Capítulo 5

366 49 12
                                    

 Pov Brittany Pierce

 Estava encostada no nosso carro, no estacionamento da escola, junto com meus irmãos e os Lopez, esperando Sofi e Tay, quando Kitty se aproximou.

 — Oi — ela cumprimentou sem jeito.

 — Oi! — Kurt e Quinn cumprimentaram simpáticos.

 Nenhum dos Lopez respondeu, estavam todos de cara fechada.

 — Então Britt, podemos ir agora? Eu sei que seria só mais tarde, mas achei legal irmos agora — ela perguntou sem graça.

 — Claro! — respondi sorrindo.

 — Pode deixar que eu levo ela pra casa em segurança — Kitty disse à meus irmãos que assentiram simpáticos. Ouvi Santana bufar debochada assim que ouviu a frase.

 Puxei Kitty pela mão e fomos caminhando até seu carro. Senti o olhar de Santana me queimar e me virei pra encarar aquelas orbes castanhas, fodidamente sexys, que estavam num tom escuro. Se pudesse matar com o olhar, Santana já teria me matado.

 Voltei a olhar pra frente, segurando na mão de Kitty e fomos caminhando até seu carro.

 O caminho até a sorveteria foi tranquilo. Kitty tinha ligado o rádio em uma estação qualquer e as vezes até cantarolava a música que estava tocando, enquanto eu a admirava.

 Kitty era linda, mas minha mente ainda martelava pra saber qual era o motivo dela e Santana se odiarem tanto.

 — Você quer sorvete do que? — ela perguntou assim que chegamos na sorveteria. 

 — Morango com chocolate. É meu favorito — expliquei sentando na mesa.

 — Então acho que vou provar seu favorito hoje. — ela disse sorrindo.

 Kitty era do tipo perfeita. Abria a porta do carro, empurrava a cadeira, nunca me deixava pagar quando saíamos e outras coisas fofas que reparei nela nesse tempo todo em que estávamos saindo. Nunca nenhuma garota me tratou tão bem quanto ela me trata.

 Sorri observando ela pegar nossos pedidos. Algumas vezes ela olhava pra trás e sorria pra mim, me fazendo sorrir mais largo ainda.

 Desde o nosso primeiro encontro, duas semanas atrás, nos encontrávamos praticamente todos os dias. Ela foi muito gentil e fez questão de me mostrar toda a cidade. Era muito fácil gostar dela, e aos poucos eu me encantava.

 — Aqui está o seu — disse me entregando um potinho de sorvete, quando voltou pra mesa — Eu não sabia qual calda você iria querer então eu trouxe todas. — ela disse sorrindo sem graça. Isso era tão fofo.

 — Está perfeito. — achei graça de seu nervosismo.

 — Eu gosto de te impressionar — disse tocando minha mão e sorrimos uma pra outra.

 Ficamos a maior parte do tempo conversando sobre coisas aleatórias como sempre fazíamos, mas minha mente me pressionava pra pergunta o que havia acontecido entre ela e Santana.

 — Então... — comecei — Qual o problema de verdade entre você e Santana Lopez? — não consegui ser discreta. 

 — Oh! — ela disse surpresa — Você notou — suspirou pesado abaixando a cabeça e eu assenti. — Certo, vou te contar, mas quero que isso sirva de exemplo pra você ficar longe daquela garota. — eu assenti confusa. Eu não sabia que era tão sério.

 — O que houve?

 — No ano passado eu namorava uma garota chamada Mila. Eu a amava e sabia que ela me amava também. Tínhamos feitos planos juntas, do tipo, ir pra faculdade, dividir um apartamento e começarmos uma vida juntas. Só precisávamos esperar até o fim do ensino médio e ficaríamos juntas pra sempre, mas nesse meio tempo Mila e Santana se tornaram amigas e as coisas começaram a ficar... estranhas.

 — Estranhas como? — incentivei ela a continuar, segurando sua mão. Ela parecia querer chorar e isso estava partindo meu coração.

