Me Apaixonei por um Vampiro (Caçadores Imortais)

Capítulo 40

POV Ken

As energias negativas que preenchem nossa cidade começam a amenizar, o que deixa o ambiente mais leve. Os corpos ainda estão espalhados pelas ruas e não há movimentação alguma além da nossa. O caminho de volta para a casa dos Dewes, após nossa despedida no cemitério, é silencioso e reflexivo. O fluxo de pensamentos é tão intenso que sinto um desconforto na coluna. A pressão nos meus peitos ainda é intensa demais para eu aceitar que tudo caminha para o seu fim. Os estragos foram piores do que esperado, perdas que não imaginávamos e segundas despedidas que jamais tive a intenção de vivenciar outra vez. Acreditar que tudo voltará ao normal é ingênuo, porque não somos mais as mesmas pessoas. Nenhum de nós.

Sacudo a cabeça um tanto assustado quando o carro para em frente à casa dos Dewes. No ano passado, quando acreditamos que Daenerys era o pior que poderia acontecer em nossas vidas, nos imaginar na casa deles seria, de longe, uma verdadeira insanidade. Mas, aqui estamos nós: a trabalhar com os precursores do nosso quase fim, porque era nossa aliança mais proveitosa no momento.

Respiro fundo quando sou obrigado a sair do carro. O vazio deixado pela minha irmã, mãe e tia Lindsey é pesado demais quando tento caminhar em direção à casa. Concentro-me na preciosa missão de chegar à varada e partimos para qualquer lugar, o mais longe, para recomeçar nossas vidas. Mais do que nunca, Nick, Fernando e eu precisamos compartilhar bons momentos juntos, livres de tanto caos e problemas.

Observo a rua silenciosa antes de entrar na casa. Mystery City é nosso lar, o porto-seguro para todos nós, mas não temos como continuar a habitá-la. Se tornou uma cidade fantasma, com lembranças ardilosas, sofridas e ruas que emanam sofrimento em toda sua extensão. Viver aqui seria um tremendo ato de heroísmo e estamos exaustos demais para enfrentar qualquer batalha agora. Retirar o peso do mundo das nossas costas é tudo que peço ao Universo no segundo que sigo os demais e faço meu corpo presente na sala. Estranhamente, esse se tornou o cenário mais frequente das nossas conversas, nem sempre tão amistosas.

Reparo em Dhana parada no centro da sala, como se estivesse à nossa espera para mais uma grande revelação. Confesso que ainda tenho dificuldade em assimilar seu posto de Mãe Natureza, responsável por toda a criação sobrenatural. Há tantas perguntas na minha cabeça que mal consigo ter qualquer controle sobre minhas ideias. Tudo se movimenta tão rápido que pensar em formular alguma pergunta sobre isso é uma tarefa que não se concretiza porque os questionamentos se transformam com velocidade. Em um segundo, todas as dúvidas e palavras estão organizadas para serem externadas, mas depois nada faz sentido e parece bobo demais. A batalha interna sempre é intensificada pela sua presença, apesar de ser preenchido pela ternura que transmite ao ambiente. Dhana é incrivelmente articulada e, incrivelmente, controla tudo a seu redor de forma simples e revigorante. Há muito carisma e tenho certeza que poderia nos fazer realizar qualquer coisa sem usar seus poderes.

Miguel aparece a meu lado com um meio sorriso e retribuo o gesto. Jen, Priscilla e o delegado James estão na outra extremidade, ao lado da escada. Trevis fica atrás da poltrona que Lyanna está sentada e repousa uma de suas mãos sobre o ombro dela. A cena fisga minha atenção e poderia ser poética, se não fosse a confusão de sentimentos que devora meu interior. Lanna e Luke estão atentos à Dhana e a postos próximos à entrada do escritório.

Observo Tifanny e Alex se juntaram a nós na sala no segundo que Louis se posiciona do meu outro lado, bem mais próximo do que Miguel está. Meu estômago revira com sua presença e sinto-me aliviado, mas foco minha atenção ao desenrolar da situação. Fernando pigarreia um pouco quando o silêncio se instala por tempo demais e noto que Nick, Klew, Zack, Jerry e Anny estão próximos à entrada da cozinha tão atônitos quanto todos nós.