13 | QUANDO EU ME TORNEI TÃO SOMBRIA?

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Meu coração batia forte contra minha garganta, como uma dose de adrenalina.

Mais mentiras. Mais mentiras. Oh, merda.

Como eu voltei a mentir tão fácil?! Eu odeio isso. Eu odeio. Percebi que apertava as unhas contra a palma da minha mão com certa força quanto senti a pele arder ao relaxar os dedos. Tinham marcas vermelhas ali, fruto do nervosismo.

Me joguei no banco do carro querendo chorar e respirando fundo uma série de vezes, sem saber como oxigênio passava pelo nó em minha garganta.

Mordi o lábio e engoli o choro, tentando não arruinar minha aparência, que eu tinha me esforçado tanto para ser apenas mediana. Abri o espelhinho do carro, passando as pontas das minhas unhas nos cantos dos meus olhos, levemente molhados.

Fechei o espelho com força e liguei o rádio, em uma tentativa desesperada de me distrair. Até funcionou nos primeiros trinta segundos, até eu parar em um sinal e "queen of broken hearts" de blackbear começar a tocar. Não me incomodou muito nos primeiros versos, mas quando eu prestei mais atenção na letra, precisei parar o carro e deitar contra o volante, sentindo meu corpo todo doer.

"I'm too far gone, you can't save me."
(Eu estou muito imersa, você não pode me salvar).

Uma lágrima escorreu e limpei rápido, mordendo a parte interna da minha bochecha. Eu estava uma pilha de nervos. Me sentia fraca, com fome e derrotada. Eu perdi mais uma batalha contra mim mesma e eu sentia isso claro como o dia.

"Take anything, make it about me."
(Coloque a culpa de qualquer coisa em mim).

E realmente a culpa era minha e só minha, fodi tudo. Eu não queria ser assim, juro, mas a merda já estava feita. E meus pensamentos eram tão péssimos, mas tão familiares. "O ser humano pode ficar até um mês sem comer". Eu repetia isso pra mim mesma sem parar antes, como um mantra, e mesmo não acreditando nas palavras, elas pareciam tatuadas no meu cérebro.

"It's a heavy crown it might drown me."
(É uma coroa pesada, isso pode me afogar).

Foi aí que eu desisti de tentar, desisti de chorar, fúria me tomou e voltei a dirigir. Mantendo meus olhos focados na minha frente, na rua, nos carros, nas luzes. O sol me deixava tonta. "O ser humano pode ficar até um mês sem comer."

"Used to be a shootinhg star, when did I become so dark?"
(Costumava ser uma estrela cadente, quando eu me tornei tão sombria?).

Foi nesse momento que eu bati no botão do rádio com força, desligando a porra da música e me sentindo vazia de todas as formas possíveis. Então eu gritei. Gritei mesmo, dentro do carro, sem me preocupar com alguém que pudesse me olhar agora. Os boatos estavam certos: eu enlouqueci, surtei. E não tem como voltar.

Não.

Entrei no colégio no automático, estava adiantada e sem vontade de falar com ninguém

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Entrei no colégio no automático, estava adiantada e sem vontade de falar com ninguém. Ainda bem que eu ia na biblioteca, porque ninguém vai lá mesmo e provavelmente eu posso ficar em silêncio.

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