Capítulo 45

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CALEBE

Chego à fazenda com a caçamba cheia e já vou descarregando os sacos de ração. Depois de fazer isso já vou cuidar do gado que precisa da minha atenção. Não tenho muito, mas são para leilão e precisam estar saudáveis. Mesmo que eu não vá para o rodeio montar, Pedro levara os animais para exibição. Assim que termino tudo, vou cavalgar um pouco em uma das éguas que eu mesmo amansei e percebo que fiz um bom trabalho.

À noite está vindo quando volto para casa e antes de entrar meus olhos vão ate o rumo da fazenda vizinha e meu coração grita.

Por dois dias esteve tudo tão silencioso, ate mesmo meu celular está vazio das ligações dela.

Sinto-me um completo fracasso quando me lembro da sua partida e da minha covardia em deixa-la ir, mesmo que em cada não vai que eu dei a ela tivesse um eu te amo escondido eu não fui capaz de dizer.

Criei na minha cabeça que a cada vez que eu disser que amo alguém esse mesmo alguém vai partir em algum momento e eu vou ficar, e isso tem me assombrado. Eu amei meu pai, amei minha mãe, amei Nora e amei meu filho e todos eles se foram.

— Calebe? — meus pensamentos vão embora quando Austin me chama da porta da cozinha.

— Sim? O que aconteceu?

Ele acena para fora mesmo que eu não veja nada.

— O senhor Valter esta na fazenda.

Sou pego de surpresa ao ouvir esse nome, porque ate mesmo a pessoa me causa arrepios.

— Obrigada. Você pode cuidar da sua irmã e não deixa-la vir de fora?

Ele consente e saio logo em seguida.

Quando piso na varanda já vejo o carro vermelho chique e sei por que não ouvi barulho.

Valter está parado nele de braços cruzados ainda e usando as roupas chiques, com o mesmo ar de cafajeste de anos atrás.

— Calebe! — abre um sorriso como se fossemos amigos assim que me vê.

Aproximo-me sem humor.

— O que veio fazer aqui?

— Bom, faz muito tempo não é? Uns três anos?

Sim desgraçado! Três anos desde o dia em que você tentou me derrubar, tirar minha fazenda, minhas terras depois de se dizer meu amigo. Deixou-me sozinho e levou embora meu dinheiro.

— Não me lembro afinal, isso é algo insignificante para mim.

Ele sorri consentindo, sabe que odeio ate mesmo a respiração dele.

— Eu não vim para brigar, dessa vez eu vim como amigo.

— Impossível. Você não sabe o que é isso. Amizade. — provoco.

— Bem, devemos começar a ser. — ele abre a porta do carro e fico alerta, já que ele é traiçoeiro. Ele tira de dentro uma pasta branca com papeis e estende para mim. — Você tem que se comportar como um.

— O que é isso? — embora nada do que vem dele me interessa, ainda vejo-me curioso.

Seus olhos faíscam maldade e ganancia.

— São as assinaturas do seu pai. Ele me vendeu a fazenda.

Sinto um baque, é como se uma tonelada de pedras caísse na minha cabeça.

— O que? Você não esta falando serio, isso é mais uma de suas armadilhas não é? — falo entredentes enquanto seguro a gola de sua camisa social.

Ele afasta as minhas mãos com o mesmo semblante frio e debochado.

— Não deve bater no novo dono da fazenda Calebe. Só Deus sabe o quanto posso ser ruim. — ele chega seu rosto perto do meu. — É melhor você se comportar e esfriar a cabeça. Eu voltarei para termos uma reunião.

Antes de partir ele me dá três batidinhas no ombro, me afrontando.

Meu mundo todo cai quando vejo que os documentos parecem ser validos, pior é quando vejo a assinatura do meu pai.

Sinto como se tivesse levado uma facada nas costas e o sentimento mais aparente é ódio.

— Calebe?

Viro-me para ver Belchior se aproximando.

— Senhor. Por que esta aqui?

— Desculpe, espero não ter atrapalhado.

— De forma nenhuma. Aconteceu alguma coisa? — minha preocupação se torna outra.

Ele lamenta triste.

— Será que tem tempo para uma conversa com um velho?

Meu dia esta terrível, mas isso não é e não deve ser problema desse senhor. Por mais que eu queira ficar sozinho eu não posso dizer não ao avô da Bélgica.

Entramos e eu servi um bom café como de costume.

Tentei parecer o mais relaxado possível, mas, essa questão da fazenda e agora Belchior na minha frente me deixam tensos. Tenho medo de ouvir algo ruim.

— Aconteceu alguma coisa com a Bélgica? — pergunto sem hesitar.

— Estou vendo que ela também não entrou em contato com você. — fala preocupado.

— Também? — franzo o cenho.

Ele suspira profundamente.

— Ela não esta em casa Calebe. — sinto uma estranha sensação ao ouvir isso. — Na verdade a nossa relação acabou por estar assim, com ela não querendo me ver e indo embora.

— Como embora? Quer dizer, você não sabe dela?

— Achei que você poderia me dizer algo, mas pelo visto não.

Abaixo a cabeça sentindo meu peito apertar.

— A gente... Quer dizer ela, ela terminou comigo há dois dias.

— Sabia que ela faria isso. — resmungou ele.

— Sabia? — ele me olha mais preocupado ainda como se também lastimasse algo. — Belchior o que aconteceu?

— Calebe... — sua voz saiu dramática que sinto cada parte minha tremer. — Vou te dizer uma coisa que talvez venha te ferir. Porem, eu devo isso a minha neta. — uma preocupação me toma e apenas ouço temendo o que virá. Ele solta um longo suspiro. — Bélgica deixou você por causa de Nora, mas não por ciúme e sim porque Nora esta voltando para a cidade.

Sou pego por um grande espanto. Assombrado por essas frases que destroem meu coração me fazendo tremelicar.

— O que... O que?

Ele suspira.

— Ela me procurou há um mês, quando tive que viajar. Pediu se eu podia cuidar da separação dela e também para arrumar uma boa casa que ela pudesse comprar. Claro que eu não pude recusar, é um enorme trabalho e Bélgica descobriu isso. Ela deveria ter te contado, mas, acho que não foi assim. Minha neta ama muito você, disso eu tenho certeza.

Sinto meu peito espremer, é como se tudo que eu estivesse tentando construir ao longo de anos agora não tivesse mais força e então desmoronasse.

Sinto-me extraviado, desnorteado.

— Olha... — Belchior nota meu silencio e meu semblante nublado. — Eu sei que isso muda tudo, mas, tenta me entender. Achei que deveria saber.

— Por favor, não me leve a mal, mas eu gostaria que o senhor fosse embora. — tentei ser o mais educado possível.

Dentro de mim existe uma tempestade se formando.

— Claro.

Ele vai embora sem insistir.

Assim que ele some posso finalmente soltar o ar de aflição que vinha segurando dentro de mim.

Então ela esta vindo. A mulher que tem tudo de mim esta voltando. 

Paixão No TexasWhere stories live. Discover now