ᴇᴘɪ́ʟᴏɢᴏ

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LARISSA

Sentimentos. 

Às vezes eles te levam até as nuvens: aquela risada boa, que faz a barriga doer; aquele arrepio gostoso que desce pela sua espinha quando alguém te toca.

Mas às vezes, eles te levam tão alto que, quando você cai na realidade novamente, o baque é grande.

Os sentimentos que Bradley causou em mim me colocaram na nuvem mais alta, nos mais altos céus, apenas para tornar a queda ainda mais dolorosa.

°•.°•.°•. .•°.•°.•°

Acordei com a luz do sol batendo em meu rosto, chegando à conclusão de que eu não fechei a cortina antes de dormir. 

A cama estava mais larga e mais fria que o normal. Foi aí que percebi que Brad não estava ali. 

Será que ele foi ao banheiro? 

Me levantei preguiçosamente, vestindo uma camiseta de Brad que estava no chão do meu quarto, que estava com o cheiro maravilhoso de seu perfume, e fui ao banheiro. Fiz minhas necessidades e higienes, retornando ao quarto. Eu não ouvi nenhum barulho na cozinha ou na sala, então assumi que todos ainda estavam dormindo. 

Bem, menos Brad. 

Observei o chão do meu quarto, vendo que não tinha nem sinal do restante das roupas dele, e franzi a testa. Peguei meu celular, que estava na mesinha de cabeceira, e abri minha conversa com ele.

Para: It's Really Brad 
Cadê você?

A mensagem foi enviada, mas não foi entregue. Franzi a testa, confusa.

Visto por último ontem, às 21:53. E já eram onze e dez da manhã. Estranho. 

De repente, meu celular começou a tocar e o rosto de Eliza apareceu em minha tela. Atendi rapidamente.

Hey

Oi! Cadê você? O avião sai em menos de meia hora! 

Meu coração parou.

Avião? Que avião? 

Eliza ficou em silêncio por alguns segundos.

Ele não te falou, não é? — ela perguntou, como se confirmasse algo ao mesmo tempo. — Os garotos estão indo embora hoje, no próximo vôo. Estamos aqui no aeroporto para nos despedir.

Meu coração começou a bater mais forte, acelerando minha respiração.

Como assim?! — me levantei rápido, colocando uma calça jeans qualquer e pegando minha bolsa. Calcei um par de chinelos que estava próximo à porta do meu quarto e sai correndo atrás das chaves do carro da minha mãe. — Eu já tô indo.

Ok, corre que a gente tá esperando. Beijo.

Será que Brad me falou e eu não lembro? Por que ele não faria isso, ele não iria... embora sem falar nada. 

Iria?

Dirigi o mais rápido que eu consegui, temendo que isso ainda não seria o suficiente. O caminho normal até o aeroporto demorava de vinte a trinta minutos, em média. Se eu correr bastante, ainda consigo chegar lá em cima da hora e, talvez, dar pelo menos um aceno.

Uma porra de um aceno. Que merda.

Estacionei o carro de qualquer jeito e peguei minha bolsa, pulando para fora do carro e apertando o botão para trancá-lo, sem nem checar se tranquei mesmo. Olhei na tela do meu celular, vendo que já eram onze e trinta e sete. Talvez eu ainda consiga, pensei.

O aeroporto estava um pouco cheio, mas não o suficiente para me impedir de correr. Ele não era muito grande, o problema era o fluxo de carros no estacionamento e as pessoas. Passei pelas pessoas nas duas filas de check-in, procurando qualquer pessoa familiar em uma delas e sem achar nenhuma. Eles já devem estar na área de embarque, meus olhos marejaram. 

— Eliza! — chamei, vendo uma silhueta familiar, próximo à porta da área de embarque. — Cadê eles

Ela deu um sorriso triste pra mim, apontando para o corredor de vidro, que levava até a área de embarque.

Eles esperaram o máximo que puderam. 

Lá dentro, vi aqueles quatro rapazes a quem eu tanto me apeguei nesses últimos dias. James, Connor e Tristan ainda olhavam para trás e acenavam. Quando James me viu, seu rosto se torceu em completa surpresa. 

As lágrimas já escorriam livremente pelo meu rosto quando eu acenei.

James tentou voltar, o que chamou a atenção dos outros dois meninos, que também me viram e tentaram fazer o mesmo, mas acabaram sendo impedidos por alguns dos seguranças ao seu redor. Brad, ainda alheio à minha presença, se virou confuso, sem saber o que estava acontecendo. 

Quando seus olhos cansados encontraram os meus, a cor pareceu ser drenada de seu rosto.

Ele fez de propósito, concluí, sem acreditar. Como ele pôde? Eu confiei nele, eu...

Balancei minha cabeça, começando a chorar de verdade. Senti os braços de Eliza me envolverem, ainda sem desviar o olhar de Brad, que apenas engoliu seco e abaixou a cabeça, continuando seu caminho para a área de embarque.

James me olhava com angústia em seu rosto e apenas mexeu a boca, dizendo "sinto muito". O olhar no rosto dos outros meninos era parecido, e eu apenas acenei, triste. Os seguranças ao redor deles gesticulavam, fazendo eles continuarem andando, e eu senti como se estivesse sendo partida ao meio. 

Eliza me segurou quando minhas pernas começaram a fraquejar, e eu me apoiei nela. 

Eles se foram. E sem se despedir.

Right Now || The VampsWhere stories live. Discover now