 — Mila começou a ficar agressiva e aparecer bêbada na minha casa de madrugada. Ela saia pra festas com a Santana e voltava pela manhã. Não ligava mias pra nada, começou a tirar notas ruins e ainda aparecia chapada na escola. Aquilo me assustou. Lopez sempre teve fama de que se metia com esse tipo de coisa, mas Mila não era assim, eu sabia que isso era tudo culpa de Santana. — dava pra sentir a dor e a raiva na voz dela. Ela apertava minha mão enquanto algumas lágrimas rolavam por sua bochecha.

 — Continua — pedi, tentando passar forças pra ela.

 — Um dia eu segui Mila e Santana até uma dessas festas — ela continuou — Vi Mila entregar dinheiro pra Santana e em troca ela deu um pacotinho com pó branco. Acho que você pode imaginar o que era — ela riu debochada enquanto as lágrimas raivosas caiam. — Eu fiquei destruída. Minha namorada tinha tanta vida, era uma pessoas tão feliz e Santana a transformou num tipo de monstro viciado, magro e com olheiras profundas. — ela limpou as lágrimas do rosto com ódio — No dia seguinte eu fui falar com Santana. Fui pedir para que ela parasse, que deixasse Mila em paz, mas Santana estava descontrolada, como se estivesse drogada, e me deu um soco no nariz. No mesmo dia minha ex sogra achou os saquinhos de pó nas coisas da Mila.

 — Minha nossa! E o que aconteceu com a Mila? — perguntei em coque.

 — A mãe dela a mandou pra um reformatório. — disse suspirando triste — Sinto falta dela. De quem ela era — Admitiu.

 Eu não sabia o que dizer.

 — Britt. — ela disse chegando mais perto e se aproximando do meu rosto — Eu não quero cometer o mesmo erro que cometi com a Mila, com você. Eu sei que parece impulsivo, a gente se conhece a só algumas semanas, mas eu realmente gosto de você, e só quero seu bem. Eu quero muito que você seja minha namorada, que muito cuidar de você.

 (...)

 O pedido repentino de Kitty me assustou. Quero dizer, nos conhecíamos há duas semanas, foi tudo muito rápido. Eu sabia que gostava muito dela, mas não sabia se queria um relacionamento logo agora.

 Depois de ter dito que iria pensar no assunto, Kitty me deixou em casa, dizendo que iria esperar ansiosamente pela minha resposta. Kitty podia ser a pessoa perfeita pra mim, mas eu não estava pronta pra aceitar um pedido daquele, não depois de toda aquela história, que ainda estava me assustando.

 O dia terminou com um monte de perguntas dos meus irmãos sobre o meu encontro, como sempre faziam quando eu voltava com Kitty. Eles gostavam da garota e surtaram quando contei do pedido de namoro.

 Não demorou muito pra dar a hora de ir pra cama. Tomei um banho e fui direto pro quarto.

 Já eram quase duas da manhã e eu não conseguia dormir, pensando no que Kitty havia me contado. Pensei em contar pra Quinn, mas Kitty me fez prometer que não contaria pra ninguém e eu cumpriria essa promessa por ela. 

 Fiquei pensando em tudo o que Kitty passou com Mila e no quanto deve ter sido difícil. Mas parecia que algo não batia nessa história, quer dizer, se Santana vende ou vendia drogas, como é que nunca nem notamos? Ou como nunca ninguém notou? Será que Blaine, Rachel e Taylor sabiam disso? Será que eles ajudavam?

 Ouvi o barulho conhecido dos carros dos lopes e fui olhar pela janela. Vi o portão da casa de frente se abrindo e dois carros saindo por ele. Era óbvio que um era o de Santana e o outro era o de Rachel, mas onde diabos elas estavam indo essa hora?

 Vi um vulto passando pelo portão e correndo pra lado do carona do carro de Rachel. Era Blaine? São duas da manhã! Onde eles estavam indo a essa hora?

 De qualquer jeito, era tudo um pouco suspeito. Eles pareciam não quererem ser vistos, já que os faróis estavam desligados. O carro de Santana saiu na frente e os dois seguiram pela rua até sumir de vista.

 Deitei na cama desconfiada do que tinha acabado de ver. Será que eles estavam indo...?! Deuses. Essa história estava começando a me assustar. 

Street Racer - BrittanaWhere stories live. Discover now