— Sou bem resistente ao álcool, nunca cheguei a passar mal.

— Percebi a resistência pelo jeito que tive que te segurar pelas pernas para que você não caísse — zombou Kihyun.

— Mas não precisava, você só estava se aproveitando de mim — ele retrucou com falsa neutralidade na expressão, sem esperar que isso fosse fazer Kihyun corar, algo que ele tentou disfarçar logo em seguida, revirando os olhos e lhe dando um empurrão fraco em seu joelho.

Hyunwoo se livrou de suas roupas mais pesadas e formais, que eram desnecessárias naquele momento, visto o calor que subia pelo seu corpo por conta da bebida.

— Passe isso pra cá — Kihyun pediu, pegando a garrafa e esperando que a bebida pudesse dissipar a vergonha que sentia.

Eles continuaram conversando e bebendo, até que a segunda garrafa de soju também se foi por inteiro e em algum momento ambos acabaram deitados no chão por cima do tapete, rindo à toa. Compartilharam histórias vergonhosas de si mesmos e dos amigos, tendo novas crises de riso a cada uma, além de revelarem mais um pouco sobre si no processo. A conversa fluía com naturalidade entre eles, como se já fossem amigos há muito tempo.

— Eu gostaria de não ter lhe julgado errado — Kihyun comentou, com a cabeça encostada na de Hyunwoo atrás de si, cada um deitado para uma direção. — Acho que teríamos feito amizade antes se eu não tivesse aquela má impressão de você.

— Tudo bem, isso é passado — ele respondeu. Kihyun ergueu o braço e rodopiou-o acima de si, observando a luz que passava entre seus dedos. — O importante é que estamos aqui agora e isso é ótimo.

— Sim. Estou feliz, gosto muito de passar o tempo com você — o mais novo deixou escapar. As bochechas já não enrubesceram tanto por causa disso, graças à alta quantia de soju em seu sangue naquele momento, que fazia o papel de deixar seu rosto inteiro vermelho de forma natural.

— Eu também — Hyunwoo disse com um sorriso no rosto. A pequena mão de Kihyun foi parar em seu cabelo, surpreendendo-o, mas aceitou o carinho sem falar nada.

— Agora estou ficando com um pouco de sono, mas não quero ir embora...

Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, enquanto Kihyun ainda fazia carinho em seu cabelo e mil coisas passavam pela mente de ambos. Infelizmente, o criado precisava mesmo voltar para seu dormitório, e inclusive já deveria ter feito isso, então se levantou com relutância. Ele ficou parado sentado ali por alguns segundos, enxergando o quarto rodando e os olhinhos de Hyunwoo o encarando.

Era provável que fosse culpa de todo o álcool que ingeriu, mas o príncipe Hyunwoo estava tão, tão bonito... alguns botões da camisa branca estavam abertos por causa do calor que a bebida lhe proporcionou, os olhos pareciam ter toda uma constelação dentro deles e a boca farta e avermelhada estava entreaberta. Kihyun comprimiu os lábios, mas não conseguiu desviar a atenção. O príncipe também se sentou, pensando que o criado queria se despedir logo, mas continuaram num silêncio que não chegava a ser constrangedor, apenas intrigante.

Hyunwoo também não deixou a beleza de Kihyun passar despercebida naquele momento, notando os cabelos escuros levemente bagunçados por estar deitado há alguns minutos e o rosto pálido todo rosado, também graças à bebida. Os segundos durante os quais se encararam pareceram muito mais longos, até que foram interrompidos por uma movimentação repentina.

Kihyun se apoiou em seus joelhos e se aproximou devagar, ficando entre as pernas de Hyunwoo. Ele se aproximou um pouco e, ao contrário do que Hyunwoo pensou que faria, apenas levou o polegar à sua bochecha e tirou um pouco de sangue que ainda estava ali. Mesmo depois de limpá-lo, não tirou a mão do seu rosto. Hyunwoo sentiu um imenso frio na barriga com tudo aquilo, por mais que o criado não parecesse estar fazendo aquilo com esse propósito.

O Segredo do Príncipe | ShowkiWhere stories live. Discover now