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Dez minutos, foi o tempo que Regina ficou em silêncio. Dez minutos, foi o tempo que Emma levou, para descobrir algo que bem no fundo, ela já sabia. 

_Essa é a minha história. - Ela falou em voz baixa. - Eu sou Lara Almeida. 

Por um momento, Emma desejou não saber a verdade sobre ela, ou sobre o que ela passou, pois sabia, que nunca mais iria vê-la com os mesmos olhos.

Era difícil para ela, imaginar Regina como uma menininha feliz e sorridente, assim como era difícil imaginar o que ela passou para deixar de ser aquela menina.

Naquele momento, soube que não podia proteger ela, não podia tirar o sofrimento dela e muito menos, fazê-la desistir da vingança... Não podia fazer absolutamente nada por ela. 

Regina continuou sentada com a cabeça entre os joelhos, uma posição que a fazia se sentir segura, mesmo sendo só uma sensação.

Ela lutava internamente, contra a vontade de sair correndo, de deixar tudo aquilo para trás e viver sua vida. Não era o que ela queria, não era certo. 

_Seus pais... - Emna pensou alto. 

_Sou adotada. - Ela respondeu, encolhendo os ombros. - Henry e Cora são como anjos na minha vida. 

Ela sentiu o coração aquecer ao se lembrar dos pais, sensação que logo passou, ao lembrar-se do estado de Henry.

_Foi horrível. - Voltou a falar depois de um tempo em silêncio. - Eles bateram nela. Três homens armados, contra uma mulher indefesa. Eu ainda ouço os gritos dela, ainda ouço os barulhos da luta... Posso ouvir a risada arrogante daquele... 

_James? - Emma finalmente viu sua ficha cair. - Ele fez tudo isso... 

_Ele riu de mim, me diminuiu. Me deixou viva porque duvidou da minha capacidade, mas eu vou acabar com aquele desgraçado.

Emma sentiu um frio na barriga ao ouvir Regina falar, era como se não fosse ela. O ódio era visível no olhar, e Emma sabia que aquilo a estava destruindo por dentro. Se continuasse com aquela ideia na cabeça, Regina iria acabar como James... Uma pessoa amarga, rancorosa, sozinha e cheia de culpa.

Não era o fim que queria para Regina.

_Olha pra mim. - Ela pediu com carinho. - Eu sei que você sofreu, sei que ele te fez mal e que ainda dói. Mas... Gina, você é melhor que ele, esquece essa... 

_Esquecer? - Ela gritou, se levantando e afastando Emma. - Quer que eu esqueça? 

_Olha, sei que é difícil, só que isso está te fazendo mal. - Argumentou. - Essa sede de vingança, está acabando com você e te transformando em alguém como ele. É isso que você quer? 

_Acha que eu gosto disso, que eu quero ser uma assassina sem coração? - Continuou gritando. - Acha que eu gosto de me olhar no espelho, e ver uma mulher sozinha e cheia de ódio? 

_Eu... 

_Não Emma! - Interrompeu. - Eu não gosto, eu não quero sentir essa raiva que sinto, não quero matar uma pessoa, eu não quero. Eu me odeio por isso, odeio me sentir assim, odeio mentir e manipular, odeio olhar a filha dele sabendo que em breve ela vai ficar sem o pai... 

_Para! - Ela gritou de volta, fazendo Regina se assustar. - Não precisa ser assim. Eu sei que você pode colocá-lo na cadeia, deixa que a justiça cuida dele. 

Ela riu de maneira exagerada, uma risada seca e sem nenhum humor.

_Não existe justiça nesse mundo. Não vou deixá-lo vivo, comendo e bebendo as custas do governo, em quanto minha mãe está morta. 

_Pode ser difícil para você, eu entendo... 

_Entende mesmo? - Questionou. - O que marcou sua infância? Uma brincadeira com seus pais? Um doce, uma música, um brinquedo? - Ela deu dois passos na direção de Emma e parou. - A minha infância, foi marcada por mortes, primeiro meu pai e depois minha mãe. Minha infância foi marcada por gritos de dor, por barulho de ossos se quebrando e por nove tiros disparados em uma mulher já morta. Se você não passou por isso, não me diz que entende. 

_Matá-lo, vai trazer sua família de volta? Vai te fazer feliz? 

Regina abriu e fechou a boca, pensando na melhor resposta possível. Uma resposta que não fosse, "Não". Porque ela sabia, que matá-lo não a faria feliz, não traria sua família de volta e não faria o tempo voltar... Porém, deixá-lo vivo também não trazia nada daquilo, e só fazia aumentar o ódio de Regina.

_Talvez você tenha razão. - Finalmente falou. - Matá-lo não vai me fazer melhor... Mas também não me faz pior, porque ele destruiu tudo o que tinha de bom em mim. 

_Que droga, Regina. - Disse, batendo contra a parede. - Será que não consegue enxergar ?

_Eu enxerguei. Por três dias eu enxerguei minha mãe caída nesse chão. Vê esse desenho? - Ela apontou para o chão da sala. - Eu fiz, enquanto esperava alguém me encontrar. Eu contornei o corpo da minha mãe, eu vi o sangue, eu passei três dias ao lado de um cadáver... - Ela parou, passou as mão pelo cabelo, tentando manter a calma. - Tudo porque aquele filho da puta, foi arrogante demais para me matar. 

Emma tentava entender o lado dela, afinal, Regina havia passado por coisas horríveis. Mas ela não podia, não podia deixá-la ser guiada por um ódio cego, e se transformar em uma pessoa tão ruim quanto James. Ela queria salvá-la de si mesma, queria tirar a escuridão que morava nela.

_Foge comigo. 

_O que? 

Regina parou de andar e focou em Emma, tentando achar um vestígio de humor em seus olhos. Até porque, ela só poderia estar brincando... 

_Vamos embora daqui, deixamos tudo pra trás e ganhamos o mundo. - Falou, se aproximando dela e a puxando pela cintura. - Sem noiva traíra, sem vingança, sem família Luccas... Só eu, você e nosso amor... Eu te amo, Regina. 

Em outro momento, Regina derreteria por aquelas palavras. Ela a beijaria e diria que a amava também... Porém, aquele não era outro momento.

_Você está sendo egoísta. - Ela se afastou. - Meus pais biológicos estão mortos, meu pai adotivo está morrendo no hospital, e você quer que eu fuja? 

_Henry vai ficar bem, já seus pais... Eu só quero ajudar, quero te fazer feliz. - Ela sorriu de forma acolhedora. - Vem comigo? 

_Eu não posso. 

Emma ficou ali, parada, enquanto via Regina virar as costas e seguir seu destino... 

O rosto molhado de Regina era uma prova do quanto doeu recusar a proposta, o quanto doeu deixar Emma para trás, mas ela tinha um destino para seguir... E infelizmente, Emma não fazia parte dele. 

_Eu também te amo. - Sussurrou em meio às lágrimas, depois entrou no carro e foi embora.

Revenge | SwanQueen Versionحيث تعيش القصص. اكتشف الآن