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Capítulo 03- O Casarão número 7 na rua da Ventrue's bar

Samy estava indignada porque o irmão entregou as chaves na mão de Nick com muito mais facilidade do que quando era para ela. Era sempre assim com Nick, na sutileza dos detalhes ele conquistava a simpatia das pessoas e conseguia o que queria. Felizmente ela já o conhecia suficientemente.

_ É sério isso? Vamos ficar aqui que nem dois policiais a paisana?

A expressão no rosto dele era analítica. Os olhos estavam presos na construção do outro lado da rua: no famoso Casarão número 7. Todo mundo o conhecia, mas o que acontecia em seu interior era um grande mistério cercado de fantasias que iam desde festas esquisitas com convidados sigilosos, até sessões de tortura por parte de pessoas que gostavam de extravasar seus desejos reprimidos das piores formas.

O fato era que realmente existiam pessoas morando lá, mas eram discretas. E todos sabem que discrição é a maior abertura para invenção de boatos, pensou Nick, ainda observando. Mas o que seu irmão fazia ali?

_ Por que mudou de ideia?- Samy o encarou.- Primeiro você disse que não queria vir, depois foi até minha casa convencer meu irmão de emprestar o carro.

_ Curiosidade.

_ Eu te conheço. Não é qualquer coisa que desperta sua curiosidade.

_ Essa Natasha... acho que ouvi o Cris falando de mim pra ela hoje mais cedo. Eu sinto que era sobre mim.

Samy coçou o queixo.

_ Falando o que?

_ Não sei direito. Acho que ele disse que não podia fazer alguma coisa porque eu tava lá...algo assim.

_ Vai ver ela é namorada do seu irmão. Já pensou nisso? Talvez só queiram privacidade.

Nick olhou para Samy de soslaio. Aquilo não podia ter uma resolução tão simples assim.

_ Não- respondeu.- Ele abaixou o tom de voz pra falar isso, foi cauteloso. Eu conheço o Cristiam, se tem uma coisa que ele não tem é cautela. Fora isso, essa outra garota, Laila, sabia que ele tinha um irmão.

_ É. Ele provavelmente deve reclamar muito de você para eles- Samy sorriu. Ela estava especialmente bonita naquela noite, com uma saia justa xadrez e uma blusa branca de mangas longas. Com certeza tinha esperanças de entrar para a tal festa.

_ O que eu não entendi é por que ela insistiu tanto pra gente vir.

_ Porque eles são doidos, não deu pra ver? Pelo visto todos eles são...- a garota interrompeu as próprias palavras abruptamente. O olhar estava concentrado na silhueta masculina que atravessava o jardim a passos largos, indo em direção ao carro estacionado do lado da fonte. Assim que conseguiu focar, notou que conhecia aquele carro. O adesivo da espada com asas- símbolo da Academia- colado no vidro da frente, apenas confirmou a hipótese.- É o carro do Ravi. O que ele tá fazendo aqui?

O corpo de Nick se curvou para frente ao ouvir aquele nome. Não tinha como confundir o carro de luxo da família Lancaster com qualquer outro. Com certeza era ele.

_ Será que tá rolando algum tipo de trote com os calouros? Vai ver é por isso que nos chamaram.

_ É, pode ser- apesar da concordância, Nick não acreditava nem um pouco que o lugar escolhido para um trote seria justamente aquele. Os trotes já faziam parte da tradição das Universidades, mas aquelas pessoas que entravam e saiam não pareciam universitários.

Ele girou a chave na ignição.

_ O que vai fazer?

Nick também não tinha ideia do que estava prestes a fazer. Seguir o colega de classe a uma hora daquelas? Não sabia como explicar para Samy sua motivação. Tudo o que queria, era descobrir algo podre que comprovasse que Ravi não era a perfeição que todos acreditavam. Ele com certeza tinha algo escondido embaixo da manga e só o fato de ter saído do Casarão, já comprovava isso. Nick não acreditava de verdade nas lendas que contavam sobre o lugar, mas sabia que não era bom para alguém como Ravi, que sempre tentava ao máximo se mostrar limpo e transparente, ter a imagem associada a um lugar de boêmios conhecido por sediar reuniões secretas com práticas ilícitas.