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Pelo quarto proibido terá de passar.

[06.12.2019      04:44am]

Já era finalzinho da madrugada quando Felix desistiu de manter seu corpo inerte, esparramado no assoalho enquanto concentrava seu olhar nos diversos espelhos. Ele não era capaz de enxergar seu corpo por completo, tampouco sua face, mas a forma deste diante a pacífica escuridão - esta que dizia adeus aos poucos. MinHo era calado e, desde que os outros três se foram, não havia direcionado uma palavra sequer ao sardento. O mais velho apenas se afastou de Felix, desmanchando o enlaço de suas mãos e direcionando-se ao canto do quarto. Seria mentira se Felix dissesse que não se sentira magoado, mas ele não interveio.
E ele esperou pacientemente para que Lilith cruzasse a porta, dizendo que eles estavam livres para, finalmente, sair dali, mas ela não apareceu e então a paciência e a esperança subitamente se tornaram suas inimigas, o deixando para trás. Foi quando ele levantou-se, exausto de passear em seus próprios pensamentos. O nervosismo ainda morava ali e, por isso, o alaranjado não se controlou ao andar de um lado para o outro. Ele andava, tocava as paredes e analisava cada mínima parte dos antigos espelhos, e foi daquele jeito que ganhou a atenção de MinHo.

- Você não sossega? - o mais velho questionou.

- Estou nervoso - Felix o encarou -, e entediado. Você não conversa comigo, e Lilith não volta. Preciso de algum passatempo.

MinHo suspirou e nada disse, mas voltou a encostar sua cabeça na parede, fechando os olhos novamente e se entregando ao silêncio aconchegante.
Felix, entretanto, tentou iniciar uma conversa com o maior mesmo tendo o pressentimento de estar a incomodar. Já havia percebido que MinHo não era tão manso, mas aquele não foi um motivo para não gostar dele.

- Todas as noites são assim?

- Todas as noites... - MinHo confirmou, ainda com os olhos fechados.

- Eu lhe admiro. Não consigo ficar aqui por mais um segundo, e estou com sono.

- Talvez você consiga dormir se ficar quietinho no canto... Já tentou?

Felix revirou os olhos diante a fala do moreno, mas não desistiu. Invés disso, direcionou-se até ele e encostou seu corpo na parede, deixando-se escorregar até que seus joelhos se chocassem suavemente.

- Por que entrou na casa?

Dado por vencido, MinHo fixou o olhar no garoto, ajeitando sua postura logo após.

- Sou um entregador de pizzas, Lix. Eu não sabia que existia, de fato, uma casa assombrada aqui - mesmo que eu tenha sido avisado algumas vezes. Estava chovendo e Jisung foi tão simpático, então entrei. Eu não deveria. Assim como vocês também não deveriam.

Felix assentiu. Estava curioso para saber mais sobre Jisung e suas características, mas tinha noção de que não podia. Ele não era corajoso o suficiente para ao menos sair daquele quarto.

- Eu sei que não deveríamos. Isso te irrita, não é? - ele sussurrou - Acho melhor não falarmos sobre isso. Talvez seja melhor que você me conte o que já descobriu desde que chegou.

- Não acho uma boa ideia. Eu não sei muitas coisas.

- Não sabe muitas coisas porque não encontrou pistas ou porque não parou para pensar sobre elas? - o sardento questionou, o encarando.

MinHo se calou. Desde que chegara na casa, apenas se importou em esconder-se de Jisung ao invés de juntar cada peça do enorme quebra-cabeça.

- Tudo bem - o Lee mais velho se rendeu -, por onde começamos?

- Fluffy.

- Nós já sabemos sobre ele. É um dos sete pecados capitais, certo? A ira.

- Exatamente, mas lembre-se que Lilith contou que aqui é como o inferno. Talvez tenha outro pecado, não?