Capítulo 42

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Rafaela

Eu estava gritando tanto e me debatendo, Lucas fazia o mesmo tentando me ajudar mas era quase impossível.

Quando percebi que ninguém iria me ajudar o choro foi descendo mais rápido.

XXX — Que porra é essa? — Uma mulher alta e bonita entrou dentro da sala fazendo com que os olhares fossem para ela. — Essa mina não está grávida caralho?

XXX — Shirley não se mete. — O cara que estava me segurando disse, ele falar daquele jeito fez com que a tal Shirley chegasse mais perto.

Shirley — Tu tá pensando que é quem porra? — Ela olhou para ele com um olhar mortal o que me fez ficar assustada. — Solta ela! — O homem permaneceu me segurando. — SOLTA ELA! — Ela gritou fazendo com que o mesmo me soltasse. — Saiam daqui todos vocês.

Assim que as mãos daquele homem me largou eu cai no chão cega por minhas lágrimas.

Shirley — Qual foi morena? Te salvei de uma. — Ela passou as mão no meu cabelo.

Lucas — Shirley, por favor tira a gente daqui!

Shirley — Bem que eu queria bi. — Ela suspirou. — Tenho que pensar no meu moleque.

Rafaela — O que tu faz aqui? — Perguntei sem levantar a cabeça e com a voz baixa.

Shirley — Sou fiel do Júlio, a dez anos e meio. — Ela sorriu de lado. — Eu fui vendida para ele. — Olhei um pouco assustada. — Meu irmão mais velho me vendeu pra pagar as drogas que ele devia, depois mataram o filho da puta. — Ela disse acendendo o cigarro.

Rafaela — Por que está aqui?

Shirley — O Júlio contra minha vontade me engravidou, e eu até queria pegar meu filho e ir embora, porém, nem tudo é como queremos.

Lucas — Tu precisa dizer se alguém está vindo Shirley.

Shirley — Como se seu irmão passasse alguma informação para mim.

Lucas — Eu não aguento mais ser torturado.

Shirley — Eu te entendo. — Ela sorriu amarga sem mostrar os dentes. — Sou torturada todos os dias. — Shirley disse isso e ia se levantando quando eu peguei na mão dela.

Rafaela — Obrigada. — Eu olhei nos olhos dela.

Shirley — Eu nunca deixaria acontecer isso com tu e nem mulher nenhuma. — Ela sorriu e levou o cigarro na boca, logo a vi ir embora daquela sala nojenta.

Lucas — Como tu está?

Rafaela — Como eu deveria estar?

Lucas —  Desculpa!

Fiquei calada por um tempo, logo encostei minha cabeça na parede. Mil pensamentos na mente, minha cabeça não ficava vazia nem por um segundo sequer.

Estava quieta na minha até sentir uma dor muito forte na barriga, eu apertei os meus olhos como se isso fosse diminuir minha dor, porém como previsto foi uma tentativa inválida.

Lucas — Está tudo bem Rafa? — Eu não conseguia falar por causa da dor que eu estava sentindo.

A dor aumentou e eu senti algo nas minhas pernas, olhei para baixo com receio e logo vi sangue por toda minha roupa, era um sangue incontrolável e minha dor insuportável, Lucas correu até mim e me olhou sem entender muito. Logo comecei a gritar de dor, e junto com a dor ouvi barulho de tiros eles estavam bem longe porém eu ainda ouvia perfeitamente.

Júlio encontrou correndo com Shirley na sala, ela me olhou preocupada e veio correndo até mim.

Shirley — O que aconteceu com  — Ela perguntou nervosa para Lucas que estava ali sem saber o que fazer.

Lucas — Eu vi ela fechar os olhos e percebi que ela estava segurando a barriga, ela começou a gritar e o sangue veio.

Eu conseguia gritar mais alto do que tudo.

Shirley — Ela está perdendo o bebê. — Ela disse para Lucas com os olhos marejados.

Júlio — Faz essa vagabunda parar de gritar.

Shirley — Júlio, Júlio por favor. — Ela foi correndo até ele. — Ela está perdendo o filho dela Júlio.

Júlio — Que morra! — Ele disse segurando o fuzil perto de alguns caras.

Shirley — Não faz isso por favor!

Os tiros se misturavam com meus gritos de dor e eu comecei a não ouvir mais a conversa dos dois.

Shirley — Eu não posso te ajudar dessa vez guria. — Ela disse chorando.

Lucas — É o Lobo. — Lucas disse olhando para Shirley. — O Lobo vai ajudar ela.

Shirley — Me da sua mão? — Eu dei minha mão para ela que estava tremendo e cheia de sangue.— Vai dar tudo certo.

Eu fechei meus olhos e ainda estava com muita dor.

Ela está perdendo o bebê. Isso não parava de passar na minha cabeça, nada mais fazia sentido para mim naquele momento, eu estava completamente perdida.

Eu estava totalmente longe quando fui puxada pelo braço.

Júlio — Se eu fosse tu eu me entregava. — Ele disse aquilo me segurando e olhando nos olhos de lobo.

Lobo — Tu não vai deixar ela sair bem dessa!

Júlio — É minha palavra! Eu não quero seu morro, não quero nada de tu, muito menos ela.

Lobo — Então por que está fazendo tudo isso?

Júlio — Quero sua cabeça, quero te tortura como tu fez com meu irmão. — Júlio parecia ter ódio de lobo.

Lobo — Eu quero garantia de que tu não vai machucar ela.

Júlio — Temos que fazer um trégua tu não acha?

Lobo — Eu já matei metade dos seus homens!

Júlio — Eu não ligo. — Ele sorriu. — Matou todos mas quem está com a moreninha sou eu e eles. — Ele disse se referindo aos homens que estavam ali com ele. — Eu vou levar ela até ai e tu vem do outro lado caminhando até meus homens, os cara pode sair com ela.

Lobo parecia estar odiando tudo aquilo, ele se virou e entregou suas armas para Pedrinho que estava ali.

Meu irmão!

Júlio foi andando comigo devagar até o meio da sala e lobo também foi andando, ele estava me olhando com uma cara de dó ou sei lá.

Assim que lobo chegou até os homens eles já pegaram ele e ajoelharam o mesmo, Júlio me empurrou e eu cai nos braços de Pedrinho que me pegou no colo. Logo em seguida ouvi tiros.

Rafaela — NÃO! — Falei assim que vi um dos tiros acertar Shirley, ela caiu no chão de olhos abertos e parecia que ela estava me olhando. Pedrinho continuou correndo comigo nas costas. E eu fiquei em estado de choque, não tirei os olhos de Shirley até ela sumir de vista.

Eu estava sentindo tanta dor naquele momento, porém eu estava em estado de choque não conseguia falar.

Foi o mesmo sentimento quando minha mãe morreu, tudo parou para mim, eu não via sentido em nada e a dor física que eu estava sentindo, tomou conta do meu corpo.

Pedrinho me colocou no carro desesperado e eu vi que quem estava no volante era Gabriel, ele desceu voando por todo o morro, havia gente morta, muita gente morta. Ainda estava rolando tiros e tudo mais, se naquele momento tudo acabasse para mim, faria bem mais sentido, por que motivos ficar aqui sofrendo se eu poderia ir embora a qualquer momento Deus.

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No Alemão.Where stories live. Discover now