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Jaden

S/n dá dois passos para mais perto do vidro. Ela estica o braço, querendo tocar a água através do vidro, mas não o toca. Seus olhos correm para todos os lados da água, conseguindo enxergar os detalhes, desde um grão de areia que se movimenta no fundo até o maior peixe que se pode enxergar.

Enquanto ela vai de um lado para o outro até se dar conta que já conhece o aquário inteiro, eu arrumo nossa janta em cima de uma toalha esticada pelo chão. Frutas, sucos e pães irão estar no cardápio de hoje. Nesta noite, comeremos coisas tão naturais quanto à natureza que nos cerca. Por mais que não seja este o seu lugar de origem.

Eu me sento no chão e a observo. A única coisa que conseguimos ouvir agora é o barulho da água se movimentando de um lado para o outro, mas o espaço também se preenche pelas gargalhadas da S/n rindo dos peixes que acha engraçado. Quando ela percebe que já estou sentado no chão, ela se afasta do vidro e vem até mim.

"Você não tem medo de que isso pode estourar e nos matar afogados aqui mesmo?" Ela aponta para o vidro.

"Acho que não, nossos desejos não são realizados com tanta facilidade assim," brinco.

Ela me olha de canto de olho e solta um sorrisinho, então se senta do meu lado e coloca uma uva na boca.

"Você não quer morrer," ela conclui, depois de me analisar por apenas alguns segundos. "Não daria as pessoas esse luxo."

"Ha-ha," Rio forçadamente. "Não minta para mim S/n, se eu for, não duvido de você dar uma de Julieta só pra poder ficar comigo."

Ela solta a mesmo risada falsa que eu e coloca outra uva na boca. Quando termina de mastigar, ela pisca algumas vezes e fica com os olhos semi-abertos, que se fecham ainda mais por conta de seu sorriso largo.

"Me desculpa, mas temo que este seu sonho... ou desejo, não poderá ser realizado," diz ela, de uma maneira extremamente culta, como se fosse um gênio da lâmpada.

"Isto é realmente algo lamentável," falo da mesma maneira que ela, entrando na brincadeira. "Nós poderíamos nos divertir muito no paraíso."

S/n ri de mim e joga a cabeça para trás. Ela faz um sinal de não com a cabeça e se controla para ficar mais séria novamente, mas um pequeno sorriso continua em seu rosto.

"Jaden, se tem um lugar que você não vai quando morrer é para o paraíso," diz ela.

"Porque não?" Pergunto. "Sei que você se sente no paraíso quando eu te beijo."

"Ah é?"
"É sim."

Eu me aproximo da S/n e pressiono meus lábios contra os dela suavemente, como se ela fosse feita de porcelana. Sua boca agora tem um gosto doce, e eu faço questão de saborear cada centímetro.

Quando eu a solto, ela abre os olhos com delicadeza e sem pressa, então diz:

"Se sentir no paraíso e estar nele são coisas diferentes. Um é justo e o outro não. Não acho que eu mereço me sentir no paraíso, mas, para falar a verdade, eu me sinto assim quando estou com você, e isso não é justo."

Sei que as vezes eu pareço muito convencido, mas não sou tão confiante como transpareço. Talvez todas essas frases e os atos que faço que me fazem parecer como se eu me achasse o rei do mundo expliquem muita coisa sobre a insegurança escondida dentro de mim.

"Você merece o mundo, não se castigue por isso, você não é uma pessoa má."

Ela assente com a cabeça e pressiona seu nariz contra o meu pescoço para sentir o meu cheiro. Ela ignora meu comentário — por mais que tenha assentido — e começa a me beijar. Meu pescoço, o canto da minha boca, até mesmo a ponta do meu nariz.

𝗗𝗜𝗚𝗔 𝗠𝗘𝗨 𝗡𝗢𝗠𝗘  𝙓  𝗝.𝗛 ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora