Capítulo 2

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Hermione levantou-se da cama animada. Enfim era primeiro de setembro e ela estava ansiosa. Já havia arrumado sua mala na noite anterior, então desceu as escadas até a cozinha para tomar o café da manhã.

—Bom dia, Hermione. Enfim o grande dia.— sua mãe a recebeu com um sorriso, passando para a sua mãos um prato de panquecas cobertas com mel.

—Estou ansiosa. Finalmente vou me livrar de Hillary. — disse, aliviada.

—Se ela soubesse que você é muito mais interessante do que ela, teria um ataque. — disse seu pai, entrando na cozinha com a mala que Hermione deixara no quarto.

—Não fale assim. — repreendeu a mãe, porém achando graça e concordando mentalmente. — Não estimule a rivalidade entre duas meninas.

—Ela bem que merecia que eu lançasse um feitiço nela. — disse Hermione, bebericando seu copo de leite.

—Ela é só uma pessoa frustrada, Hermione. As coisas que ela fala de você acabam falando muito mais sobre ela.

Hermione ficou em silêncio pois concordava. Sua mãe era muito inteligente, e ela realmente acreditava que sua mãe pudesse ser da Corvinal caso fosse à Hogwarts.

—Molly Weasley disse que ia ajudá-la a encontrar a plataforma, Hermione. — disse seu pai, após algum tempo de silêncio. —Encontre Molly, está bem? Te levaremos até a estação, mas a plataforma é só para bruxos.

—Tudo bem. Não será difícil encontrá-la, de qualquer forma. Aquele cabelo chama a atenção.

Logo chegaram na estação, Hermione se despediu dos pais com um abraço caloroso e seguiu com sua mala. Não foi difícil encontrar a família Weasley.

—...cheio de trouxas, é claro. — foi o que Hermione entreouviu da conversa enquanto se aproximava.

—Olá, senhora Weasley. Se lembra de mim? — perguntou tímida para a mulher à sua frente. Seus quatro filhos à volta não prestavam atenção.

—Oh, olá! Hermione Granger, não é? — perguntou ela, simpática.

—Sim, eu mesma. — Hermione reparou que a Senhora Weasley estava segurando a mão de uma menina que era quase de seu tamanho.

—Tudo bem. Preste atenção. Percy, primeiro você. — disse ela ao filho mais velho. Ele segurou firme no carrinho com suas coisas e foi. Hermione assustou-se, coçou os olhos e piscou várias vezes. O garoto sumira do nada.

—Fred, agora você. — disse a mulher, sem perceber que Hermione não havia entendido nada.

—Eu não sou o Fred, eu sou o Jorge. — ele retrucou, e só então Hermione percebeu que dois dos filhos de Molly Weasley eram gêmeos. —Francamente, mulher. Você ainda diz que é nossa mãe? Não consegue ver que sou o Jorge?

—Desculpe, Jorge, querido. — desculpou-se dando um beijo de despedida na testa do filho.

—É brincadeira, eu sou o Fred. — deu uma risada e num segundo sumiu. E logo o outro gêmeo sumira também.

—Como? — Hermione olhava para todos os lados, tentando entender o que acabara de acontecer. — Como sumiram?

Senhora Weasley deu uma risada.

—Não se preocupe, é simples. Vê aquela parede? — perguntou, Hermione fez que sim com a cabeça. — Tudo o que tem que fazer é atravessa-lá. Coloque sua mala num carrinho, corra bem rápido e pronto. Feche os olhos se tiver medo.

—Obrigada, senhora Weasley. — agradeceu antes de sumir pela parede. Num segundo estava na plataforma movimentada.

Uma locomotiva vermelha a vapor estava parada em frente a plataforma. Um letreiro informava Expresso de Hogwarts, 11 horas.

A fumaça da locomotiva dispersava por cima da cabeça das pessoas, que conversavam enquanto gatos de todas as cores trançavam por entre as pernas delas. Corujas piavam umas para as outras, tentando se sobrepor à toda aquela balbúrdia e barulho de malas sendo arrastadas.

