— Não é nada bonito, uma criança da sua idade ter que passar por situações dessas, eu só quero poupar você desse clima nada saudável. Por favor, vá para o seu quarto. Coloque música e desenhe qualquer coisa que pra você, seja inspiradora, ok?

Hoseok não respondeu, então ele insistiu: — Ok?

— Tudo bem. — suspirou derrotado, fazendo o mais velho sorrir.

— Vai lá, irmão — ele deu dois tapinhas nas costas do moreno, vendo-o se afastar — Amo você.

— Também amo você — ele sorriu acenando e foi ao seu quarto.

Foi só ele fechar a porta que os gritos começaram. Sua vontade era sair correndo dali pra ajudar o seu irmão, mas não podia.

— Você fica aí defendendo o garoto! — gritará sua mãe em algum momento da discussão.

— Não chame de garoto um ser que você mesma pôs no mundo! Como se ele fosse um desconhecido! — Minseok respondeu no mesmo tom.

— Desde o momento que ele virou aquela coisa, deixou de ser nosso filho — relembrou seu pai.

— Não fale assim do meu irmão! Eu não permito.

Hoseok suspirou, sentindo sua cabeça girar. Tudo aquilo o deixava tonto, sem ar. Ser renegado pelos pais, era muita dor.

Ele caminhou até a sua cabeceira e colocou uma música aleatória no último volume, então foi até a cama e começou um desenho do que seria a coisa mais inspiradora pra ele.

Hoseok não era supersticioso, longe disso, mas também não se considerava uma pessoa cética, por isso quando o lápis quebrou, enquanto ele escrevia o nome do irmão, soube que alguma coisa não estava bem.

Por alguma razão desconhecida, seu coração aumentou o ritmo, batendo freneticamente no seu peito, chegando até a doer. Um medo estranho apoderou-se do seu corpo.

Os gritos haviam cessado quase a uma hora, e ele sabia que Minseok tinha saído, pois ele não veio até seu quarto — como sempre fazia — quando a discussão terminou.

Ele não se lembra como acabou pegando no sono, mas até gostou porque teve um sonho reconfortante. Estava com seu irmão, na fazenda dos seus avós, o abraço do mais velho parecia tão real.

Jung foi acordado por sua mãe. Ela tinha a feição preocupada, os olhos tristes. "Minseok" foi a única coisa que ela disse, fazendo Jung se levantar em um sobressalto e saber que alguma coisa não estava bem.

Minseok tinha sofrido um acidente.

Essas palavras ecoaram constantemente no seu cérebro durante todo o percurso até o local do acidente. Gritando, latejando, como um pedido de socorro.

Enquanto sua mãe explicava que não sabiam o estado dele, mas que parecia grave, Hoseok só conseguia pedir à Deus que protegesse o seu irmão. Ele perdeu a conta de quantas orações fez só em dez minutos.

Quando eles finalmente chegaram no local do acidente, Hoseok sentiu todo seu ar sumir de uma vez.

Haviam vários carros da polícia, ambulâncias e algumas pessoas rodeando o lugar. E numa maca, dentro de um saco, onde era possível ver apenas o rosto, estava Minseok.

Era impossível descrever o tamanho da dor de Hoseok. Era impossível dizer tudo que ele sentiu quando viu seu irmão ali, sem vida.

Ele quase caiu, quando finalmente se aproximou. O coração acelerado, as mãos trémulas, os olhos já cheios de lágrimas e apenas um sentimento dentro dele: dor.

Minseok estava morto. A única pessoa que o amava, que se importava com ele estava morta. Hoseok estava sozinho.

— Min-Minseok — chamou, tocando suavemente no rosto do irmão. — Minseok, acorda. Levante daí, irmão.

Era possível ouvir o choro doloroso de seus pais, tornando tudo ainda mais pesaroso.

— Minseok hyung, eu–eu terminei o meu desenho, eu desenhei você, a coisa... mais inspiradora que tenho — ele sorriu triste, ainda acariciando o rosto do irmão — a única pessoa que me ama... Minseok, acorda.

— Hoseok, vem — seu pai chamou, o puxando pra perto de sua mãe, que o recebeu com um abraço.

Jung recebeu um abraço — que não recebia a tempos — dos seus pais, mas no momento ele não conseguia sentir nada. E a única certeza que ele tinha naquele momento é que estava completamente sozinho.

🔮

Sai correndo depois desse capítulo 👀

Potion|Kth&JhsWhere stories live. Discover now