[06]

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Sina.

Nos dias de hoje, todos já sabiam da minha situação do meu casamento com Noah, mas eu tinha que fingir que não ligava e que apesar de tudo estava tudo bem entre nós. Querendo ou não, esse casamento nos ajudou profissionalmente em vários aspectos.
Noah conseguiu subir de cargo e hoje era diretor do setor de advocacia da empresa em que trabalhava, e eu era diretora do setor de obstetrícia do hospital em que trabalho. Se não fosse por esse casamento, nós não teríamos conseguido isso e era por isso que seguimos juntos, apenas pensando em nossos negócios. Na verdade, eu ainda continuava na esperança dele mudar e me amar outra vez, mesmo sabendo que isso nunca iria acontecer.

Cheguei no hospital e fui recebida com um "bom dia" de todos. Meu humor hoje estava maravilhoso pelo simples fato do meu marido ter me achado bonita. Isso podia não parecer nada, mas para mim tinha um significado importante. Fui para a minha sala, hoje teria atendimento de ginecologia. Coloquei o meu jaleco e pedi que a primeira paciente entrasse.

— Bom dia, dra. Deinert. — Uma mulher ruiva, alta e pele morena entrou na minha sala. Apertei sua mão e peguei a ficha para fazer a anamnese.

— Bom dia... — Olhei para o seu nome no papel. — Karla. O que fez você me procurar? É a sua primeira vez na ginecologista? Ou resolveu trocar a sua?

— Resolvi trocar e uma pessoa me indicou você. — Vi ela se mexer um pouco desconfortável na cadeira.

— Tudo bem com você? — Ela assentiu. — Vou te deixar preenchendo essa ficha enquanto preparo a sala para te examinar.

A deixei e entrei na sala que tinha dentro da minha sala. Troquei os papéis e os plásticos por novos e limpos e coloquei meu EPI. A chamei para a sala e ela entrou.

— Não precisa ter vergonha de mim, certo? Me veja como uma amiga sua. Peço que desça a calça e a peça íntima e coloque as pernas nesse lugar. — Ensinei como ela devia fazer e a mesma obedeceu. Liguei o foco dentro de sua intimidade e avaliei toda a região. — Então, externamente está tudo normal por aqui, o que anda incomodando você? Preciso saber para poder tratar.

— Então, você é casada com o Noah Urrea, certo? — Assenti e ela continuou. — Ele que me indicou você. Disse que a esposa era ginecologista e me passou esse endereço. Eu não sei como é o sexo de vocês, mas o nosso é maravilhoso. Transamos praticamente todos os dias e acho que isso está deixando a minha vagina esticada, se é que isso é possível. Seu marido é muito grande para mim, preciso saber como me cuidar e não deixar isso afetar a estética da minha intimidade.

Engoli em seco. Ela era uma amante do meu marido. Tinha me procurado apenas para causar ódio, eu tinha certeza. Segurei as lágrimas e continuei a tratando profissionalmente. Terminei a avaliação e descartei tudo no lixo infectado. Voltamos para a sala principal e peguei um papel e uma caneta, começando a fazer as anotações.

— Desculpa se isso te deixou magoada, é que... — Sua voz soava irônica e eu não deixei com que ela terminasse de falar.

— Sem problemas. — Sorri falso. — Aqui eu sou apenas a Dra. Deinert. Olha, o que você pode fazer é uma fisioterapia íntima, existem várias pessoas especializadas nessa área, já eu não tenho muito o que fazer. Se isso se tornar incômodo e machucar a parte interna da sua vagina, você volta para mim e nós vemos o que podemos fazer.

Ela me cumprimentou mais uma vez e saiu. Ao ouvir a porta fechar, me permiti chorar. Não estava acreditando que Noah teve coragem de fazer isso, eu realmente não acreditava. Eu nem sabia por quanto tempo fiquei ali chorando, só despertei do momento porque a minha atendente bateu na porta e perguntou se estava tudo bem. Expliquei toda a situação e ela perguntou se eu queria que desmarcasse as outras pacientes. Neguei e pedi que o atendimento continuasse.

STARTING OVER ↯ noartWhere stories live. Discover now