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Sina.

A minha mente era a minha maior inimiga, disso eu não tinha dúvidas. A todo momento ela passava minhas memórias com o Noah, os breves momentos em que fomos felizes, o dia em que nos conhecemos. Eu amava tanto esse homem, admirava tanto a pessoa que ele era, por que ele fez isso comigo? Eu nunca entendi. Cair na rotina definitivamente não foi, tentávamos inovar em tudo no nosso casamento. Falta de amor, respeito e companheirismo não foi também, pelo menos da minha parte nunca faltou. Será que algum dia eu iria descobrir como tudo isso aconteceu?

Antes que eu pudesse perceber, as lágrimas começaram a cair pelo meu rosto. Balancei a cabeça espantando esses pensamentos. Agora era uma vida nova, um novo momento. Chega de sofrer por quem não me amava.

Saí do banho e me troquei. Hoje antes de trabalhar iria me encontrar com o meu advogado e ver como a nossa situação iria ficar. Não vou mentir, estava nervosa e com um certo receio, mas eu já estava decidida, teria que acontecer algo muito surpreendente para me fazer mudar de ideia. Eu sabia que não iria acontecer nada, então o processo iria seguir até o final.

Andei em passos curtos vistoriando o ambiente, tentando não encontrar Noah no meio da caminho. Ele estava na sala assistindo televisão, por isso saí pela porta dos fundos.

Dirigi em silêncio até o escritório do Dr. Adam, sentindo o meu peito queimar e a garganta fechar a cada vez que tentava puxar o ar dos pulmões. Pouco menos de quarenta minutos eu já estava na frente do prédio estacionando o carro. Minhas pernas fraquejaram. Droga, eu não estava decidida a seguir com isso? Por que eu estava tão nervosa?

Respirei fundo e segui até a entrada, entrando no elevador e seguindo até o sexto andar. Os trilhos do elevador costumavam trabalhar tão devagar assim? As portas finalmente se abriram e eu saí cambaleando de dentro dali, indo até a sala do advogado. Me sentei na cadeira em sua frente e ele me olhou estranho.

— Bom dia, Deinert. Você está bem?

— Eu? — Sorri nervosa. — Estou ótima, e o senhor?

— Estou bem... E aí, está pronta?

— Sim... Eu acho. — Óbvio que as últimas palavras soaram apenas na minha mente.

Ele pegou uma pasta e espalhou os papéis da mesma pela mesa, me mostrando cláusulas e mais cláusulas.
Merda, eu só entendia de genitálias e gestações.

— Vou ser bem direto e breve: ao sair daqui, você vai no cartório e lá assina o papel dá entrada no processo, mas antes tenho que fazer algumas perguntas que irão ajudar a você ou ao seu marido.

— Tudo bem.

— Primeiro de tudo: qual foi o motivo do divórcio?

— Traição. — Quase não consegui responder, a palavra "traição" saiu rasgando a minha garganta.

— Ótimo. — Olhei para ele desentendida. — Quer dizer, uma pena. Ótimo que eu já tenho a primeira resposta. — Digitou algo em seu computador. — Traição da parte dele traz um ponto a mais para você. Segundo: há alguma criança fruto desse casamento?

— Não. — Respondi, rápida.

— Nem na barriga?

— Impossível. Não temos... Não temos relações sexuais há um ano. — Ele me olhou com a sobrancelha arqueada, como se soubesse que eu estava mentindo. — Lembrei, tivemos ontem. — Respondi, um pouco sem jeito.

— E mesmo assim você quer manter o processo do divórcio? Vocês não se acertaram?

— Foi só ontem.

STARTING OVER ↯ noartWhere stories live. Discover now