— Promete? — ela uniu suas sobrancelhas, com um semblante preocupado. Minhas lágrimas caem com mais intensidade e eu assinto. Suas mãos acariciam meu cabelo e seus lábios beijam minha testa, e sem dizer mais nada, ela se levanta. — Qualquer coisa me chame.

E assim ela abandonou o quarto, me deixando novamente com a solidão. Me encolho debaixo do cobertor e fico ali, esvaziando toda a angústia que dominava meu peito. Max me olhava com seus olhinhos preocupados e não deixo de acariciar sua cabeça, que estava repousada em minha barriga.

— Eu vou ficar bem. — sussurro, olhando seus olhos e depositando beijos em seu pelo, que estava cheiroso.

Encarando o teto, lágrimas solitárias desciam enquanto eu tentava encerrá-las de alguma forma, mas não conseguia. A dor de cabeça não me deixava pensar e eu estava com os olhos pesados. Eu só não sei se eram de sono ou de inchaço.

Minhas fungadas eram misturadas com o barulho do pessoal comemorando
no andar inferior, e eu estava me sentindo mal por ter sumido assim, mas foi mais forte que eu, eu simplesmente não conseguia.

Ou não queria.

Fiquei bastante tempo encarando o teto, presa em meus pensamentos. Tempo o bastante para que o silêncio habitasse o apartamento. Eram duas da manhã e eu sequer preguei o olho, e eu sinto que não precisava fazer muito esforço para isso, já que ambos estavam tão inchados que se fechavam involuntariamente.

E eu deixei o sono me dominar, tentando acabar com toda a angústia daquela noite. Ou ao menos tentei.

— Me deixe sozinha. — murmurei, ao ver a porta sendo aberta. A figura alta foi revelada, e podia jurar que estava vendo Harry entrar no meu quarto.

— Você não está bem e eu entendo, eu nunca te deixei sozinha nesses momentos e não vou deixar agora. — era ele, sua voz grossa e baixa ecoou no quarto, assim que ele fechou a porta.

— Por favor, Harry. Me deixe sozinha. — murmurei com a voz baixa e sonolenta.

— Cale a boca e durma.

— Não vou conseguir dormir, não com você aqui.

— Então apenas feche os olhos. Confie em mim. — sua voz era baixa, e eu sentia sua aproximação perto de mim. O meu lado da cama afundou, Harry estava atrás de mim e se arrumando na cama. Recuei um pouco. — Eu não vou fazer nada, eu prometo. — ele estava praticamente sentado na cama, seu braço se passou abaixo de meu pescoço e o outro acariciou os meus cabelos.

Suspirei, sabendo que a intenção de Harry de me fazer dormir não ia adiantar de nada. Minha respiração ainda estava descompensada depois das horas chorando, mas eu já estava mais calma. Digo, estava até começar a ouvir sua voz rouca e baixa próxima de meus ouvidos.

I'm in my bed
Estou na minha cama

And you're not here
E você não está aqui

And there's no one to blame but the drink in my wandering hands
E não há ninguém para culpar além da bebida em minhas mãos errantes

Meu coração palpitou forte e eu sinto suas batidas erradas tomadas de nervosismo. Era a segunda música que Harry fazia para mim, mas naquela, ele estava demonstrando toda a dor que causamos um para o outro. E eu soube esconder isso bem, bem até demais. Mas agora, eu sabia que não tinha para onde correr, eu tinha que lidar com essa angústia e mágoa.

FALLING | ʜ.ѕWhere stories live. Discover now