Despeço-me de Rami que boceja antes de desligar o telefone. Vou rapidamente ao banheiro para tomar um banho, eu ainda vestia a calça do show de ontem e precisava dar um jeito na minha cara.

Depois de 15 minutos, estou devidamente vestido e cheiroso, não tão destruído quanto mais cedo.
Pego as chaves do carro e minha carteira, tranco a casa e logo estou a caminho do apartamento de Freddie.

Aperto o volante de tal maneira que os nós dos meus dedos ficam esbranquiçados. Balanço a cabeça e me concentro na rua para evitar novos acidentes como o do dia que eu conheci Brian, ou que o re-conheci, não sei dizer.

Meia hora depois estou na porta do pequeno e simples prédio, na portaria consigo descobrir o número do apartamento dele de maneira fácil.

Ok, eu só precisei dar o meu suposto número para a moça da recepção, mas ela não precisa saber que o número foi inventado e nem que o meu nome não é Josh, certo? Foi por uma boa causa.

Aperto o botão do segundo andar no elevador e quando menos espero já estou parado na porta do apartamento de Freddie, minhas mãos estão suando, mas dou leves batidas na madeira.
Não consigo escutar um barulho sequer e começo a pensar que não tem ninguém em casa, mas a porte se abre e um Freddie surpresa usando robe de seda aparece.

- Roger? O que você..? São 6h50 da manhã.

- Oi Freddie, me desculpa estar aqui tão cedo... eu... acho que só você pode me ajudar, estou surtando.

O rapaz ainda parece me analisar por alguns segundos que mais parecem uma eternidade, mas por fim dá espaço para que eu entre no apartamento.

As paredes são claras e há quadros pendurados nas paredes, Freddie me guia até a cozinha e pede para que eu me sente.

- Café, chá? - ele oferece enquanto busca duas xícaras nos armários.

- Café, eu acho.

Ele volta segurando uma jarra de café em uma mão e uma chaleira na outra.
Em alguns segundos a xícara que está na minha frente está cheia com o líquido escuro, uma pequena linha sinuante escapa do recipiente e chega até minhas narinas trazendo consigo o delicioso cheiro de café recém feito.

Bebo um gole enquanto Freddie pacientemente bebe o seu chá e espera que eu comece a falar.

- Freddie, ontem.. O Brian me disse algumas coisas.

Ele me olha mais atento e pede para que eu prossiga.

- A verdade é que eu perguntei a ele o porquê de não gostar de mim. - Suspiro e encaro um outro canto da cozinha para não ter que ver seus olhos afiados e atentos na minha direção. -, ele me disse que quem nunca gostou dele fui eu, que eu o odiava sem motivos e que eu fazia... coisas.

Freddie está sério e me encarava de maneira mais intensa, mas permaneceu calado.

- Freddie, juro que eu não conhecia Brian antes daquele acidente. Por Deus, eu nem sei o sobrenome dele. - falo de maneira rápida, sinto uma pequena pontada na minha cabeça que é ignorada. -, por favor, vocês são amigos, me diga...

O rapaz suspira e ajeita sua postura.

- Roger, todos nós frequentamos a mesma escola durante o ensino médio. - minha boca forma um "o" e deixo que ele continue - você aparentemente gostava muito de transformar a vida do Brian numa merda, você e aquele Prenter que vivia grudado no seu cangote.

Prenter? O babaca Paul Prenter? Não é possível, lembro bem que no final do ensino médio eu já o odiava e ele a mim justamente por eu me recusar a ajudar num plano bizarro. Sinto minha cabeça doer mais do que nunca, mas Freddie bebe mais um gole antes de prosseguir.

- Prenter gostava de atazanar qualquer um que lhe desse na telha, mas você? Seu lance era com o Brian, mas eu nunca entendi o porquê. Olha, não vou ter que dizer pra você as porcarias que fez a ele, só de lembrar de todas me dá vontade de socar sua cara. - ele me olha ameaçador. -, mas algo aconteceu e você literalmente não parece o mesmo Roger Taylor.

Ele solta um suspiro.

- Freddie, a única coisa que eu sei daquele ano foi o que minha mãe contou pra mim na época. - massageio as têmporas demoradamente -, ela disse que eu passei por grandes estresses.

- Se você teve muito estresse, isso pode ser a causa do seu esquecimento. - Freddie tem um ar pensativo e quase consigo ouvir as engrenagens trabalhando dentro da sua cabeça. - Você passou por alguma coisa muito ruim na época?

- Eu.. não sei Freddie. Se eu penso muito, sinto como se minha cabeça fosse explodir.

Me sinto frustrado, e afundo os dedos entre meus cabelos e fecho os olhos.

- Só não queria que Brian tivesse essa idéia sobre mim, eu não sou aquilo. A forma que ele falava, eu vi que tudo que eu supostamente fiz o machucou. - falo baixo e devagar -, preciso e vou descobrir o que houve comigo, e também vou pedir perdão a ele, e mostrar que mudei e que eu me importo.

Freddie me encara de maneira admirada, apenas concorda e diz que tudo bem.
Levanto e digo que tenho que ir, ele se oferece para me levar até a porta. Consigo ouvir um chuveiro ligado e alguém cantarolando uma melodia, talvez eu tenha atrapalhado Freddie e seu companheiro quando cheguei.

Sorrio internamente e me despeço já caminhando na direção do elevador.

- Desculpe atrapalhar você e o John. - refiro-me a quem estava cantando no banheiro.

- Ah, esse é o... - Freddie tenta dizer mas a porta do elevador se fecha, não me importo com isso, afinal era a vida dele e eu não me meteria.

Caminho até a saída do prédio fugindo da moça da recepção, e entro no meu carro, dirijo até minha casa para começar a me preparar, eu precisava começar por algum lugar.

•••

- Freddie? O John estava aí? Acho que ouvi vozes.

Brian aparece vindo do corredor, possuía uma toalha nas mãos que usava para secar o seu cabelo e se preparava para ir trabalhar. Freddie estava sentado no sofá da sala, e ainda estava tão surpreso pelas suas novas descobertas que nem ouviu o amigo chegar.

- Bri, acho melhor você se sentar, pois não vai imaginar quem esteve aqui...

•••

oioi gente, como vocês tão? puxa, acho que esse foi maior capítulo até agora.

estão curiosos para saber o que houve com Roger no passado? alguma teoria? hahah

até a próxima, cheiro! 💕

FIRST | maylorWhere stories live. Discover now