Amor a Tira Colo

Capítulo 2 - Fernando

Flashs do passado...

O dia amanhece no meu lindo Rio de Janeiro, bom meu não. Nasci em São Paulo, mas logo vim pra cá, meus pais são empresários muito bem sucedidos e mudam quando dá na telha. Eles nunca ligam para mim, nunca tem tempo de brincar comigo, nunca saímos juntos e sequer eu tenho amigos.

Tenho 11 anos e sou um menino solitário, mas eu já me acostumei com isso, hoje a vovó vem lá de São Paulo para visitar a gente, não vejo a hora de vê-la, ela é tão legal comigo. Meus pais estão aqui em seus computadores resolvendo coisas do trabalho, me sinto tão mau por não ter espaço pra mim na agenda deles, mas espero que isso melhore.

- Fernando, vai se arrumar com a Neide - minha mãe disse. Neide era uma das empregadas, sempre me tratou bem e na verdade ela era bem mais minha mãe do que aquela que me gerou e me colocou no mundo.

- Vamos meu menino - Neide me pegou pela mão

- Vamos Neide linda - sorri pra ela

Fomos para meu quarto e ela disse para eu tomar um banho, e obedeci prontamente. Ela ficou do lado de fora escolhendo uma roupa para o jantar especial com a minha vó. Ela escolheu uma camisa xadrez azul, uma calça jeans preta e sapatenis.

- Você está lindo menino

- Graças a você Neide - a abracei - Eu te amo

- Eu também amo você Fernandinho

Quando ela ia saindo do quarto eu a chamei de volta.

- Neide

- Diga filho

- Se eu tiver oportunidade de voltar a São Paulo, acha que eu devo ir?

- Olha, se você não se sente bem aqui com seus pais e se a sua vó o chamar para morar com ela, acho que não tem problema. Pense bem, e siga seu coração - sorriu

- Se eu for eu vou sentir sua falta Neide - disse sinceramente

- Eu também vou sentir meu filho

Finalmente a vovó chegou, dona Marisa, apesar da idade era linda e cheia de vida. Ela era uma das únicas pessoas que eram legais comigo, tinha dinheiro mas sua humildade falava sempre mais alto, nunca destratou ninguém, diferente dos meus pais.

Dei um grande abraço nela e ela me encheu de beijos, como era bom se sentir seguro e amado! Nos sentamos na mesa, tudo estava devidamente arrumado e a comida cheirava muito bem.

O cardápio de hoje seria filé mignon à framboise(file mignon, servido com molho de geléia de framboesa e queijo), macarrão penne, filetes de salmão com ervas finas, um bom vinho e um suco de morango para mim. De sobremesa tinha petit gateau e sorvete de creme.

Estávamos comendo e o assunto se desenrolava, vovó sabia e percebia que eu não era tratado como filho aqui em casa.

- Sabe Verônica, estava pensando em levar o Fernandinho para São Paulo

- As férias já passaram mamãe

- Não filha, você não entendeu, quero levar ele para morar comigo

- Ah sim, mas porque quer fazer isso?

- Porque você e seu marido trabalham muito e o menino fica muito preso aqui - ela dizia calmamente - Mas a decisão é de vocês

- Por mim tudo bem - meu pai disse

- Por mim também - minha mãe respondeu. Realmente eles me queriam longe daqui.

- E você querido? - vovó me perguntou e olhei diretamente para a cozinha, Neide balançava a cabeça concordando

- Eu aceito

- Que ótimo, amanhã iremos para São Paulo então - vovó sorriu

A noite passou rapidinho, Neide me ajudou a arrumar todas as minhas coisas já que meus pais não estavam nem aí. Na manhã seguinte acordei animado e esperei pela minha vó ansiosamente, ela chegou e me despedi dos meus pais que nem mostravam um pouco de contrariedade, mas em compensação minha Neide chorava muito, me partia o coração. A abracei beijei e prometi à ela que nunca a esqueceria e que um dia nós iríamos nos encontrar.

E foi aí que minha vida começou a mudar, hoje tenho 20 anos e continuo aqui em São Paulo, com a vida bem resolvida e sou feliz. Vamos viver o presente, porque o amanhã a Deus pertence.