Charles 14

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Voltamos para o escritório, e novamente aquele soldado intrometido aparece, John está deitado no sofá jogando uma bolinha para cima, o mesmo assim que vê Melanie abre um sorriso que se desfaz quando me fita, dou uma piscadela, ele revira os olhos e volta encarar a líder só que dessa vez com tédio no olhar.

- Vocês são chatos viu.- Ela caminha até sua mesa.- Consigo ver o veneno escorrendo no canto da boca de vocês.

- Desculpa princesa, mas parece que o soldadinho de chumbo não me suporta.- semi-cerro os olhos.

- Analisando a situação diria que o sentimento é reciproco, Lulu da Pomerânia.- Ele me fuzila com o olhar.

- Lulu da Pomerânia? serio? Não entendi essa ai.

- Você é pequeno e engomado como um, essa não foi difícil.- Melanie diz, a mesma estica a mão e faz um hi-five com o soldado.

- Nossa.- Coloco a mão no peito, mostrando a minha falsa ofensa.

- Vai sentar, vai.- Ela suspira.- Alguma atualização sobre a sua missão?

- Ah, sim.- Ele se levanta bruscamente.- A segunda e ultima parte do carregamento de suprimentos foi entregue hoje logo cedo,  e tomei a liberdade de diminuir a festas de boas vindas, diminuir o tempo de água e luz ligadas, e após conversar com a garotas fiquei sabendo que seus gastos caíram em 25%, porque a senhorita não quer decepcionar ninguém lá embaixo mas esquece que precisa viver, e mais, cuidar do Pedro, como tem mantido os dois?- Ele esta profundamente irritado, mas não tiro a razão.

- Olha, o Pedro está bem, não mudou nada na rotina dele.- Ela se encosta na cadeira novamente.- Só é frustrante, eu quero que eles vejam como nosso sistema funciona bem, mas os ataques diretos do rei tem gerado um grande problema financeiro, que eu não sei como resolver sem cortar gastos.

- Então corte os gastos, diminua as festas, e o "luxo", controle os horários e de luz ligada, e coloque um toque de recolher.- Digo naturalmente, ambos me olham surpresos, estufo o peito e continuo.-  Era assim que faziam no quartel.- Eles continuam surpresos.- Eu não sou um inútil como vocês pensam.- Ando e me sento em uma das poltronas.

- Tá, olha surpreendentemente eu concordo com o Lulu.- John se senta, fecho a cara.- Sei que não te agrada mas você é a líder, o seu bem estar é essencial para nós, não conheço ninguém capaz de  suportar toda a pressão e abrir mão de seu próprio conforto por todas essas pessoas, nós podemos dizer que é uma medida provisoria até tudo voltar aos eixos, ok?

Ela fecha os olhos, acho que parou para refletir um pouco. Passamos alguns poucos minutos no mais profundo silêncio, quando ela reabre os olhos e diz.

- Por mais que não goste muito da ideia, é um mal necessário.- Ela suspira com pesar.- Farei isso, obrigada pelas ideias rapazes, e olha só você não é só um rostinho bonito.- Ela me fita.

Abro um sorriso malicioso.- Então você me acha bonito? Sinto me honrado que vossa excelência tenha chego a está conclusão, o que não me admira, já olhou para esse rostinho?- Encaro o soldado, que tem repulsa estampada em seu semblante, alargo ainda mais meu sorriso.

- Amor próprio é tudo docinho.- Ela empilha alguns papeis e se levanta.- Preciso que entregue isto a Lilya, preciso que ela analise e coloque em pratica.- Melanie estica a mão ocupada na direção do John que pega e recua dois passos.

- Certeza? agora? Não quero te deixar sozinha com ele.- O guarda costas pergunta.

- E ele vai fazer o que? Duvido que saiba segurar uma arma.- Dessa vez ela me da uma piscadela.

- Debochada.- Sussurro.

- Não gosto dele...- Assume.

- Não brinca Quebra-Nozes.- Respondo.

- Olha seu-

- Você tem mais do que fazer John.- Melanie interrompe.

O soldado bufa e sai andando a passos largos, ele fecha a porta bruscamente fazendo o lugar tremer.

-Exagerado.- Ela abre um sorris lindo, digo engraçado.- Por que está me olhando como se fosse um idiota? Não que não seja.- Viro rapidamente a cabeça para a direção contraria.- É agora está parecendo um idiota de verdade, deve estar cansado, pode ir pro quarto se quiser.

- Não é isso, eu só me distrai.- Repondo sem encara-la.

- Uhum, mas por que não vai treinar em? temos um bom arsenal lá em baixo, talvez seja bom praticar um pouco.

- Tem espadas?- Pergunto.

-Não, espadas são péssimas armas de combate, sábia nesse seculo é meio ultrapassado vovô.- Ela ri.

- Me sinto ofendido, eu treino des dos cinco anos para ser um mestre na esgrima.- Bufo.

- Em outras palavras nunca te confiaram uma arma, não é?

- É, está correta.- admito.

- Eu sei, sei tudo sobre você.- Ela sorri vitoriosa.

- Poxa amor, não sabia que gostava tanto assim de mim.- Mando um beijinho.

- Ah bebê você não faz ideia.- Ela entra na brincadeira.- Você ainda me será muito útil.

-O que planeja?- Pergunto, começo a analisar as possibilidades, me matar em público seria uma ótima forma de demonstrar força , mas eles receberiam muitos ataques, e pelo que vi não aguentariam. Bom ela pode tentar tirar informações de mim, não que já não o tenha feito, talvez eles achem que sei todos os planos do meu pai.

- Consigo ouvir as engrenagens do seu cérebro funcionando daqui. E não é da sua conta o que vou fazer.- Ela caminha na minha direção.- Amanhã as seis quero você no Subsolo, é uma vergonha que não saiba atirar.- Se afasta de mim voltando para sua mesa.- Dispensado.

Concordo com seus termos, mas não deixo de sentir meu estomago embrulhar, essa incerteza do que irá acontecer me assusta profundamente, não quero morrer, não ainda, quero ao menos conhecer a minha alma gêmea antes de partir.

Você é minha luz, ou inevitável escuridãoWhere stories live. Discover now