charles 8

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Já fazem três semanas que me mantém apenas nesse quarto, minhas prima vem me visitar as vezes e Melanie duas vezes por semana me faz perguntas, acho que está me estudando. Não sou uma ameaça para eles, quero aproveitar que estou aqui e conhece o movimento, talvez eles tenham intenções boas, e não podres como o meu pai pensa. Talvez se eu entender o que fazem aqui possa ajudar meu pai, para enfim ver que sou digno da coroa, e da responsabilidade.
Minha mente se encontra no meio de uma turbulência, não aguento mais ficar preso neste cômodo, já li os livros, fiz anotações sobre a história de Sagaca, já falei sozinho- Deplorável- ouço a voz de meu pai, seria isso mesmo que ele diria se visse meu estado, usando roupas de soldados rebeldes, aprisionado em um quarto, falando consigo mesmo, e se corroendo na esperança de agradar alguém que não pode nem ve-lô. o tempo neste quarto passa lentamente, me esforço muito para me manter ocupado, já descobri que ele pertencia a Melanie, sei todos os esconderijos, armários e uma passagem secreta, que para a minha desgraça está bloqueada por enormes grades. 

Me levanto da escrivaninha e me jogo na cama, acho que se ficar muito mais aqui irei enlouquecer, se é que isso já não me aconteceu.
Uma mulher de pele escura e cabelos igualmente negros entra no cômodo com uma bandeja nas mãos, hora de comer.

- Boa dia, Alteza.- Diz Carla.

- Bom dia, Srta. Carla, alguma esperança de que me tirem daqui? - Pergunto, sei que ela é uma das protegidas da líder.

- Não tenho autorização de falar sobre.- Responde, ouço-a proferir estas palavras todos os dias.- Aqui seu café da manhã, o de hoje é especial..

Ele coloca na escrivaninha, diz algo que não escuto e sai trancando novamente a porta, lá vamos para mais um dia monótono, sozinho para variar, me sento a mesa para comer, me serviram um bolo de chocolate com morangos, uma torta salgada e em um copo um líquido rubro, suco de morango presumo. Como em silêncio, a torta salgada estava ótima assim como o bolo, que por sinal é o meu preferido, acho que isso tenho de agradecer minha prima depois.
Empilho o os pratos, saio dali indo ao banheiro onde me banharei, em cima da pia há uma muda de roupas limpas, junto de escova, pasta de dentes e um sabonete com cheiro de glicerina. Após despir minhas roupas, entro no box, tenho esperança que este banho limpe meus pensamentos, esvaziar a mente tem sido a tarefa mais difícil, há tanto acontecendo mas ao mesmo tempo nada acontece. Me sinto aprisionado em mim mesmo. -Coitadinho dele- A voz dele ecoa de novo, odeio saber o que ele em diria.

O banho é rápido, faço de tudo para não pensar muito, apenas aproveitando a água morna escorrendo, uma gota gelada cai em meu rosto me lembrando que a água quente é cronometrada. Saio do box, me seco, e me visto rapidamente. Volto ao cômodo principal para mas um dia olhando a porta.
Mais um dia deixado aqui.
Mais um dia me corroendo.
Mais um dia sozinho.
Patético, não deveria me vitimizar assim, mas não sei como evitar.

Você é minha luz, ou inevitável escuridãoWhere stories live. Discover now