eu poderia lavar sua calça? Você não precisa tirá-la aqui, é claro. 

Oh! Eu adoraria tirar a calça agora, vizinha, mas não com o propósito que você está insinuando.

Não. 

Minha ideia envolvia muito mais sujar do que limpar. 

Precisa sair dali. A situação já estava ridícula demais com aqueles discursos sem noção dela, o cachorro humanizado e meu pau endurecido. 

Foi por isso que enquanto ela estava ali parada, me olhando em expectativa de uma resposta, dei-lhe as costas, entrando em casa e batendo a porta no caminho. 

Um bom banho gelado agora. Whisky depois. Duplo e puro.

xxx

- O cheiro está bom, não é, Cookie? – olhei para baixo onde ele estava sentado no meio da minha cozinha enquanto eu me movia para terminar de desenformar a torta de maçã. 

Ele me respondeu com um latido animado. 

- Não adianta fazer essa cara, bebê. Você sabe que não pode comer doce. 

Suas orelhas murcharam. Tinha a séria impressão de que ele entendia tudo o que eu dizia. Teria que monitorar minhas palavras perto dele agora. Não queria expressar em alto e bom tom meus pensamentos sobre o novo vizinho. 
Não para aquelas orelhas inocentes. 

Terminei de dar os últimos retoques naquela que esperava ser uma das minhas obras-primas. O cheiro estava muito bom. Só esperava que aquele gesto, e o gosto daquela sobremesa fossem o suficiente para arrancar algumas palavras do Sr. Silencioso. 

Talvez até mesmo o seu nome. 

"Senhor Silencioso" era bem broxante, então, automaticamente diferia de todo o resto dele. 

Corri para o banheiro e dei uma olhada no espelho, escovando o cabelo com as mãos e o jogando para um lado. O resto estava bom. Considerei a possibilidade de trocar de roupa, mas aí estaria evidente demais que eu estava me esforçando. 

E queria parecer interessada, não desesperada. 

Voltei à cozinha e levantei a bandeja redonda de vidro nas duas mãos e segui para a saída. Cookie tentava silenciosamente me acompanhar, provavelmente não querendo que percebesse sua presença antes de termos saído de casa. 

- Não, não, mocinho – olhei para baixo. – Você se comportou mal e agora mamãe tem que ir lá se desculpar. Você fica aqui. 

Apelando para um momento equilibrista, consegui segurar a bandeja e abrir a porta e trancá-la outra vez depois sem derrubar nada. 

Venci a pouca distância até o outro lado do corredor e respirei fundo antes de tocar a campainha. 

Poucos segundo depois o Espartano – vou chamá-lo assim agora por motivos já apresentados em relação ao apelido "Senhor Silencioso" e porque aquele pedaço de mal caminho se parecia demais com um guerreiro antigo para que eu ignorasse esse fato – abriu a porta. Agora ele vestia outro jeans e uma camisa branca. Seu cabelo estava molhado. 

Molhado significava banho. Banho significava nudez.

Nem mesmo tentei conter minha imaginação que correu livre a criar imagens daquela situação. 

É claro que, imediatamente depois disso, fui obrigada a me repreender mentalmente. Conhecia o cara a menos de um dia e já me pegara fantasiando sobre ele várias vezes. Isso estava ficando ridículo. Precisava de um pouco mais de autocontrole. 

Fácil falar. Difícil fazer quando o sex appeal que ele emanava era o suficiente para deixar minhas pernas meio bambas só de olhá-lo nos olhos. 

Também não ajudava o fato de que ele parecia ter saído direto do filme 300. 

Meu próprio Leónidas. 

Passei a língua pelos lábios, imaginando as possibilidades. 

Sacudi a cabeça imperceptivelmente, tentando espantar minhas fantasias sexuais e me concentrar na realidade que estava bem na minha frente e que me encarava de um jeito que deixava claro de que não era esperada ali e nem mesmo bem vinda. 

Engoli em seco e reprimi outra vez o instinto de dar um passo para trás e para longe. Não deixaria aqueles olhos azuis gelados me espantarem porque alguma coisa me dizia que se fugisse agora, não teria outra oportunidade de me aproximar. 

- Oi de novo – consegui falar. – Queria te pedir desculpas outra vez por Cookie. Ele é amigável demais. Gosta de todo mundo e pensa que todo mundo gosta dele. 

Agora sua expressão me dizia que ele não se importava com o que eu estava falando. 

- Eu... hmm... Eu fiz isso aqui para você. Como maneira de me desculpar pelo que aconteceu na sua calça. 

Aquilo o surpreendeu o suficiente para quebrar sua expressão neutra. 

Será que ele não estava acostumado com ofertas de desculpas? 

- Isso é para você – ergui um pouco a torta para que ela ficasse na linha de visão do meu rosto, o que dava mais ou menos na altura de seus ombros. 

Esperava sinceramente que ele a aceitasse porque estava ficando cada vez mais pesada de segurar. 

O Espartano, contudo, manteve seus olhos azuis fixos nos meus, ignorando a guloseima que eu trazia. Pude ler que ele iria recusar meu presente e não seria da maneira educada com um "obrigado", mas provavelmente com outra portada na minha cara. 

Eu, contudo, era teimosa demais para aceitar uma reação como daquelas e tentei mais uma vez. 

- Se você não quiser falar, tudo bem. Mas pegue a torta ou vou deixá-la aqui sobre o seu tapete. E eu odeio desperdiçar comida. 

Seu olhar desceu para minhas mãos, provavelmente mais por falta de paciência do que pela minha ameaça vazia. Algo parecido com reconhecimento passou por seu rosto quando finalmente avistou a torta. 

Franziu o cenho e depois voltou sua atenção para mim. 

- Essa é a torta de maçã da senhora Merthier? 

E, quando ele finalmente falou alguma coisa, quase desejei que não o tivesse feito. Sua voz era rouca e aveludada na medida certa e sempre fui uma mulher de palavras e de conversas.

Soube, então, que o Espartano conseguiria me fazer gozar só com sua voz. 

Então era oficial, eu estava totalmente perdida. 

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N/a: Hello, pessoa maravilhosa. Como você está hoje?


Queria agradecer a quem votou nos capítulos anteriores, a quem adicionou a fic a sua biblioteca e a quem visualisou essa história. Muito obrigada <3

P.S.: Andre Hamann é nosso adorável Rei Leónidas (a.k.a. Duke Knight)


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