Soomi não se sentia uma garota especial.
Se esforçava na escola para passar de ano, não tinha muitos amigos e tinha seus problemas em casa, mas tinha alguém que a achava especial e queria que ela se sentisse assim.
A garota se sente invisível até co...
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— Como ela está? — indagou.
— Sendo preparada para uma cirurgia. — foi a resposta recebida.
Do outro lado, a mãe de Soomi a chamava, interrompendo a conversa telefônica.
— Soomi? — a mãe chamou.
— Omma? O que está acontecendo? — Soomi perguntou, ansiosa por respostas.
A mãe explicou sobre as dores e os exames, tranquilizando Soomi ao garantir que ficaria bem. No entanto, a gravidade da situação pairava no ar.
— Mas eu não quero que você pense nisso, ok? Eu vou ficar bem e amanhã você pode passar o dia aqui comigo. — A mãe tentou acalmar a filha preocupada.
— Ok. — Soomi respondeu, tentando esconder a preocupação em sua voz. — Boa sorte na cirurgia.
— Obrigada, querida. — A mãe agradeceu. — Agora vá estudar para o seu pai parar de reclamar, até amanhã.
— Até.
Desde que a ligação foi encerrada, Soomi se encontrava em um estado automático. O sinal para voltar à sala de aula passou despercebido, a entrada do professor Jinyoung não foi registrada, e a percepção de que estavam no ginásio, compartilhando o espaço com o último ano devido à chuva lá fora, só chegou quando alguém gritou seu nome.
— Soomi, cuidado! — O impacto forte atingiu sua cabeça, e ao recobrar a consciência, percebeu que estava no chão, com alguém sobre ela. — Você está bem? — Jisung perguntou, estendendo a mão para ajudá-la a se levantar.
— Estou, obrigada. — Soomi agradeceu, recuperando a postura. Ao examinar o entorno, viu Haeri e Saeri sentadas na arquibancada e dirigiu-se até elas.
— O Jisung falou com você! — Saemi exclamou.
— O que ele disse? — Haeri quis saber.
— Ela só perguntou se eu estava bem. — Soomi satisfez a curiosidade das amigas. — Eu estou bem, aliás. — acrescentou, lançando um olhar para as duas.
— É claro que está! O Jisung falou com você! — Haeri declarou, e Soomi preferiu ficar em silêncio, deixando a empolgação das amigas ecoar ao seu redor.
Soomi, ainda atordoada pelo incidente, notou que o ginásio estava mais agitado do que imaginava. Risadas e vozes animadas preenchiam o espaço, e os alunos, fora de suas salas. Soomi se acomodou nas arquibancadas, sentando-se atrás de Haeri e Saeri enquanto aguardavam a vez de jogar. No entanto, sua mente, teimosa, começou a percorrer trilhas que ela preferiria evitar naquele momento tenso. As lembranças das conversas difíceis com sua mãe surgiram, como fantasmas do passado que decidiram assombrá-la naquele instante crucial.
Recordou-se das inúmeras vezes em que sua mãe, desde sua infância, tentara explicar a gravidade de sua condição médica. Pensamentos sombrios rondaram sua mente, lembranças de relatos maternos sobre uma amiga que enfrentara a mesma doença e que, em uma reviravolta trágica, precisara de uma cirurgia de emergência. A cruel realidade do desfecho fatal da amiga, incapaz de suportar o fardo da recuperação, ecoou nos pensamentos de Soomi.
O peso da promessa feita ressoou na mente de Soomi, como se as palavras ditas anos atrás fossem sussurradas novamente em seus ouvidos. Sua mãe, ciente da possibilidade de uma cirurgia iminente, havia buscado força na promessa das filhas, pedindo-lhes que fossem fortes para que ela também pudesse ser.
Contudo, naquele momento de ansiedade e reflexão, Soomi se deparou com a dura constatação de que, talvez, não tivesse sido capaz de cumprir integralmente sua promessa. O medo e a incerteza que pairavam no ar, associados à imagem de sua mãe sendo preparada para a cirurgia, minavam a força que ela tanto tentara manter.
E assim, diante das lembranças dolorosas e da pressão do presente, Soomi confrontou a realidade de sua própria vulnerabilidade, questionando se sua promessa de força poderia ser sustentada diante dos desafios que a vida impunha.
As alunas do 2B foram convocadas para a quadra pelo professor Jinyoung, mas Soomi, ao tentar se levantar, foi surpreendida por um aperto repentino no peito. Uma sensação de tontura a envolveu, obrigando-a a se segurar em um dos bancos. Fechou os olhos, como se temesse cair escadaria abaixo, enquanto algumas lágrimas teimosas escapavam.
Sentando-se no degrau, Soomi tentou respirar fundo, buscando controlar a intensa dor que se manifestava em seu corpo. O esforço para conter a vontade de vomitar era evidente, mas ela persistia, lutando contra a sensação avassaladora.
— Soomi, eu disse quadra. — A voz do professor chegou aos seus ouvidos, mas ela se encontrava incapaz de responder, presa em sua própria angústia.
— Professor, acho que tem alguma coisa acontecendo. — Uma voz solidária entre as alunas trouxe a atenção do professor para a situação peculiar de Soomi, lançando uma sombra de preocupação sobre a normalidade daquele momento na quadra.
Sim, algo estava acontecendo, e Soomi estava ciente do que se passava. Seu primeiro ataque de pânico ocorreu quando ainda estava no ensino fundamental, ao ouvir pela primeira vez que sua mãe havia sido internada às pressas no hospital. Com o tempo, esses episódios tornaram-se mais frequentes, levando-a a ser encaminhada a um especialista por seus pais. A garota desenvolveu um pânico avassalador de que algo terrível acontecesse com sua mãe, desencadeando várias crises ao longo dos anos. No entanto, já fazia três anos desde a última crise.
— E-eu não... — Soomi tentou falar, conseguindo finalmente se levantar com a ajuda de uma colega. — Não consigo... respirar... — disse com dificuldade.
— Vamos levá-la para a enfermaria! — ordenou o professor, demonstrando preocupação diante da situação crítica de Soomi.
— Meu deus, é a Ryujin ajudando a Soomi. — Haeri diz para Saemi quando as duas notam que todos estavam prestando atenção em algo que acontecia atrás delas. — Soomi você está bem? — ela pergunta parando na frente dos três, os atrasando.
— Você não tá vendo o estado da sua colega? — Ryujin retruca. — Sai da frente garota.
Soomi se sentia mais fraca, como se algo estivesse apertando sua garganta, impedindo-a de respirar. O professor Jinyoung, agindo rápido, a pegou no colo e correu em direção à enfermaria, chamando a atenção de alguns estudantes, incluindo Jisung.
— O que aconteceu? — Jisung pergunta para Jeongin, que estava vindo logo atrás com Ryujin.
