Capítulo 10

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"Essas paredes e todas essas molduras
Todos os nomes que elas mostram
Esses corredores que eu andei mil vezes
Mágoas e namorados, meus amigos, eu sei"

P.V. America

Depois que arrumei as crianças fui para o meu quarto conversar com Aspen.

Quando cheguei ele estava saindo do banheiro vestindo uma calça preta com uma blusa social, ele ainda não havia me visto então continuei observando o mesmo, mesmo com o passar dos anos Aspen continua com sua beleza arrebatadora e agora observando o mesmo enquanto ele dobrou as mangas de sua camisa parecendo levemente preocupado com algo, o que me intrigou.

— Me observando?! – disse Aspen enquanto me olhava com um sorriso de canto.

— Te admirando. – Corrigi ele e segui em direção a cama. — O que está te deixando preocupado? – fui direto ao ponto.

— Eu te falei que preciso da sua ajuda em algo, porém tenho quase certeza de que você não vai gostar nem um pouco da ideia. – Afirmou ele enquanto me fitava.

— Aspen você está me deixando preocupada, me fala logo o que é! – indaguei ficando levemente irritada com a demora do moreno.

— Carter e Maxon querem entrar em contato com os rebeldes do Norte. – falou de uma vez, porém não entendi muito bem onde eu entrava nessa história. — Eles querem a sua ajuda para entrar em contato com eles, porque você era a preferida deles durante a seleção e Carter acha que tendo você como aliada eles iram colaborar. – explicou Aspen vendo a minha confusão.

— Eu não sei o que falar. – disse ainda tentando raciocinar o que o moreno a minha frente acabará de falar.

— Você não precisa dar uma reposta agora, só quero que saiba que eles ainda não estão cientes da nossa relação com a Geórgia e o August e que independente de tudo eu estou aqui com você. – Ele se aproximou me deu um selinho e me abraçou.

— Obrigada por tudo. – Eu não poderia ser mais grata por ter ele em minha vida, Aspen tem sido meu porto seguro.

Ficamos um tempo ali apenas conversando como foi o nosso dia, criamos esse costume desde que nos casamos, é a nossa forma de passar mais tempo junto mesmo que passamos o dia inteiro separados. Geralmente as crianças também participam, mas hoje elas estavam empolgadas demais para ir brincar com a "tia Marlee".

Quando estava quase na hora do jantar decidi que iria andar um pouco para poder me preparar para qualquer que fosse o assunto de hoje. Aspen disse que iria arrumar as crianças e que me encontraria lá.

Caminhando pelo palácio parecia que passava um filme em minha cabeça, e com isso os sentimentos reapareceram, cada canto guarda uma memória única que nunca vou ser capaz de apagar da minha memória. Quando percebi já havia chegado ao jardim e ali com certeza é o meu lugar preferido, e onde guardam uma das melhores histórias que eu poderia ter, quem diria que um simples "não sua querida" geraria tanta história.

Interrompo meus pensamentos quando escuto um soluço distante que parecia vir da direção do campo de flores que ficava um pouco mais afastado do campo de visão da entrada para o palácio. Segui andando em direção enquanto os soluços ficavam mais claros e pude perceber que era alguém chorando, especificamente uma criança, o que fez meu coração apertar, não importa o quão dura eu seja com meus filhos ou afilhados sempre vai partir meu coração vê-los chorar e só de pensar nessa possibilidade meu coração se contraiu.

Assim que me aproximei bastante pude enxergar um corpinho encolhido no canto do campo com os cabelos morenos cobrindo seu rosto e enquanto os soluços ficavam cada vez mais compulsivos.

— Ei pequena. – Chamei a menina que não se mexeu então me aproximei mais um pouco. — O que faz aqui sozinha? Já está ficando tarde para ficar aqui fora. – falei genuinamente preocupada.

Vi a pequena levantar a cabeça em minha direção, ela ainda chorava, me abaixei ao seu lado e ela correu para me abraçar só então me dei conta de que ela é a princesa, o que me deixou intrigada o que será que aconteceu com ela.

— Calma pequena! Eu estou aqui com você. – Seus bracinhos que rodeavam meu pescoço me apertaram ainda mais. — Quer me contar o que aconteceu? – perguntei e em resposta ela apenas negou com a cabeça enquanto ainda me abraçava.

Não sei ao certo quanto tempo ficamos ali, mas com o tempo ela foi se acalmando e parando de chorar.

— Acho que ainda não nos conhecemos, qual é o seu nome? – perguntei quando vi que ela havia parado de chorar.

— Kate. – respondeu ela levantando a cabeça me olhando, sua voz doce e seus olhos que refletiam a mesma imensidão que eu costumava ver nos olhos de seu pai.

— Que nome lindo! Sabe como meu nome? – indaguei e ela afirmou com a cabeça.

— America. – respondeu ela simples o que me deixou curiosa. —Papai sempre me conta história de uma princesa que se chama America e ela é igual a você tia. – As palavras tiveram um grande impacto em mim, uma princesa com meu nome? Várias perguntas rodeavam minha cabeça.

— Então quer dizer que eu pareço uma princesa? – disse sorrindo.

— Você é mais bonita! – só por esse tempo ali com Kate pude perceber que ela é uma miniatura versão feminina de Maxon, apenas com cabelos castanhos, ela é um doce.

— Obrigada pequena! Você também é linda, mas eu quero saber por que uma princesa linda igual você estava chorando? – perguntei delicadamente enquanto observava ela que estava sentada em meu colo brincando com meus cabelos.

— A mamãe não me deixa brincar com as outras crianças, ela fala que uma princesa tem que aprender desde cedo, eu só queria brincar e ela gritou comigo. – Pude ver as lágrimas acumularem em seus olhinhos de novo.

— Sabia que esse é o meu lugar preferido no palácio. – Mudei de assunto para distraí-la.

— Sério?! – perguntou com seus olhos brilhando em animação. — É o meu também.

— Essas flores têm uma beleza que nunca vou cansar de olhar, mas agora está na hora do jantar. Vamos? – me levantei do chão e estendi minha mão para a pequena.

— Eu não quero voltar, mamãe vai gritar comigo de novo. – Kate se encolheu abraçando seus joelhos, ver essa cena partiu meu coração.

— Não vai não, eu prometo que vou falar com os seus pais. – Eu não sabia que se conseguiria cumprir essa promessa, mas iria tentar.

— Promete mesmo? – questionou ela receosa.

— Prometo de dedinho! – estiquei meu mindinho em direção a ela, que logo entrelaçou nossos dedos. — Agora vamos! – ela concordou e se levantou pegando a minha mão.

No caminho de volta para o castelo Kate foi me contando como é a sua vida, e realmente fiquei surpresa quando ela me contou a quantidade aulas ela faz, nem parece uma criança. O que mais me surpreendeu é que Maxon sempre detestou toda essa pressão de herdeiro e sua filha de apenas três anos já tem mais responsabilidades que eu.

Com todo esse acontecimento que me pegou de surpresa, não tive tempo para pensar na proposta, August e Georgia de certa forma fazem parte da minha família, porém eles nunca demonstraram nenhum interesse durante esses anos em fazer um acordo com a realeza. Mas com certeza a minha maior preocupação no momento é como eu vou conversar com Maxon sobre a criação de sua filha.

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