Capítulo 32

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Bárbara permaneceu no mesmo lugar, em frente ao espelho, por mais de meia hora. Não conseguia decidir se deveria mesmo ir para a empresa depois da discussão que tiveram.

Não a surpreendia que Daniel não tivesse compreendido o que tentou explicar. Como ele mesmo afirmou, por várias vezes havia se esquivado de qualquer contato íntimo com ela, até que tivesse certeza de que Bárbara realmente queria aquilo. Com certeza ver qualquer sombra de dúvidas quanto a isso em sua esposa, o magoou profundamente.

Por ironia, ela agora percebia que o poderoso McCain não era tão impenetrável quanto parecia.

As palavras que ele disse antes de sair foram duras, cruéis, mas Bárbara sabia que não eram verdadeiras. Bom, pelo menos não em parte. Ele pode ter sido manipulador e ter invadido sua vida, mas não a forçou a ir para a cama com ele. Foi uma escolha que ela fez.

A questão não era essa e sim como ela conviveria consigo mesma depois de ter ido totalmente contra seus próprios valores.

Ainda atordoada, desceu até a garagem e viu que ele já tinha saído.

Parou então, respirou fundo e olhou para o nada.

A garagem era ampla, bem iluminada e cheia de carros de luxo. Nunca tinha dedicado tempo a notar os detalhes, mas por algum motivo, começou a observar a arquitetura do lugar. Impecável, como todo o resto da mansão. Nela haviam carros para todos os gostos, mas as cores sóbrias imperavam.

Preto, prata, cinza, grafite... Havia apenas um carro, estacionado ao fundo da garagem que se destacava dos demais, pois era vermelho.

Bárbara se perguntou como não havia notado antes aquele carro ali, já que tinha uma cor tão gritante. Com certeza isso se devia ao fato de que o carro estava muito longe de onde ela costumava estacionar. Nunca tinha visto Daniel usá-lo, talvez pela cor indiscreta.

Ou talvez porque se esquecia dele, já que estava parado tão ao fundo do espaço.

Já que precisava relaxar e distrair a mente, caminhou devagar observando atentamente o design incrível dos veículos. Até mesmo ela, que não se importava muito com carros, precisava admitir que Daniel tinha bom gosto. Continuou sua exploração até o carro vermelho e de volta, percorrendo toda a garagem.

Tudo lindo, tudo perfeito.

Mas quem teria tido a inteligente ideia de estacionar um dos carros diante de uma porta? Qualquer um perceberia que assim barraria totalmente a passagem.

Mais tarde avisaria Ian sobre isso, com certeza ele não havia notado.

Num impulso de coragem momentânea, decidiu que não adiantava postergar mais. Ou encarava a vida de uma vez, ou viveria fugindo da consequência de suas escolhas.

Encheu o pulmão de ar, e foi para a McCain Corp, certa de que não encontraria Daniel no melhor dos humores.

Ao chegar, foi direto para sua sala, afundar-se no trabalho, tentando fazer de conta que tudo era absolutamente como antes, o que é claro, não deu certo.

A cada três pensamentos, dois a levavam de volta aos dias que passara com Daniel. Tudo parecia surreal, como se cada instante em sua memória não passasse de um delírio.

Ainda sentia o calor de seus braços acolhendo seu corpo, e o perfume maravilhoso da pele dele. Para seu consolo, não conseguiu sentir-se culpada. O homem com quem dividiu cada hora da última semana, não tinha nada a ver com o monstro que manipulou e transformou sua vida. Era quase que bizarra a diferença, como se duas personalidades completamente distintas habitassem o mesmo ser.

O Protetor - Série case-se comigo - Livro 1Where stories live. Discover now