Capítulo 8 (Final)

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Eu estava deitado na cama do hospital, estava basicamente sozinho, com exceção, é claro, de Max. Ele estava sentado, estava evitando falar comigo nos últimos dias, o que era raro. Foi o mais longo período de tempo em que Max não falou comigo.

—Max, fala comigo, cara.

—Não, eu estou bravo com você! — Max virou para mim, ele estava com cara de bravo, mas não parecia se sentir assim, de verdade — Não é justo! Você nem está tentando!!

—Tentando não morrer? Eu estou fazendo o meu melhor, sabia?

—Você é um velho ridículo, sabia? — no fundo, ele parecia chateado comigo

—Eu sei, Max, você já comentou isso uma ou duas vezes.

Max virou de costas, parecia nem querer olhar nos meus olhos. Nós não dizíamos, mais por vontade do Max, mas nos conhecemos desde que sou criança, ele é meu melhor amigo. Max é a pessoa que mais me conhece no mundo, apesar de ser extremamente irritante.

—A gente vai se ver depois disso tudo? Quando eu for embora? — eu sinceramente esperava que a resposta fosse sim.

—Theo, você foi um cara legal, você não vai para aonde eu vou. Nós não vamos mais nos ver depois disso.

—Ah.... — eu não sabia disso — por isso você está de mal humor.

—Eu não estou de mal humor! Eu espero que você vá logo!

—Eu também vou sentir a sua falta, você é meu melhor amigo.

—Eu sei que você quer esse corpo, mas você não vai!

—Max, você não pode nem me visitar?

Max fez que não com a cabeça. Nunca mais poderíamos nos ver. Depois de tantos anos juntos, tantos anos querendo ficar longe de Max, isso parecia quase surreal. Max esteve lá sempre, literalmente. Ele sabia tudo sobre mim e sobre meus medos e minhas incertezas.

—Eu vou sentir sua falta, de verdade. — eu estava triste. Eu queria deixar mais complexo que isso, mas esse sentimento é simples, tristeza.

—Eu também. — Max segurava uma lágrima no olho, algo que era estranho de se ver.

Nesse momento minha filha mais nova entrou no quarto, estava grávida de sua terceira filha.

—O que você está fazendo pai? — ela olhou para onde estava Max, mas obviamente não podia vê-lo.

—Só conversando com um velho amigo, o nome dele é Max.

—Max? Desse eu nunca ouvi você falar. Conta um pouco mais sobre ele.

— Tudo começou quando eu nasci, basicamente. Todos nascem com um anjo da guarda, pelo menos é isso que minha mãe dizia; mas minha mãe também tinha o costume de dizer que eu não sou todo mundo, talvez por isso eu tenha um demônio ao invés de um anjo. Eu comecei a ver o Max quando tinha uns 10 anos...

E eu contei, contei histórias minhas com Max, sobre como ele era temperamental e louco, ele ria no canto e me corrigia sobre as coisas, adicionava coisas ali e outras aqui, mas minha filha, Stella, não conseguia ouvir.

—Filha, eu estou um pouco cansado, deixa só eu dormir um pouquinho, amanhã a gente continua.

Ela saiu do quarto. Eu dormi.

Meu amigo, MaxWhere stories live. Discover now