A caça

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HARRY

Olhava pra aquela camisola vermelha, com uma vontade imensa de queima-la. A noite passada não poderia ter sido pior e isso me fez chorar por longas horas.

Eu nunca deveria ter me iludido ao ponto de achar que as coisas seriam tão diferentes ao ponto de se tornarem especiais apenas por minha causa. Eu devia ter na minha cabeça que Zayn não gostava de estar casado. Ele só estava fazendo aquilo tudo por necessidade.

Eu odiava ser tão romântico. Mesmo sendo frio, eu sonhava com coisas românticas e com a esperança de viver um amor. Uma besteira, eu sei... Mas agora eu tinha plena certeza de que não valia a pena continuar pensando naquilo.

Decido me preparar para o dia no castelo. Lion estaria chegando para me supervisionar nos próximos dias, enquanto Zayn se preparava para a caça.
Ele ficaria longe por dias e meu pai achava que não era seguro me deixar sozinho naquele castelo.

As regras ali eram bem menos rígidas, se comparas com Theokya. Eu tinha livre acesso a todos os locais daquele palácio gigantesco e tenebroso.

Pensava se algum dia surgiria alguma máquina futurística que pudesse capturar cada detalhe daquele lugar. Eu não tinha o dom da pintura, mas se tivesse, certamente já estaria pintando vários quadros. Seria uma forma de deixar aquelas lembranças guardadas e de me distrair também.

Em Theokya eu tinha o meu lugar favorito para me esconder, mas aqui não.

Decidi tomar meu café e seguir direto para aquela área onde era frequentada por pessoas comuns que faziam seus trabalhos.

Via as senhoras da costura se curvarem ao perceberem minha presença ali, mas logo me aproximo para dizer que aquilo não era necessário. Queria me sentir como uma pessoa comum, mesmo com todas aquelas pessoas me olhando.

Caminho até uma barraca de artesanato e vejo que a dona da tenda fabricava algumas peças de bijuteria feitas com diferentes materiais. Achei aquilo interessante e logo decidi me aproximar.

— Olá, bom dia... Do que é feito esse anel? É você quem faz? — Sorrio simpático ao pegar um anel metálico com uma pedra verde na ponta, e experimentar no meu dedo indicador. Vejo a garota ficar impressionada com a minha presença ali e gaguejar um pouco antes de responder.

— Sim, alteza. Sou eu mesma que faço. Esse é feito de metal e a pedra na ponta é um dos 7 pontos de luz. Cada cor tem um significado. Esse que o senhor está usando tem um significado, mas eu não posso dizer qual é.  — Ela sorri orgulhosa ao me ver usando a peça.

— Por que não pode? — Aquilo me deixou confuso. Não era muito de acreditar em adivinhações, mas fiquei intrigado.

— Eu não tenho esse poder. Apenas a Madame Louise consegue dizer com clareza o por que escolheu justamente esse peça. — Ela parecia estar sendo sincera na resposta. Entre todos aqueles anéis, o de pedra verde foi o que justamente mais me chamou a atenção.

— Onde eu posso encontra-la? — levo as mãos aos bolsos para tirar algumas moedas.

— Siga reto, até o lixão próximo do galinheiro. Há uma barraca azul bem perto dali e é lá onde ela vive. — Faço um sinal positivo com a cabeça e logo coloco a moeda sobre a mesa. — O senhor não precisa me pagar alteza. Foi o destino que te mandou até a minha barraca, não se preocupe.

Ela estava assustadoramente radiante. Os olhos tinham um brilho em meio à escuridão e seu sorriso de dentes amarelados não saia do rosto. Aquilo parecia assustador, ainda mais num cenário tão aterrorizante quanto o castelo e o céu nublado que ameaçava dizer que a chuva estava para cair.

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