Hermione avistou de longe aquele cabelo com o qual andava sonhando – literalmente – pelas última duas semanas.

Tinha achado o garoto fisicamente tão diferente de qualquer outra pessoa que já havia visto que não conseguia parar de pensar nisso.

Ele também a viu, e sorriu para ela. Hermione foi se aproximando dele com dificuldade, porque as pessoas andavam para todos os lados como em um formigueiro, e por que sua mala estava pesada.

—Deixe que te ajudo, Hermione Granger. — disse num sorriso, pegando a mala das mãos dela.

—Obrigada, Draco Malfoy. — sorriu.

—Você lembra meu nome? — ele deu uma risada, que parecia um misto de surpresa e alívio.

—Você lembrou do meu. — disse ela, como se fosse uma boa justificativa. Entraram no trem.

—Você quer ficar na minha cabine? — perguntou ele e sem esperar uma resposta, colocou a mala dela no compartimento de bagagens acima de suas cabeças.

—Adoraria.

E sentaram-se juntos. Malfoy passou um bom tempo falando sobre quadribol, e Hermione tentava guardar cada informação. Aos poucos, a conversa foi acabando. Eles foram silênciando, e o silêncio se tornou cômodo.

Hermione ficou observando a paisagem. Campos cheios de vacas e carneiros, e estradinhas que passavam num lampejo. 

Por volta do meio dia ouviram um grande barulho no corredor, e uma mulher toda sorrisos e covinhas abriu a porta e perguntou:

—Querem alguma coisa, queridos.

Hermione ficou olhando para aquele carrinho cheio de comidinhas que ela nunca vira antes, sem saber o que fazer. Malfoy achou graça da concentração de sua mais nova amiga.

—Queremos dois de cada, por favor.

Enquanto a mulher separava os doces e guloseimas, Malfoy catava pelos bolsos as moedas que seu pai havia dado a ele antes de entrar no trem.

Hermione leu rapidamente os rótulos das embalagens para fingir que já conhecia quando Malfoy oferecesse a ela.

—Quais seus preferidos? — perguntou ele. Ela deu uma última olhada, tudo parecendo muito esquisito. Escolheu o que lhe parecia menos pior.
—Este. Adoro tortinhas de abóbora. — sorriu sem jeito, torcendo para que ele não percebesse.

—Não precisa escolher o mais barato, Granger.  Aposto que quer feijõezinhos de todos os sabores. — ele riu divertido e passou uma caixinha para as mãos dela. — Vamos lá, eu como um e você um, vamos ver qual sabor pegamos.

Ela havia lido rapidamente pela caixa que existiam uns sabores bem esquisitos, como cera de ouvido e até vomito, e torceu para pegar um docinho.

Colocaram na boca ao mesmo tempo e ela sentiu um imenso alivio ao sentir gosto de caramelo. Olhou para Malfoy, e ele aparentemente não tinha tido a mesma sorte. Fazia uma careta engraçada. 

—O que você pegou? — perguntou ela, para que gravasse o nome do feijãozinho que nunca queria experimentar. 

—Fígado. — disse ele, ainda retorcendo os músculos da face. 

—Aqui, come uma mordida. — Hermione ergueu uma tortinha até a altura do rosto de Malfoy e ele deu uma mordida. 

—Obrigada, Granger. — disse entre as mastigadas. 

Alguns minutos depois, um menino gorducho abriu a porta da cabine. Ele estava com as bochechas coradas e os olhos molhados, e parecia preocupado. 

—Oi, vocês não viram um sapo por aí? O nome dele é Trevo, e eu o perdi de novo. — disse e deu uma fungada. Hermione se compadeceu de sua dor e levantou-se. 

—Não vimos, mas te ajudo a procurar. Como é seu nome?

—Neville. — disse e limpou o nariz que escorria na manga da blusa. Hermione torceu o nariz para essa cena. 

—Malfoy, me espere aqui que eu já volto. 

E saiu, com seus cabelos esvoaçando pelo corredor. 


Love spellWhere stories live. Discover now