Capítulo 2

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Eu já andava com o Max fazia um ano. Depois da minha festa de aniversário de 10 anos Max aparecia cada vez mais. Eu levei quase uma semana para entender que sou eu conseguia ver ele. Eu fui virando o menino do "amigo imaginário", Max considerou isso uma caída de posição, ainda mais porque amigos imaginários não passavam de algo ficcional e ele era bem real e bem perigoso. Para defender sua honra Max empurrou um menino no corredor da escola. Sua honra foi defendida a custo do uso do meu videogame.

Aquele ano Max conseguiu me convencer a uma coisa que eu nunca imaginava que um demônio fosse apoiar. Ele me convenceu a me declarar para Mia. Ela era linda demais, extremamente inteligente e tinha canetas de glitter. Ela tinha uma pele escura e cabelos crespos que nos dias que ia ter Educação Física vinham em duas tranças lindas, seus olhos caramelos sempre me atraiam o olhar. Max sabia de tudo isso.

-Sabe baixinho, você devia se declarar Maxine – Max disse isso no meio da aula de geografia – Ela é bonitinha – Max estava do lado dela, mexendo em seu cabelo, ela nem parecia perceber.

Eu não respondi ele, nunca respondia no meio da escola, eu só pensava "isso é ridículo, ele quer que eu me ferre de algum jeito. Ele até errou o nome da Mia.".

-Você realmente acha que eu faria alguma coisa para te prejudicar? Eu posso ser um demônio, mas eu sou o seu demônio. A gente pode fazer um ato bem – ele fingiu um refluxo – romântico.

Eu olhei para ele e só fiz que sim com a cabeça. Bem no fundo eu queria me declarar para ela. Estava apavorado, mas achava que tinha uma chance mínima de ela realmente gostar de mim. A gente podia até andar de mãos dadas pela escola!

Chegamos em casa e fizemos nosso plano de ação. Escrevi um poema, comprei um girassol para ela e comprei um anel com o desenho de um girassol em cima. Fui na escola com o uniforme limpo e passado, meu cabelo penteado bonito e usando meus óculos chiques (que eu só usava em casamentos e outras ocasiões especiais). Eu estava esperando ela sentado na sala bonitinho. Queria me declarar assim que visse ela. Alguém estava abrindo a porta e meu coração pulando com a expectativa de que fosse ela. Mia entrou na sala, linda como sempre, porém, de mãos dadas com Noah. 

Eu não posso dizer que Noah era meu arqui-inimigo, já que para ser arqui-inimigo é preciso que um saiba da existência do outro e que ambos saibam que estão competindo por alguma coisa. Eu, envergonhado, dei o girassol para a minha professora de ciências, que era a minha professora favorita. Eu passei o dia inteiro desanimado, Max até tentou me animar.

—Ei... Theo, eu posso matar ele se quiser, ou ela. Ou os dois – essa foi uma das únicas vezes que ele falou com uma voz doce comigo. Tinha sido a primeira vez que meu coração partiu.

Max acabou quebrando a perna do menino, mas dessa vez mais precavido. Eu estava longe e ninguém podia falar que tinha sido minha culpa. Max voltou para casa orgulhoso do trabalho bem feito.

Meu amigo, MaxWhere stories live. Discover now