Capítulo 5 - Brian May

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- Você também não passou a senha do meu cartão pra ele, né? - brinco, o que arranca uma risada do rapaz que possui grandes olhos expressivos. -, muito prazer, sou Brian May. Ah propósito, ótimo show, vocês são incrível no palco, você principalmente.

Ele parece corar levemente com o elogio, adorável.

- Rami Malek, o prazer é meu Brian. E muito obrigado, obrigado por terem vindo, isso tudo é realmente importante para todos nós.

Balanço a cabeça em concordância e varro os olhos pelo local inconscientemente, procurando algo mas não encontro.

Deve estar enfiando a língua na garganta daquela garota.

Reviro os olhos com o pensamento, e aviso John que iria até a sacada de cima respirar um pouco de ar puro, ele me olha de maneira curiosa mas apenas concorda e dá de ombros.

Apesar da área principal do pub estar lotada, aquele local onde busquei refúgio estava bem calmo e não haviam pessoas lá.

Me aproximo da sacada e respiro fundo, mas só consigo sentir o cheiro de cigarros.

"Mas que porra...", reclamo baixinho.

- Boca suja demais, não acha?

Dou um pequeno pulinho de susto quando uma voz rouca se faz ouvir.

Procuro ao redor e ali na área mais escura, encostado na parede estava a pessoa que vem tornando meus pensamentos um tanto conturbados, a que eu menos queria ver no momento.

O cigarro estava entre os lábios, seus cabelos ainda aparentavam estar úmidos de suor.

Viro novamente e olho para a rua lá em baixo afim de evitar uma conversa, mas ele não entendeu.

- Não sabia que vocês viriam. Gostou do show? - fala enquanto se aproxima e se escora no parapeito assim como eu.

- É, o Rami convidou o Freddie e ele arrastou a gente. O que valeu a pena, afinal o show foi incrível, vocês são muito bons. Ainda me admira não estarem fazendo sucesso por toda a Europa. - dou um sorriso de lado-, se eu tivesse me ligado, naquele dia no Cafe você comentou que tocaria, só não fazia ideia que seria no mesmo lugar.

Roger sorri também.

- Quem sabe daqui há alguns anos, não é?

Alguns minutos de silêncio são feitos, posso ver que o cigarro está no final. Minhas mãos estão entrelaçadas e agora meu olhar se dirige ao céu.

As estrelas brilham forte essa noite, não há muitas nuvens e uma lua tímida começa a dar as caras.

- Aquela ali é a Ursa Menor.

Roger encara o céu, uma expressão confusa se faz presente, talvez não esperasse que eu puxasse alguma assunto.
Aponto para algumas estrelas e agora ele confirma dizendo que conseguiu ver.

- Ela é uma constelação, e a principal estrela dela é a Polaris, a estrela polar. Essa estrela sempre guiava os homens que navegavam pelo mar.

Desvio o olhar das estrelas e percebo que o loiro me encara mas também acaba desviando o olhar.

- É bonitinho o jeito como você fala, parece gostar muito de astronomia. - sorrio, é eu gosto. - Mas algo me intriga, Brian.

- O quê?

- Por que você não gosta de mim?

Engasgo com a minha própria saliva e começo a tossir. Roger, assustado, começa a dar tapinhas nas minhas costas até que eu me recupere.

- Como assim, Taylor?

- Ah.. - ele hesita. -, às vezes tenho a sensação de que você me odeia.

Ele encolhe os ombros e eu o analiso em busca de algo que revele a pegadinha.

Não era possível que ele estava dizendo isso. Logo pra mim?

- Roger, quem sempre me odiou sem motivos foi você. - digo sério e sem rodeios, a verdade é que eu odiava tocar nesse assunto.

Ele parece espantado e põe a mão na cabeça enquanto faz uma careta esquisita.

- Então... a gente... se conhecia antes do acidente?

O loiro fala devagar como se estivesse demorando um bocado pra assimilar a informação.

- Você tá de palhaçada com a minha cara? - perco um pouco a paciência. -, é óbvio que a gente já se conhecia, você Roger Taylor, fez questão de infernizar todos os meus anos de ensino médio, me humilhava de todas as maneiras possíveis como se estivessemos na droga de um filme clichê adolescente e agora ainda tem coragem de fazer essa ceninha pra cima de mim?!

Despejo tudo de uma vez, talvez a raiva acumulada por anos tenha ajudado. Eu nunca brigava ou discutia, mas dessa vez eu não pude evitar.

Roger arregala os olhos e posso ver de perto o tom de azul que tanto me assombrou estar ligeiramente sem vida, opaco. Ele dá dois passos para trás antes de sair de maneira apressada de onde estávamos.

Fecho os olhos e respiro fundo antes de ir ao encontro de Freddie e John. Eles ainda estavam num papo animado com os outros membros da banda, mas ao me ver Freddie se levanta e caminha até mim.

- O que houve? A loira do acidente de trânsito veio como um furacão do mesmo lado que você veio, pegou as coisas dele e saiu rápido, juro que acho que ele estava chorando.

Sacudo a cabeça em resposta, não queria falar daquilo ali.

- Certo, acho que já tá na hora de irmos.

Nós nos despedimos dos rapazes prometendo que iríamos aos próximos shows. Eu não sabia se iria mesmo.

O caminho de volta foi silencioso e nem mesmo Freddie se atreveu a quebra-lo.
Após deixarmos Deaky em casa e chegarmos na nossa, fui direto para o banho, era lá, debaixo do chuveiro, que eu conseguia espairecer.

Eu sabia que meu amigo estaria esperando por mim para que conversassemos, mas decidi adiar a conversa até o dia seguinte.

Nada me tirava da cabeça o que aconteceu hoje. Será que eu fui rude demais? Não! Se tem uma pessoa que merece ser tratado assim, esse alguém é ele.

Só lhe devolvi aquilo que recebi aqueles anos todos.

Foram com esses pensamentos que apaguei em um sono conturbado, talvez o amanhã fosse melhor. Pelo menos, eu espero.


•••

Uau, as coisas estão começando a se esclarecer, mas ainda falta muitas ainda a serem reveladas heheh

Probrezinho do Rog. Acham que o Brian foi rude demais ou não? Me digam aqui nos comentários.

Até a próxima :)

FIRST | maylorWhere stories live. Discover now