Muito mais que uma Babá

Melissa

Sorri ao ver a foto que Felipe tinha me mandado, ele e Beni no jardim. Já era domingo a noite, e eu estava longe deles a o que? Trinta e cinco horas? É, por aí. Mas mesmo assim, meu coração já não via a hora de ver eles outra vez.

-Não adianta nada você vir pra cá se for pra ficar com essa cara de que comeu e não gostou. – Vanessa reclamou e eu suspirei.

Só estávamos nós duas por aqui, Pedro tinha ido embora ontem a noite, até perguntou se eu não queria ir com ele, mas Vanessa meio que não deixou.

Eu não queria ser ruim com ela. Vanessa foi quem me acolheu quando eu mais precisei. Quem me deu carinho e me disse que tudo ia ficar bem nos momentos difíceis. Ela é minha família e eu não posso deixá-la, mas ainda sim, eu não consigo não pensar nos meus garotos.

-Desculpe... – pedi e desliguei o celular fazendo com que a foto deles sumisse da tela.

Eu já tinha contado tudo a ela, Fe e o pedido de namoro, Beni e a amamentação e como eu estava ansiosa para que isso desse certo.

-Melissa, eu estou ficando preocupada. – bufou e eu a encarei.

-Por que Nessa? – perguntei.

-Eu não quero que você se machuque com toda essa história. – franzi o cenho.

-E porque eu me machucaria?

-Esse homem e esse bebê, tudo está ótimo agora, mas e daqui um tempo Melissa? Eu não quero te ver mal. – neguei com a cabeça.

-Ainda não entendo. – fui sincera, as queixas dela não faziam sentido pra mim.

-Mel e se esse homem estiver só te usando? – ela ajeitou o corpo na minha direção.

-Me usando? – ela assentiu.

-E se ele só estivesse precisando de alguém pra fazer isso pro filho dele sem cobrar nada, ai te viu lá, como uma presa fácil e então, sei lá... Você mesmo disse que ele disse que sentia coisas por você do nada. – minha boca se abriu, sem acreditar no que ela dizia.

-Nessa! Claro que não, o Felipe não faria isso. – neguei, incrédula.

-Mel, tudo isso é estranho demais. O cara te odiava e depois te ama? – engoli em seco.

-Ele só... Ele não está me usando ou enganando. – falei seria e ela deu de ombros.

-Ta, se você tá dizendo... mas é estranho. – ela deitou a cabeça no encosto do sofá, bufei e abracei meus joelhos.

-Não é estranho. – murmurei e a vi bufando.

-E sim, eu sempre te apoio em tudo, Melissa. Mas nisso... Cara, olha pra você! – apontou pra mim.

-O que tem eu? – eu estava ficando com raiva.

-Não faz nem um dia que tá aqui e já ta quase chorando por causa desse bebê. Eu digo isso por que sou sua amiga, Mel... Ele é lindo e encantador? Sim, ele é. Mas você tem que pôr algo na sua cabeça. Ele não é seu filho, você não é mãe dele pra ficar se importando desse tanto. – a encarei incrédula, essa não era a minha Vanessa.

-Eu sei que não sou mãe dele, fique tranqüila. Mas eu amo o Bernardo e amo o Felipe também e o que eu puder fazer por eles eu vou fazer, Vanessa. Então eu vou sim me importar desse tanto, e eu vou sim ficar triste porque eu estou longe deles. – me levantei do sofá com raiva.

-Você vai acabar quebrando a cara outra vez, Melissa. E eu não sei se dessa vez eu vou estar disponível pra agüentar você sofrendo por algo que eu já tinha avisado. – ela gritou e eu senti as lágrimas molhando meu rosto.